O clã Bolsonaro, da esquerda para a direita: o caçula Eduardo Nantes, 35 anos, deputado federal pelo estado de São Paulo, PSL, reeleito com 1.843.735 votos, sendo o mais votado da história do país; o patriarca, Jair Messias, presidente do Brasil, PSL; o primogênito, Flávio Nantes, 38 anos, empresário e deputado estadual, PSL, pelo Rio de Janeiro e o filho do meio, Carlos Nantes, 36 anos, vereador, PSL, Rio de Janeiro.
Passado todo alvoroço e polêmica causados essa semana, após matéria veiculada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, exibida na segunda-feira, 28, que fazia associação do seu nome no ainda não solucionado caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista parlamentar dela, Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018 - o que já foi prontamente esclarecido e desmentido -, o presidente Jair Bolsonaro, ainda em viagem pelo exterior, se vê às voltas com mais uma polêmica em torno do seu sobrenome, dessa vez, protagonizada pelo seu filho mais novo, o deputado federal e líder do PSL, Eduardo Bolsonaro.
AI não, deputado!
Eduardo, que é líder do PSL na Câmara, sugeriu hoje a criação de um novo AI-5 (Ato Institucional Número 5, escrevi artigo especial sobre este tema ➫ aqui). Em entrevista ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube (veja na íntegra ➫ aqui), o filho do presidente Jair Bolsonaro disse que é preciso ter uma "resposta" caso a esquerda radicalize.
"...Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 1960 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, executavam e sequestravam grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, militares...",
disse o deputado.
Pronto: estava acesa mais uma fogueira, que, obviamente, se transformou num enorme incêndio na já aquecida gestão do presidente Bolsonaro.
Após a fala, convenhamos, infeliz de Eduardo Bolsonaro, sobre a possibilidade de um novo AI-5, partidos de esquerda decidiram ir ao Conselho de Ética da Câmara pedir a cassação do mandato do filho de Jair Bolsonaro. A representação será feita por partidos da esquerda: PSOL, PT, PCdoB e PSB. Os partidos da oposição também estudam notificar o STF (Supremo Tribunal Federal) com uma notícia-crime (equivalente a uma denúncia criminal) da posição.
Mea culpa!
Eduardo se redimiu pela bombástica declaração veiculada nesta quinta-feira, 31, em que cogitava - ou, como dizem alguns, condicionava - a reedição do Ato Institucional nº 5 como uma resposta à "radicalização" da esquerda. Ele afirmou que foi mal interpretado e que não existe a possibilidade de o governo do presidente Jair Bolsonaro recorrer à supressão de direitos como foi feito na ditadura militar.
"Eu peço desculpas a quem, por ventura, tenha entendido que eu estou estudando o retorno do AI-5 ou a que achou que o governo estudava alguma medida nesse sentido.
Essa possibilidade é uma interpretação deturpada do que eu falei. Eu apenas citei o AI-5, não falei que ele estaria retornando. Eu fico bem confortável e bem tranquilo para deixar isso daí claro. Não existe retorno do AI-5",
disse Eduardo, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.
O deputado disse ainda que
"...talvez tenha sido infeliz em falar do AI-5..."
ao imaginar que protestos em larga escala, como os que acontecem no Chile, viessem a ocorrer no Brasil.
"Nesse cenário, o governo tem que tomar as rédeas da situação e não pode ficar refém de grupos organizados para promover o terror",
afirmou.
Lá de longe, o pai Bolsonaro rebateu a fala infeliz do filhote. Mas, de nada adiantou, pois o fogo já havia se alastrado.
E não é de hoje que o presidente tem sofrido pelos "equívocos"(?) cometidos por sua prole, principalmente pelas redes sociais. Vira e mexe os "meninos" estão cometendo alguma peraltice e colocando o pai em meio ao olho do furacão, para o deleite da militância extrema esquerda e de todos os seus oponentes.
Mais do que vídeo games
E os filhos parlamentares de Bolsonaro conseguem mais engajamento nas redes sociais com polêmicas do que ao divulgar propostas e ações de seus mandatos parlamentares ou do governo do pai.
Pesquisas revelam que os quatros primeiros meses deste ano, os três publicaram, juntos, 2.974 mensagens e retweets. Em alguns casos analisados, tweets com xingamentos tiveram até quatro vezes o número de curtidas de publicações propositivas, como mensagens sobre a reforma da Previdência. A varredura dos tweets publicados entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano foi feita com o auxílio da ferramenta TAGS. Vejamos os exemplos:
- Carlos Bolsonaro faturou mais interações no Twitter ao atacar o ex-ministro Gustavo Bebianno (ex-Secretaria-Geral da Presidência) e o vice-presidente Hamilton Mourão do que ao abordar o projeto de reforma da Previdência do governo para policiais.
- Eduardo, por sua vez, notabiliza-se ao twittar informações controversas sobre movimentos e partidos de esquerda e temas internacionais, além de lançar mão de sites conhecidos pela difusão de notícias falsas e teorias da conspiração.
- Já o irmão mais velho, Flávio Bolsonaro, reduziu substancialmente sua presença na rede social após a eclosão do escândalo Queiroz, que revelou movimentações atípicas do seu gabinete na Assembleia do Rio identificadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), no fim do ano passado.
Filhos problemáticos
Aprendi que quando há muitas explicações diferentes sobre determinado tema, provavelmente é porque nenhuma se provou definitiva. Tendo a concordar.
Tome a relação entre pais e filhos. A quantidade de teorias, escolas psicológicas, modelos animais, hipóteses antropológicas que existem sobre o tema não caberia numa biblioteca inteira (Só como curiosidade, para compor o texto deste artigo, busquei no Google a expressão relação entre pais e filhos, encontrando 25 milhões de resultados.). Diante do mesmo fato há dezenas, senão centenas de explicações possíveis dependendo da teoria que se queira adotar (Talvez sejam milhões, a julgar por minha breve pesquisa.).
Diante disso, desisti de encontrar uma explicação para o "fenômeno" que envolve os filhos de Bolsonaro. Uma coisa é certa: se eles continuarem com tanta trapalhada, ainda irão colocar seu velho pai maus lençóis e darão à oposição, a esquerda, todas as munições necessárias a uma iminente vitória nessa verdadeira batalha, onde o interesse público não é nem de longe o troféu disputado, mas sim, os interesses pessoais, combustível que alimenta as chamas na fogueira da vaidade.
Conclusão
Enfim, temos de concordar que os filhos de Bolsonaro criam problemas e têm de ser contidos pelo pai para não prejudicar o governo e o país. A pergunta é: qual dos três representa o maior risco para o governo? E a conclusão - com base nos fatos recentes - é de que quem tem mais potencial para causar danos ao presidente é o deputado federal Eduardo Bolsonaro, apesar de Carlos ser o mais explosivo e de Flávio estar sendo investigado por movimentações financeiras suspeitas ligadas ao seu antigo gabinete de deputado estadual do Rio, especialmente as de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
Enfim, os três principais problemas políticos do presidente no momento, com potencial explosivo contra seu mandato, têm como foco seus filhos. Ora pelo desejo do presidente de lhes garantir protagonismo, ora pelas confusões que eles mesmos criam. Especialistas em educação familiar dão a dica: se nossos filhos estão muito mal-criados, briguentos ou problemáticos, antes de achar que isso é um problema deles, vale a pena olhar para nós mesmos. Em grande medida os filhos são de fato nossos espelhos.
Enfim, os três principais problemas políticos do presidente no momento, com potencial explosivo contra seu mandato, têm como foco seus filhos. Ora pelo desejo do presidente de lhes garantir protagonismo, ora pelas confusões que eles mesmos criam. Especialistas em educação familiar dão a dica: se nossos filhos estão muito mal-criados, briguentos ou problemáticos, antes de achar que isso é um problema deles, vale a pena olhar para nós mesmos. Em grande medida os filhos são de fato nossos espelhos.
[Fonte: Aos Fatos]
A Deus, toda glória.
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E nem 1% religioso.