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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

MEUS FILHOS... MINHA VIDA?




O clã Bolsonaro, da esquerda para a direita: o caçula Eduardo Nantes, 35 anos, deputado federal pelo estado de São Paulo, PSL, reeleito com 1.843.735 votos, sendo o mais votado da história do país; o patriarca, Jair Messias, presidente do Brasil, PSL; o primogênito, Flávio Nantes, 38 anos, empresário e deputado estadual, PSL, pelo Rio de Janeiro e o filho do meio, Carlos Nantes, 36 anos, vereador, PSL, Rio de Janeiro.

Passado todo alvoroço e polêmica causados essa semana, após matéria veiculada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, exibida na segunda-feira, 28, que fazia associação do seu nome no ainda não solucionado caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista parlamentar dela, Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018 - o que já foi prontamente esclarecido e desmentido -, o presidente Jair Bolsonaro, ainda em viagem pelo exterior, se vê às voltas com mais uma polêmica em torno do seu sobrenome, dessa vez, protagonizada pelo seu filho mais novo, o deputado federal e líder do PSL, Eduardo Bolsonaro.

AI não, deputado!


Eduardo, que é líder do PSL na Câmara, sugeriu hoje a criação de um novo AI-5 (Ato Institucional Número 5, escrevi artigo especial sobre este tema ➫ aqui). Em entrevista ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube (veja na íntegra ➫ aqui), o filho do presidente Jair Bolsonaro disse que é preciso ter uma "resposta" caso a esquerda radicalize. 
"...Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 1960 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, executavam e sequestravam grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, militares..."
disse o deputado.

Pronto: estava acesa mais uma fogueira, que, obviamente, se transformou num enorme incêndio na já aquecida gestão do presidente Bolsonaro. 

Após a fala, convenhamos, infeliz de Eduardo Bolsonaro, sobre a possibilidade de um novo AI-5, partidos de esquerda decidiram ir ao Conselho de Ética da Câmara pedir a cassação do mandato do filho de Jair Bolsonaro. A representação será feita por partidos da esquerda: PSOL, PT, PCdoB e PSB. Os partidos da oposição também estudam notificar o STF (Supremo Tribunal Federal) com uma notícia-crime (equivalente a uma denúncia criminal) da posição.

Mea culpa!


Eduardo se redimiu pela bombástica declaração veiculada nesta quinta-feira, 31, em que cogitava - ou, como dizem alguns, condicionava - a reedição do Ato Institucional nº 5 como uma resposta à "radicalização" da esquerda. Ele afirmou que foi mal interpretado e que não existe a possibilidade de o governo do presidente Jair Bolsonaro recorrer à supressão de direitos como foi feito na ditadura militar.
"Eu peço desculpas a quem, por ventura, tenha entendido que eu estou estudando o retorno do AI-5 ou a que achou que o governo estudava alguma medida nesse sentido. 
Essa possibilidade é uma interpretação deturpada do que eu falei. Eu apenas citei o AI-5, não falei que ele estaria retornando. Eu fico bem confortável e bem tranquilo para deixar isso daí claro. Não existe retorno do AI-5"
disse Eduardo, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.

O deputado disse ainda que 
"...talvez tenha sido infeliz em falar do AI-5..." 
ao imaginar que protestos em larga escala, como os que acontecem no Chile, viessem a ocorrer no Brasil. 
"Nesse cenário, o governo tem que tomar as rédeas da situação e não pode ficar refém de grupos organizados para promover o terror"
afirmou. 

Lá de longe, o pai Bolsonaro rebateu a fala infeliz do filhote. Mas, de nada adiantou, pois o fogo já havia se alastrado. 

E não é de hoje que o presidente tem sofrido pelos "equívocos"(?) cometidos por sua prole, principalmente pelas redes sociais. Vira e mexe os "meninos" estão cometendo alguma peraltice e colocando o pai em meio ao olho do furacão, para o deleite da militância extrema esquerda e de todos os seus oponentes.

Mais do que vídeo games


E os filhos parlamentares de Bolsonaro conseguem mais engajamento nas redes sociais com polêmicas do que ao divulgar propostas e ações de seus mandatos parlamentares ou do governo do pai. 

Pesquisas revelam que os quatros primeiros meses deste ano, os três publicaram, juntos, 2.974 mensagens e retweets. Em alguns casos analisados, tweets com xingamentos tiveram até quatro vezes o número de curtidas de publicações propositivas, como mensagens sobre a reforma da Previdência. A varredura dos tweets publicados entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano foi feita com o auxílio da ferramenta TAGS. Vejamos os exemplos:
  • Carlos Bolsonaro faturou mais interações no Twitter ao atacar o ex-ministro Gustavo Bebianno (ex-Secretaria-Geral da Presidência) e o vice-presidente Hamilton Mourão do que ao abordar o projeto de reforma da Previdência do governo para policiais.
  • Eduardo, por sua vez, notabiliza-se ao twittar informações controversas sobre movimentos e partidos de esquerda e temas internacionais, além de lançar mão de sites conhecidos pela difusão de notícias falsas e teorias da conspiração. 
  • Já o irmão mais velho, Flávio Bolsonaro, reduziu substancialmente sua presença na rede social após a eclosão do escândalo Queiroz, que revelou movimentações atípicas do seu gabinete na Assembleia do Rio identificadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), no fim do ano passado.

Filhos problemáticos


Aprendi que quando há muitas explicações diferentes sobre determinado tema, provavelmente é porque nenhuma se provou definitiva. Tendo a concordar.

Tome a relação entre pais e filhos. A quantidade de teorias, escolas psicológicas, modelos animais, hipóteses antropológicas que existem sobre o tema não caberia numa biblioteca inteira (Só como curiosidade, para compor o texto deste artigo, busquei no Google a expressão relação entre pais e filhos, encontrando 25 milhões de resultados.). Diante do mesmo fato há dezenas, senão centenas de explicações possíveis dependendo da teoria que se queira adotar (Talvez sejam milhões, a julgar por minha breve pesquisa.).

Diante disso, desisti de encontrar uma explicação para o "fenômeno" que envolve os filhos de Bolsonaro. Uma coisa é certa: se eles continuarem com tanta trapalhada, ainda irão colocar seu velho pai maus lençóis e darão à oposição, a esquerda, todas as munições necessárias a uma iminente vitória nessa verdadeira batalha, onde o interesse público não é nem de longe o troféu disputado, mas sim, os interesses pessoais, combustível que alimenta as chamas na fogueira da vaidade.

Conclusão


Enfim, temos de concordar que os filhos de Bolsonaro criam problemas e têm de ser contidos pelo pai para não prejudicar o governo e o país. A pergunta é:  qual dos três representa o maior risco para o governo? E a conclusão - com base nos fatos recentes - é de que quem tem mais potencial para causar danos ao presidente é o deputado federal Eduardo Bolsonaro, apesar de Carlos ser o mais explosivo e de Flávio estar sendo investigado por movimentações financeiras suspeitas ligadas ao seu antigo gabinete de deputado estadual do Rio, especialmente as de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

Enfim, os três principais problemas políticos do presidente no momento, com potencial explosivo contra seu mandato, têm como foco seus filhos. Ora pelo desejo do presidente de lhes garantir protagonismo, ora pelas confusões que eles mesmos criam. Especialistas em educação familiar dão a dica: se nossos filhos estão muito mal-criados, briguentos ou problemáticos, antes de achar que isso é um problema deles, vale a pena olhar para nós mesmos. Em grande medida os filhos são de fato nossos espelhos.

[Fonte: Aos Fatos]

A Deus, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
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TEMOS SIDO OVELHAS... OU BODES?


"E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda" (Mateus 25:31-33, grifo meu).
Jesus nos comparou com ovelhas. Sempre vemos isso, mas nunca paramos para estudar as características de uma ovelha. Quero falar de algo muito simples, mas essencial para nossa vida com Deus.

A primeira coisa que precisamos aprender é que existem muitos pastores por aí que pensam que as ovelhas são suas. Em um seminário, a primeira coisa que deveríamos aprender é que isso não é verdade.

As ovelhas não pertencem aos pastores. Elas têm um dono, um proprietário alguém que as ama, alguém que dá a sua vida por elas. Enquanto os pastores não descobrirem isto, as divisões nas igrejas serão constantes. Nós pertencemos a Jesus, supremo Pastor, Aquele que deu a vida por nós, então não podemos ultrapassar essa linha.

A segunda coisa é que precisamos ter características de ovelhas, não de bodes, cobras ou leão. Ovelha parece com ovelha.

Vamos analisar aqui algumas características importantes que poderão mudar sua vida e distinguir se você é uma ovelha ou um bode. Lembrando que, se você se não se enquadrar nestas características, não é uma situação desesperadora, pois nós temos um Deus que criou todas as coisas, bodes e ovelhas, e Ele pode muito bem transformar bodes em ovelhas.

1º – Dependência


Todos eles foram criados com uma defesa especial. A cobra, o cachorro, o leão, todos têm defesas, mas a ovelha é o único animal terreno que não possui defesa alguma, ela é totalmente vulnerável, ela fica no fim da cadeia alimentar, não se defende, não tem habilidades de luta.

Isso é muito interessante pois começamos a descobrir que somos totalmente dependentes do nosso Pastor, totalmente dependentes de Jesus. Quando a Bíblia diz que Ele deu a vida por Suas ovelhas, é porque se alguém não fizesse isso todas as ovelhas estariam perdidas, pois elas não têm como se defender sozinhas.

Seria muito bom se essa característica fosse evidente em nós, pois sempre queremos nos defender, sempre a nossa justiça própria quer prevalecer, sempre achamos que estamos certos, e lutamos por isso até o fim. Isto acontece com todos nós. Muitas vezes parecemos mais com bodes do que com ovelhas, é só alguém pisar em nós que queremos chifrar, ou chiframos mesmo, a Bíblia diz que Ele é quem nos defende, quem nos protege. 

Não podemos perder essa característica. Somos ovelhas e não bodes. A Bíblia diz que devemos lançar sobre Ele as nossas ansiedades pois Ele tem cuidado de nós. Quando nos defendemos, estamos dizendo para o Próprio Jesus: não preciso do Senhor, Sua defesa não serve para mim, as Suas decisões sobre meus problemas não são as melhores, o Senhor não sabe o que é melhor para mim!

2º – Produção


A ovelha produz lã o tempo todo. Desde que nasce, ela produz lã, quanto mais tosquiada mais ela produz, ela não para de fazer alguma coisa, ela não precisa de ninguém para dizer, produzir é algo natural dela, ela não precisa de nenhuma técnica nova, ela simplesmente produz, não para, não depende de nada para isso. 

Ela está sempre gerando alguma coisa, ela frutifica sempre. Em outras palavras, elas entendem o princípio de transbordar, ganhar vidas, falar de Jesus, viver Jesus, tomar iniciativa, não ficar parada, não esperar as coisas acontecerem, fazer as coisas acontecerem.

Seus dons e talentos não servem para você, eles servem para Deus e para os outros. Quem pensa que é dono de seus talentos está redondamente enganado. Tudo o que Deus lhe deu é para gerar mais vidas, é para edificar o corpo de Cristo.

3º – Alimentação


As ovelhas não comem qualquer coisa, elas não se alimentam de porcaria, pois têm o organismo muito frágil. Você sabe como são chamados os bodes no interior? São chamados de lixeiros do sertão, pois tudo que veem na frente deles, eles comem, tudo o que parece ser apetitoso. Comem latas, comem plásticos, qualquer coisa. 

Uma ovelha come capim, o capim precisa estar novo, precisa estar fresquinho, precisa estar bom. Ela não come qualquer porcaria, não fica atrás de todo tipo de alimento, aparece uma novidade ali e já corre para ver o que é, já quer experimentar, nem sabe de onde veio, nem sabe quem produziu, não sabe se vai fazer bem ou mal, já vai comendo. Isto não é normal de uma ovelha, Deus sempre tem algo novo para você, fresquinho, mas só existe uma fonte, a Palavra. Uma fonte não pode jorrar água suja ou limpa. A palavra só tem água limpa.

4º – Obediência


Esta é a mais importante característica de uma ovelha: Escutar a Voz do Senhor (João 10:26-28). Há tempos vi um vídeo de uma expedição na África e lá tinha um grande lago onde muitos animais iam beber água. De repente, chegou um pastor com umas duzentas ovelhas e elas começaram a beber, depois chegou outro pastor, então, enquanto via o vídeo, pensava: "meu Deus, como eles vão saber quais são as ovelhas deles, já que elas se misturaram?

Depois chegou mais um, com mais uma quantidade de ovelhas, então percebi que os pastores continuaram conversando, enquanto as ovelhas bebiam. Daí a pouco foi saindo um por um, e as ovelhas escutaram a voz de cada pastor chamando-as e cada rebanho seguiu ao seu pastor, sem se misturar. Achei incrível aquilo!

Muitas vezes escutamos a voz de Deus, mas não a seguimos. Deus está "gritando" em nossos ouvidos, faz isso, vai para lá, vem para cá e não O seguimos, então não adianta simplesmente escutar. 

Muitos dizem, "estou esperando Deus falar comigo", e Deus já está falando, está, por exemplo, usando este texto, está usando o pastor da igreja, está usando um irmão..., mas ele não toma uma atitude, pois está escutando a voz de Deus, mas não está entendendo, não a segue.

Precisamos ser conhecidos por Ele, fazer parte das ovelhas dEle. Ele nos conhece, conhece todas as nossas características e muitas vezes é necessário tomarmos certas atitudes para nosso bem.

Seguir, não só escutar, mas conhecer e seguir. O Filho de Deus não fica confundido, ele sabe, ele discerne. A Palavra diz que o espiritual discerne bem tudo e ele mesmo não é discernido por ninguém (1 Coríntios 2:14-16).

5º – Mansidão


Jesus, mesmo sendo Pastor, não deixou de ser Ovelha. Ele sabia que seria difícil para nós, Ele sabia que precisaria fazer um sacrifício para entendermos verdadeiramente o que Ele queria de nós. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim Ele não abriu a sua boca (Isaías 53:7). A ovelha é o único animal que não faz barulho para morrer, não reclama quando precisa ser sacrificada, não reclama das circunstâncias, não se irrita, não tenta fugir.

Conclusão


Por outro lado, os bodes têm índole bem distinta das ovelhas. Eles não são dóceis e nem submissos à voz dos pastores. Inclusive, são capazes de chifrar seus donos e guardiães. Outra característica dos bodes é que eles fogem facilmente e são capazes de viver sós e no deserto. Inclusive, havia um ritual no AT que utilizava um "bode emissário", que era solto no deserto (Levíticos 16:7-10). Usava-se o bode porque sabia-se da índole rebelde do animal.

Assim são os "inimigos de Deus" - têm a índole do bode. Preferem o deserto ao aconchego do aprisco de Deus. É também por isso que o próprio diabo acabou sendo relacionado à figura de um bode. Isto se deve também ao deus Pan, uma figura maligna que era adorada na antiguidade e que era representado por um ser meio homem e meio bode. 

Toda ovelha tem uma experiência de salvação com Jesus. Em João 10:16, Jesus anuncia às ovelhas que iriam unir-se a Seu Rebanho: 
"Elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor." 
Se ainda não aconteceu, que hoje - enquanto lê este texto, seja o dia da sua experiência de ouvir e render-se ao Pastor.
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ESPECIAL - REFORMA PROTESTANTE: DII ANOS DEPOIS, ANÁLISE SOB O VIÉS DO CAPITALISMO

No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero (✩1483/✟1546), monge agostiniano alemão, afixou na porta da Igreja de Todos os Santos, no castelo de Wittenberg, na Alemanha, as suas 95 teses e a denúncia da corrupção na Igreja Católica Romana, pela venda maciça de indulgências aos pecados dos fiéis. Foi o início de uma grande divisão na Igreja e de uma revolução que teve um grande impacto no mundo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos. 

Meio milênio depois... 


Em 2017, a Reforma Protestante completou 500 anos. A importância de Martinho Lutero na reforma da igreja é inconteste. Mas existe uma grande polêmica teórica sobre o significado da Reforma Protestante. 

Karl Marx (✩1818/✟1883), filósofo, jornalista, sociólogo, historiador, economista e revolucionário socialista alemão, dizia que 
"A religião é o ópio do povo". 
Esta frase, que se tornou célebre e virou mote de ateus, agnósticos, livres pensadores e até mesmo de muitos cristãos anti-religiosidade expressa a concepção marxista do fenômeno religioso, pelo menos aos olhos da maior parte das pessoas. Mas para Michael Lowy, pensador marxista brasileiro (2008): 
"Uma leitura atenta do texto de Marx mostra que ele é mais nuançado do que se acredita, dando conta da dupla natureza do fenômeno: a angústia religiosa é por um lado a expressão da angústia real e, por outro, o protesto contra a angústia real".
 
Ainda segundo Lowy, o estudo marxista da religião, enquanto fato social e histórico, como uma das múltiplas formas da ideologia, da produção espiritual de um povo, da produção de ideias, de representações e da consciência, está condicionada pela produção material da vida e pelas relações sociais correspondentes. 

Friedrich Engels (✩1820/✟1895), empresário industrial e teórico prussiano, que junto com Marx, fundou o chamado socialismo científico ou marxismo, vai além e relaciona as representações religiosas com a luta de classes. Segundo Lowy, mais além da polêmica filosófica, Engels 
"tenta compreender e explicar as manifestações sociais concretas da religiosidade. O cristianismo não aparece mais como uma 'essência' atemporal, mas como uma forma cultural que se transforma historicamente: primeiro religião de escravos, depois ideologia do Estado do Império Romano, religião adequada à hierarquia feudal e finalmente religião adaptada à sociedade burguesa".
 De forma um pouco simplificada, podemos dizer que, para o marxismo, as condições materiais de vida e as relações sociais de produção determinam a narrativa religiosa. Assim, a Reforma Protestante teria sido fruto dos interesses próprios da burguesia nascente já no início do capitalismo. Ou de forma elementar: o capitalismo gerou a Reforma Protestante. 

...Algo mudou? 


Esta explicação materialista se choca com a explicação culturalista desenvolvida por Marx Weber (✩1864/✟1920), jurista, intelectual e economista, fundador da Sociologia. O grande sociólogo alemão, no famoso livro "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", mostra as afinidades eletivas entre o comportamento econômico e suas raízes religiosas. 

Partindo de evidências empíricas, Weber percebeu uma relação estatística positiva entre a liderança capitalista, a força de trabalho mais qualificada e as regiões mais ricas da Europa e dos Estados Unidos com a filiação religiosa ao protestantismo. 

Para ele, o espírito do capitalismo (incessante acumulação do capital por meio do crescimento do mercado e do avanço das forças produtivas) foi impulsionado, de forma "não antecipada", pela ética protestante, particularmente, o "protestantismo ascético" ou "puritanismo". O capitalismo nascente exigia grandes jornadas de trabalho e altas taxas de poupança e investimento para viabilizar a "Riqueza das Nações" (como mostrou Adam Smith, ✩1723/✟1790, filósofo e economista britânico). 

A Reforma Protestante gerou uma mudança cultural. O protestantismo modificou a visão pejorativa sobre a riqueza predominante entre os católicos. Nunca o dinheiro e a acumulação material foram vistos de forma tão positiva. Mas a riqueza não era vista como um fim em si mesma e sim como comprovação da idoneidade religiosa dos indivíduos. Os fiéis tinham que provar sua devoção religiosa com base no trabalho árduo, sério, honesto e disciplinado. 

Na teoria weberiana, o "desencantamento do mundo" foi fundamental para eliminar a magia como meio de salvação e fortalecer o processo de racionalização da cultura ocidental de base iluminista. Desta forma, a religião protestante contribuiu para a formação do empresário moderno e do trabalhador urbano-industrial. 

Para Weber, o espírito profissional da modernidade tem sua raiz na moral religiosa e no ascetismo puritanos. Assim, historicamente, o capitalismo se desenvolveu com mais intensidade nos países de maioria protestante e, esses países são exatamente os que predominam no grupo das nações de maior renda e de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Portanto, na concepção weberiana a Reforma Protestante veio antes e impulsionou o capitalismo industrial.

A visão futurista de Lutero 


Lutero passou a defender a ideia de que não eram as boas ações que salvariam uma pessoa, mas sim a fé. A construção teológica iniciada por Lutero deu origem a um princípio conhecido como Cinco Solas: 
  • Sola fide (somente a fé), 
  • Sola scriptura (somente a Escritura), 
  • Solus Christus (somente Cristo), 
  • Sola gratia (somente a graça), 
  • Soli Deo gloria (glória somente a Deus). 
As sua 95 teses espalharam-se com rapidez pela Europa por conta da imprensa (criada em 1430 por Johann Gutenberg), a qual permitia a cópia e a impressão de livros em uma velocidade inédita para a época. Ou seja, de novo o capitalismo e a Revolução Industrial contribuíram favoravelmente para a propagação da fé no cenário da reforma. 

O fato é que a Reforma Protestante se espalhou pelo norte da Europa, Grã-Bretanha (Igreja Anglicana), Estados Unidos e Oceania. Porém, os Reinos de Portugal e Espanha, sob a batuta do Vaticano, mantiveram a hegemonia católica na América Latina nos séculos seguintes e conseguiram manter os partidários da Reforma distantes do Brasil. 

Porém, o catolicismo está em declínio e o protestantismo está em alta na América Latina e no Brasil. O continente latino-americano está passando por uma transição religiosa com o declínio das filiações católicas, aumento das filiações protestantes/evangélicas, aumento das pessoas que se declaram sem religião e aumento de religiões não cristãs. 

O catolicismo venceu na América Latina e Caribe (ALC), nos primeiros 500 anos após o protesto de Martinho Lutero, em 1517. Mas o protestantismo, especialmente os evangélicos pentecostais (e, na esteira, os neo-pentecostais), estão rompendo as barreiras e avançando na região. Tudo indica que os próximos anos, no que se refere à correlação de forças entre católicos e evangélicos, serão, me permitam o trocadilho, "outros quinhentos". 

Conclusão 


Nessa segunda década do século XXI, há uma razoável produção bibliográfica sobre a Reforma Protestante e Protestantismo Brasileiro, narrada a partir de metodologias inovadoras, que permitem explorar mais densamente as muitas fontes à disposição dos pesquisadores. Essa escrita tem seus antecedentes. Primeiro foram os textos dos missionários viajantes, que descreverem, sob a influência cultural e religiosa protestante, a geografia, as cidades, a vida rural, os hábitos, os costumes e a organização social brasileira. 

Quando o Protestantismo estava já assentado em vilas e cidades brasileiras, a partir da segunda metade do século XIX, passaram a circular, entre os protestantes, uma literatura memorialista de vida longa, escrita a partir de um certo conjunto de documentos, porém mediados pelas lembranças, pelas saudades, enfim, pelas memórias do ardor missionário. 

Na segunda metade do século XX, vieram os textos acadêmicos escritos por pesquisadores ainda ligados às suas instituições religiosas, remetendo suas análises aos ambientes internos das igrejas. A partir da década de 1980, a História Cultural ampliou as abordagens problematizadoras sobre o campo protestante no Brasil. 

Em razão dos 500 anos do movimento iniciado por Martinho Lutero, neste breve artigo, eu trouxe à lume nos 500 anos da Reforma Protestante no Brasil: uma análise histórica e historiográfica – organizada por eixos temáticos considerados marcantes na presença política, social, cultural e educacionais de igrejas tradicionais e pentecostais no Brasil. Espero com ele, dar vozes aos sujeitos dos discursos que representaram o protestantismo, bem como àqueles e àquelas que o construíram em suas práticas cotidianas. 

[Fonte: Comunicações - Portal Metodista de Periódicos Científicos e Acadêmicos, Programa de Pós Graduação em Educação; WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1967; Michael Lowy. Marxismo e Religião, Orientação Marxista, 19/02/2008]
  
Soli Deo gloria. 
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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

ESPECIAL - EPIDEMIA DE SÍFILIS ASSUSTA PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Embora não tenha havido a divulgação necessária, mesmo sendo algo de interesse e relacionado à saúde pública, em detrimento ao assustador número de pessoas infectadas, o terceiro sábado de outubro de cada ano passou a ser o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita - você sabia disso?

A data foi aprovada no Plenário do Senado em março de 2017 pela PLC 146/2015. O texto prevê que profissionais e gestores de saúde sejam incentivados a participar de campanhas de esclarecimento à população sobre a importância da prevenção, do diagnóstico e do tratamento da sífilis na gestante durante o pré-natal e da sífilis, em ambos os sexos, como doença sexualmente transmissível. 

Dados importantes sobre a doença

Faixa etária


No Brasil, a população mais afetada pela sífilis são as mulheres, principalmente as negras e jovens, na faixa etária de 20 a 29 anos.

Somente esse grupo representa 14,4% de todos os casos de sífilis adquirida e em gestantes notificados. Na comparação por sexo, as mulheres de 20 a 29 anos alcançam 26,2% do total de casos notificados, enquanto os homens nessa mesma faixa etária representam apenas 13,6%.

Como a doença é caracterizada


A sífilis é definida como uma doença sexualmente transmissível (DST), infecto-contagiosa, possui formas características de infecção, caracterizada em três fases: primária, secundária e terciária, sendo a congênita por sintomatologia mais específica.  

Constata-se que a população estudada no processo epidemiológico é composta de pacientes adultos e recém-nascidos. De acordo com estudos, a população adulta apresenta o mesmo perfil quanto à faixa etária (20-29 anos) e local de moradia.

Quanto ao grau de escolaridade, 43,0% das mulheres concluíram o fundamental e os homens (62,5%) concluíram o ensino médio.  Ainda de acordo com os estudos, entre os pacientes, é possível determinar que as pacientes do sexo feminino obtiveram maior predominância. A sífilis congênita se mostra presente, evidenciando os casos de sífilis transmitida de mães para filhos. Os estudos mostram ainda que os diagnósticos laboratoriais demonstram sua importância para obtenção do perfil sorológico da população.

O avanço descontrolado da sífilis na população brasileira


Desde 2010, quando a sífilis entrou na lista das doenças de notificação compulsória, foram notificados quase 228 mil novos casos; só entre 2014 e 2015 houve um aumento de 32% nos casos entre adultos – e mais de 20% em mulheres grávidas.

A maior parte dos casos está na região Sudeste (56%), a mais urbanizada e desenvolvida do país. Só para ter uma ideia do desastre, em 2015 tivemos 6,5 casos de bebês infectados a cada mil nascidos vivos; o valor é 13 vezes maior do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera aceitável. Nesse mesmo ano, o número total de casos notificados de sífilis adquirida no Brasil foi de 65.878. No mesmo período, a taxa de detecção foi de 42,7 casos por 100 mil habitantes, sendo a maioria em homens, 136.835 (60,1%).

Dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis – 2018, publicado em novembro pelo Ministério da Saúde, apontam aumento no número de casos de sífilis no Brasil em todos os cenários da infecção.

Em comparação ao ano de 2016, observou-se aumento de 28,5% na taxa de detecção em gestantes, 16,4% na incidência de sífilis congênita e 31,8% na incidência de sífilis adquirida.

Segundo o Boletim, a taxa de detecção da sífilis adquirida no Brasil passou de 44,1/100 mil habitantes em 2016 para 58,1 casos para cada 100 mil habitantes em 2017.

A sífilis adquirida, agravo de notificação compulsória desde 2010, teve sua taxa de detecção aumentada de 2 casos por 100 mil habitantes em 2010 para 58,1 casos por 100 mil habitantes em 2017.

Entre gestantes, cresceu de 10,8 casos por 1 mil nascidos vivos em 2016 para 17,2 casos a cada 1 mil nascidos vivos em 2017. Já a sífilis congênita passou de 21.183 casos em 2016, para 24.666 em 2017.

O número de óbitos por sífilis congênita foi de 206 casos em 2017, maior que em relação a 2016, quando foram registrados 195 casos.

Quais as causas e a forma de infecção da sífilis?


A sífilis é uma DST - Doença Sexualmente Transmissível e maneira de combatê-la é a prática de sexo seguro,  com o uso de preservativos. Causada pela bactéria treponema pallidum, a doença mostra evolução que alterna períodos de atividade com características clínicas, imunológicas e histopatológicas distintas (sífilis primária, secundária e terciária) e períodos de latência (sífilis latente), essa última dividindo-se em recente quando diagnosticada em até um ano da evolução, e tardia quando após 1 ano.

Deve-se estar atento aos pacientes que apresentam lesões maculopapulares cutâneas (roséolas sifilíticas), lesões em mucosa oral tanto em palato duro quanto mole (placas mucosas), linfonodomegalias (conhecidas porpulamente por "inguas"), febre sem foco definido e artralgias, para a hipótese diagnóstica de sífilis.

O grande desafio hoje é diagnosticar os pacientes com a fase latente da doença o qual encontra-se infectado pela sífilis, porém com ausência de sintomas. A bactéria está presente, mas o diagnóstico só pode ser feito com testes sorológicos.
Placa mucosa (Arquivo pessoal)
Amigdalite (Arquivo pessoal)
Roséolas Sifilíticas (Arquivo pessoal)

Conclusão


De acordo com a OMS, a sífilis atinge mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo e sua eliminação continua a desafiar globalmente os sistemas de saúde.

No Brasil, em 2017, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou 2,8 milhões de dólares com procedimentos de médio e alto custo relacionados a infecções sexualmente transmissíveis (IST), incluindo internações, dos quais um número significativo estava diretamente relacionado à sífilis e à sífilis congênita.

Entre os motivos para o aumento de casos está a falta de informação sobre a doença, que se não for tratada com antecedência, pode causar danos cerebrais irreversíveis e levar até a morte.

O tratamento da sífilis é feito por uso de penicilina e o teste para diagnóstico da doença é distribuído gratuitamente na rede pública.

O tempo e dose do tratamento depende da fase em que se encontra a doença.

Tratamento


Sífilis primária e secundária
  • Penicilina benzatina 2.400.000 IM (1.200.000 em cada nádega) dose única;
  • Alérgicos à Penicilina: Doxiciclina 100 mg VO 12/12 h por 14 dias.

Sífilis latente recente (< 1 ano de infecção)
  • Penicilina Benzatina 2.400.000 IM ( 1.200.000 em cada nádega) dose única;
  • Alérgicos à Penicilina: Doxiciclina 100 mg VO 12/12 h por 28 dias.

Sífilis latente tardia ou de duração desconhecida
  • Penicilina Benzatina 2.400.000 IM (1.200.000 em cada nádega) por semana, por 3 semanas. Obs.: Se qualquer dose atrasar mais que 2 dias , deve-se reiniciar o tratamento na primeira dose;
  • Alérgicos à Penicilina: Doxiciclina 100 mg VO 12/12 h 28 dias.

Sífilis terciária
  • Realizar punção lombar para excluir neurossífilis;
  • Penicilina Benzatina 2.400.000 IM (1.200.000 em cada nádega) por semana, por 3 semanas.

Neurossífilis ou sífilis ocular
  • Penicilina Cristalina 3 – 4.000.000 IV 6/6 h por 10 a 14 dias;
  • Alternativas: Ceftriaxone 2 g IV 24 h por 10 a 14 dias.

Pacientes HIV positivo
  • Primária , secundária e latente recente: mesmas doses de pacientes HIV negativos;
  • Sífilis latente tardia ou de duração desconhecida requer punção lombar para excluir neurossífilis. Se excluída, tratar como em pacientes HIV negativo.

Gestantes
  • Sífilis primária, secundária e latente recente;
  • Penicilina benzatina 2.400.000 IM (1.200.000 em cada nádega) dose única;
  • Alérgicas a Penicilina: desensibilização;
  • Se dessensibilização não for possível: Eritromicina 500 mg 6/6 h por dia ou Ceftriaxone 1 g IM 1 vez por dia por 10 a 14 dias ou Azitromicina 2g VO dose única.

Sífilis latente tardia ou de duração desconhecida
  • Penicilina benzatina 2.400.000 IM (1.200.000 em cada nádega) por semana, por 3 semanas.

Você, que é um cristão consciente e livre praticante de seus princípios morais, pode pensar que isso, por si só te torna imune, blindado, contra esse tipo de problema. Mas, esse tipo de pensamento, além de simplista e equivocado, pode te expor aos perigos de uma eminente contaminação, portanto, informação, prevenção e prudência, nunca são demais a ninguém. Fica a dica!
"Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas" (Mateus 10:16).
[Fonte: Portal PebMed, por Dr. Bruno Fonseca - Médico do serviço de Doenças Infecto Parasitárias - HEC; Revista Brasileira de Análises Clínicas; ONU Brasil]

A Deus, toda glória.
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E nem 1% religioso.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

DISCOS QUE EU OUVI 57: "AS QUATRO ESTAÇÕES", LEGIÃO URBANA - ESPECIAL 30 ANOS

Começar este texto dizendo que Legião Urbana é uma das maiores bandas do rock nacional - e na minha opinião a melhor banda da história do país -, é muito óbvio, sem nenhuma novidade. É fato incontestável que 11 em cada 10 pessoas - principalmente os da geração 1980 - são fãs incondicionais da icônica banda liderada pelo poeta da emulação Renato Manfredinni Júnior, ou, simplesmente Renato Russo (✩1960/✟1996), como ficou conhecido artisticamente.

Com 14 títulos registrados em sua discografia oficial (sendo seis desses, lançados após a morte de Russo) - a saber:
  • Estúdio - "Legião Urbana", 1985; "Dois", 1986; "Que País é Este?", 1987; "As Quatro Estações", 1989; "V", 1991; "O Descobrimento do Brasil", 1993; "A Tempestade", 1996; "Uma Outra Estação", 1997; "Mais do Mesmo", 1998.
  • Ao vivo - "Música para Acampamentos", 1992; "Acústico MTV", 1999; "Como Que Se Diz Eu Te Amo", 2001; "As Quatro Estações - Ao Vivo", 2004 e "Legião Urbana e Paralamas - Juntos", 2009,
por conta das letras sensacionais escritas por Renato Russo, recheada de muita poesia, que fala até os dias de hoje, sendo, portanto, muito atual.
 
Formação clássica da Legião: Rocha, Russo, Bonfá e Dado

Além disso havia uma mitologia em cima da banda - iniciada em 1982, após a dissidência de outra banda brasiliense, Aborto Elétrico - de onde também vieram Dinho Ouro Preto e os irmãos Fê e Flávio Lemos - com um quarteto: Renato Russo (voz, letras, teclas e violão), Dado Villa-Lobos (guitarra e violão), Marcelo Bonfá (bateria e percussões) e Renato Rocha (✩1961/✟2015, baixo - até 1989) e depois, com a turbulenta saída de Rocha - o Negrete -, seguiu como um trio, que chegou até mesmo a se afastar dos holofotes, realizando shows apenas para um grande número de pessoas em alguns movimentos.

Enfim, neste ano (2019) fazem três décadas do lançamento do que é considerado por crítica e público (pode ser que alguns fã discordem...) como o melhor álbum da banda: "As Quatro Estações", recheado de espiritualidade e músicas muito bonitas, que traziam sempre uma mensagem bonita. Este foi o Álbum que levou a banda para outro patamar, varrendo o Brasil com diversos sucessos que estão na boca de muitos até os dias de hoje.

A história do disco



Há exatos 30 anos, em 25 de outubro de 1989, a Legião Urbana lançava o álbum As Quatro Estações, seu quarto trabalho de trabalho de estúdio e o primeiro após a saída do baixista Renato Rocha, definindo a formação do grupo com Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá.

Nesse trabalho a Legião Urbana já desfrutava do título de grande representante do rock nacional e se fortaleceria ainda mais com a avalanche de sucessos que o disco geraria, muito por conta de letras com viés de esperança escritas por Renato Russo, que conseguiu recortar muito bem o momento pelo qual o Brasil passava: uma nova constituição havia acabado de ser promulgada e um governo democrático chegaria ao poder.

Visão sobre a juventude, crença em dias melhores, opção sexual e poesia num clima de maturação do trabalho sonoro da Legião Urbana levou as 11 faixas de "As Quatro Estações" a serem cantadas por todo o Brasil através das rádios, dos programas de TV e de apresentações da banda, que passavam a ser cada vez mais concorridas.

Se a reflexão sobre esperança foi apresentada explicitamente em canções como 'Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto', 'Meninos e Meninas' e 'Maurício', há muito do estado de espírito e lutas internas de Renato Russo em algumas faixas. Inclusive, uma das músicas de maior sucesso desse trabalho, talvez a maior, 'Pais e Filhos', aborda a questão do suicídio. O cantor explicou a temática dessa canção numa edição de 10 de maio de 1994 do Programa Livre, no SBT.

Faixa a faixa


Renato Russo escreveu o seu melhor em cada uma das canções, onde em cada uma delas existe um tipo de mensagem, não sendo apenas simples músicas. Em 01) 'Há Tempos' 

temos uma mensagem para a juventude, chamando a atenção para o estado de muitos jovens em nossa sociedade. Nos fala de cansaço, nos fala de uma vida em busca de sentido.

Em seguida temos uma pancada com a clássica 02) 'Pais e Filhos' (já escrevi artigo especial sobre essa canção ➫ aqui), da qual o próprio Renato falou acima.

As melodias de cada música acabam se encaixando perfeitamente com a poesia de cada canção. Após uma música em inglês - 03) 'Feedback Song For a Dying Friend' - o álbum volta ao seu melhor com 04) 'Eu Era Um Lobisomem Juvenil', com uma letra longa, que fala da vida da cidade e também de amor. A radiofônica 05) 'Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto' retoma a esperança de que coisas boas vão acontecer, em uma conexão excelente entre voz e melodia.


Para mim a melhor música deste álbum é 06) '1965 (Duas Tribos)', falando muito sobre o país, com uma mensagem positiva dizendo que o Brasil é o país do futuro. Gosto quando ele canta que não importa a situação que o astral deve ser sempre para cima. Já a romântica e poética 07) 'Monte Castelo' é uma bonita música onde Renato junta o poema de Luiz Vaz de Camões (✩1524/✟1580), "Amor é Fogo Que Arde Sem se Ver" - um dos mais importantes sonetos do poeta português - e também trechos bíblicos do apóstolo Paulo, escritos em 1 Coríntios 13 sobre o amor.


Obra confessional

Renato Russo "assume" sua bissexualidade



Resultado de imagem para Imagem da contra capa do disco as quatro estações do legião urbana"
Em seguida temos duas canções muito pessoais para Renato. Em 08) 'Mauricio' ele fala sobre amor, no caso dele ainda mais pessoal, mas é uma música que se encaixa na vida de qualquer um que ama alguém. Já a clássica 09) 'Meninos e Meninas' - que entrou para trilha sonora da novela "Rainha da Sucata", de Sílvio de Abreu (Rede Globo, 1990, 20h) - é onde ele se abre e fala do que gosta, mas com uma letra recheada de versos interessantes e bem construídos.

O álbum segue com 10) 'Sete Cidades', uma música muito bonita, acompanhada com uma bela gaita falando de amor em uma linda declaração e desejo de estar com quem se ama. Amor sem dúvida é o tema de "As Quatro Estações", que termina com a romântica e inocente 11) 'Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar', onde ele novamente faz referência sobre o cristianismo no fim da música, citando João 1:29. Este Álbum é um dos melhores da múcica nacional, que merece ser revisitado, pois é um trabalho que fala do amor de forma muito bonita e com muita poesia. Você vai se emocionar.

Conclusão


Indicar faixas de um disco que teve quase todas as suas músicas tocadas nas rádios não é tão fácil, mas mesmo assim indico as que de fato fizeram desse álbum, um dos melhores do Pop Rock Brasil: 'Há Tempos', 'Pais e Filhos', 'Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto', 'Eu Era Um Lobisomem Juvenil', 'Monte Castelo', 'Maurício', 'Meninos e Meninas', 'Sete Cidades' e 'Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar'.

Avalio com cinco estrelas (máxima), pois, depois de ter lançado álbuns que lotaram arenas, a banda poderia mesmo com as exigências da gravadora EMI, ter lançado um material sem muita expressão, mas não foi o que eles fizeram. "As Quatro Estações", foi um dos álbuns mais vendidos na carreira da banda e até hoje um dos mais lembrados pelos fãs. Álbum disponível no formato físico em CD, vinil e nas plataformas digitais, Deezer e Spotify. Vale a pena conferir e, obviamente, recebe meu já conhecido carimbo de:
[Fonte: Uai, Obvius, Whiplash]

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