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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

FILMES QUE EU VI - ESPECIAL SEMANA DO PROFESSOR: "AO MESTRE, COM CARINHO"

Neste dia 15 de outubro comemoramos o dia do professor. Esta data foi determinada pelo decreto federal 52.692, assinado em 1963 pelo então presidente João Goulart (✩1919/✟1976). O dia escolhido para essa comemoração não foi por acaso, pois, já em 1827, na mesma data, no período do Primeiro Reinado, o ensino elementar no Brasil havia sido instituído por D. Pedro I (✩1798/✟1834). Esse fato importante, todavia, não foi motivo para que o dia do professor fosse comemorado.

A triste realidade do professor no Brasil

Professores desprestigiados e mal pagos


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Nunca vi alguém dizer que os professores são bem remunerados, que são bem capacitados, que são considerados com respeito e admiração. Ao contrário, todos concordam que esses responsáveis pela formação da juventude que irá comandar os destinos do país nos próximos anos ganham mal, são despreparados e desconsiderados pela sociedade. 

Entra ano, sai ano, entra governo, sai governo, e a situação não se altera. Por isso, não é difícil deduzir que nesse 15 de outubro, data em que se comemora o dia do professor, não houve muito o que celebrar. Quando analisamos a situação desses mestres, podemos aproveitar a data para lamentar. Por esse motivo, quase ninguém mais quer ser professor. Em algumas matérias mais específicas, já encontramos déficit de profissionais capacitados para ministrar as aulas.

Analfabetos Funcionais, idiotas úteis


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Quem não tem curso superior hoje está quase na mesma condição daqueles que não conseguiam terminar o curso primário há décadas. As faculdades despejam no mercado um número enorme de jovens formados sem terem aprendido quase nada sobre a área que abraçaram. O número de analfabetos funcionais é desesperador. Há professores que não ensinam e alunos que não aprendem.

Pergunte aos jovens estudantes que profissão gostariam de abraçar quando crescerem. Se eles estiverem cursando o fundamental 1, as respostas serão auspiciosas: 70% deles dirão que gostariam de ser professores. Se, entretanto, estiverem cursando o fundamental 2, as respostas começam a ficar preocupantes, pois o percentual de quem gostaria de abraçar o magistério cai para 20%. Número excelente quando comparado com as respostas de quem está no ensino médio, já que nesse caso somente 2% pretendem lecionar. 

Os próprios professores desestimulam seus alunos a abraçar essa profissão. Os motivos são bastante conhecidos. Como sabemos, baixa remuneração, formação deficitária, lacunas enormes e em atualização e aperfeiçoamento do conhecimento sem propostas de capacitação continuada e política educacional muitas vezes equivocada são alguns dos problemas que fazem parte de um cenário nada animador.

"Ao Mestre, Com Carinho"

Mais que um filme, uma mensagem, uma lição


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"Ao Mestre, com Carinho" é um drama ambientado em 1967, vivido por um professor negro em uma escola de um bairro de Londres. O professor, tomado de coragem, decide enfrentar uma classe indisciplinada de alunos adolescentes, disposto a transformá-los em futuros homens e mulheres de bem.

O filme traz reflexões sobre alguns problemas sociais, raciais e outros próprios da fase insegura e muitas vezes angustiosa da adolescência. Também apresenta várias mensagens positivas em relação a tudo isso, como por exemplo, que é preciso se relacionar de igual para igual com os alunos, procurando conhecer o motivo de suas atitudes antes mesmo de criticá-las, pois mesmo sendo adolescentes, eles enfrentam problemas, e esses problemas precisam ser resolvidos.

O roteiro


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Mark Thackeray (Sidney Poltier) é um engenheiro negro que ao estar desempregado decide aceitar uma proposta de ser professor. A turma é de adolescentes que cursam o último ano e que não querem nada com a vida, são extremamente indisciplinados e liderados por Denham (Christian Roberts), Pamela Dare (Judy Geeson) e Barbara Pegg (Lulu), e estão determinados a acabarem com Thackeray, como fizeram com o professor anterior.

Logo de início, Thackeray  percebe que a missão a desempenhar não vai ser nada fácil. Porém, acostumado já com as hostilidades, principalmente por ser negro, enfrenta o desafio, mesmo com seus colegas professores não acreditando na possibilidade de qualquer êxito em seu trabalho como professor. O que realmente faz diferença no método de ensino do professor Thackeray é quando ele percebe que eles estarão deixando a escola e enfrentando o mundo que os aguarda, batalhando por uma vaga no mercado de trabalho, com todas as responsabilidades exigidas pela vida adulta.

Desde então o conteúdo das aulas passa a ser uma conversa franca entre professor e alunos sobre os mais diversos temas como, por exemplo, a vida, sobrevivência, amor, morte, sexo, casamento. Eles vão ter que se submeter a certas formalidades que fazem parte do mundo competitivo que os aguarda, desde a forma de se tratarem entre si, com respeito, ao modo de se vestirem.

A estratégia adotada por Thackeray dá certo e, em pouco tempo, ele se torna o grande líder da classe. Denham ainda tenta hostilizá-lo, mas, termina se curvando diante da nova realidade. Ao final do ano letivo, Thackeray recebe um comunicado que o confirma no cargo de engenheiro-assistente de uma fábrica de rádios no interior. Entretanto, após receber uma calorosa e carinhosa homenagem de seus alunos, tem dificuldades em se decidir se aceita o novo emprego ou se continua lecionando na escola.

Quase nada mudou


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Apesar de o filme ser dos anos 60, ainda hoje podemos encontrar situações como aquelas nas salas de aula. Turmas de adolescentes que vivem o drama de não ter a atenção e carinho devido de seus pais muito ocupados com carreira, situação econômica e a busca neurótica de "ter" para se afirmar nesse mundo capitalista.

Assim, o professor passa a ser responsável por tentar resolver também os dramas vividos pelos seus alunos. É muito importante a atenção e a dedicação do professor com seus alunos, independente da matéria e do programa de ensino, é necessário que haja uma interação maior entre ambas as partes. A sala de aula deve ser um lugar de troca de experiências e de resgate de valores até então perdidos na sociedade, como: gentileza, higiene, cidadania e respeito. O professor jamais pode esquecer que ele é formador de opiniões e por isso não pode ter medo de enfrentar os problemas que são pertinentes à função do educador.

Conclusão


"To Sir, With Love" - Lulu, a belíssima música tema do filme se tornou o maior sucesso na carreira da atriz e cantora e ainda hoje é lembrada como um clássico da música internacional

Os tempos são outros, as necessidades as mesmas Infelizmente, a situação dos professores piorou muito nas últimas décadas. Na época em que fui estudante nos primeiros anos escolares, os professores ganhavam o suficiente para manter uma vida digna e eram tratados com respeito e consideração. 

Infelizmente, hoje o que vemos são profissionais desmotivados e sendo desrespeitados em questões que vão desde sua dignidade como pessoa - é estarrecedor algumas ocorrências recentes de educadores(as) sendo violentamente agredidos fisicamente - até a total negligência e indiferença quanto a sua imprescindível e fundamental importância na formação de crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos.

Alguns poderão argumentar: ah, você está tomando como referência para comparação uma época em que a população era muito menor, quando o país possuía menos de 70 milhões de habitantes e o analfabetismo era encarado até com certa naturalidade. Poucos, pouquíssimos eram aqueles que ingressavam nos cursos superiores. Hoje, temos mais de 200 milhões de habitantes, percentualmente um número menor de analfabetos e uma quantidade incontável de faculdades. 

E como resolver esse desafio? Não vou mencionar aqui algum tipo de esperança para a melhoria da educação e das condições dos professores com o novo governo. Certamente esse é um anseio de todos e uma necessidade a ser tratada como fundamental. Por isso, se desejarmos ter o que comemorar na educação e na atividade dos professores, iniciativas até radicais precisam ser tomadas como plano de Estado, e não apenas como plano de governo. 

Estamos acostumados a ver o nome do Brasil entre os últimos colocados em qualquer índice mundial que mede a qualidade da educação. Antes que esse quadro seja visto como condição natural, é preciso fazer essa revolução com outras políticas educacionais, melhores condições de trabalho, novos métodos na aprendizagem e ações que tenham como objetivo uma respeitável qualidade de ensino. Enfim, uma educação de excelência com profissionais dignos e respeitados. Precisamos lembrar as palavras do filósofo Immanuel Kant (✩1724/✟1804)
"O ser humano é aquilo que a educação faz dele". 
Salve o professor, o profissional mais importante entre todas as atividades existentes no mundo!
  • O filme "Ao Mestre, com Carinho", ganhou uma sequência em 1996, com o mesmo Sidney Poltier no mesmo papel, mas a segunda parte não foi tão bem sucedida quanto a primeira, não merecendo, portanto, nenhuma indicação especial da minha parte. Mas, não deixem de assistir a primeira parte, que recebe o meu carimbo de
                                  
A Deus, toda glória. 
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Um comentário:

  1. Antes de mais nada Leonardo, obrigado pela homenagem aos professores.Infelizmente o descaso de décadas dos nossos governantes em relação a essa temática, só me faz crer que realmente só com educaçao de qualidade que conseguiremos mudar esse país.Notadamente povo mal instruído é mais fácil de ser manobrado.Hoje mais do que necessidade a maioria dos professores permanecem na profissão por amor.São as verdadeiras resistências.Então nada mais justo este reconhecimento.

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