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quinta-feira, 31 de julho de 2025

TEOLOGANDO — QUAL O VERDADEIRO SIGNIFICADO BÍBLICO DE "IGREJA"?

"...E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela..." (Mateus 16:18).
Todos nós temos uma definição a respeito da igreja. Alguns irmãos irão definir igreja a partir da ortodoxia; outros, no entanto, irão dizer o que é a igreja a partir de suas experiências pessoais.

E veja como isso é curioso: aqueles que definem igreja a partir da ortodoxia, mas que, ainda assim, não experimentam a vida como igreja, entenderam tudo errado; por outro lado, aqueles que têm muitas experiências como igreja, mas não conseguem entender o que estão vivendo, também correm o risco de provarem de coisas ruins pela má compreensão do que é a igreja.

Diante disso, entender o que é a igreja passa por uma compreensão correta daquilo que a Bíblia define, mas também por uma experiência vívida na igreja. É o que veremos neste capítulo da nossa série especial de artigos Teologando.

Conceituando o termo "igreja"


Particularmente, gosto de ver a igreja como a comunidade daqueles que foram salvos em Cristo porque ouviram a voz de Deus.

Em Deuteronômio 4:32-39, Moisés diz que o povo de Israel, recém-libertado da escravidão no Egito, se tornou povo de Deus porque o SENHOR falou com eles:
"...Dos céus ele fez com que ouvissem a sua voz, para ensiná-los, e sobre a terra lhes mostrou seu grande fogo, e do meio do fogo vocês ouviram as suas palavras..." (Vs. 36).
E quando olhamos para o Novo Testamento, a afirmação poderosa do apóstolo Paulo a respeito de como a fé surgiu em nós aprofunda ainda mais essa idéia.

Ele diz claramente que a
“fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17).
Em toda essa passagem, Paulo está nos dizendo que aqueles que crêem no Evangelho, crêem porque ouviram ao Deus que fala; aqueles que não crêem, fecharam seus ouvidos e corações ao Deus que fala (Vss. 14-21).

O que é a Igreja segundo a Bíblia


A igreja é o conjunto de todas as pessoas que receberam Jesus como seu Senhor e Salvador e seguem a Deus. Cada crente é parte da igreja. Na Bíblia a igreja não é um edifício; é um conjunto de pessoas.

“Igreja” significa assembleia ou congregação. A igreja é um conjunto de pessoas que se reúnem para juntos seguirem a Deus. A igreja é uma comunidade. A Bíblia diz que a igreja é:
  • Todos os crentes — todos salvos de todo o mundo, do passado, presente e futuro, formam a igreja e estão eternamente ligados através de Jesus Cristo (1 Coríntios 1:2).
  • Um grupo de crentes — quando duas ou mais pessoas se reúnem no nome de Deus, formam uma igreja local, que é uma pequena parte da igreja total.
Hoje em dia o lugar onde a igreja se reúne regularmente também é chamada de igreja. Na verdade, o edifício não é a igreja; as pessoas dentro do edifício formam a igreja.

Qual é a importância da igreja?


Deus instituiu a igreja. Ninguém pode viver sua fé em isolamento; cada crente precisa viver em comunidade. A igreja implica união; onde crentes não se reúnem não há igreja (Hebreus 10:25).

Ninguém é perfeito. Todos precisamos de ajuda e encorajamento em nossa caminhada com Deus. Todos os membros da igreja devem ajudar uns aos outros, crescendo juntos no amor de Cristo.

Não se reunir com a igreja é um ato de egoísmo e prejudica sua fé. Deus está onde a igreja se reúne (Mt 18:20). Para ter mais comunhão com Deus é essencial estar com outros crentes.

A igreja é o corpo de Cristo (1 Co 12:27). Quando alguém perde um dedo, esse dedo morre porque não está unido ao resto do corpo. Da mesma forma, nossa fé pode morrer se nos afastamos da igreja.

A vida abundante que Deus tem para nós só pode ser plenamente vivida em comunidade, como igreja.

A Igreja Universal e a Igreja Local


Algumas vezes a Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal, isto é, para falar de todo o povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa ser. Jesus falou da igreja deste modo (Mt 16:18).

Ele não está falando apenas de uma congregação local, nem está falando de uma organização ou instituição mundial.

Ele está falando de pessoas, pedras vivas, construídas sobre Jesus Cristo, a fundação sólida.

Paulo falou da igreja, neste mesmo sentido universal, quando escreveu: 
"...Cristo é o cabeça da Igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo" (Efésios 5:23).
Jesus é o cabeça sobre todos aqueles que o servem, todos aqueles lavados e purificados de seus pecados (Vs.26).

Frequentemente, a palavra “igreja” é usada para descrever uma congregação local ou assembleia de santos. Note uns poucos exemplos:
“…à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos…” (1 Co 1:2); 
“E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano” (Mt 18:17); 
“...saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles” (Rm 16:5).
Igrejas locais são o resultado da pregação do evangelho. Quando as pessoas obedecem a palavra e se tornam cristãs, elas começam a reunir-se com outros irmãos na fé.

A Igreja 

Organismo, não Organização


A igreja é uma organização? Muitas pessoas têm a noção errada de que a igreja é uma organização ou instituição, independente do povo que compõe a igreja.

Este não é o conceito bíblico de igreja. Jesus não morreu para estabelecer uma instituição, mas para salvar o povo do pecado (Atos 20:28; 1 Co 6:20). Jesus e o Pai não habitam numa organização, mas no povo que os obedece (João 14:15, 23).

Em vez de falar de uma organização, a Bíblia descreve a igreja como um corpo composto de membros vivos (Rm 12:4,5; 1 Co 12:12-27; Colossenses 1:18,24; Ef 5:23). Estes membros do corpo são “blocos” ou “pedras” usados na construção da igreja (1 Pedro 2:5; 1 Co 3:10-15).

Muitas pessoas sugerem que a “igreja universal” é constituída de todas as congregações locais no mundo. Isto não é um conceito bíblico.

Uma igreja local consiste de cristãos que se reúnem num determinado lugar. Eles podem ser identificados e contados (Rm 16:14, 15; 1 Co 16:19; Cl 4:15).

A igreja universal consiste de todos os discípulos de Cristo em todo o mundo. Nenhum homem é capaz de identificar e contar todos os membros deste corpo universal.

Tentativas de contar todos os verdadeiros cristãos em uma nação ou no mundo ilustram a ignorância e a vaidade dos homens. Somente Deus pode contar e identificar seus “primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12:23).

Descrições Bíblicas da Igreja que Pertence a Jesus


A Bíblia não usa um nome exclusivo para a igreja. É errado, portanto, insistirmos num único nome que todas as igrejas fiéis tenham que usar.

Muitas passagens falam simplesmente da igreja, algumas vezes identificando o local (cidade ou casa) onde o grupo de cristãos se reunia.

Portanto, podemos nos referir à igreja simplesmente como “a igreja” (At 8:1; 9:31; Rm 16:1).

Frequentemente, as descrições da igreja no Novo Testamento mostram a relação que existe entre o Senhor e sua igreja.

A igreja pertence a Deus, e é, muitas vezes, chamada “a igreja de Deus” (veja Atos 20:28; 1 Coríntios 1:2; 10:32; Gálatas 1:13; 1 Timóteo 3:5,15).

Jesus derramou seu sangue para comprar a igreja. Portanto, Paulo falou de “igrejas de Cristo” (Rm 16:16) e Jesus falou de sua própria igreja (Mt 16:18).

O povo de Deus pode ser corretamente descrito como a “igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12:23).

Descrições Bíblicas da Igreja que Pertence a Jesus


A Bíblia não usa um nome exclusivo para a igreja. É errado, portanto, insistirmos num único nome que todas as igrejas fiéis tenham que usar.

Muitas passagens falam simplesmente da igreja, algumas vezes identificando o local (cidade ou casa) onde o grupo de cristãos se reunia. Portanto, podemos nos referir à igreja simplesmente como “a igreja” (At 8:1; 9:31; Rm 16:1).

Frequentemente, as descrições da igreja no Novo Testamento mostram a relação que existe entre o Senhor e sua igreja.

A igreja pertence a Deus, e é, muitas vezes, chamada “a igreja de Deus” (veja At 20:28; 1 Co 1:2; 10:32; Gl 1:13; 1 Tm 3:5,15).

Jesus derramou seu sangue para comprar a igreja.

Portanto, Paulo falou de “igrejas de Cristo” (Rm 16:16) e Jesus falou de sua própria igreja (Mt 16:18). O povo de Deus pode ser corretamente descrito como a “igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12:23).

Consideremos o significado de descrições bíblicas comuns da igreja.
  • O Corpo de Cristo (Cl 1:24; Ef 1:22-23; 4:12) — Assim como o corpo humano não pode sobreviver separado da cabeça, não podemos viver sem nosso cabeça, Jesus Cristo (Ef 5:23; Cl 1:18). Discípulos de Jesus são membros do corpo (Rm 12:4-5; 1 Co 12:12-27; Ef 3:6; 4:16; 5:30).
  • O Reino de Deus ou Reino dos Céus (Mt 3:2; 4:17; Lc 4:43; At 8:12; 19:8; 20:25; 28:23,31) — A ideia de reino ressalta a posição de autoridade do rei (veja 1 Co 4:20; Hb 1:8; 12:28-29; Mt 28:18-20; Ap 12:10). O reino de Cristo não é deste mundo (Jo 18:36). Em vez de ser uma entidade política e mundana, a igreja é um reino espiritual assentado no caráter santo de Deus. Podemos entrar no reino somente quando formos transformados espiritualmente (Cl 1:13). Como servos do Rei, temos que desenvolver as características espirituais de nosso Senhor (Tiago 2:5), incluindo sua humildade, inocência (Marcos 10:14-15) e santidade (1 Co 6:9-10; Gl 5:19-21).
  • A Casa de Deus (1 Tm 3:15) — não é um edifício material, mas o santuário e a habitação do Senhor (Ef 2:21-22). É um edifício espiritual (1 Pd 2:5).
  • O Rebanho de Deus (At 20:28) — Jesus é o bom pastor que deu sua vida pelas ovelhas (Jo 10:11). As ovelhas ouvem sua voz e o seguem para receber a vida eterna (27,28).
A igreja era conhecida como "a Igreja de Deus", como se vê em passagens como:
👉“À igreja de Deus que está em Corinto” (1 Co 1:2). 
👉“Apascentai a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue” (At 20:28). Essa expressão revela a natureza divina da Igreja, pertencente a Deus, não a uma denominação humana.
As reuniões também eram diferentes. Não existia um clero exclusivo ou um pregador fixo responsável por ministrar os cultos. 

Pelo contrário, a participação de todos era incentivada. Cada membro era encorajado a exercer seus dons e talentos para a edificação mútua do corpo de Cristo, o que tornava as reuniões mais dinâmicas e vivas.
👉“Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, cada um de vós tem salmo, doutrina, revelação, língua, interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14:26).
Esse versículo mostra que cada membro participava ativamente, e o culto não era centralizado em uma única figura.

As celebrações aconteciam em ambientes simples e informais, geralmente nas casas dos próprios irmãos. 

Não havia templos ou construções religiosas específicas. A simplicidade do culto refletia a essência da fé cristã, centrada exclusivamente em Jesus Cristo.
👉“Saudai também a igreja que está na casa deles” (Rm 16:5). 
👉“À igreja que está em sua casa...” (Filemom 2).
Esses textos demonstram que as igrejas se reuniam nas casas, como expressão de comunhão, e não em estruturas institucionais.

Outro aspecto marcante era a unidade da igreja. Não havia divisões doutrinárias nem diferentes estilos de adoração. Havia uma só fé, um só propósito, um só corpo a Igreja de Deus.
👉“Há um só corpo e um só Espírito... um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos...” (Ef 4:4–6)

Conclusão

Nomes Humanos Causam Divisão


A igreja primitiva se via como a verdadeira expressão do povo de Deus, unida em amor, em missão, e na mensagem transformadora do Evangelho.

A divisão religiosa em nossa sociedade é vergonhosa. Muitas pessoas estão confusas num mundo com muitos nomes diferentes de igrejas.

Alguns destes nomes honram certos homens, enquanto outros ressaltam pontos doutrinários específicos.

A unidade dos salvos é baseada no nome e na doutrina de Cristo. Devemos fazer tudo pela autoridade de Jesus ou em seu nome (Cl 3:17).
“Não há salvação em nenhum outro... nome...” (At 4:12).
Esta unidade é possível somente quando falamos e pensamos a mesma coisa, que é a doutrina de Cristo (1 Co 1:10).

Quando os homens começam a seguir outros homens, perdem a unidade com Cristo e seu povo (1 Co 1:11-13).

Divisões e contendas acontecem na igreja, em parte, porque algumas pessoas se identificam somente com nomes humanos.

Paulo argumentou que devemos identificar-nos somente com o Senhor que servimos.

Jesus foi crucificado por nós e somos batizados em seu nome. Jesus, e não homens, merece nossa dedicação e honra. Os verdadeiros seguidores de Deus fazem parte da igreja que pertence a Jesus.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.
E nem 1% religioso.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

🧠PAPO DE PSICANALISTA🧠 — ALÉM DO QUE OLHOS VÊEM

Cuidado com os seus olhos, eles podem enganar seu coração! Essa é uma frase interessante que nos convida a pensar sobre a percepção e a verdade.

Ver além do óbvio é entender que existem fenômenos implícitos (“por trás”) da informação que chega através dos nossos sentidos. 

Para conquistar essa capacidade, é aconselhável não nos conformarmos com o acessível e entender o plano de fundo das situações.

Embora pessoas altamente intuitivas consigam ver além do que é evidente, nem todos desenvolvem essa capacidade. 

No entanto, ver além do óbvio é uma arte em desuso. Quando recebemos informações sobre um problema, tendemos a simplificar sua abordagem quase automaticamente. E fazemos isso frequentemente.

Terapia bíblica


A história de Eliseu e Geazi na Bíblia, encontrada principalmente em 2 Reis, revela mensagens sobre a fé, a obediência e as consequências da desonestidade.

Geazi, servo de Eliseu, agiu com ganância, buscando vantagens financeiras na cura de Naamã, o que resultou em sua punição com lepra.

Já Eliseu demonstrava fé e obediência a Deus, realizando milagres e guiando seu povo.

Geazi como servo e discípulo do profeta Eliseu era, por conseguinte, o responsável por ajudá-lo em tudo o que fazia. 

Porém, em vez de aprender com o profeta e tentar ser um servo de Deus, humilde e simples, Geazi tinha um coração problemático.

Abrindo os olhos dos olhos


No episódio sobre a cura de Naamã, Geazi demonstra seu coração maligno. Em vez de se alegrar com mais um milagre feito pelo Senhor por meio de Eliseu, Geazi enxerga uma oportunidade de tirar vantagem sobre a situação.

2 Reis 6:8-17 é a passagem bíblica conhecida por muitos pelo relato em que Eliseu prevê os conselhos do rei da Síria.

Podemos intitular esse relato de “O Deus que abre os olhos”, porque Ele abriu os olhos espirituais de Eliseu, de seu moço e dos inimigos.

Muitas vezes, o que vemos com os olhos físicos não correspondem à realidade completa ou aos nossos sentimentos mais profundos. 

Nossos olhos são poderosas ferramentas para interagir com o mundo, mas eles podem ser facilmente enganados. 

Pense em ilusões de ótica, truques de mágica ou até mesmo em como a perspectiva pode distorcer a imagem de algo. 

Essa capacidade de sermos enganados visualmente se estende para além do que é físico. 

Quantas vezes julgamos algo ou alguém pela primeira impressão visual, apenas para descobrir que a realidade é muito diferente?

Uma pessoa pode parecer forte por fora, mas estar em grande sofrimento por dentro. 

Uma situação pode parecer perfeita, mas esconder complexidades e desafios. Se basearmos nossas decisões e sentimentos apenas no que vemos, arriscamos ser superficiais.

Olhar intuitivo


O "coração" na frase com a qual abrimos este texto, representa a nossa intuição, nossos sentimentos, nossa essência e o que realmente valorizamos. 

Ele é a bússola interna que nos ajuda a discernir a verdade além da aparência. 

Quando os olhos nos mostram algo que não ressoa com nosso coração, é um sinal para investigarmos mais a fundo, para não nos deixarmos levar apenas pelo que é visível. 

Cuidado com as percepções e os preconceitos. Essa frase também pode ser interpretada como um alerta para como nossas percepções (influenciadas pelo que vemos) podem moldar nossos sentimentos e julgamentos, por vezes de forma equivocada. 

Assim, como o personagem bíblico, podemos vir a fazer nossas escolhas, baseados apenas nos muitos equívocos que estão inerentes às nossas emoções.

Nossos olhos, combinados com nossas experiências e as informações que absorvemos, podem ainda nos levar a formar preconceitos.

Vemos uma característica específica em alguém ou algo e, automaticamente, nosso coração (nossos sentimentos e atitudes) pode ser direcionado por essa visão superficial. 

Podemos observar e começar a olhar além do óbvio, a questionar as primeiras impressões e a buscar um entendimento mais profundo. 

Para evitar que os olhos enganem o coração (e vice-versa), precisamos desenvolver a capacidade de olhar com a alma, com a mente e com a intuição. 

Isso significa buscar informações, ter empatia, questionar suposições e, acima de tudo, ouvir a voz interior que nos diz o que é realmente verdadeiro para nós.

Em suma, não confie cegamente nas aparências. Busque a verdade além do que é visível.

Ouça sua intuição e os sentimentos mais profundos.

Questione os preconceitos e julgamentos de forma rápida.

Devemos buscar uma vida mais consciente, onde a sabedoria e a intuição guiam nossas escolhas e sentimentos, e não apenas o que captamos superficialmente.

Consideração psicanalítica


Para mim fica muito claro que o mais importante aqui é o lookset (ou seja, refere-se à maneira como enxergamos o mundo e abordamos problemas, uma espécie de "lente" através da qual interpretamos a realidade), aprender com o olhar, com uma curadoria especializada que irá nos mostrar o que além do ver, você poderá viver dentro das mais diversas experiências.
Obviamente que, aos que, como eu também têm suas convicções espirituais, é fundamental, como no caso de Eliseu e Geazi, buscarmos, sobretudo, enxergar as coisas sob a ótica de Deus, cujos olhos estão sobre toda a Terra.
E isso meus amigos, é o aprendizado experiencial, é levar nossa mente, nossos olhos e nosso corpo a viver emoções, despertar sentidos e criar sentimentos únicos dentro das mais variadas ocasiões.

É isso que eu amo fazer e isso que eu passo a todos que convivem comigo. Aprender a enxergar o que existe além do ver.

Aprender a sentir aquilo que estamos vivendo e aprender a olhar de uma nova forma.

Experiencialize a sua vida!

Conclusão


Como dito pelo renomado psicanalista, Dr. Lucas Nápoli, é o chamado de olhar simbólico, que, de acordo com ele, é algo indispensável para quem quer exercer a Psicanálise na prática ou mesmo apenas estudá-la teoricamente.

É somente por meio da aplicação desse olhar simbólico que podemos enxergar no esquecimento da chave de casa, por exemplo, o desejo de não voltar para ela.

Só olhar simbólico também nos permite olhar para os sintomas de nossos pacientes e enxergá-los não só como problemas, mas fundamentalmente como mensagens.

Quem não cultiva esse olhar julga as interpretações psicanalíticas como exageradas ou forçadas. De fato, não consegue ver para-além do imediato.

O olhar simbólico é justamente o que torna um analista apto a observar o Inconsciente em ação. Afinal, é próprio do Inconsciente não se mostrar de maneira explícita.

O terapeuta que não exercita o olhar simbólico é levado a crer equivocadamente que seus pacientes estão apenas descrevendo objetivamente a realidade.

Olhar simbolicamente para a fala do analisando habilita o analista a percebê-la como um discurso muito mais retórico do que descritivo…

Em suma, para ser psicanalista é preciso ter olhos para ver. E ouvidos para ouvir.

Você tem facilidade para aplicar esse olhar simbólico?

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

[Fonte: Dr. Lucas Nápoli — 
Psicólogo | Psicanalista | Professor]
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domingo, 27 de julho de 2025

📀GRAMOFONE📀 — ESPECIAL: OS 40 ANOS DE "NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA", ULTRAJE A RIGOR

Nota editorial

Não cabe a este artigo conjecturar sobre o atual posicionamento idológico e político do cidadão Roger Rocha Moreira, essa é uma questão de cunho pessoal dele e não me diz respeito. 
Uma conclusão parcial é que a perspectiva defendida por Roger sofreu uma modificação, talvez por algum descontentamento ou descepção no decurso dessas quatro décadas. 

O fato é que o posicionamento recente aproxima o cantor, curiosamente, da posição e comportamento que na juventude ele tanto criticava.

A quem reconhece o Ultraje a partir desses comportamentos poderá causar estranheza a proposta do presente artigo que, ao resenhar o primeiro álbum da banda, o clássico e ótimo 'Nós Vamos Invadir Sua Praia' —  até hoje seu trabalho de maior impacto, passível de ser confundido com uma coletânea — , destacará o teor político aparentemente progressista de parte das canções. 

Finalizo essa longa, mas necessária introdução, fazendo um convite às leitoras e aos leitores para adentrar em uma viagem à primeira metade da década de 1980 — sem armamentos polarizados —, ainda em tempos de ditadura militar no Brasil, com grandes parcelas da sociedade lutando pela redemocratização do país e, do norte ao sul, rádios ecoando os versos: 
"A gente não sabemos escolher presidente, a gente não sabemos tomar conta da gente, tem gringo pensando que nós é indigente. Inútil! A gente somos inútil."
No contexto de abertura comercial ao "novo rock brasileiro", após o sucesso do compacto 'Você Não Soube Me Amar' da banda carioca Blitz, em 1982, o Ultraje a Rigor foi contratado pela multinacional Warner e, no início de 1983, lançou um primeiro compacto com as canções 'Inútil' e 'Mim Quer Tocar'.
A canção, embora abordasse um tema caro e específico ao contexto político e social da época, fazendo uma referência explícita à campanha

pelas Diretas Já, que levava milhares de pessoas às ruas em diversas regiões do Brasil reivindicando participação direta na eleição presidencial que ocorreria em 1985,
<<O país vivia tempos de grandes expectativas quanto à propagandeada reabertura política, após quase duas décadas em um governo autoritário, e a campanha pelas diretas concentrava demandas e anseios democráticos que tomavam a cena pública.>>
acabou por se tornar atemporal, sendo, portanto, mais atual do que nunca. Afinal, é fato incontestável que
"a gente não sabemos escolher presidente..."
e as redes sociais dão provas de que
"...inútil, a gente somos, inútil..."
Essas duas músicas vieram a fazer parte do disco que merecidamente recebe um artigo especial em nossa série gramofone.

O icônico, irônico e ao mesmo tempo contestador "Nós Vamos Invadir Sua Praia", já é um senhor quarentão, mas que permanece ainda muito jovem.

Mas, antes de falar sobre o disco, vamos conhecer um pouco da história da banda.

Por que Ultraje a Rigor?

Porque sim!

Esta frase é válida para um balanço da carreira da banda de rock Ultraje a Rigor.

Surgido no mercado fonográfico brasileiro em 1982, com o lançamento de um bem sucedido disco compacto, o Ultraje está comemorando 43 anos de existência.

Contudo, essa longa trajetória contabiliza dez álbuns lançados, somente cinco de canções inéditas, três deles na primeira década de existência da banda: o aniversariante da vez "Nós Vamos Invadir Sua Praia" (1985), "Sexo!!" (1987) e "Crescendo" (1989).


A banda fechou a década com o disco de covers "Por que Ultraje a Rigor?" (1990).

O Ultraje a Rigor foi formado na cidade de São Paulo no início dos anos de 1980, sendo umas das precursoras do chamado Brock — o rock brasileiro oitentista — no mercado fonográfico.

Aos fundadores Roger Rocha Moreira e Leonardo "Leôspa" Galasso, respectivamente cantor/guitarrista e baterista, uniram-se o baixista Silvio Jansen e o guitarrista Edgard Scandurra — que deixaria o grupo pouco depois para criar a banda Ira!.

Aliás, foi Scandurra quem batizou o grupo de Ultraje a Rigor, referenciando a performance irreverente com a qual executavam covers de Beatles e de bandas de rock dos anos 1950 e 60.

Ainda nesses primeiros momentos, Maurício Defendi substituiu Sílvio no contrabaixo e vocal e Carlos Bartolini, o Carlinhos, assumiu a guitarra no lugar de Scandurra.

Agora vamos dar as honras ao nosso aniversariante.

"Nós Vamos Invadir Sua Praia"

Mais que um disco, um marco

Faixas:
Em abril de 1985 a banda entrou no estúdio Nas Nuvens para gravar seu primeiro LP. 

Nunca 28 diárias de quatro marmanjos no Hotel Sol, em Copacabana, deram tanto retorno. 

O Ultraje a Rigor sempre ameaçava estourar. Quando estourou, foi um estrondo tão grande que superou todas as expectativas.

Contexto político social


Como já dito, a campanha pelas Diretas Já apoiava a Proposta de Emenda Constitucional nº 05/1983, a Emenda Dante de Oliveira.

Enquanto milhares saíam às ruas, a canção 'Inútil' ganhava apelo popular e se tornava um dos hinos informais do movimento. 

O verso citado acima faz referência à limitação da extensão do voto pela eleição indireta e ainda ecoava um comentário do ídolo futebolístico Pelé (✰1940/✞2022), que, em contraponto às reivindicações, teria dito às mídias nacionais que os brasileiros não estavam preparados para votar para presidente — opinião referendada pelo congresso nacional, que reprovou a emenda.

O lado B do compacto, e terceira faixa do lado 1 no álbum, o reggae 'Mim Quer Tocar', também composto por Roger Moreira, embora de menor repercussão, também abordava o tema das Diretas Já: 
"...Mim é brasileiro. Mim gosta banana. Mas mim também quer votar, mim também quer ser bacana...".
As duas canções eram apresentadas de forma sarcástica, com uso do humor tanto nas letras quanto na performance executada.

A inserção do Ultraje a Rigor na indústria fonográfica, portanto, sugeria uma banda que, de forma irreverente, apresentava temas com preocupação ou mesmo engajamento social — uma contraparte politizada à Blitz, banda também caracterizada por apresentações irreverentes.

Leitura reforçada por uma história divulgada na época segundo a qual Ulysses Guimarães (✞1916/✰1922), um deputado comprometido com a redemocratização, teria declarado à imprensa que levaria uma cópia de 'Inútil' para o ditador presidente João Baptista Figueiredo (✰1918/✞1999 — ALEXANDRE, 2002, p.164). 

Embora a história tenha sido negada pelo guitarrista do grupo, Carlinhos Bartolini (ASCENÇÃO, Andrea, 2011, p.62), que substituiu Scandurra após o sucesso do compacto, a sua fixação na mitologia construída sobre a banda fortalece a percepção da leitura politizada vinculada ao Ultraje.

Buscando amenizar as afiliações da banda com a temática política, o segundo compacto lançado pelo Ultraje, em setembro de 1984, apresentou as canções 'Eu Me Amo' e 'Rebelde Sem Causa', já com o guitarrista Carlinhos.

A primeira ironiza uma retratação egocêntrica e a segunda ridiculariza a rebeldia da juventude de classe média, ambas investindo na performance irreverente, demarcando a proposta do grupo. 

O impacto comercial e o volume de shows encorajaram a Warner a enfim lançar o álbum da banda, gravado em abril e lançado em julho de 1985, dois anos após o compacto inicial.

Invadindo a praia da discriminação elitista


Com produção de Liminha e Pena Schmidt, o primeiro álbum teve repertório selecionado através de votação do público entre canções bastante executadas nos shows da banda (ASCENÇÃO, 2011, p.64). 

No entanto, o disco foi intitulado com a única canção recém composta por Roger, 'Nós Vamos Invadir Sua Praia' (ASCENÇÃO, 2011, p.90). 

Totalizando onze canções, além das quatro apresentadas nos compactos anteriores e da canção título, as selecionadas no ótimo repertório foram 'Zoraide', uma ode pela liberdade da solteirice, 'Ciúme', a contrapartida romântica, assumindo o drama do ciumento excessivo, 'Marylou' (Edgard/Roger/Maurício), uma escrachada declaração de misoginia diante da liberdade sexual feminina, 'Jesse Go' (Roger/Maurício), uma crítica, cantada por Maurício, à efemeridade do estrelato, 'Se Você Sabia', uma queixa das agruras da relação sexual não devidamente planejada e 'Independente Futebol Clube', gravada ao vivo, o inverso de 'Ciúme', com uma apologia a um relacionamento aberto. 
As canções selecionadas, portanto, se afastavam das lançadas no primeiro compacto, sem comentários de natureza política explícita.

Se a temática predominante no disco 'Nós Vamos Invadir Sua Praia' pode ser considerada trivial, a letra da canção título se baseia ainda em uma temática social: 
"Nós tamo entrando sem óleo nem creme / Precisando a gente se espreme / Trazendo a farofa e a galinha/ Levando também a vitrolinha / Separa um lugar nessa areia / Nós vamos chacoalhar a sua aldeia / Mistura sua laia / Ou foge da raia / Sai da tocaia/ Pula na baia / Agora nós vamos invadir sua praia/ Agora se você vai se incomodar / Então é melhor se mudar / Não adianta nem nos desprezar / Se a gente acostumar a gente vai ficar (…) A gente pode te cutucar / Não tenha medo, não vai machucar..."
Em um período no qual havia certa rivalidade entre bandas originárias de São Paulo e do Rio de Janeiro, o refrão da canção consolidou a ideia de ser um manifesto paulista quanto à invasão "da praia" carioca — ou seja, metáfora de adentrar um território tido como hostil. 

A aparente hostilidade é ressaltada pela biógrafa Andréa Ascenção (2011, p.68-69), ao referenciar o interesse do Ultraje em "conquistar" o Rio de Janeiro, local das grandes gravadoras (incluindo a Warner) e sede do primeiro Rock in Rio, uma mega produção com shows de importantes bandas do rock internacional e bandas nacionais, particularmente as cariocas.

A letra da canção 'Nós Vamos Invadir Sua Praia', no entanto, aborda uma disputa por um espaço urbano: o uso de uma praia, contrapondo um habitante do morro e interlocutores litorâneos. 

Em livro do jornalista Ricardo Alexandre, uma obra abrangente sobre o rock brasileiro oitentista, o próprio Roger atesta as duas mensagens: 
"E ‘Nós Vamos Invadir Sua Praia’ era um hino a favor da miscigenação, tanto sobre um grupo paulista no Rio de Janeiro, quanto sobre uma linha de ônibus criada pelo Brizola que ligava o subúrbio à zona sul carioca" (ALEXANDRE, 2002, p.225).
No ano de 1984 o governador do estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, realizou a estatização das linhas de ônibus que atendiam ao estado, junto à compra de 200 novos veículos. 

No mês de novembro, o governador criou a linha municipal 461, a primeira a cruzar o Túnel Rebouças, ligando, assim, a Zona Norte à Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. 

A possibilidade de criar conexão direta entre espaços que reafirmam uma segregação sócio-econômica — fixada na divisão geográfica da cidade — causou rebuliço e oposição dos setores conservadores da Zona Sul, locus das classes médias e elites econômicas do estado. 

Uma reportagem publicada em 04 de novembro de 1984, no Caderno B do Jornal do Brasil é simbólica da reação desses setores. 

Intitulada Nuvens suburbanas sob o sol de Ipanema (a que já foi paraíso), a reportagem entrevistou alguns moradores da região de Ipanema. Um trecho sintetiza os diversos comentários ofensivos e discriminatórios presentes na reportagem: 
"Nem vou mais à praia aqui. É farofeiro para tudo quanto é lado, olhando a gente de um modo estranho. Ficam passando aquele bronzeador. A sensação é de que eles estão invadindo o nosso espaço".
Reportagem antôlogica, exibida pelo programa "Documento Especial", da extinta Rede Manchete
A reportagem permite perceber não apenas uma aproximação com a temática da canção 'Nós Vamos Invadir Sua Praia', mas também de termos referenciados na letra, como a designação pejorativa "farofeiros" e a expressão que estão "invadindo o nosso espaço". 

Mesmo sem uma confirmação de que Roger tenha lido a reportagem, é possível supor que o acontecimento estimulou sua criatividade para que, com o uso do tom humorístico característico da banda, pudesse comentar o caso. 

O enredo da canção retrata, pela perspectiva de um eu lírico oriundo da Zona Norte, uma situação concreta sobre o uso de um espaço urbano em uma configuração comum às grandes cidades brasileiras: as hierarquias e desigualdades geo e sócio-econômicas inscritas e demarcadas na apropriação do espaço público, a dividir e afirmar quem pode ou não tomar parte neste espaço comum.

A praia na canção torna-se, assim, um "enclave fortificado": um espaço que, embora não seja privado, pode sofrer uma espécie de privatização informal por parte de um grupo privilegiado, sendo fechado e monitorado, configurando o principal instrumento de um novo tipo de segregação, justificada pelo medo do crime e da violência (CALDEIRA, 2000). 

Deste modo, se os moradores da Zona Sul buscaram a manutenção de um muro simbólico a segregar os desiguais, a iniciativa de Brizola criava uma "ponte" concreta. 

E a canção do Ultraje possibilitou a divulgação do caso para um público mais amplo, afinal, 'Nós Vamos Invadir Sua Praia' foi um grande sucesso e é conhecida até hoje, mais de 40 anos após o seu lançamento. 

O disco homônimo vendeu 70 mil cópias já no mês seguinte, conforme edição da revista Veja de 14 de agosto de 1985 e chegaria a 500 mil cópias vendidas, recebendo disco de ouro (ASCENÇÃO, 2011, p.76).

Conclusão


Nada escapou à sensacional esculhambação do Ultraje a Rigor. Um bando de farofeiros invade as praias cariocas na faixa-título. 'Rebelde Sem Causa' é o retrato de um típico "mauricinho". 

Política e dependência cultural são os temas de 'Mim Quer Tocar'. A safadeza dá o tom em 'Zoraide' e 'Marylou'. Os conflitos da geração "moderninha" aparecem em 'Ciúme' e 'Eu Me Amo', tirando sarro mais uma vez da Blitz e sua música 'Egotrip'.

Praticamente todas as faixas do disco foram sucesso na época e a música 'Marylou' ganhou uma versão carnavalesca que foi muito tocada nos bailes durante o carnaval.

Após esse estrondoso sucesso e com a agenda lotada de compromissos para shows, o Ultraje voltou ao estúdio em 1897 para o seu segundo, e bom, disco: "Sexo!!", seguido de mais quatro álbuns de estúdio, o último em 2002. Mas nenhum teve a força e o impacto de "Nós Vamos Invadir Sua Praia".
[Fonte: MORAIS, Bruno Vinícius Leite de. “Nós queremos estar ao seu lado”: Quando democracia e inclusão social foram temas do Ultraje a Rigor. A música de: História pública da música do Brasil, v. 3, n. 1, 2021. Disponível em: https://amusicade.com/nos-vamos-invadir-sua-praia-1985-ultraje-a-rigor/. Acesso em: 26th julho 2025. Referências: ALEXANDRE, Ricardo. Dias de luta. O rock e o Brasil dos anos 80. São Paulo: Editora DBA, 2002. ASCENÇÃO, Andréa. Ultraje a Rigor: Nós vamos invadir sua praia. Caxias do Sul: Ed. Belas Artes. 2011. MORAIS, Bruno Vinícius L. de. “Separa um lugar nessa areia”: A marginalização geográfica retratada em música no Rio de Janeiro da redemocratização. In: Érica Sarmiento; Vivian Zampa; Carla Peñaloza Palma. (Org.). Movimentos, trânsitos & memórias: novas perspectivas (século XX). 1ed. Niterói. RJ: Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura (ASOEC), 2019, v. 02, p. 351-365. “Sem preconceito, mas que tal um churrascão no Leblon e Ipanema?” Comunica Tudo. 25 de novembro de 2013.]

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sábado, 26 de julho de 2025

🧠PAPO DE PSICANALISTA🧠—A METÁFORA DOS CINCO MACACOS

A história dos cinco macacos é um velho conto 
(alguns dizem ter sido um experimento científico, porém, não encontrei fontes que sustentem tal afirmação)
que se popularizou como um exemplo de como nossas atitudes e ações podem ser influenciadas pelo grupo ao qual pertencemos.

Ela também nos lembra da importância de questionar o que nos é dito e de pensar por nós mesmos, ou como dizem, "fora da caixinha".

O uso da metáfora no processo terapêutico


Na psicanálise, a metáfora é uma ferramenta fundamental para compreender e trabalhar com o inconsciente. Ela permite expressar conteúdos psíquicos profundos e complexos de forma simbólica, facilitando a comunicação e a elaboração de conflitos internos.

Exemplos:
  • Um paciente que se sente preso em um ciclo vicioso de relacionamentos pode usar a metáfora de "estar em uma roda gigante", descrevendo seus relacionamentos como repetitivos e sem saída.
  • Outro paciente que sente dificuldade em expressar suas emoções pode usar a metáfora de "um rio represado", descrevendo a sensação de ter suas emoções contidas e acumuladas.
  • A metáfora da "ponte" pode ser usada para descrever a relação terapêutica, onde o terapeuta e o paciente trabalham juntos para construir uma ponte entre o consciente e o inconsciente.
A metáfora, portanto, é uma ferramenta poderosa na psicanálise, utilizada para explorar o inconsciente, facilitar a comunicação terapêutica e promover a reinterpretação da realidade.

Ela permite ao paciente acessar conteúdos profundos de forma mais simbólica e criar novas compreensões sobre si mesmo e sua história.

Conhecendo a metáfora


A história diz que havia cinco macacos em uma jaula. No topo da jaula, havia um cacho de bananas.

Quando um macaco subia na jaula para pegar a banana, os outros macacos eram borrifados com água fria.

Depois de algum tempo, todos os macacos aprenderam a não subir na jaula, mesmo quando a banana estava lá.

Um dia, um dos macacos foi substituído por um novo macaco.

Quando ele tentou subir na jaula para pegar a banana, os outros macacos o impediram.

Eles não sabiam por que não podiam subir na jaula, mas aprenderam a agir dessa maneira pelo condicionamento que sofreram.

Um a um, os outros macacos foram substituídos por novos macacos.

No final, todos os macacos na jaula eram novos, mas continuavam a impedir que qualquer um deles subisse na jaula para pegar a banana, sem saber o motivo.

Moral da história


Essa história é uma metáfora para como muitas vezes seguimos regras e atitudes simplesmente porque foram transmitidas a nós pelo grupo ao qual pertencemos, sem questionar se essas regras ou atitudes são realmente importantes ou corretas.

Ela nos lembra da importância de questionar o que nos é dito e de pensar por nós mesmos.

Em nossas vidas, muitas vezes nos encontramos em situações em que somos pressionados a agir de determinada maneira porque
"é assim que as coisas são feitas".
Muitos dos comportamentos que nos são colocados vem de hábitos ultrapassados e repetidos por quem já "apanhou" antes ou por pessoas que vão te dizer: 
"Tem que fazer assim", 
"Sempre foi feito desse jeito".
Ou seja, alimentando um ciclo vicioso e um processo interminável de repetição.

Quebrando o ciclo vicioso


Mas é importante lembrar que nós sempre temos a opção de questionar as normas e atitudes estabelecidas e de formar nossas próprias opiniões.

Por exemplo, se todos em nossa comunidade insistem que determinado comportamento é errado, é importante questionar por que isso é considerado errado e se realmente acreditamos nisso.

Talvez haja razões válidas para essa atitude, mas também pode ser que essa atitude esteja baseada em preconceitos ou crenças equivocadas.

Não é fácil questionar o status quo e ir contra a corrente, mas é essencial se quisermos evoluir como indivíduos e como sociedade.

Ao questionarmos nossas próprias atitudes e as dos outros, podemos chegar a compreensões mais profundas e a soluções mais criativas e inovadoras para os problemas que enfrentamos.

Conclusão


A história dos cinco macacos nos lembra da importância de questionar as normas e atitudes estabelecidas, de pensar por nós mesmos e de ter a coragem de ir contra a corrente quando acreditamos que é necessário.

Ao fazermos isso, podemos evoluir como indivíduos e como sociedade, er encontrar soluções mais criativas e inovadoras para os desafios que enfrentamos.

Você deve questionar os paradigmas impostos para saber se não está perdendo o prazer de desfrutar o seu sucesso.

O medo do novo pelo novo não é nada de anormal, imagine você costuma se sentar sempre no mesmo lugar em sua sala de aula, na mesma cadeira de reunião, no mesmo assento do ônibus.

É assim porque queremos evitar surpresas, a fuga da angústia gerada pelo novo comportamento.

Deixo essa reflexão para que o conformismo não lhe prive de alcançar o seu "cacho de bananas"!

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terça-feira, 22 de julho de 2025

📚ESTANTE DO LÉO📚 — "A MENTE DE ADOLF HITLER", WALTER C. LANGER

Indivíduos cujas ações foram extremamente marcantes — quer seja para o bem, quer seja para o mal — sempre serão lembrados com o passar da história. A análise de Hitler não é diferente, e o resultado é fascinante e profundo.

O estudo minucioso apresentado no texto deste livro, permanece vigoroso e significativo depois de tantos anos. E vai além: ele nos faz ver que há muitos Hitlers espalhados pelo mundo. Conhecemos tantos homens e mulheres com perfis semelhantes!

De forma metódica, o autor aborda a construção psicológica do criador do nazismo, o alemão Adolf Hitler, tido como o maior assassino da história.

Este é mais um capítulo da minha série especial de artigos, "Estante do Léo".

A mente de Hitler no divã


Li este livro, mais como uma ferramenta de instrumentação acadêmica, já que, como psicanalista, sou agente ativo na área de saúde mental.

Mas, mergulhar na estrutura psíquica de uma criatura que, por si só nos causa tanta repulsa, é um enorme desafio, principalmente pelo fato de que em nossos settings analíticos, podemos receber indivíduos com os mais complexos, controversos, paradoxais e até repugnantes desvios, sendo que, a nós, enquanto profissionais no exercício da psicanálise, não é cabido fazer absolutamente nenhum juizo de valores sobre o paciente em terapia.

Analisando o livro


Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, Walter C. Langer (✰1899/✞1981), psicanalista americano que estudou com Freud em 1930, em Viena, tendo sido analisado por Anna Freud, recebeu a missão de elaborar um estudo psicológico de Hitler.

Langer foi procurado, pessoalmente, pelo general William Donovan, então chefe do Escritório de Serviços Estratégicos (órgão deinteligência anterior à cia), que acreditava na psicologia como ferramenta de informação de guerra. O objetivo era a vitória o mais rápido possível.

O sucesso dos Aliados foi construído por variadas ações conjuntas de inteligência e estratégia militar, esforço industrial, conhecimento científico, gestão de recursos humanos e naturais, logística e contribuições que exigi­ram sangue, suor, lágrimas e vidas. Faltava ainda acrescentar a psicanálise ao arsenal de guerra.

Acrescido de um prefácio, o relatório virou este livro, lançado recentemente no Brasil. Ele atesta que, em tempos de conflito, todo e qualquer conhecimento é relevante e, principalmente, que não se deve economizar ou desprezar esforços para derrotar o inimigo.

Antecipar-se às ações do Führer era o principal objetivo do estudo. Os Aliados sabiam que ganhariam a guerra, que a vitória era uma questão de tempo. Mesmo assim, precisavam prever os movimentos de Hitler e também dos alemães depois da derrota. Como o ditador reagiria sob intensa pressão?

Langer previu que Hitler se isolaria, até o suicídio, à medida que os fra­cassos nazistas se tornassem evidentes; também, que se afastaria dos generais mais profissionais e inteligentes, capazes de confrontá-lo, para manter intactos seu poder e as próprias ilusões de onipotência.

Anteviu ainda a possibilidade de golpe e atentado por parte de militares alemães bem preparados e menos ideológicos. O comando Aliado considerou o estudo uma valiosa fonte de in­formação estratégica. O relatório foi se mostrando acertado com o desenrolar dos acontecimentos.

Qual a estrutura psíquica de Adolph Hitler o livro nos apresenta?

  • O Complexo de Édipo
Quando olhamos para o passado e para o terror do holocausto, mesmo para quem não conhece, Adolf Hitler figura essa mancha negra. O ditador alemão deu início a maior chacina da história, projetando nos outros o que guardava de pueril em si.

Dessa forma, sua pátria amada passaria por uma limpeza, se tornando a mãe ideal.

A relação de Hitler com a Alemanha é quase que maternal se olharmos ao seu histórico. 

O mesmo foi vítima de um pai abusivo que batia nele próprio e em sua mãe. Ainda criança, ele se identificava com ela, o que remete suas ações ao Complexo de Édipo.

De acordo com a Psicanálise, ele a desejava secretamente, mas este é um impulso natural da infância.

Assim que cresceu, Adolf passou a observar a Alemanha como sua própria mãe. O vigor que esta carregava, bem como sua juventude e força era algo que ele queria ter perto.

Com isso, o mesmo abdicou de sua origens paternas na Áustria e passou a se dedicar à Alemanha. Assim, houve um “assassinato” de suas origens.
  • A figura paterna
Assim como a Alemanha representava sua mãe, a Áustria assumiu a figura de seu próprio pai. O país se mostrava um lugar velho, decadente e esgotado, assim como o patriarca.

Adolf Hitler queria se afastar de toda a situação que o seu berço lhe evocava e seguiu a frente. Infelizmente, o ditador acabou conseguindo.

Sua trajetória no nazismo revela a parte obscura de sua mente que não fora trabalhada. O problema também foi quando as palavras dele ecoaram e conseguiram chegar até outras pessoas que se identificaram com elas.

Com isso, deixou de ser visto como piada e passou a ser temido com suas ideias inconcebíveis a qualquer tempo.

Contudo, se nos atentarmos a essa relação, Hitler acabou assumindo a figura de seu próprio pai. 

Dada à forma como foi criado, ele acabou por refletir os abusos que sofreu enquanto era criança.

Indefeso para fazer alguma coisa e sem uma guia para processar tudo, acabou por captar os aspectos de tudo o que repudiava quando menor.
  • Projeção e introjeção
O antissemitismo de Adolf Hitler se mostra como um caso claro de projeção. Todas as características às quais ele não gostava foram direcionadas ao povo judeu, de modo a construir uma válvula de escape. 

Dessa forma, idealizando neles tudo o que não gostava em si, construiu um motivo para agir da forma que fez.

Além disso, o ódio que cultivava ao povo judeu se refere ao ódio que cultiva em sua imagem infantil. Isso porque sua infância representa um estágio da vida ao qual ele queria esquecer.

O mesmo era submisso, vulnerável, embora cultivasse tendências masoquistas e perversas. Matando os judeus, mataria a parte de si que queria esquecer.

Além disso, as milhões de almas perdidas acabaram por servir como um bode expiatório à frustração alemã. Houve um fracasso na Primeira Guerra mundial por parte da Alemanha.

Para compensar o sentimento de derrota, o mesmo desconta nos judeus tudo o que carrega em si. Seus delírios acabaram sendo alimentados por pessoas que pensam igual.
  • Marcas
O aspecto existencial de Adolf Hitler deixa rastros em cada ação que este fez. 

Pessoas cujo a construção social divergem da dele naturalmente se chocam e repudiam cada ato. Ao que parece, o mesmo acreditava em suas ideias porque as via de forma natural.

Graças a isso, percebemos:

  • Tendências perversas
Como é de se imaginar, a mente do ditador carregava sérios declínios de conduta. O mesmo não media esforços para castigar qualquer judeu que fosse encontrado por suas tropas.

O quadro se agravava ainda mais por conta de seus seguidores. Isso porque os absurdos eram acolhidos por diversos grupos que pensam de forma semelhante.

Isso fica evidente na construção dos campos de concentração e câmaras de gás. Não existia distinção entre idosos debilitados e crianças recém-nascidas. Contanto que fossem judeus, teriam o mesmo destino.
  • Sociopatia
Hitler, assim como seus seguidores, sentia prazer com a dor alheia. O expurgo, em sua mente, era justificado com o intuito de se fazer uma pureza social.

Como eliminava o que acreditava ser impuro, não deixava de sentir alívio, comportamento pueril graças à forma cruel com que castigava.
  • Incapacidade de lidar com sua própria essência
A frustração com a própria história o levava a direcionar seus impulsos aos outros. Com isso, acabou externando seus problemas pessoais no que acreditava remeter a si mesmo.

Embora machucasse milhões de vítimas, o ódio também se direcionava a si mesmo.
  • O poder do trauma
Como dito linhas acima, Adolf Hitler era vítima de um pai bastante agressivo. O mesmo cresceu sob a tutela da violência, tem a sua mente fragmentada no processo.

Isso continua a ser comum hoje em dia, onde crianças em lares construídos dão luz a adultos com completas mentais. Podemos observar comportamentos como:
  • Problemas de relacionamento
Os traumas que vivenciamos na infância dificultam o posterior contato com outras pessoas. Dessa forma, indivíduos que foram agredidos em fase de crescimento podem ter dificuldade em se conectar com alguém.

Isso cria empecilhos para a construção de relacionamentos pessoais e profissionais.
  • Replicação
A criação de uma pessoa é responsável pela forma como ela age futuramente. Já que alguém sofreu abusos quando menor, sem o devido acompanhamento, pode facilmente replicar isso na vida adulta.
  • Destruição
O ambiente externo carrega as marcas de como esse indivíduo foi explorado.

Entretanto, é preciso se atentar ao seu campo interno e as feridas que este carrega.

Certamente sua parte psíquica se encontra rachada e completamente desprotegida, dada à falta de desenvolvimento. Em alguns casos, o suicídio costuma ser a saída de muitos.
  • Sexualidade
Embora não haja provas que sejam irrefutáveis, supõe-se que Adolf Hitler era homossexual não assumido, ou seja, tinha recalacado esse traço da sua identidade, tendo mantido relações até o final dos anos 20 que foram qualificadas de homossexuais pelos seus contemporâneos, tendo se sentido muito vulnerável devido a esse passado que sempre tentou esconder.

Conclusão


Para aqueles familiarizados com a metodologia da psicanálise, não é estranha a elaboração de um estudo psicológico na ausência do paciente.

É frequente psicanalistas realizarem tais tipos de estudo, cujos resultados vão muito além de meras especulações.
O estudo jamais justifica o ditador e suas ações criminosas. Ao contrá­rio, elabora um retrato detalhado das características psicológicas de Hitler, retrato que viria a ser corroborado por biógrafos e estudiosos.
Há também, no relatório, uma hipótese diagnóstica — bastante discutível — de psicopatia neurótica, o que hoje seria considerado personalidade dissocial. 

Tipificações diagnósticas são menos importantes do que realidades psíquicas. Mais rele­vante é saber o que homens vivenciam e como pensam para agir.

Traduzir a subjetividade do indivíduo — angústias, sofrimentos e defesas — em linguagem compreensível foi o desafio de Langer, algo plenamente realizado.

Ficha Técnica
  • A mente de Adolf Hitler
  • Autor: Walter C. Langer
  • Editora: Leya, Rio de Janeiro, 2018, 248p.
  • Resenhado por: Luciana Saddi¹
[Fonte: Psicanálise Clínica; Referências — Freud, S. (2011). Psicologia das massas e análise do eu. In S. Freud, Obras completas (P. C. Souza, Trad., Vol. 15, pp. 13-113). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1921); ¹Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (sbpsp). Mestre em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (puc-sp). Autora dos livros O amor leva a um liquidificador (Casa do Psicólogo), Perpétuo Socorro (Jaboticaba), Alcoolismo (Blucher) e Educação para a morte (Patuá). Publicado originalmente em: Revista Brasileira de Psicanálise · Volume 53, n. 1, 285-288 · 2019.]
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segunda-feira, 21 de julho de 2025

EU NÃO ME ESQUECI — ESPECIAL: OS 20 ANOS DO CASO JEAN CHARLES DE MENEZES

Reprodução: Arquivo pessoal
Jean Charles foi seguido até a estação de metrô de Stockwell, imobilizado e baleado sete vezes na cabeça e no ombro, em 22 de julho de 2005.

Os policiais responsáveis pela operação pensaram se tratar de Hussain Osman, suspeito dos ataques a bomba fracassados do dia anterior no transporte público de Londres.

A trágica história do assassinato do jovem mineiro de Passos, MG, que se tornou um símbolo internacional de injustiça, é o tema deste artigo especial, mais um capítulo da nossa série especial "Eu Não Me Esqueci".

Ele era inocente

Jornal britânico da época, repercutindo o caso — Arquivo reprodução
Com sete tiros, Jean Charles de Menezes, 27 anos, brasileiro de Minas Gerais, é executado pela Scotland Yard no metrô de Londres em seu trajeto usual para o trabalho, sob alegação de que ele seria um terrorista.

Duas semanas antes, bombas explodiram no metrô londrino matando e ferindo dezenas de pessoas.

No dia 21 de julho, uma nova tentativa de atentado, desta vez fracassada, ocorrera no metrô da cidade. 

A Scotland Yard (polícia metropolitana) alegaria, posteriormente, haver confundido Jean Charles com Hussain Osman um dos suspeitos procurados pelo atentado da véspera.
Hussain Osman

Incidente diplomático


A morte do jovem brasileiro gerou um incidente diplomático: o governo brasileiro exigiu investigações aprofundadas sobre o caso.

Em 2006, o então primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair pediria desculpas formais ao presidente Lula e à família de Jean Charles.

Inicialmente as autoridades alegaram que Jean fugiu da abordagem policial. 

Entretanto, as investigações e as imagens das câmeras de segurança mostraram que ele entrou calmamente na estação, desmentindo a versão oficial. 

Dias depois, a Scotland Yard reconheceu o erro, mas a Justiça não responsabilizou os policiais envolvidos.

Impunidade


Reprodução arquivo pessoal
Apesar dos apelos do governo brasileiro e da cobertura da imprensa inglesa apontando as falhas da operação, nenhum policial ou autoridade seria sequer responsabilizado pela execução de Jean Charles. 

Autoridades locais atribuiriam os diversos erros da operação à tensão gerada pelos atentados terroristas.

Em 2007, a Scotland Yard seria multada em 175 mil libras por burlar as normas de segurança e saúde da população durante a operação.

Em 2009, a comandante da desastrada ação que matou Jean Charles receberia uma condecoração da rainha Elizabeth 2ª, e no ano seguinte o comissário de polícia seria indicado à Câmara dos Lordes.

Em 2010, a estação de Stockwell, local da execução, receberia um monumento em homenagem ao brasileiro.

Em 2015, a família de Jean Charles entraria com representação na Corte Europeia de Direitos Humanos contra o governo inglês.

A morte de Jean Charles se tornara um símbolo.

Cronologia dos fatos


Duas semanas após os atentados de 7/7 em Londres (que matam 52 pessoas e deixaram mais de 700 feridos), o transporte público é alvo de novos ataques, mas as bombas não explodem.
• Uma caçada humana é iniciada para capturar os quatro homens suspeitos de tentar realizar o atentado.

• A polícia encontra um endereço na Scotia Road, Tulse Hill, escrito em um cartão de membro de uma academia de ginástica em uma das malas não explodidas usadas pelos suspeitos.

• Jean Charles, que morava em um dos apartamentos da Scotia Road, é erroneamente identificado pela polícia como Hussain Osman.

• Ele é morto a tiros em 22 de julho pela polícia na estação de metrô de Stockwell.

• Quatro homens, incluindo Osman, mais tarde são condenados por tentativa de atentado a bomba. Osman recebeu a sentença de prisão perpétua com pena mínima de 40 anos.

Tragédia inspirou minissérie, filme e música


Reprodução Instagram
A minissérie britânica “Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto Por Engano”, narra os acontecimentos que levaram à morte trágica de Jean Charles de Menezes, eletricista brasileiro confundido com um terrorista pela polícia britânica em 2005.

A produção tem quatro episódios e estreia no dia 30 de abril de 2025, exclusivamente na plataforma.

Com roteiro e produção executiva de Jeff Pope (Philomena, Stan & Ollie), a obra adota múltiplos pontos de vista (incluindo o da polícia, da família e de investigadores) para mostrar como memória, erro humano e decisões políticas moldaram o caso.

Além da nova minissérie do Disney+, a história de Jean Charles chegou ao cinema em “Jean Charles” (2009), com direção de Henrique Goldman e Selton Mello no papel principal. O filme está disponível na Netflix.
A dupla britânica Pet Shop Boys também prestou homenagem ao brasileiro com a música 'We’re All Criminals Now', lançada como parte do single “Love Etc.” (2009), do álbum “Yes”. A canção faz referência direta ao caso e critica a brutalidade policial e os excessos de medidas antiterrorismo.

Conclusão

O que aconteceu depois?

Imagem do memorial de Jean Charles na estação de Stockwell / Crédito: Disney+
A morte de Jean Charles causou indignação mundial. No Brasil, o governo se declarou “chocado e perplexo” e exigiu explicações.

No Reino Unido, manifestações públicas e reportagens da mídia britânica e internacional cobraram justiça.

As autoridades conduziram duas investigações: uma decidiu não processar os policiais, enquanto a outra criticou falhas na comunicação e no comando da operação. 

A promotoria britânica processou a Polícia Metropolitana, e a Justiça condenou a corporação a pagar uma multa de £ 175 mil por negligência.

O governo britânico indenizou a família Menezes em £ 100 mil, valor considerado baixo em comparação a outros casos julgados na mesma época.

A decisão de não processar os agentes foi mantida até no Tribunal Europeu de Direitos Humanos, o que gerou ainda mais revolta. 

A polícia admitiu o erro, mas nenhuma punição direta foi aplicada aos envolvidos.

Em 2010, inauguraram um memorial em sua homenagem na estação de Stockwell.

Impacto emocional


O senhor Matozinhos Otoni de Menezes e a senhora Maria Otônio de Menezes, os pais de Jean Charles, nunca superaram a perda trágica do filho, um jovem sonhador, que como muitos, foi tentar uma vida melhor na Europa.

Para a família, o trauma permanece. Dona Maria lembrou com dor das cenas que mais a marcaram, ao assistir a  série da Disney+.
"A parte em que o policial deu o mata-leão e atiraram nele… ali machucou muito. 
Essa parte eu não consigo assistir. Mesmo depois de 20 anos, parece que aconteceu ontem. 
É muito dolorido. Muito terrível",
desabafa.

Questionada se a série ajudou no processo de luto, ela respondeu:
"Sim, ajudou. Mas é muito difícil. Você não tem ideia do que é perder alguém assim. Ele só veio trabalhar. Morreu inocente, como uma criança."
Sobre o legado de Jean, Alex Pereira de Menezes, o irmão de Jean reforça:
"Queremos que as pessoas lembrem dele como um rapaz decente, trabalhador, honesto. Que entendam que qualquer um pode correr esse risco só por estar tentando viver a própria vida com dignidade. 
Todos que estão na luta, como foi o caso do Jean — um jovem que morreu batalhando, buscando uma vida melhor, saindo do seu país para tentar algo em outro lugar —, que não percam a fé. Que continuem firmes, que sejam fortes. Porque, mesmo com um incidente como esse, a gente não pode desistir. Enquanto estivermos vivos, temos que trabalhar, temos que lutar, temos que correr atrás dos nossos objetivos",

 acrescenta.

A polícia reconheceu a tragédia e pediu desculpas à família, explicando que a morte de Jean ocorreu "em um momento de ameaça terrorista sem precedentes em Londres".

O episódio foi alvo de múltiplas investigações, incluindo duas realizadas pela antiga Comissão Independente de Reclamações contra a Polícia (IPCC), que identificaram falhas graves na conduta da polícia e manipulação de informações.

Porém, o fato é que o assassinato de Jean Charles de Menezes ficará para história como um emblemático e controverso caso de assassinato com forte tom de impunidade, que eu não me esqueci.

[Fonte: BBC News Brasil, original por Luis Barrucho (Londres); Memoria da Democracia; Olhar Digital; Aventuras na História]

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