O Dia do Doador Voluntário de Sangue é comemorado anualmente em 25 de novembro no Brasil. A data, além de homenagear as pessoas que reservam um tempinho do seu dia para doar sangue, também serve para informar e conscientizar a população sobre a importância de ser um doador de sangue.
Considerando o crescente aumento da população e os importantes avanços tecnológicos ocorridos no campo da Medicina, o setor de assistência hemoterápica apresenta-se como área fértil para o desenvolvimento de estudos mercadológicos. Nesse cenário, um estudo desta natureza é relevante por tratar-se de um mercado carente e com múltiplas necessidades.
Observa-se a importância da narrativa econômica nesta área, pois para a prestação de serviços hemoterápicos é necessário empregar pessoas e aplicar recursos. Desta forma, deve-se evidenciar que o setor, composto pela hemorrede pública estadual e municipal (hemocentros e suas unidades), complementada pela iniciativa privada (serviços de hemoterapia e bancos de sangue) é formado por instituições orientadas para objetivos e dedicadas a produzir produtos e serviços para satisfazer as necessidades dos clientes, que podem ser consumidores, usuários, associados, contribuintes.
Assim, evidencia-se que a partir do conhecimento das necessidades dos doadores os hemocentros, serviços de hemoterapia e bancos de sangue podem aprimorar suas relações com estes. Pois, à medida que se tornam mais dinâmicas as necessidades dos doadores, aumentam as exigências da capacidade de resposta das instituições, com vistas a disponibilização de recursos humanos e materiais.
Nesse sentido, vai-se ao encontro do que preconiza a Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, que visa aumentar o número de doadores. A meta é elevar o percentual de doadores.
A importância das campanhas para o incentivo à doação de sangue
Nesse contexto, destaca-se que o propósito do marketing é atender e satisfazer necessidades e desejos. Entretanto, a estratégia de marketing de serviços exige não apenas marketing externo, mas também marketing interno para motivar os colaboradores e marketing interativo visando à qualidade da interação doador-instituição. Esta estratégia permite que a instituição aprimore seus serviços e crie valor agregado para o doador. Pois estes avaliam a qualidade dos serviços de acordo com alguns critérios: aspectos tangíveis, competência, velocidade de atendimento, flexibilidade, credibilidade, segurança, acesso e custo, entre outros.
Em uma unidade hemoterápica ocorre que o doador e os colaboradores interagem para criar o serviço. Os prestadores de serviços necessitam trabalhar eficazmente para criar valor superior durante esses contatos. A intenção deste artigo, portanto, é contribuir com o Programa Nacional de Doação Voluntária de Sangue (PNDVS) e sensibilizar as instituições para aprimorar a captação de doadores.
Marketing na doação de sangue
Recentes mudanças na percepção do público sobre os riscos e benefícios da transfusão de sangue têm afetado a prática da doação de sangue. Estudos sobre a escassez de sangue motivaram as instituições a implementar estratégias de marketing 3,4. A capacidade das instituições para o atendimento à população depende da sua habilidade em compreender e dominar esse ambiente.
Destaca-se que a doação de sangue no Brasil é um ato voluntário, conforme disposto na Constituição da República e na Portaria n. 343 (Diário Oficial da União 2002; 19 fev) que estabelecem que não é admitido qualquer tipo de remuneração para a doação. A doação altruísta é, assim, a fonte de matéria-prima das unidades hemoterápicas.
Segundo o Ministério da Saúde, em torno de 3,5 milhões de bolsas de sangue são coletadas anualmente no Brasil. O maior desafio enfrentado pelas instituições de saúde, portanto, é manter e incrementar a doação de sangue, pois os doadores representam apenas 1,7% da população brasileira.
Com o intuito de elevar estes números, o PNDVS foi instituído pelo Governo Federal, Ministério da Saúde, em novembro de 1998, tendo por objetivo envolver a sociedade brasileira, levando-a a participar ativamente do processo de doação de sangue de forma consciente e responsável, através de ações educativas e de mobilização social, visando a garantia da quantidade adequada à demanda do país e a melhoria da qualidade do sangue, componentes e derivados.
Ato voluntário, ato de amor ao próximo, sem saber que é o próximo
No caso do doador voluntário, que vai doar levado por vários motivos, desde a dádiva, o altruísmo e até agradecimento por já ter sido ajudado dessa mesma forma, mais importante se torna este estudo. O doador voluntário, em um primeiro momento, vai doar guiado ou por um pedido, que pode ser de um amigo ou parente que esteja necessitando de sangue, ou por uma fonte, que pode ser a indicação de alguém que já doou nesse lugar.
A percepção dessa fonte, um indivíduo fora de seu ambiente familiar, geralmente sob pressão de tempo, provavelmente cansado e talvez fragilizado por doar para um familiar que está necessitado, demonstra a importância de converter essa experiência em algo que acrescente valor para o doador a ponto de que este se torne uma boa fonte de referências 6.
As percepções do usuário sobre o atendimento podem servir para diferenciar a oferta em serviços semelhantes. Seres humanos provavelmente são guiados por motivos racionais que influenciam suas decisões de doar sangue. A confiança é um fator importante, porque envolve escolher tendo a convicção de que o resultado depende das ações da instituição, que o beneficiarão ou pelo menos não serão nocivas. Se os colaboradores da instituição falharem em realizar os procedimentos, levando em consideração que a implementação desse serviço exige um contato pessoal entre o prestador do serviço e o doador, isso resultará em danos para os doadores.
Na doação de sangue, onde o cliente não vai comprar um serviço, mas, sim, doar e possibilitar uma prestação de serviço que vai, ao final, beneficiar outra pessoa, a observação detalhada dos itens acima e o consequente aproveitamento dessas informações pode influenciar a prestação de serviços particularmente nas tarefas de contato com o doador. Assim, a verdadeira decisão para doar sangue envolve a escolha racional de confiar nas instituições e nos métodos que utilizam.
Hemocentros, serviços de hemoterapia e bancos de sangue
Estas instituições têm uma importância social muito grande. Primeiro, por atender pacientes, que, sem reposição sanguínea, não sobreviveriam. Segundo, devido a determinações legais, um hospital não pode funcionar sem uma unidade hemoterápica. Para a indústria, que recebe o excedente, isto é, o que não foi utilizado na transfusão, a falta de doadores se transforma em falta de matéria-prima, gerando produção menor, que não atende a demanda.
Porém, verifica-se que a preocupação maior de cada unidade hemoterápica é com o atendimento das necessidades dos pacientes. Nos casos de urgências (acidentes graves) é de suma importância o pronto atendimento. Existem, também, pacientes com doenças crônicas, graves, que necessitam fazer transfusões regularmente, casos das hemodiálises, onde a busca por doadores é enorme.
Assim, a busca do doador voluntário e habitual se deve principalmente à segurança, mas também à economia, pois doadores testados e retestados significam bolsas de sangue com margem maior de segurança para o receptor e menos exames sorológicos desprezados. Se toda a população realizasse esses exames com frequência, estes teriam um caráter preventivo e muitas doenças poderiam ser evitadas ou acompanhadas. Nesse contexto, torna-se relevante destacar as variáveis consideradas importantes pelo doador.
Variáveis importantes na doação de sangue
Estudos demonstram que diversas variáveis são importantes na doação de sangue. Especialistas testaram variáveis atitudinais diretamente relacionadas com a doação de sangue. Essas variáveis atitudinais incorporam três aspectos:
- a confiança individual na unidade hemoterápica;
- medo pessoal de adquirir problemas de saúde pelo ato de doar;
- medo geral que as pessoas associam à doação de sangue.
O esforço de marketing da instituição, portanto, é transformar a primeira doação voluntária em doação contínua. Isto é, aumentar gradualmente as doações voluntárias e espontâneas, com consequente fidelização do doador.
Ainda é possível verificar a possibilidade de existir uma diferença significativa entre doadores e não-doadores quanto ao risco percebido. Estudiosos analisaram a influência dos fatores de risco físico (AIDS etc.), psicológico (medo), social (responsabilidade moral) e de tempo (falta de tempo) na decisão de doar sangue. Os estudiosos ainda observaram a eficácia do layout no processo de doação, considerando a relevância dos fatores físicos da arquitetura interior de um banco de sangue na decisão dos doadores.
Cientistas pesquisaram os tributos importantes da doação voluntária de sangue através da identificação das características pessoais dos doadores, dos aspectos ambientais e dos aspectos da interação doador-instituição que podem influenciar a doação. Eles estudaram ainda o perfil dos doadores de sangue após adoção de estratégias mercadológicas. Também investigaram os conhecimentos, atitudes e experiências sobre doação de sangue, para descobrir as barreiras que limitam a doação e os canais mais eficientes para desenvolver um programa de doação mais efetivo.
Confiança acima de tudo
Nos estudos citados, é observada a importância da confiança do doador no atendimento prestado. Enfatiza-se neste ponto que a confiabilidade do serviço (o desempenho confiável e preciso do serviço) é o coração da excelência do marketing de serviços. Do ponto de vista do usuário, a prova de um serviço é sua realização impecável. Essa percepção é importante na medida em que se assenta sobre o que é percebido pelo doador, podendo ser descrita como o julgamento deste sobre a excelência do serviço.
As pesquisas analisadas mostram a nova tendência das unidades hemoterápicas de utilizar instrumentos de marketing para que seja possível a expansão da base de doadores de sangue. As informações sobre os doadores são importantes para os colaboradores e administração, propiciando o conhecimento dos atributos considerados pelos doadores.
Atributos importantes para a doação de sangue
Especialistas enfatizam que a necessidade cada vez maior de sangue tem despertado o interesse dos pesquisadores para descobrir as razões que levam as pessoas a doar sangue. O desenvolvimento de estudos junto aos doadores de sangue vem evoluindo significativamente. Pesquisadores continuam buscando descobrir os motivos e atributos que levam pessoas a doar várias vezes. Por outro lado, busca-se a construção de um relacionamento fiel com o doador, oferecendo um conjunto de benefícios que os doadores considerem valiosos, a ponto de retornar voluntariamente em outras ocasiões.
Entre os aspectos examinados estão as variáveis demográficas, características de personalidade, incentivos e influências sócio-culturais. Segundo estudos o desafio maior das instituições de saúde é manter e aumentar o conjunto dos doadores de sangue.
De acordo com os especialistas, existem vários aspectos que levam o indivíduo a doar sangue:
- altruísmo/humanitarismo;
- programas de garantia ou pré-depósito;
- reposição;
- pressão social;
- necessidades da comunidade;
- recompensa; e
- publicidade.
Para eles o mais significativo desses aspectos é o altruísmo (amor ao próximo, filantropia) e a dádiva (oferta, donativo, presente), ato motivado por outros valores que não o lucro, a competitividade ou o sucesso. O ato de doar auxilia a humanidade e é uma ajuda para aqueles que estão necessitados.
Nesse sentido, comenta a moral da dádiva-troca e enfatiza os fenômenos da vida econômica, citando que do mesmo modo que as dádivas não são livres, não são tão desinteressadas. Este comentário remete, à busca dos motivos, da causa da doação voluntária de sangue.
Eles sugerem ainda que a teoria de atitude tem muito a contribuir para a compreensão do comportamento e das razões do doador de sangue. Uma atitude é geralmente definida como uma predisposição para responder a um objeto dado de maneira favorável ou desfavorável. Uma suposição comumente aceita é que as atitudes variam ao longo de uma dimensão única de positiva para negativa.
Qualquer pessoa considera atributos quando faz uma escolha. A identificação e avaliação desses atributos orientarão, por consequência, a instituição a buscar esse doador. Porém, do mesmo modo que existem razões para doar, existem também as razões para não doar, o que, dentro deste contexto, destaca-se devido à influência que exercem junto aos possíveis doadores.
Razões para não doar sangue
Embora a questão principal seja definir por que as pessoas doam sangue, poucas pesquisas perguntam aos não-doadores quais as razões para não doar. Pesquisadores da saúde e das ciências do comportamento têm tentado, de várias maneiras, explicar o que diferencia o doador do não-doador. Ao abordar essa questão enfatiza os aspectos negativos, isto é, as razões mais largamente utilizadas para não doar sangue:
- medo;
- desqualificação médica;
- reações à doação;
- apatia (insensibilidade); e
- conveniência.
Este resultado sugere que o ato de doar sangue representa uma aproximação e uma fuga, um conflito: para o doador ativo, para o doador potencial e para o não-doador. Citam que existem aspectos negativos e aspectos positivos associados ao ato de doar sangue. Para o doador ativo, a importância dos aspectos positivos é maior do que os aspectos negativos, enquanto que para o não-doador é o contrário. Então, para ter sucesso no recrutamento dos doadores, a sugestão seria mudar a balança dos aspectos negativos para positivos, de modo que os positivos predominem.
Nesse sentido, os autores da pesquisa sustentam que as campanhas de informação deveriam enfatizar os aspectos positivos neutralizando os aspectos negativos. Um passo especialmente importante para transformar o não-doador em doador seria a concentração de esforços durante a primeira doação e o uso desta oportunidade para a conversão destes em doadores regulares, através da persuasão, do atendimento e das informações prestadas a respeito de todos os procedimentos.
Porém, muitas perguntas permanecem sem respostas na área dos atributos motivacionais relacionados à doação de sangue. A meta final, certamente, é a melhoria das técnicas de recrutamento de doadores; o aumento do número de doadores e o conhecimento das razões dos não-doadores. Entretanto, busca-se ressaltar a influência da confiança do doador na instituição, enfatizando a interação de serviço como fator atenuante das dúvidas e/ou medos do doador.
Conclusão
Doar sangue é um ato de solidariedade humana, que ajuda a salvar milhares de vidas todos os dias, através das transfusões de sangue. Atualmente no Brasil, são doadas cerca de 3,6 milhões de bolsas de sangue por ano, segundo dados do Pró-Sangue.
No Dia Nacional do Doador de Sangue, os Bancos de Sangue de todo o país realizam atividades lúdicas e mutirões de coleta em escolas, hospitais, shoppings, praças e demais espaços de acesso público.
Origem do Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue
O Dia do Doador Voluntário de Sangue foi estabelecido através do Decreto de Lei nº 53.988, de 30 de junho de 1964, assinado pelo presidente Castello Branco, definindo o dia 25 de novembro - data do aniversário da fundação da Associação Brasileira de Doadores Voluntários de Sangue - como a data oficial do doador de sangue no Brasil.
Os doadores também podem celebrar o digno ato de doar sangue no dia 14 de junho, o Dia Mundial do Doador de Sangue.
Saiba mais sobre o Dia Mundial do Doador de Sangue.
Quem pode doar sangue
Para doar sangue é necessário seguir algumas regras, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS):
- Homens e mulheres;
- Ter entre 16 e 68 anos;
- Ter acima de 50 quilos;
- Não ter Hepatite B, Hepatite C, Doença de Chagas, Sífilis, HIV (AIDS), HTLV ou outra doenças crônicas;
- Estar bem alimentado e descansado;
- Se estiver gripado, esperar no mínimo sete dias para poder doar sangue;
- As grávidas devem esperar entre 90 e 180 dias após o parto para doar sangue;
Após uma doação de sangue as mulheres devem esperar 90 dias para voltar a doar, enquanto que os homens devem esperar no mínimo 60 dias.
Como, infelizmente, sou doente crônico (sou diabético tipo 1 e portador de LCC), não posso ser doador de sangue, mas em duas ocasiões já fui beneficiado por doadores voluntários e anônimos. Por isso, se eu pudesse, sem dúvida alguma eu não pestanejaria em também doar. Aliás, espiritualmente falando, fui salvo pela doação do sangue mais precioso de todos: o sangue de Jesus derramado na cruz do calvário.
[Fonte: Scielo]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.