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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES - "CASTELO FORTE", MARTINHO LUTERO

Partitura original de "Ein' Fest Burg", com a assinatura de Marinho Lutero
"Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam... Bramam nações, reinos se abalam; ele faz ouvir a sua voz, e a terra se dissolve. O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio" (Salmo 46:1-3;6-7).

Neste ano em que a Reforma Protestante completa 500 anos, escrever sobre a história e relembrar essa canção, além de um momento de abençoada nostalgia, nos desperta a atenção mais uma vez sobre o quão importante foi este momento para a história da trajetória da Igreja de Cristo nesta terra.

Eu ainda insisto em dizer que acho um absurdo que uma data tão importante para os cristãos como essa possa passar batido, praticamente ignorada por muitas denominações evangélicas, algumas delas, de bastante atuação na mídia. 

"Castelo Forte", ou, "Castelo Forte é o Nosso Deus", como também é conhecida, é mais que um clássico da música cristã. Composta por Martinho Lutero, a maravilhosa canção é considerada como o hino original da Reforma Protestante. É quase inacreditável, mas muitos crentes não conhecem a música (principalmente os mais jovens) e nunca sequer a ouviram, apesar de ela já ter recebido várias versões, conforme veremos abaixo.

Conhecendo a letra


  • Versão do Cantor Cristão - Hino 323

Castelo forte é nosso Deus,
Espada e bom escudo,
Com seu poder defende os seus,
Em todo transe agudo. 
 
Com fúria pertinaz,
Persegue Satanás,
Com artimanhas tais,
E astúcias tão cruéis,
Que iguais não há na terra. 
 
A nossa força nada faz,
Estamos ,sim perdidos;
Mas nosso Deus socorro traz,
E somos protegidos. 
 
Defende-nos Jesus,
O que venceu na cruz,
Senhor dos altos céus;
E sendo o próprio Deus,
Triunfa na batalha. 
 
Se nos quisessem devorar,
Demônios não contados,
Não nos podiam assustar,
Nem somos derrotados. 
 
O grande acusador,
Dos servos do Senhor,
Já condenado está;
Vencido cairá,
Por uma só palavra. 
 
Sim, que a palavra ficará,
Sabemos com certeza,
E nada nos assustará,
Com Cristo por defesa. 
 
Se temos de perder,
Os filhos,bens,mulher,
Embora a vida vá,
Por nós Jesus está,
E dar-nos-á seu Reino.

Se você frequenta ou já frequentou alguma igreja cristã tradicional, provavelmente você já ouviu o hino "Castelo Forte", citado acima. O hino em questão foi escrito por ninguém mais ninguém menos que Martinho Lutero em torno do ano de 1529 e foi baseado no Salmo 46.


Acabou se tornando algo como um hino de guerra da Reforma Protestante e se encontra na maioria dos hinários utilizados nas igrejas: é o número 581 da Harpa Cristã, e o 323 do Cantor Cristão. Também já recebeu algumas versões mais, digamos, contemporâneas em ritmo de hard rock, de pop e até de rap.


  • Versão da banda de hard rock Magadã

Sobre o autor 


Martinho Lutero nasceu, viveu e morreu na região da Saxônia, uma das regiões que hoje formam a Alemanha. Em Eisleben, e viveu em cidades como Eisenach (na Turíngia, onde teria traduzido o Novo Testamento do latim para o alemão) e Wittenberg, cidade da catedral onde afixou as 95 teses que dariam início à Reforma. 

A influência musical luterana na história da música clássica 





  • Versão em estilo de música clássica

Conforme a Reforma se propagou por diversos países da Europa, inclusive no Leste Europeu, um homem chamado Veit Bach, na Hungria, teria se tornado luterano e devido à perseguição sofrida pelo Sacro Império Germânico, teria se mudado para a Turíngia (região ligada à Saxônia). Veit Bach era um reconhecido padeiro e músico amador, tocava cítara, e foi o pai da mais importante dinastia familiar de músicos do mundo ocidental: os Bach.


Cerca de dois séculos após Martinho Lutero (mais precisamente em 1685), nasce em Eisenach, na Turíngia, Johann Sebastian Bach, o mais célebre compositor desta família, tido por alguns como o maior de toda a música ocidental.

Bach realmente trata-se de personalidade sem igual na história da música, com extensa obra, considerada atemporal e, até hoje, é repertório obrigatório na maioria das salas de concerto do mundo. Bach, assim como seus ascedentes, era luterano e foi o organista principal de catedrais de diversas cidades na região da Saxônia.

Entre os anos de 1727 e 1731, Bach compôs uma cantata coral em provável comemoração ao bicentenário da Confissão de Augsburgo (ainda que aparentemente a cantata só tenha sido apresentada algum tempo depois).

A Confissão de Augsburg foi uma espécie de documento formal realizado pelos primeiros reformadores luteranos a fim de apresentá-la ao imperador do Sacro Império Germânico, Carlos V, e se tornou como uma profissão de fé. A cantata inclui em sua melodia a própria descrita acima, de Martinho Lutero, tornando-se portanto uma bela homenagem à Reforma e ao próprio reformador.

Passado mais um século, próximo ao 300º aniversário da igreja reformada, um compositor romântico muito conhecido, produz uma Sinfonia chamada "A Reforma". Esse compositor é Felix Mendelsson-Bartholdy. Mendelssohn vinha de uma família judia alemã que teria se convertido ao cristianismo (tendo sido batizado em uma Igreja Reformada).

Nasceu em Hamburgo e faleceu em Leipzig, na Saxônia. Mendelssohn, um prodígio desde criança foi um dos responsáveis pelo "ressurgimento" da obra de Bach no século XIX, tendo sido grande admirador deste, pois Bach, apesar de ter sido um músico de relativo sucesso durante a sua vida, só se tornou realmente reconhecido e tido como um dos maiores compositores de todos os tempos a partir do século XIX.

Em sua sinfonia, no último movimento, Mendelssohn inclui, nada mais nada menos, que a melodia do hino de Lutero citado e tão famoso. Claro que a melodia tinha todo o sentido dentro da obra, mas também foi considerada uma espécie de homenagem ao próprio Bach.

Apesar de a obra não ter ficado pronta a tempo de ser executada nas comemorações do terceiro século da Confissão de Augsburg e, segundo alguns, o próprio Mendelssohn teria se declarado não totalmente satisfeito com o resultado final da obra, esta sinfonia é hoje muito mais conhecida que no tempo em que foi composta e é um marco para a Reforma Protestante. 



Mais que um clássico


O hino "Ein' feste Burg ist unser Gott" ("Castelo Forte" ou "Fortaleza Poderosa") é um dos mais importantes hinos da história do Cristianismo. Foi considerado pelo poeta Christian Johann Heirich Heine (★1797-✞1856) como a "Marselhesa da Reforma", numa alusão ao hino nacional francês.

Segundo Heine, esse foi composto por Lutero por volta de 1521, por ocasião de sua convocação para a Dieta de Worms. Essa assembleia foi convocada pelo imperador alemão Carlos V para os dias 27 de janeiro a 25 de maio de 1521 e, dentre outros assuntos, trataria da polêmica em torno dos ensinos do reformador.

Havia o perigo de que Lutero fosse condenado após a Dieta, e acabasse na fogueira como John Huss cerca de cem anos antes. Na preparação para a assembleia, Lutero, autor de trinta e sete hinos, teria composto "Castelo Forte", baseado no Salmo 46, que se inicia assim: 
"Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza". 
Conta-se que Lutero cantou este hino quando avistou as torres das igrejas em Worms, também em 1523, quando soube que dois jovens haviam sido queimados em Bruxelas por seguirem doutrinas da Reforma Protestante; e em 1527, ao saber da execução do seu amigo Leonhard Kaiser.

A qualidade musical de "Castelo Forte" é atestada pelo uso que se fez da obra no decurso da história. John Sebastian Bach (1685-1750) a usou para criar a sua cantata em homenagem à Reforma. Por sua vez, o compositor Felix Mendelssohn (1809-1847) usou o hino na Sinfonia nº 5, intitulada "A Reforma", conforme já dito, considerada por alguns como uma obra-prima. Outros músicos importantes como Giacomo Meyerbeer (1791-1864), Wagner (1813-1883) e Strauss (1864-1949) também utilizaram o hino de Lutero em suas composições. 

No Brasil, hino foi introduzido no hinário batista "Cantor Cristão", hino 523, e posteriormente no hinário utilizado pelas Assembleias de Deus "Harpa Cristã", hino 581. Foi também gravado pelo grupo Vencedores por Cristo, no álbum "Louvor VIII".

Conclusão



  • Versão do grupo Vencedores Por Cristo, gravado em 1994
Alguém pode se perguntar se Martinho Lutero tinha ideia da repercussão que suas ações teriam na Igreja Cristã como um todo, ao longo de tantos séculos, ou mais especificamente, se ele tinha ideia que uma melodia relativamente simples, mas tão poderosa, pudesse vencer o tempo e marcar a história da música ocidental, ou ainda os nossos hinários cristãos. 

Provavelmente ele não poderia deslumbrar esse alcance. Mas o fato de ter realizado, mostra que diante de tudo que era mostrado para ele, ele decidiu realizar. E mesmo diante do medo da morte e das retaliações, ele escolher confiar no seu Castelo Forte.

Segue abaixo a letra original de "Castelo Forte", traduzido do alemão: 

Uma poderosa fortaleza é o nosso Deus,
Boa defesa e armas de ataque;
Ele nos ajuda a libertar de toda a angústi
Que a nós tem agora afetado. 
O velho inimigo, o mal,
Agora significa desgraça mortal,
Ele tem poder grande e é muito esperto,
Sua defesa é cruel,
Na Terra não há igual. 
Com o nosso poder nada pode ser feito,
Estamos muito perto de perder;
Mas, há um Homem certo para esta disputa,
A quem o próprio Deus elegeu.
Pergunta você: “Quem é este?”
Seu nome é Jesus Cristo,
O Senhor dos Exércitos. 
E não há nenhum outro Deus,
Ele manterá o campo.
E Se o mundo estiver cheio de demônios
Que nos querem devorar,
Não tenhamos, portanto, tanto medo;
Teremos sucesso ainda.  
O príncipe deste mundo,
Quão terrível se faz,
Porém ele não poderá fazer nada,
Pois já está julgado,
E uma pequena palavra pode derrubá-lo. 
A Palavra ainda ficará,
Permaneçamos grato por ela;
E Ele estará a vontade sobre a situação,
Com Seus dons e o Espírito.  
Que levem o nosso corpo,
Os bens, a fama, crianças e esposa;
Pois embora tudo isso vá,
Eles não têm nada a ganhar,
Mas o Reino será nosso.

A Deus toda glória. 
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