"E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo" - Efésios 4:11-13.
Um dos grandes dilemas que muitos cristãos enfrentam é o de descobrir qual o seu chamado e/ou sua vocação ministerial.
O que é um chamado e/ou uma vocação ministerial
No cumprimento de Seu propósito, Deus sempre contou com homens e mulheres que se dispuseram a serem usados por Ele, no entanto, para isso, sempre foi necessário o critério da escolha e do chamado de Deus.
Um dos grandes privilégios do relacionamento entre Deus e o homem é sem dúvida o fato de ser chamado por Deus para a execução de um trabalho em prol do Seu Reino. Porém, existem condições para que esse ofício seja realizado de forma plena e perfeita, e além de ter a convicção da chamada, o que a recebe de Deus deve saber de fato que significa ser chamado por Deus.
Quando se fala em chamada, também se pensa em vocação, devido o fato de ambos se parecerem ao ponto até mesmo de se confundirem em seus significados, mas afinal, Chamada e Vocação, existe diferença ou não, se existe quais seriam?
Para responder essa questão passemos a analisar o significado dessas palavras, e assim poderemos iniciar uma explicação à luz da Palavra de Deus.
Vocação – Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Português, Vocação é o ato de chamar...; Tendência ou inclinação para um estado, uma profissão etc...; Apelo ao sacerdócio ou à vida religiosa...; aptidão natural; talento; um médico de vocação.
Chamada – Segundo o Dicionário Bíblico Vine (CPAD, 2002), o verbo chamar pode ter várias conotações, tais como: Kaleõ – chamar alguém, convidar, convocar; fazendo referência ao convite às pessoas a participarem das bênçãos da redenção (Rm 8:30); eiskaleõ – literalmente chamar para dentro...; metakaleõ – formando meta, implicando mudança..., chamar de um lugar para outro, convocar...; proskaleõ – formado de pros, “para”,... chamada divina em confiar aos homens a pregação do Evangelho (At 13:2; 16:10).
Com essas definições resumidas já é possível ter uma ideia acerca do assunto, podendo notar que realmente há muitas semelhanças entre os significados da palavra, e que, deixando-as assim a compreensão do tema fica limitado, ou seja, quando alguém falar de vocação dentro desta perspectiva atribuirá à chamada, bem como quando falar de chamada atribuirá à vocação.
Após analisarmos o significado das palavras é indispensável que se analise à luz da Palavra de Deus, pois é dentro dessa realidade (chamada divina) que estamos abordando o assunto.
Observe que Vocação, além de significar em parte o ato de chamar, aponta também para a realidade de tendência, inclinação e talento, sendo assim, analisando dentro da realidade de vida é possível dizer que esta palavra aponta mais para este último significado, dentro do que estamos estudando. Por exemplo, há pessoas que têm vocação para advogados, médicos, e até mesmo no campo da oratória, mas isso não significa que são chamadas por Deus.
Deve-se observar que é verdade o fato de Deus chamar pessoas vocacionadas, e que partindo da vocação serão usadas pelo Espírito de Deus para resultar em benefício para o Reino e a glória de Deus. Entretanto, Ele chama também pessoas sem alguma vocação específica e dota esse indivíduo com habilidades (unção) para atuação em alguma área da Igreja local. E foi exatamente o que aconteceu comigo que naturalmente nunca tive aptidão para o ensino e, contudo, fui ungido (habilitado) para atuação como mestre no Reino de Deus. E é justamente sobre o dom ministerial de mestre - que absolutamente nada tem a ver com magistério - que irei falar na sequência deste artigo.
O dom de mestre (ou doutor)
Entre os dons ministeriais, concedidos por Deus para edificação e “aperfeiçoamento dos santos”, nas igrejas locais, está o de “doutor” ou “mestre”. Não é um dom muito reconhecido em geral, nas comunidades cristãs, por falta de entendimento acerca do seu valor, ou até por preconceito contra esses termos. As pessoas não têm qualquer receio de tratar um obreiro como “pastor”, “evangelista”, “bispo” ou até “apóstolo”, nos dias presentes. Mas não é comum um obreiro, que tem o dom de mestre ser chamado de “mestre” ou “doutor”. Isso se deve à visão que se tem do que é ser dotado de capacidade para o exercício desse dom ministerial, tão importante quanto os demais dons de Deus. Ou pelo “ar de superioridade” que alguns demonstram no exercício desse dom.
Em parte, também, percebe-se que, em muitos casos, os mestres ou doutores não têm a devida humildade no exercício do dom que Deus lhes concedeu. Alguns, ressaltamos, portam-se com diletantismo ou soberba, pelo fato de serem intelectualmente mais galardoados do que outros. Há até os que cobram “cachê” para ensinar, seguindo o exemplo de cantores ou pregadores, que só servem por dinheiro, e mercantilizam os dons e talentos que são concedidos por Deus. Não se deve generalizar em caso algum o comportamento dos obreiros. Há os mestres ou doutores que, a despeito de seu elevado grau de conhecimento bíblico, teológico e secular, são humildes e sinceros, colocando-se como servos a serviço das igrejas.
Os bons mestres ou ensinadores são muito úteis às igrejas locais. Muitas vezes, os pastores, assoberbados com as atividades administrativas, construindo templos, cuidando do patrimônio, em viagens pastorais, e tantas atividades, próprias dos que realmente trabalham em prol da obra do Senhor, não têm tempo de preparar estudos e mensagens substanciais, para alimentar a igreja local. E recorrem aos mestres ou ensinadores, para que lhes ajudem nessa imensa tarefa de edificar o rebanho. Quando o pastor também é mestre pode suprir a igreja com o ensino da Palavra. Mas nem todo pastor tem esse dom. Assim como nem todo mestre tem o dom de pastor.
Unção (e/ou) graça específica
“E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo” - Efésios 4:7.
Juntamente com cada chamado foi concedida uma graça de acordo com a medida repartida por Cristo. Existe uma graça que envolve o ministério do apostolo, que não é a mesma que envolve o do profeta e assim por diante, nos cinco dons ministeriais ou não, ha uma graça que nos acompanha.
A atividade primordial do mestre, doutor ou ensinador é cuidar do ensino fundamentado da Palavra de Deus. É tão importante que a Bíblia requer que haja dedicação ao exercício desse dom. “...Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino" (Romanos 12:7 - grifo meu).
Talvez seja uma das grandes falhas em muitos ministérios, nas igrejas, a falta de dedicação ao ensino. Há pessoas que querem ensinar sem o mínimo preparo para essa atividade.
Nos tempos pós-modernos, mais do que nunca, existe a necessidade de bons ensinadores. Há questionamentos e problemas que não havia há alguns anos. E muitos pastores não estão preparados para dar respostas adequadas ao rebanho.
O avanço das ciências, das tecnologias, as questões da bioética, as mudanças rápidas no comportamento social provocam questões que exigem, não só o conhecimento bíblico e teológico, mas também secular.
O mestre, doutor ou ensinador precisa ter o cuidado de não se considerar superior ao pastor ou dirigente de uma congregação, pelo fato de ter mais conhecimento que a média dos obreiros. Humildade, modéstia, sabedoria e equilíbrio são qualidades indispensáveis aos que são dotados por Deus de mais capacidade para se dedicarem ao ensino. Mais cuidado ainda, deve ter o mestre, pois deles será requerido mais, como diz Tiago: "Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo" - Tiago 3:1.
1 - Jesus, o Mestre por Excelência
a) O significado de Mestre
A palavra Mestre, nas escrituras, tem o sentido de designar “uma pessoa que é superior às outras, em poder, autoridade, conhecimento ou em algum outro aspecto”. 1) No hebraico, a palavra "adon" que dizer “soberano” ou “senhor”. A palavra "rab" designa um “professor comum”. Com relação a Jesus, foi usada a palavra “rabi” (cf. João 4:31), indicando que ele era um mestre superior. As pessoas chamavam de “meu mestre”, “meu Senhor”, a quem tinha esse título. Jesus recebeu esse tratamento diversas vezes (Jo 1:38,49; 3:2,26).
Quando Jesus ressuscitou, Maria usou a palavra "Raboni", quando o reconheceu: "Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer Mestre)!” - Jo 20:16. Em seus ensinos, "O Senhor Jesus proibiu o uso deste termo entre os discípulos por causa do orgulho e da exaltação pessoal com que era utilizado entre os fariseus" - Mateus 23:7,8).
b) O Mestre da Galileia
Jesus era o Mestre perfeito. Além de Pastor, pregador, missionário e evangelista, exercia com excelência a missão de ensinar. Evangelizava e discipulava de maneira eficaz. Era o Mestre perfeito; o Doutor incomparável (Mt 4:23-25).
Seus ensinos, seus sermões ou discursos e suas aulas eram eloquentes e profundamente convincentes aos que o ouviam. Ele não ensinava teorias abstratas ou acadêmicas que impressionassem pela retórica. Seu ensino era bem recebido pelas multidões, porque Ele vivia o que ensinava e ensinava o que vivia.
O Mestre dos mestres fazia diferença em seus ensinos perante as multidões. O povo estava descrente das mensagens dos escribas e fariseus, que proferiam discursos eloquentes e legalistas, mas vazios de autenticidade e poder. Não foi por acaso, que as multidões que seguiam Jesus aumentavam a cada dia. A diferença dos ensinos de Jesus e os dos fariseus, era que Jesus falava com autoridade (Mt 7:28,29). Ele era incomparável, como Rabi da Galileia (Jo 3:2).
c) O Mestre dos Mestres deixou-nos grandes exemplos de sua pedagogia
1) Conhecia a matéria que ensinava (Lc 24:27);
2) Conhecia seus alunos (Mt 13; Lc 15:8-10; Jo 21);
3) Reconhecia o que havia de bom em seus alunos (Jo 1:47);
4) Ensinava as verdades bíblicas de modo simples e claro (Lc 5:17-26; Jo 14:6);
5) Variava o método de ensino conforme a ocasião e o tipo de ouvintes (Parábolas, perguntas, discursos, preleção, leitura, demonstração, etc.).
2 - O Mestre divino
O ensino do Mestre Jesus não teve nem tem paralelo em qualquer instrução, discurso ou filosofia dos homens. São ensinamentos para serem vividos, e não apenas pregados. Não eram como os ensinos dos fariseus ou dos doutores de sua época (Mt 7:29). Tempos depois, seu discípulo e apóstolo, Paulo, que não conviveu com Ele, afirmou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 Co 2:4).
Uma das maiores causas do descrédito no evangelho pregado por muitas igrejas e muitos pregadores é a falta de autenticidade na vida deles. Jesus demonstrou, com sua palavra e com seus feitos que era o Mestre Divino. Ele pregava o evangelho vivo, que não consistia apenas em belos sermões, mas em vidas transformadas.
2 - A importância do dom ministerial de Mestre
a) O discipulado permanente
O ensino da Palavra de Deus, na igreja local, é indispensável e de fundamental importância. Depois da evangelização, vem o discipulado dos novos convertidos. Mas o discipulado não deve ser visto como apenas algumas lições da Escola Dominical. O discipulado cristão é para toda a vida. Ninguém deixa de ser discípulo pela idade ou "por tempo de serviço". O pastor ou bispo deveria ser também mestre e ter sempre a capacidade para ensinar. Diz Paulo: "Convém que o bispo seja... apto a ensinar" - 1 Tm 3:2 - grifo meu.
Em Efésios 4.11, o dom ministerial de “pastores” vem bem junto ao de “doutores”. Mas nem sempre esses dois dons são encontrados em todos os pastores. Por isso Deus resolveu designar algumas pessoas com a missão de dedicar-se ao ensino (cf. Rm 12:7). “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores...” - 1 Co 12:28.
A missão dos mestres ou doutores, nas igrejas, é de grande valor. Os pregadores, os evangelistas ou os missionários pregam a Palavra de Deus, atraindo as almas para Cristo. Os novos convertidos são como “crianças” espirituais, que precisam receber o alimento espiritual de acordo com o seu tempo de conversão; os crentes mais antigos, supostamente, devem ter mais maturidade; mas todos precisam do ensino fundamentado, que expresse a sã doutrina. Sem o ensino, os crentes ficam sem o conhecimento indispensável ao seu crescimento na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 2 Pe 3:18).
b) O papel dos Mestres
A necessidade do ensino da Palavra de Deus requer pessoas preparadas para ministrá-la com sabedoria, graça e unção da parte de Deus. Diante disso, vem o papel dos mestres e doutores. São pessoas que se dedicam ao ensino (cf. Rm 12:7). Eles não se consideram superiores aos demais obreiros, pelo fato de terem recebido o dom de ensinar. Mas, pela dedicação constante ao estudo e à pesquisa bíblica, reúnem informações e subsídios, extraídos das Escrituras, para compartilhar com toda a igreja.
Quando o pastor da igreja local reúne em si a condição de pastorear e ensinar, a igreja é bem servida com o ensino bem fundamentado que atende às necessidades espirituais dos crentes. Mas, como foi dito antes, nem todo pastor é mestre. Mas todos são apascentadores, que zelam, cuidam, vigiam e protegem o rebanho de Cristo aos seus cuidados.
Os mestres, doutores ou ensinadores, que recebem o dom de ensinar, podem (e devem) cooperar com a liderança da igreja na ministração de estudos valiosos e profundos para a edificação dos crentes. Igrejas sem mestre são igrejas fracas espiritualmente. Por isso, deve-se reconhecer a importância e a necessidade do ministério do ensino. É através do ensino sadio e racional, inspirado pelo Espírito Santo, que a igreja se justifica contra as falsas doutrinas e que se fortifica contra os ataques espirituais de Satanás.
c) Requisitos para ser um bom Mestre
Um bom ensinador, mestre ou doutor é pessoa que, usada por Deus, na unção do Espírito Santo, pode muito contribuir para a edificação espiritual e moral dos crentes. O Eclesiastes resume o valor dos que ensinam com a sabedoria de Deus: “As palavras dos sábios são como aguilhões e como pregos bem fixados pelos mestres das congregações, que nos foram dadas pelo único Pastor” - Eclesiastes 12:11. Para ser um bom mestre, na igreja, são necessários alguns requisitos.
1) Apresentar-se a Deus. “Procura apresentar-te a Deus aprovado... que maneja bem a palavra da verdade” - 2 Tm 2:15a. Um bom mestre deve ser um obreiro aprovado por Deus, e não apenas nas faculdades de teologia ou seculares. O que ensina deve ser aprovado:
a) No testemunho pessoal (1 Tm 4:16; 2 Tm 4:5);
b) Na vida familiar (SI 128:1);
c) Na vida social (Mt 5:16);
d) Na igreja (Ec 5:1,2).
2) “Que não tem de que se envergonhar...” (2 Tm 2:15b). Quem é mestre precisa ser exemplo dos fiéis (1 Tm 4:12). Deve ter uma vida íntegra, para não ser alvo de acusações por parte dos que o ouvem ou dos de fora da igreja. Se um ensinador dá escândalo compromete seu nome, sua imagem e seus ensinos.
3) “Que maneja bem a palavra da verdade...” (2 Tm 2:15c). Esse requisito é muito importante, porque o mestre ou doutor é o homem que faz uso da Palavra de Deus para ministrar o ensino à igreja. Seu manual de ensino é a Bíblia Sagrada. Ele deve conhecer bem a Palavra para poder preparar estudos, mensagens e reflexões a serem compartilhadas, verbalmente ou por escrito, para a edificação da igreja. Devem ser “aptos para ensinar” (1 Tm 3:2; 2 Tm 2:24). Para ter esse manejo, é preciso que o mestre ou doutor tenha certos cuidados:
a) Seja um leitor persistente e estudioso da Bíblia (1 Tm 4:13).
b) Seja dedicado ao ensino (Rm 12:7b). Essa dedicação exige esforço e disciplina para o desenvolvimento de um ministério frutífero;
c) Seja um leitor de bons livros de estudo bíblico (2 Tm 4:13). Os bons livros não substituem a Bíblia, mas, quando são escritos por homens de Deus, são excelentes auxílios ao preparo de estudos e mensagens;
d) Procure conhecer versões variadas da Bíblia, principalmente as de estudo bíblico, examinando seus comentários, para evitar inserções heréticas, em suas notas;
e) Utilize dicionários, concordâncias e enciclopédias bíblicas.
f) Seja um leitor de sites, livros, revistas, jornais, e periódicos (evangélicos e seculares), que tenham subsídios para fortalecer o ensino.
g) Tenha preparo teológico. Um curso teológico de boa qualidade não faz um excelente mestre no ensino da Palavra de Deus. Esse é feito por Deus. Contudo, o curso dá uma visão ampla do estudo sistemático da Palavra de Deus, a partir da Teologia Sistemática e suas divisões; da Hermenêutica, da Homilética, da História da Igreja, da Geografia Bíblica, Ética Pastoral, Didática, Psicologia, etc... A Bíblia diz: “Examinai tudo. Retende o bem...” (1 Ts 5:21).
d) Um mestre deve ter conhecimentos acima da média de seus alunos
Tiago adverte que muitos não queiram ser mestres (doutores ou professores), visto que “receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1). Diante disso, é importante que os mestres sejam pessoas cuidadosas no exercício de sua missão, pautando-se pelos princípios éticos e morais da Palavra de Deus, para que possam contribuir para o crescimento espiritual dos crentes, nas igrejas, auxiliando os pastores ou líderes a melhor conduzirem o rebanho do Senhor Jesus.
3 - O ensino na Igreja no primeiro século
1. A ordem de Jesus
O Mestre, antes de sua ascensão aos céus, em sua despedida dos discípulos, determinou-lhe de modo solene que deveriam ir a “todas as nações”; “ensinando-as a guardar todas as coisas” que lhes tinha mandado (cf Mc 28:19, 20). Os Atos dos Apóstolos registram a obediência dos primeiros apóstolos e discípulos, no cuidado em cumprir a determinação de Jesus. Após a descida do Espírito Santo (At 2.1 -6), o discurso de Pedro foi um verdadeiro ensino de pneumatologia (At 2:14-40).
2. A Doutrina dos Apóstolos
O ensino do evangelho de Cristo aos novos convertidos era tão sério e profundo, que os primeiros crentes eram batizados em águas, “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2:42, 43 — grifo meu). A “doutrina dos apóstolos” era o conjunto de ensinos, ministrados por eles aos novos crentes, de forma eficaz, produzindo mudanças e transformações na vida dos que se convertiam, com sinais e maravilhas. Essa doutrina apostólica ainda está em vigor em nossos dias. Os mestres ou doutores, com humildade e amor, devem fundamentar seus estudos nos ensinos preciosos do evangelho de Cristo.
3. O ensino constante
Os primeiros mestres ou ensinadores foram os integrantes do Colégio Apostólico. Como pioneiros na propagação do evangelho, foram perseguidos, presos e alguns mortos. Mas cumpriram a ordem de Jesus de pregar e ensinar a sua Palavra. Diz o texto bíblico: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo” (At 5:42). Não perdiam tempo. Não havia templos cristãos. A igreja começou nas casas. O ensino era ministrado a pequenos grupos nos lares.
O apóstolo Paulo, falando aos anciãos de éfeso, mostrou o caráter do seu ensino como verdadeiro mestre cristão: “servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas e tentações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram; como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20:19-21 — grifo meu).
4. Doutores na Igreja
As conversões ao cristianismo se multiplicaram grandemente, após a dispersão dos discípulos provocada pela perseguição dos judeus (At 11:19-24). Dentre as cidades que mais acolheram a mensagem do evangelho, destacou-se Antioquia. Para lá, foi enviado Barnabé, mas ele percebeu que, com tantas pessoas convertidas, necessitava de mais alguém para ajudar no ensino da Palavra. Com muita sabedoria e humildade, foi até Tarso, para buscar Saulo a fim de ajudá-lo no discipulado e ensino dos novos crentes.
Antioquia tornou-se um centro de irradiação do evangelho de Cristo. Não só pela evangelização, mas pelo cuidado com o ensino, através de pessoas preparadas para a ministração da Palavra. “Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo” (At 13:1 — grifo meu).
5. A necessidade do Ensino
Nos primórdios da Igreja de Cristo, o desafio da formação de novos decididos, oriundos do judaísmo e de religiões heréticas foi além das expectativas dos primeiros apóstolos, evangelistas ou líderes da comunidade cristã. De um lado, havia os judaístas ou judaizantes, que insistiam que, mesmo após a conversão, o homem precisa tornar-se judeu, obedecendo os ritos e preceitos da Lei. Paulo foi um exemplo marcante desse grupo, a ponto de perseguir a Igreja de Jesus, sendo “extremamente zeloso quanto as tradições” recebidas de seus pais (Gl 1:13,14). Mas, depois de sua dramática conversão, no caminho de Damasco, tornou-se um mestre ou doutor nas Escrituras (2 Tm 1:11).
Havia os legalistas, que entendiam que o cumprimento dos preceitos da lei, praticando boas obras, seriam salvos. O Doutor Paulo foi usado por Deus para doutrinar acerca do combate aos legalistas e escreveu contra as misturas doutrinárias (Gl 5:10-12).
Assim como Paulo, Pedro, Tiago, João e outros apóstolos e discípulos foram usados por Deus para ministrar o ensino correto, nos primeiros séculos da Igreja Cristã. E, hoje, Deus continua a usar homens e também mulheres, que se dedicam à tarefa de ensinar aos crentes em Jesus.
Conclusão
O dom ministerial de mestre ou doutor é de fundamental importância para a edificação dos crentes, em todas as igrejas. Ao lado dos outros dons ministeriais contribui para o fortalecimento da fé cristã, propiciando conhecimentos bíblicos e teológicos, que preparam os que são discípulos de Jesus. Ser mestre ou doutor não é sinal de superioridade diante dos que não possuem tais dons. Significa mais responsabilidade diante de Deus. Tiago exorta: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1).
Exelente estudo
ResponderExcluirMuito bom,adoro ensinar e ver as pessoa cescerem no conhecimento das escrituras.
ResponderExcluirMuito bom este estudo!
ResponderExcluirQue o Deus de Amor e Justiça, continue te abençoando.
Estudo muito edificante, me ajudou muito na preparação da minha aula.
ResponderExcluirOlá bom dia, muito bom o estudo. Toh querendo mergulhar mais profundo nos ensino sobre os 5 ministérios.
ResponderExcluir1 igreja local
A) se a igreja atua nos 5 ministérios
Ou e muito relativo?
2 específico na igreja A ou na igreja B.
3 etc.
Orlando aleixo zap 91981558784
ResponderExcluirÓtimo estudo que Deus possa te dar mais sabedoria.
ResponderExcluirParabenizo pala a excelência do estudo Deus continue te abençoando
ResponderExcluirLouvado seja Deus por sua vida Leonardo. Extremamente edificante esse estudo. Que O Senhor Jesus te conceda mais graça para continuar ensinado com sabedoria do Céu.
ResponderExcluirMuito bom o estudo! Deus abençoe
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