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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

ACONTECIMENTOS - OS 15 ANOS DA TRAGÉDIA NO MORRO DAS PEDRAS

Imagem do momento de uma das tentativas de resgate do garoto Felipe
O período de chuvas chegou. E mais um ano os municípios, através de seu departamento de Defesa Civil (aqueles que tem esse importante órgão, pois, por mais absurdo que possa parecer, há casos de muitos municípios na Região Metropolitana de Belo Horizonte e na grande Minas Gerais que não contam com uma Defesa Civil) já se mobilizam com campanhas e ações de prevenção nas áreas de risco.

Já faz algum tempo que Belo Horizonte não é palco de grandes tragédias no período das chuvas, mas infelizmente a história da capital dos mineiros registra um caso que a marcou para sempre e de maneira muito triste. Nesse capítulo da série especial Acontecimentos, vamos relembrar a tragédia ocorrida no ano de 2003, no aglomerado Morro das Pedras, região oeste de BH, que em janeiro de 2018 completará 15 anos. Você se lembra? Eu não me esqueci.

Triste madrugada foi aquela


A chuva torrencial na madrugada de 16 de janeiro de 2003 foi personagem de uma das histórias mais tristes dos recém completados 112 anos de Belo Horizonte.

Junto à falta de investimentos contínuos na prevenção de acidentes geológicos, contribuiu para que nove pessoas de uma família morressem em um deslizamento de terra no Morro das Pedras, na zona Oeste da capital. As vítimas foram seis irmãos e três primos deles, de 3 a 19 anos.


Tragédia anunciada


As investigações sobre a tragédia concluíram que o desabamento poderia ter sido evitado. Onze pessoas de uma mesma família estavam no barracão, que recebeu a visita de um técnico da Prefeitura no dia anterior à tragédia. À época, o profissional teria afirmado que o imóvel não corria risco de ser soterrado e que a família estava segura. O dono da casa teria afirmado que o técnico ainda debochou de uma vizinha que perguntou se realmente não havia perigo. 

Segundo ele, o funcionário disse que sua casa estava tão segura quanto a do próprio engenheiro. O pai da família ainda declarou que o engenheiro disse que os moradores estavam querendo conseguir casa da Prefeitura, ao suspeitarem do risco de soterramento.

Felipe, 10 anos, o símbolo de uma tragédia que o tempo não pode apagar


O garoto Felipe Laurêncio dos Santos, de 10 anos, que tornou-se símbolo da tragédia provocada pelas chuvas em Minas Gerais em janeiro de 2003.

A bandeira do time de futebol que o menino adorava, o Atlético Mineiro, foi colocado sob o pequeno caixão como uma última homenagem. Felipe foi enterrado ao lado dos cinco irmãos e de três primos que também morreram vítimas do desabamento do cômodo onde dormiam, no aglomerado Morro das Pedras, na madrugada daquela quinta-feira.

Emoção e dor marcaram o enterro de Felipe, os irmãos e os primos no Cemitério da Saudade, na zona leste da capital mineira. Felipe foi a única das crianças do Morro das Pedras a ser socorrida com vida, depois de um resgate comovente.

O menino já havia sido localizado pelos bombeiros no meio dos escombros, no início da tarde de quinta-feira, quando um segundo deslizamento de terra mais uma vez o soterrou.

Os policiais que trabalhavam no resgate perderam as esperanças, muitos deles não conseguiram conter a emoção e choraram.

Algumas horas depois, no entanto, voltaram a ouvir o choro da criança. Ao todo, Felipe ficou soterrado por 15 horas e foi resgatado ainda com vida no início da noite de quinta-feira, mas acabou morrendo no hospital onde estava internado, na madrugada da sexta-feira.

O pai de Felipe e seus cinco irmãos, o lavador de carros Antônio José Laurêncio, era um dos mais consternados durante o enterro no Cemitério da Saudade. O lavador de carros - que foi assassinado alguns anos depois - disse que não conseguiria se conformar com a morte dos filhos e com o fato de não ter tido tempo para salvar as crianças.

"Foi muito rápido", lamentou ele à época. Só ele e a mulher conseguiram escapar do barracão. Segundo ele, o cômodo onde as crianças dormiam foi "engolido" pela terra.

A toda hora chegavam ao Cemitério da Saudade ônibus com moradores da favela castigada pela chuva. Além das crianças do Morro das Pedras, foram enterrados no mesmo horário quatro vítimas mortas de um deslizamento de terra na Vila Cafezal, outro aglomerado também na capital.

A maior parte das pessoas que chegavam nos ônibus também eram vítimas das chuvas, estavam desalojadas depois que as águas das tempestades invadiram suas casas.

Muitas delas, além de consolar os parentes dos mortos, queriam protestar contra a prefeitura que permitiu a ocupação da área de risco. "Queremos justiça", diziam faixas carregadas pelos moradores.

"Como eu podia esperar que minha casa caísse? Uma pessoa foi lá e falou que era seguro", disse o pai de Felipe. O nome do engenheiro que visitou o Morro das Pedras não foi revelado.

O fiscal da prefeitura de Belo Horizonte, que não teve o nome revelado, foi afastado do trabalho, sob a suspeita de ter cometido falha técnica na avaliação do risco no Morro das Pedras.

Conclusão


O tempo não pode apagar as lembranças daquela noite de 2003. Hoje, o cenário na Vila São Jorge, local do desastre, é bem diferente. Onde havia a ocupação irregular soterrada pela lama, cresce o capim. Pouco acima, foi construída uma praça e uma área de lazer para impedir novas invasões. A ausência de casas, no entanto, não significa que o local é seguro. O fato é que 15 anos se passaram, pouca coisa de fato mudou na vida dos moradores do Morro da Pedra e, certamente nada os fará esquecer aquela fatídica madrugada do dia 16 de janeiro de 2003.
  • Clique aqui e assista a um documentário especial sobre a tragédia do Morro das Pedras.

[Fonte: Jornal Hoje Em Dia, Uol]

A Deus toda glória.

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E nem 1% religioso.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

LIVRO QUE EU LI, FILME QUE EU VI - "ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", JOSÉ SARAMAGO E FERNANDO MEIRELLES

Nessa edição especial, vou unir duas séries especiais de artigos que tenho aqui no Conexão: Livros Que Eu Li e Filmes Que Eu Vi, para fazer uma análise paralela sobre a adaptação do perturbador e psicológico livro, um dos clássicos na obra de José Saramago, feita para o cinema sob a batuta do cineasta brasileiro Fernando Meirelles. Neste artigo veremos as peculiaridades do livro e do filme, que, embora tenha sido muito bom, ficou longe de transmitir todo êxtase contido em cada página do genial Saramago.

O livro X o filme (?) 


Bom, para início de conversa, todos sabemos que as adaptações cinematográficas de obras literárias sempre deixam a desejar. É muito raro um diretor que consiga manter a fidelidade das páginas nas telas. Aliás, há muito o que se analisar sobre as dificuldades que um desafio desses deve apresentar, como ambientação, iluminação, cenário, uma trilha sonora que "evoque" o clima do livro, os atores que darão vida aos personagens... enfim, realmente não deve ser nada fácil. Entretanto, há adaptações que são um verdadeiro lixo e fogem completamente ao que o livro se propõe. 

"Ensaio Sobre a Cegueira" é um livro do autor português José Saramago (☆1922-✞2010). Após vários pedidos de adaptações, Saramago finalmente cedeu os direitos para um diretor brasileiro! O cineasta Fernando Meirelles, famoso pelo filme "Cidade de Deus", conseguiu os direitos e adaptou o livro para os cinemas em 2008. 

O livro conta a história de uma epidemia de cegueira que aos poucos atinge toda a humanidade, com exceção de uma mulher, interpretada no filme por Julianne Moore. Aos poucos o mundo se torna um caos, ninguém segue regra nenhuma, não há mais organização e além de tudo um grupo de cegos resolve se aproveitar dos outros. 

Nas palavras do próprio autor: 

"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. 
Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. 
Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso." 
Bom, o Saramago certamente conseguiu! Quem leu "Ensaio Sobre a Cegueira" sabe que não é fácil não, o autor mostra o lado mais cru da humanidade, e a leitura é realmente angustiante. Já o filme é visualmente muito bonito e consegue criar imagens caóticas da cidade, mas não sei, pra mim faltou essa angústia que o livro gera. 

O grande tabu do filme foi a cena do estupro coletivo. Após algumas exibições, Meirelles decidiu suavizá-la, já que algumas pessoas saíam no meio da cena. Não quero pagar de machão mas não achei a cena tudo isso! Talvez porque eu tenha imaginado uma coisa muito mais monster quando eu li, daí nem fiquei tão horrorizado quando vi no filme. Isso. aliás, foi discutido por alguns leitores. 

Ao lermos um livro, imaginamos sua história em nossa mente, por isso tanta gente sai decepcionada quando assiste à uma adaptação, já que elas mesmas já haviam adaptado em suas mentes (e claro que nossa versão sempre é melhor!). Eu imaginei a cena do estupro coletivo bem mais, digamos, "real" e perturbadora do que Meirelles mostrou em seu longa. 

As reflexões internas do livro 


Mas e aí, será que em terra de cego quem tem um olho é rei mesmo? Será que a natureza do homem é realmente má e são algumas regras de trânsito que nos mantêm longe do caos? O que você faria no lugar da única mulher que enxerga? 

Como digo constantemente, eu leio de tudo um pouco. Tudo bem que os gêneros preferidos são chick-lit, romance, fantasia e suspense policial, mas não tenho muito preconceito, não. Se a sinopse me interessou, lá vou eu mergulhar nas páginas, não me importando com quem é o autor. Claro que nomes conhecidos me chamam a atenção (Quando vejo um Stephen King novo enquanto não leio, não sossego), mas não ignoro um livro pelo escritor (Talvez pela capa feia eu ignore... Sim, eu julgo um livro pela capa!). 

O português José Saramago não é um autor que eu tenha desejo pelas obras, apesar de já ter ganhado o Prêmio Nobel da Literatura. Mas achei que seria bom ler pelo menos uma para poder formar uma opinião sobre ele. Minha escolhida foi uma dos mais famosas: "Ensaio Sobre a Cegueira". E, apesar da estranheza inicial pelo modo como é escrita, gostei. 

José Saramago foi meio malvado com os leitores: Escreveu parágrafos que se alongam por páginas, frases com 58 vírgulas, 25 linhas e sem pontos finais, além de que as falas dos personagens não são marcadas por travessão, estão perdidas no meio do texto (Pense no desafio de se adaptar isso para o cinema: Ponto para Fernando Meirelles.). 

Fora que ninguém tem nome. As pessoas são denominadas pela sua aparência física ou profissão. No início fiquei meio perdido e me incomodou o estilo da narração, mas a história é interessante e diferente, então acabei me acostumando e relevando esse fato. A leitura fluiu rápido mesmo assim, porque fiquei extremamente curioso sobre o final. Não leria vários livros desse estilo, mas foi bom para mudar a rotina. 

Em "Ensaio Sobre a Cegueira", num local e num tempo não especificados, as pessoas começam a perder a visão sem nenhum aviso prévio e sem dor. Não de uma forma convencional, "enxergando" tudo preto, mas como se tivessem sido mergulhados no leite ou em uma névoa branca (já deu pra perceber o toque sutil no psicológico humano?). A doença, que ninguém sabe do que se trata, começa a se espalhar virando uma epidemia. 

Os primeiros infectados são colocados em quarentena, trancados em um manicômio abandonado para que a cegueira não se espalhe. Uma mulher que ainda enxerga finge ter ficado cega para que possa acompanhar o marido. O leitor tem a percepção do ambiente narrado por causa dos olhos dela. Sim, o leitor se torna um cego sendo guiado pela prisma de visão da mulher. É ou não sensacional: enxergando o mundo com os olhos e a sensibilidade dos outros. 

Com cada vez mais cegos trancafiados naquele local horrível, sujo e sem cuidado maior do governo, o manicômio vira um caos. Os instintos mais animalescos vêm à tona, transformando as cadeias brasileiras num paraíso perto daquilo. As necessidades mais básicas passam a ser prioridade. O mundo sem enxergar não possui frivolidades nem divertimento, só uma urgência em sobreviver a qualquer custo. Qualquer custo mesmo. José Saramago não economiza na descrição da sujeira, da podridão tanto humana quanto de resíduos reais e do desespero. O leitor vai se sentindo com um peso no peito, uma agonia pelos personagens, pelo mundo. 

José Saramago deixa uma dúvida no ar: Ele falava sobre a cegueira literal ou sobre não enxergar o seu redor? No livro não há grandes explicações sobre o caso, então fica à cargo do leitor fazer a interpretação que quiser. 

O filme e o livro 


Em 2008, depois de muito recusar e de dizer que "o cinema destrói a imaginação", José Saramago deixou que o diretor brasileiro Fernando Meirelles transformasse "Ensaio Sobre a Cegueira" em filme. Filmado em São Paulo e em Montevidéu, o resultado é extremamente parecido com o livro e dá a mesma sensação incômoda e claustrofóbica que a obra de papel. Não é um filme comercial, se tornando às vezes lento. 

A fotografia do longa é toda em tons brancos, claros e saturados, uma referência à cegueira branca. Julianne Moore é a mulher do médico que enxerga tudo e Mark Ruffalo o médico, um dos primeiros a ficarem cegos. A brasileira Alice Braga (sobrinha de Sônia Braga) também está no filme, como uma das companheiras de manicômio do casal, assim como o mexicano Gael García Bernal, na pele do odioso e ditatorial companheiro de quarentena. Ótimo elenco escolhido a dedo. 

Conclusão 


Já assisti a esse filme algumas vezes e já li o livro umas dez vezes (se não me engano), só posso dizer que apesar de haver umas sutis diferenças na história simplesmente não desconstrói o enredo original do livro, ou seja, as alterações não são tão grandes. 

O filme tem uma qualidade incrível e a fotografia passa a impressão que temos ao ler o livro, tudo no filme tem uma aparência esbranquiçada o que salienta a cegueira branca. O ambiente em que a produção acontece também representa muito bem o que está no livro. 

Um ponto que me envolve com a narrativa de "Ensaio Sobre a Cegueira" é a angústia que sentimos das mazelas humanas e é incrível como tudo no filme repassou bem essa angústia. De fato tem cenas fortíssimas como a da violação das mulheres, a do supermercado, da igreja são profundas, envolventes, assustadoras. 

Se me perguntassem qual dos dois prefiro: livro ou filme eu diria que não tem diferença, mas como sou um leitor irremediável (caramba eu já li esse livro três vezes!!!) eu aconselharia ler a obra, mas para quem quer conhecer um pouco do universo saramaguiano, sem destrinchar as proezas estilísticas da narrativa do autor, o filme é uma boa pedida, já que a leitura exige muita atenção. 

Sem o uso dos pontos, vírgulas, parágrafos e travessões da maneira tradicional isso pode se tornar um empecilho ao leitor. Atrevo-me até dizer que para se ler Saramago o leitor deve ser mais proficiente, caso contrário se perderá na leitura e achará o livro enfadonho. 

Estou sendo sincero, pois apesar de amar esse livro, reconheço que há inúmeras pessoas que não conseguiram ler, eu mesma conheço várias pessoas que já tentaram e não conseguiram. 

Enfim, sem mais delongas, recomendo livro e filme. 

Pra quem quer mais aí vão umas dicas e curiosidades: 

  • No livro nenhum dos personagens tem nome, sendo chamados apenas por "Médico", "mulher do médico", "mulher de óculos escuros", entre outros, e isso foi mantido no filme. 
  • Uma das condições de Saramago para a adaptação foi a de que o filme não poderia ser filmado em nenhum país reconhecível. 
  • A Federação Nacional de Cegos protestou contra o filme, alegando que nele os cegos são retratados como "incompetentes, sujos, viciados e depravados", como disse o presidente da Federação, Marc Maurer. 

Ficha técnica do filme 


  • Título Original: "Blindness" 
  • Gênero: Drama, Suspense 
  • Direção: Fernando Meirelles 
  • Roteiro: Don McKellar, José Saramago 
  • Produtores: Aeschylus Poulos, Akira Ishii, Andrea Barata Ribeiro, Austin Wong, Barbara Willis Sweete, Bel Berlinck, Chris Romano (II), Claudia Büschel, Gail Egan, Larry Weinstein, Nicolas Aznarez, Niv Fichman, Sari Friedland, Sheena Macdonald, Simon Channing Williams, Sonoko Sakai, Tom Yoda, Victor Loewy 
  • Música: Marco Antônio Guimarães/UAKTI 
  • Supervisão do Elenco: Susie Figgis & Deirdre Bowen 
  • Produção: O2 Filmes / Rhombus Media / Bee Vine Pictures 
  • Distribuição: Fox 
  • Elenco: Mulher do Médico - Julianne Moore, Médico - Mark Rufallo, Mulher dos Óculos Escuros - Alice Braga, Primeiro Homem Cego - Yusuke Iseya, Mulher do Primeiro Homem Cego - Yoshino Kimura, Contador - Maury Chaykin, Velho da Venda Preta - Danny Glover, Rei da Ala 3 - Gael García Bernal, Criança - Mitchell Nye. 
  • Duração: 120 minutos 
  • Ano: 2008 

Ficha técnica do livro 

  • Título: "Ensaio Sobre a Cegueira" 
  • Autor: José Saramago
  • Editora: Companhia das Letras 
  • Edição: 1 
  • Ano: 1995 
  • Idioma: Português (de Portugal) 
  • Especificações: Brochura | 312 páginas 
  • ISBN: 978-85-7164-495-3 
  • Papel e impressão (miolo): Offset sobre papel pólen soft 
  • Peso: 390g 
  • Dimensões: 210mm x 140mm 

Reação de José Saramago após ver o filme:



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sábado, 25 de novembro de 2017

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES - "TRAVESSIA", MILTON NASCIMENTO


Em 2017, essa canção completa 50 anos e o Circuito Geral, em nossa série especial Canções Eternas Canções, te convida para um passeio entre os caminhos de pedra de Milton, que resultaram na canção. Era 1967, Maracanãzinho lotado no Rio de Janeiro, quando a música conquistou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção, exibido pela TV Globo, com abertura do maestro Erlon Chaves, acompanhada por um coro de 25 mil espectadores.

Confira a letra


"Travessia" 

  • Intérprete – Milton Nascimento 
  • Compositores – Milton Nascimento e Fernando Brant 
  • Ano de divulgação – 1967 
  • Álbum – Travessia 
Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto
Muito tenho pra falar  
Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar
Sonho feito de brisa
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar  
Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver  
Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar
Sonho feito de brisa
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar  
Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver
Esta belíssima música foi quem trouxe o reconhecimento nacional para Milton Nascimento, em 1967, quando ficou em 2º lugar no Festival Internacional da Canção, Travessia é uma das canções mais românticas das criadas por compositores brasileiros. 

A música fala de amor, sofrimento, morte, vida, angústia, sonho e tentativa de superação, sem deixar de usar alguns versos que criticassem a ditadura militar da época.

A canção traz um homem que sofre por uma separação e chega até a pensar na morte. Entretanto, ele é consciente, sabe que pode amar de novo e que tem muito a viver ainda. A separação foi dura, mas isso não quer dizer que tudo acabou. 

A crítica à ditadura acontece nos versos "minha casa não é minha e nem é meu esse lugar". A impressão que se tem, ouvindo a música em seu contexto, é a de que o homem não consegue viver sem sua amada, nem na sua casa, mas, se levarmos em conta que na ditadura a liberdade era praticamente nula, os versos trazem um duplo sentido. 

É terna, eterna 

"Não existia na música brasileira nada parecido, no vasto cancioneiro brasileiro, não existia algo como Travessia. Não era bossa-nova, não era samba-canção, era uma canção super original, sem precedentes, de um cara chamado Milton Nascimento.", 
relembra o compositor e músico Lô Borges sobre a canção que mudou a carreira de Bituca, como é conhecido Milton, e o cenário da música brasileira. 

Depois disso, Milton passou de um simples compositor a uma das grandes vozes da música popular brasileira. Lô Borges lembra a euforia de ver o amigo se apresentando nas emissoras: 
"Pô olha lá o Bituca e não sei o que. Eu lembro dele na televisão, cantando travessia, a família inteira reunida, igual fosse um jogo de futebol", 
recorda. 

A letra da música foi composta pelo jornalista mineiro Fernando Brant (☆1946-✞2015), com melodia e voz do Bituca. Além do marco na carreira de Milton Nascimento, "Travessia" foi a primeira das mais de 150 canções que eles viriam fazer juntos.

Da parceria, outras relíquias como o álbum Clube da Esquina nasceram. Lô Borges conta como foi a criação da música que deu nome ao disco.
"Sempre que ele voltava pra Belo Horizonte, ele perguntava: 'cadê o Lô?'. E minha mãe falava: 'o Lô tá la na esquina, num lugar que eles chamam de Clube da Esquina. O Lô fica o dia inteiro tocando violão lá'.  
Então, ele chegou na esquina, me chamou e fomos pra dentro da casa da minha mãe, eu estava começando a compor a melodia, os acordes, a harmonia, de uma música que a gente batizou de Clube da Esquina, para homenagear aquela esquina, que eu ficava tocando violão ali, com meus amigos de bairro.  
Aí nós fomos pra dentro da casa da minha mãe, eu fiquei tocando a música, ele pegou o violão dele e aí ficamos dois violões e ele foi lindamente começando a fazer a melodia da música que se tornou o Clube da Esquina", 
conta. 

Com a música "Travessia" também foi assim, bastou Bituca pegar o violão para a melodia nascer. Inspiração divina, segundo Lô Borges. 
"Várias canções geniais, o cara inspirado, iluminado por Deus, que pega um violão e começa a criar coisas geniais. É inspiração, pegar o violão e começar a harmonia, melodia, vem tudo junto. É uma inspiração divina, que ele traz com ele desde garoto, desde que ele começou a compor, até antes dele compor, ele já era um cara genial", 
diz. 

Uma vida, uma música, uma história 


A música "Travessia" é parte do primeiro álbum homônimo de Bituca, lançado em 1967. Cinco décadas depois, a canção ainda carrega a mesma vivacidade que só Milton Nascimento poderia criar. 
"O que importa mais profundamente à voz é que a palavra da qual ela é veículo se enuncie como uma lembrança; que esta palavra, enquanto traz um certo sentido, na materialidade das palavras e das frases, evoque (talvez muito confusamente) no inconsciente daquele que a escuta um contato inicial, que se produziu na aurora de toda vida, cuja marca se apagou em nós, mas que, assim reanimada, constitui a figura de uma promessa para além não sei de que fissura" (ZUMTHOR, 2005, p.64). 
Não é novidade que Milton Nascimento seja considerado uma unanimidade. Discursos divulgadores e legitimadores de seu canto não faltam nos meios midiáticos, desde sua primeira aparição, no festival da TV Excelsior do ano de 1965. 

No entanto, entender sua trajetória artística a partir desse lugar, em certa medida, mitificado no cenário musical brasileiro significa, de antemão, movimentarmo-nos por algumas canções em sua voz, tentando identificar quais mecanismos sócio-culturais levaram-no, através da voz, a ocupar essa posição especial, que o fez ser referendado por tantos nomes no Brasil e do mundo. 

O gosto que se irrompera pelo seu diferente modo de cantar a partir de 1967 resultaria, não somente de forças intrínsecas à canção em sua voz, mas da tensão entre sua forma de apropriação das mesmas e o contexto cultural da época. 

Milton trazia à cena musical a capacidade de síntese entre a épica vontade de cantar a mudança por meio de acordes e melodias e o lírico canto mavioso. Do interior de Minas Gerais colocava-se no mundo através do seu percurso musical acompanhando e remodelando-se a partir da transição de um país em tempos ditatoriais à abertura democrática dos anos 80. 

Conclusão 


"Travessia" tem uma importância impar e incondicional na história da música brasileira. Em tempos onde a música tornou-se um artigo barato e descartável, comemorar o meio século dessa canção torna-se algo obrigatório. Ela trouxe um grande intérprete e compositor, o romantismo de volta e a prova de que, mesmo nas separações mais difíceis, a superação pode e deve acontecer.
Com louvor e honras ao mérito!

[Fonte: ZUMTHOR, Paul. Escritura e Nomadismo – entrevistas e ensaios. Trad. Jerusa Pires Ferreira & Sônia Queiroz. SP. Ateliê Editorial.2005; DOLORES, Maria. Travessia: a vida de Milton Nascimento. RJ/SP.Ed. Record. 2009] 

A Deus toda glória. 
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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

EPÍSTOLAS PASTORAIS - 11: A ORGANIZAÇÃO DE UMA IGREJA LOCAL

"A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador. 
Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei: aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. 
Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante, retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes. 
Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância. 
Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé, não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade" (Tito 1:4-14).
A igreja local deve subordinar-se à orientação de Deus, através de sua Palavra, que é o "Manual de Administração Eclesiástica" por excelência. É importante que compreendamos e ressaltemos que o objetivo da epístola de Tito é: Aconselhar o jovem pastor sobre a tarefa de "pôr em ordem" o que Paulo havia deixado inacabado nas igrejas de Creta. Outro ponto importante é saber que essa epístola tem algumas características especiais: 
  • (1) Ela possui dois resumos sobre a natureza da salvação em Jesus Cristo (2:11-14; 3:4-7); 
  • (2) A igreja e o ministério de Tito deveriam estar edificados sobre firmes alicerces espirituais e éticos (2:11-15); 
  • (3) Contém uma das duas listas do Novo Testamento sobre as qualificações necessárias ao ministério de uma igreja (1:5-9; cf. 1 Timóteo 3:1-13).
Além dessas informações, para aprofundá-las, pesquise em bons comentários bíblicos sobre o panorama dessa epístola.

Com este artigo, o décimo primeiro capítulo da nossa série especial Epístolas Pastorais, estaremos iniciando o estudo da Epístola de Tito. Timóteo recebeu a incumbência de exortar uma igreja que estava sofrendo com os ataques dos falsos mestres. 

A missão de Tito era semelhante a de Timóteo, mas com um encargo a mais, que foi o de estabelecer presbíteros, "em cada cidade", pondo "em ordem" a Igreja. Paulo mostra, na Carta a Tito, que não era apenas pregador, ensinador e "doutor dos gentios", mas também um administrador eclesiástico.

I. A epístola enviada a Tito

1. O intento da Epístola


Qual era o principal propósito da Epístola de Tito? O objetivo de Paulo era dar conselhos ao jovem pastor Tito a respeito da responsabilidade que ele havia recebido. Tito recebeu a incumbência de supervisionar e organizar as igrejas na ilha de Creta. Paulo havia visitado a ilha com Tito e o deixou ali com esta importante incumbência (v.5). A epístola objetivava dar instruções ao jovem pastor Tito a respeito da responsabilidade que ele havia recebido de Paulo. A carta foi escrita aproximadamente em 64 d.C..

2. Data em que foi escrita


Acredita-se que foi escrita no ano de 64.d.C., aproximadamente. A carta a Tito foi escrita na mesma época da Primeira Carta a Timóteo. Provavelmente foi redigida na Macedônia, durante as viagens que Paulo fez quando esteve sob a custódia dos romanos.

3. Um viver correto


Como ministro do evangelho, Paulo exige ordem na igreja e que os irmãos vivam de maneira correta, santa. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, a ilha de Creta era conhecida pela preguiça, glutonaria e maldade de seus habitantes. Ao aceitar a Cristo como Salvador, o novo convertido torna-se santo pela lavagem da regeneração do Espírito (Tt 3:5), por meio da Palavra de Deus (Efésios 5:26). A santificação é também um processo gradual e contínuo que conduz ao aperfeiçoamento do caráter e da vida espiritual do crente, tornando-o participante da natureza divina (2 Pedro 1:4). Sem a santificação, jamais alguém verá a Deus (Hebreus 12:14).

II. O pastor precisa proteger o rebanho de Deus

1. Qualificação dos pastores


Em sua carta a Tito, Paulo enfatiza as qualificações do bispo, em relação a família, como homem casado, fiel à sua esposa e na criação de seus filhos de forma exemplar (v.6). Paulo diz que os filhos dos ministros, presbíteros ou pastores, não devem ser "acusados de dissolução", nem de serem "desobedientes". No original, tais adjetivos vêm de anupotaktos, "não sujeito", "indisciplinado", "desobediente". 

O exemplo mau dos filhos do sacerdote Eli é referência negativa para a família dos pastores (1 Samuel 2:12,31). Paulo mostra que o bispo deve ser uma pessoa íntegra, irrepreensível, "como despenseiro da casa de Deus" (v.7). Por outro lado, ensina também que o bispo não pode ser "soberbo", "iracundo", "dado ao vinho", "não espancador", "cobiçoso de torpe ganância" (vide os mercantilistas na atualidade que só trabalham por dinheiro). Paulo instrui que o obreiro precisa ser 
"[...] dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante" (Tt 1:8).

2. Crentes, porém problemáticos


Paulo ressalta o respeito que o presbítero deve ter à doutrina e a autoridade ministerial para argumentar com os contradizentes (vv. 9,10). Entre os crentes da igreja de Creta, haviam os "complicados" e "contradizentes", "faladores", tipos não raros em igrejas nos tempos presentes. Mas o apóstolo indicou a maneira de tratá-los. Aos contradizentes e desobedientes ao ensino da Palavra de Deus, Paulo demonstra não ter nenhuma afinidade com eles, pois são perigosos, não só para a igreja local, mas para as famílias cristãs, e devem receber a admoestação e repreensão à altura: 
"[...] aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância" (v.11). 
O fato de tais falsos crentes terem espaço para transtornar "casas inteiras" se devia à realidade das igrejas cristãs em seus primórdios. Elas funcionavam, em grande parte, nas residências dos convertidos (Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:19; Colossenses 4:15). Além de desordenados, eles são "faladores" e murmuradores.

3. Não dar ouvidos a ensinos falsos


Tito, na condição de "supervisor", estabelecendo igrejas, "de cidade em cidade", tinha que ministrar a palavra de edificação e advertência contra os falsos cristãos. Deveria repreendê-los de modo veemente. Na verdade, eles eram desviados da verdade. Mais adiante, Paulo resume como tratar os desviados e hereges: 
"Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o" (Tt 3:10).

4. As qualificações dos presbíteros (1:6-9)


As qualificações no verso 6, de acordo com o idioma original, são condições ou questões indiretas relativas aos candidatos que estão sendo considerados para o ministério. O grego traduz literalmente: 
"Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução [desperdício de dinheiro] nem são desobedientes"
— este pode ser considerado como um candidato ao presbitério.

Paulo parece estar usando as palavras "ancião/presbítero" (presbyteros, v.5) e "líder/bispo" (episkopos, v.7) de modo intercambiável. Neste primeiro período da história da Igreja, os ofícios ministeriais eram variáveis e indistintos.

Paulo chama os bispos de "despenseiros da casa de Deus". Os despenseiros (pessoas encarregadas de administrar os negócios de uma casa) eram bem conhecidos daqueles que viveram no primeiro século. Uma vez que tais pessoas tinham perante o dono da casa a responsabilidade de cuidar desta, era necessário que fossem irrepreensíveis. Note também que os bispos não são simplesmente responsáveis perante Deus como seus servos, cuidando das coisas de Deus.

III. A percepção da pureza para os puros e para os impuros

1. Tudo é puro para os puros (v.15)


Paulo diz que "todas as coisas são puras para os puros" (Tt 1.15), pois esses procuram viver segundo a Palavra de Deus. Aqueles que vivem de modo santo não veem mal em tudo, pois seus olhos são bons, santos. Isso é reflexo de suas mentes e corações bondosos. Deus nos chamou para sermos santos em todas as esferas e aspectos da nossa vida (1 Pe 1:15). Quem despreza esse ensino não despreza ao homem, mas sim a Deus.

2. Nada é puro para os impuros (v.15)


De fato, para os "contaminados e infiéis", tudo o que eles pensam e praticam é de má natureza. O motivo pelo qual "nada é puro para os contaminados" é porque "confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda boa obra" (v.16). Esses são hipócritas e maliciosos, pois dizem uma coisa e fazem outra.

3. Conhecem a Deus, mas o negam com as atitudes (v.16)


Atualmente muitos dizem conhecer a Deus, porém, se olharmos para suas atitudes veremos que estes nunca conheceram ao Senhor. A nossa conduta revela a nossa fé e o nosso relacionamento com Deus. O que as pessoas aprendem com você ao observar a sua conduta na igreja e fora dela? 

Conclusão


O apóstolo admoesta que para os puros, tudo é puro; para os impuros, nada é puro. Há quem diga que conhece a Deus, mas o nega com suas atitudes: isso é perfeitamente possível. A administração de uma igreja requer a observância de preceitos e diretrizes, emanadas da Palavra de Deus, o maior e melhor "manual de administração eclesiástica". Por isso, Paulo escreveu três cartas pastorais, visando o estabelecimento, a organização e o crescimento sadio da Igreja do Senhor Jesus.

A organização de uma igreja local


Segundo os estudiosos, a epístola do apóstolo Paulo a Tito foi escrita aproximadamente no 64 d.C., e provavelmente, foi redigida na Macedônia, uma província que fazia fronteira com a Grécia. Por certo, a carta foi escrita no tempo em que Paulo estava sob a custódia dos soldados romanos.

Nesta epístola, podemos dizer que há pelo menos quatro assuntos principais ensinado pelo apóstolo Paulo: 
  • (1) O ensino sobre o caráter e as qualificações espirituais necessárias a todos os que são separados para o ministério na igreja — isto é, "homens piedosos", "de caráter cristão comprovado" e "bem sucedidos na direção da sua família" (1:5-9); 
  • (2) estímulo a Tito para ensinar a "sã doutrina", repreender e silenciar os falsos mestres (1:10—2:1); 
  • (3) descrição de Paulo para Tito do devido papel dos anciões (2:1,2), das mulheres idosas (2:3,4), das mulheres jovens (2:4,5), dos homens jovens (2:6-8) e dos servos (2:9,10) na comunidade cristã em Creta; 
  • (4) por último, o apóstolo enfatiza que as boas obras e uma vida de santidade a Deus são o devido fruto da fé genuína (1:16; 2:7,14).
Mediante essa lista de requisitos, notamos o quanto é importante que, em primeiro lugar, quem se sente vocacionado para um chamado ministerial, acima de tudo, seja reconhecido pela Igreja de Cristo. 

O ministério na vida de uma pessoa não é algo oculto, ou de conhecimento apenas para quem o deseja, mas é manifesto, reconhecido pela comunidade local a quem ele serve. 

O ministério de Deus na vida de um vocacionado também não é confirmado por uma só pessoa, mas confirmado e aprovado pela Igreja de Cristo reunida naquela comunidade local. O ministério vocacional de um escolhido por Deus, que ama o Senhor acima de todas as coisas, tem de ser reconhecido pelo Corpo de Cristo, a igreja local.

Mas é preciso a igreja local saber discernir quem é de quem não é vocacionado para o ministério. Para isso, o nosso Deus manifestou a sua vontade nas Escrituras por intermédio do apóstolo Paulo sobre as características de como deve ser uma pessoa vocacionada para o santo ministério. 

A Igreja de Cristo não pode se furtar dessa responsabilidade, pois segundo a herança da tradição da Reforma Protestante: não há um sacerdote como representante de Deus para o povo; muito pelo contrário, em Cristo, todos somos sacerdotes, a nação santa e o povo adquirido para propagar o Evangelho.

[Fonte: Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.1509]

A Deus toda glória. 
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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

CANÇÃO ETERNA CANÇÃO - "WHAT A WONDERFUL WORLD", LOUIS ARMSTRONG

Sabe aquelas músicas que quando você ouve e sente um arrepio até nos órgão internos? Assim é "What a Wonderful World", uma canção escrita por Bob Thiele e George David Weiss. Ela foi gravada pela primeira vez na voz do fantástico Louis Armstrong e lançada como compacto no início do outono de 1967: isto mesmo, lá se vão 50 anos desse super clássico do jazz. Thiele e Weiss foram destaque no mundo da música (Thiele como produtor e Weiss como compositor).

Em 1988, a gravação original de Louis Armstrong de 1968 foi apresentada no filme "Good Morning, Vietnam" ("Bom Dia, Vietnã", EUA, direção de Barry Levinson, estrelado por Robin Williams) e foi relançada como single, alcançando a posição número 32 na Billboard Hot 100 em abril daquele ano. O vocalista dos Ramones, Joey Ramone gravou um cover dessa canção em um de seus álbuns solo.

A letra

Vídeo clipe lançado em 1988, após a música ter sido relançada como trilha sonora do filme "Bom Dia, Vitnã. Este vídeo clipe chegou ao primeiro lugar na parada da extinta MTV por várias semanas. O clipe mescla cenas de uma apresentação ao vivo que Louis Armstrong fez no regimento dos soldados americanos que lutaram na guerra do Vietnã, com cenas do filme.

Wonderful World"

"Que mundo maravilhoso"


I see trees of green, red roses too
Eu vejo as árvores verdes, rosas vermelhas também
I see them bloom for me and you
Eu as vejo florescer para mim e você
And I think to myself what a wonderful world
E eu penso comigo, que mundo maravilhoso  
I see skies of blue and clouds of white
Eu vejo os céus tão azuis e nuvens tão brancas
The bright blessed day, the dark sacred night
O brilho abençoado do dia, e a escuridão sagrada da noite
And I think to myself what a wonderful world
E eu penso comigo, que mundo maravilhoso  
The colors of the rainbow so pretty in the sky
As cores do arco-íris, tão bonitas no céu
Are also on the faces of people going by
Estão também nos rostos das pessoas que passam
I see friends shaking hands saying how do you do
Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: "como vai você?"
But they're really saying I love you
E o que eles dizem de verdade é "eu te amo!" 
I hear baby's cry, and I watched them grow 
Eu ouço bebês chorando, e eu os vejo crescer
They'll learn much more than I'll ever know
Eles vão aprender muito mais que eu jamais vou saber
And I think to myself what a wonderful world
E eu penso comigo, que mundo maravilhoso
Yes, I think to myself what a wonderful world
Sim, eu penso comigo, que mundo maravilhoso

Quem foi Louis Armstrong


Louis Armstrong (1901-1971) foi um cantor e trompetista norte-americano, um dos mais importantes nomes do blues e do jazz de todos os tempos.

Louis Armstrong nasceu em New Orleans, Louisiana, Estados Unidos, no dia 4 de agosto de 1901. Teve uma infância pobre pelas ruas da cidade, sempre cantando para conseguir uns trocados. Com 12 anos foi preso por portar uma pistola e atirar para cima, na passagem do ano novo. Conduzido a um reformatório desenvolveu seus dons musicais aprendendo a tocar corneta.

Com 14 anos, após sair do reformatório, passou a tocar nas bandas de jazz e nas grandes barcas do rio Mississipi. Durante o dia trabalhava vendendo papeis velhos, carregando peso nas docas e vendendo carvão.

Em Storyville, bairro boêmio da cidade, conheceu grandes nomes do jazz, como Sidney Bechet e Joe Lindsay. Em 1917, a região boêmia do porto foi fechada pela Marinha americana e todos os músicos se mudaram para Chicago em busca de emprego.

Como demonstrava grande talento, Louis Armstrong foi apadrinhado por King Oliver, destacado trompetista e compositor de Jazz. Em 1922, Louis Armstrong entrou para a King Oliver’s Creole Jazz Band, onde passou a fazer a segunda corneta. Em 1923, a banda gravou seu primeiro disco de Jazz no estilo puro de Nova Orleans.

Em 1924, Louis Armstrong deixou a banda e se mudou para Nova Iorque e lá trabalhou na orquestra de Fletcher Henderson, época em que gravou diversos clássicos com a banda e com outros cantores de Jazz. Em 1925, voltou para Chicago e formou seu próprio grupo, o "Louis Armstrong Hot Five".

Em 1927, Louis Armstrong trocou a corneta pelo trompete. Em 1932, realizou sua primeira turnê pela Europa. Com sua voz grave, seu trompete e o inconfundível modo de cantar, em que emitia sílabas como se a voz imitasse um instrumento, que se tornou sua marca registrada, fez muito sucesso.

Entre os clássicos de Louis Armstrong destacam-se: "What a Wonderful World", "La Vie En Rose", "Moon River", "A Kiss to Build a Dream On", "Saint Louis Blues", entre outras. Armstrong faleceu em Nova Iorque, Estados Unidos, no dia 6 de julho de 1971.


A história da canção



Se você já prestou atenção à letra de "What a Wonderful World", você deve ter pensado "Uau! Que música fofa!". E ela realmente é uma canção que fala da alegria e das coisas belas que existem no mundo. Mas as razões que motivaram a sua composição não têm nada de fofo!

A época de lançamento desta canção foi uma das mais sombrias que os Estados Unidos já viveu. Em 1968 os ânimos estavam exaltados e aconteceram diversos "race riots" - tumultos e manifestações violentas entre negros e brancos. Um dos mais conhecidos é o "race riot" que ocorreu logo após o assassinato de Martin Luther King.

Além da onda de violência e do toque de recolher imposto pelo estado, os americanos sofriam com a perda de seus familiares na Guerra do Vietnã.

Se tudo parecia desesperador naquele momento, o produtor Bob Thiele e o compositor George David Weiss pensavam de forma diferente. Eles compuseram esta canção como um hino de esperança. E quem melhor para interpreta-la que Louis Armstrong?

O cantor foi escolhido para dar mais credibilidade à mensagem da canção. Ele já era um senhor de idade, com 66 anos na época, e era um artista negro que obtivera sucesso tanto entre os brancos quanto na comunidade afro-americana. Isso tudo, além do talento óbvio do artista.

Mas passar uma mensagem positiva em meio ao caos é uma tarefa difícil e nem mesmo a aparência de sábio vovô de Armstrong evitou a avalanches de críticas. Louis foi acusado de ser um artista negro que tentava agradar à todo custo a audiência branca (o que não é um bom sinal). 


A beleza X a polêmica


Versão punk da canção, na voz de Joey Ramone

Buscando ser um símbolo de união entre os povos, "What a Wonderful World’ acabou irritando muita gente que achou que sua letra gentil era um pedido para pôr "panos quentes" em questões raciais. Assim, a canção não foi muito bem recebida nos Estados Unidos, somente encontrando o sucesso do outro lado do Atlântico, onde alcançou a o primeiro lugar entre as músicas mais tocadas do Reino Unido.

"What a Wonderful World" alcançou uma fama tardia nos Estados Unidos por um motivo um tanto quanto irônico. Ela foi usada como trilha sonora das cenas de guerra no filme "Good Morning, Vietnam", de 1987.


Conclusão


Armstrong em uma clássica apresentação ao vivo,  no ano de 1968

De qualquer forma a voz de Louis Armstrong continua espalhando "good vibes" até hoje, tornando-se um clássico americano. Esta é uma canção que se aplica a todas as pessoas que estão saindo de uma fase negativa, ou que buscam uma inspiração para superar momentos difíceis.

A intenção era que a música servisse como antídoto ao carregado clima racial e político nos Estados Unidos, a canção detalha o deleite do cantor pelas coisas simples do dia-a-dia. A música mantém, também, um tom esperançoso e otimista em relação ao futuro, incluindo uma referência aos bebês que nascem no mundo e terão muito para ver e aprender

George Weiss relata no livro "Off the Record: Songwriters", que escreveu a música especialmente para Louis Armstrong. George foi inspirado pela capacidade de Louis para trazer as pessoas de cores diferentes juntas. A canção tornou-se gradualmente uma espécie de padrão e atingiu um novo nível de popularidade. 

Isto faz com que "What a Wonderful World", além de ser considerada uma belíssima e eterna canção, mereça daqueles que tenham o mínimo possível de bom gosto musical, uma inquestionável carimbada de 
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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

LIVROS QUE EU LI - ESPECIAL: "AS TRÊS MARIAS", RACHEL DE QUEIROZ


Neste capítulo da série de artigos Livros Que Eu Li, trago um texto especial em comemoração ao centésimo sétimo aniversário da brilhante escritora Rachel de Queiroz (✩1910-✞2003).


Sobre a autora


A romancista Rachel de Queiroz estreou na literatura brasileira com a publicação do livro "O Quinze", seu primeiro romance, em 1930.

Foi a primeira mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. A obra, pouco tempo depois de ser publicada, foi alvo de críticas dos intelectuais e autoridades da época, visto que abordava a grande seca que ocorreu no nordeste brasileiro no ano de 1915.

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, Ceará, a 17 de novembro de 1910. Em 1917, deixa o Ceará, quando sua família migra para o Rio de Janeiro, procurando esquecer os horrores da seca de 1915. Em 1919 voltou a Fortaleza, matriculando-se em 1921, no colégio da Imaculada Conceição, onde fez o curso normal e diplomou-se aos 15 anos de idade.

Em fins de 1930, estréia com o romance "O Quinze" – o seu maior sucesso literário, que ainda hoje é sempre usado como tema em vestibulares, concursos e dissertações acadêmicas –, onde este ganhou imensa repercussão ao abordar a luta de um povo contra a miséria e a seca.

Autora de outros romances como "João Miguel" – 1932, "Caminho de Pedras" – 1937, "As três Marias" – 1935 e vários outros, deixou o seu nome imortalizado na literatura brasileira e, sobretudo na memória dos leitores. É sobre "As três Marias", um delicioso e delicado romance, cujo tema o torna imortal, que irei escrever.

As três Marias 

Maria Augusta 


Perde a mãe muito cedo. O pai casa novamente e a madrasta, apesar de tratá-la decentemente, decide mandá-la para um internato, um colégio de freiras no Ceará... É aqui que a história começa... Como toda novata em um ambiente desconhecido, Guta sofre os olhares curiosos e comentários das veteranas.

Tímida, envergonhada e pouco comunicativa, Maria Augusta sente-se sozinha, abandonada pelo mundo e a família, sem amigos, sem lar, sem o amor que tanto necessita. É no internato que ela passará grande parte da história - seu fim de infância e começo da adolescência - onde o mundo lá fora parece um sonho irreal, um planeta distante que só se ouve falar, mas nunca se consegue realmente ver.

"Na cama - tudo calado - (...) minha tristeza afinal explodiu, e chorei, chorei até esgotar todos os soluços, todas as lágrimas, chorei até dormir, exausta, desarvorada, rolando a cabeça dolorida, sem repouso, no travesseiro quente e duro" (pág. 17).

Maria da Glória e Maria José


Complementam o trio que dá nome à história - e sugerido pela Irmã Germana, alusão à constelação das Três Marias (Orion) - em pouco tempo as três viram uma. Amigas confidentes, apesar de tão diferentes - personalidade, história de vida, vontades e desejos - e o leitor acompanha o desenvolvimento dessas três meninas, suas fantasias sobre o mundo lá fora, as dores, as decepções de vidas inexperientes, privadas de conhecimento exterior... 

Acreditavam no amor dos livros, dos romances franceses que entravam às escondidas no colégio e passavam de mão em mão, tantos e tantos deles. Compartilhavam não apenas o tempo e as idéias, mas também amores... 

  • Maria da Glória

Que aprendera a tocar violino com o falecido pai, tem a oportunidade de tocar com a orquestra do Teatro local. É lá que conhece e se apaixona pelo moço estrangeiro, seu primeiro amor, dividido e experienciado com a mesma intensidade pelas outras duas.
"Ele começou a namorar com Glória, logo que entendeu os olhos com que o olhava, e foi como se nos namorasse a todas, porque todas as três começamos a amá-lo, embora Maria José e eu nunca o tivéssemos visto" (pág. 58).

Mas o tempo passa, elas crescem, e a vida fora do convento não é tão surreal quanto parece. O peso de ser gente grande é duro de carregar. O destino as levam para direções diferentes mas a amizade permanece e através das três percebe-se o tema que marca várias obras de Rachel de Queiroz - a representação da mulher na sociedade, seu papel. 

Glória casa bem, e logo é mãe. Maria José casa com sua religião enquanto leciona para crianças. Guta recusa-se a virar empregada da própria família, muda para a capital e vira datilógrafa, tem sede de aventuras, quer experimentar, quer deixar o cais.

Os personagens secundários tem suas histórias começadas e terminadas praticamente no mesmo capítulo e esse foi um detalhe que eu gostei na obra de Rachel, não tem enrolação... não é preciso esperar ansioso por capítulos e capítulos para saber no que acaba aquele fato. 

O cenário nordestino como pano de fundo me fez viajar ao Ceará, ora sentado confortavelmente no sofá da minha sala, ora deitado tão confortavelmente quanto na minha cama, ao mesmo tempo tão longe e tão perto da aridez e do calor escaldante do nordeste... o sertão de Juazeiro, as viagens de ônibus por aquelas estradas de terras áridas, cactosas. 

Conclusão


A escrita é simples, narrado em primeira pessoa por Maria Augusta, o que permite que o leitor compartilhe seus sentimentos profundos, suas dores, suas curiosidades, fatos não compartilhados com Glória e Maria José. É um livro delicioso de ler, leitura rápida mas agradável, Guta demonstra força e iniciativa em muitos momentos decisivos em sua vida, mas acredito que a passividade em outros tantos momentos, alguns podem dizer inexperiência, evita que ela quebre o ciclo, tome o próximo passo. É como se ela não acreditasse nela mesma e deixasse as coisas correrem... a vida levar. E no final me peguei novamente querendo colocá-la no colo e abraçá-la apertado... 

É um livro que desperta uma análise interior, a respeito de nossas escolhas e nosso aprendizado de vida. O que mais me impressionou foi a simplicidade e a clareza da escrita de Rachel. A história é envolvente e flui de maneira suave, envolvendo o leitor com as descobertas e frustrações da infância/adolescência e vida adulta. As personagens femininas são marcantes e reais, possibilitando ao leitor uma identificação muito grande. É um livro muito especial, impossível passar em branco na vida de qualquer leitor. Vale muito a pena conhecer essa graça de obra! Delicadeza pura!


Ficha Técnica



  • Título: "As Três Marias" 
  • Autora: Rachel de Queiroz
  • Gênero: Literatura Brasileira/Romance
  • Ano: 1939
  • Páginas: 166 
  • Editora: José Olympio

A obra recebeu uma adaptação para a TV no formato de telenovela, com a autoria de Whálter Negrão e Wilson Rocha, direção de
Da direita para a esquerda, Glória Pires, Maitê Proença
e Nadia Lippi, protagonistas da novela "As três Marias"
Herval Rossano, exibida entre novembro de 1980 e maio de 1981 (156 capítulos). A trama trouxe Glória Pires (Maria José), Nadia Lippi (Maria Augusta) e Maitê Proença (Maria da Glória), nos papéis principais e foi um dos grandes sucessos do horário das seis na Rede Globo.

A Deus toda glória. 

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