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segunda-feira, 1 de abril de 2019

TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL: O QUE PREGA E ENSINA ESSE MOVIMENTO?

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Iniciarei o presente artigo destacando a história da TMI, Teologia da Missão Integral, pois de fato, conhecer a base e o surgimento da mesma proporcionará uma visão mais ampla para exposição de pontos importantes e os contrapontos como criticas. Desta forma, ao estudarmos TMI, percebemos que historicamente dentro do protestantismo mundial em seus movimentos de reordenação dos campos teológicos e eclesiásticos após a segunda grande guerra, alguns pastores, lideranças e também teólogos latino-americanos, que perceberam o cenário e começaram a formular os primeiros passos do que viria a ser denominado de "missão integral".

Em realidade este artigo é resultado de pesquisas realizadas em distintas publicações com todas as suas explicações e provocações acerca do assunto, deparamo-nos assim, com visões dos dois lados do assunto, aqueles que são favoráveis e os que são contrários também, neste sentido, cabe posicionarmos de forma equilibrada, sadia e justa diante do que fora exposto. Para isto, será necessário um pequeno apanhado, breve de fato, sobre o histórico da TMI no mundo e na América latina, com seus expositores e críticos.

HISTÓRICO


No século XX houve múltiplos anseios pelo debate da igreja em torno da temática relacional entre evangelismo e responsabilidade social, momento em que diversos autores procuraram expressar a missão da igreja no viés do desenvolvimento, isto é, a presença cristã na sociedade, diálogo além da religião, justiça, paz, política e outros conceitos. Estas reflexões tiveram como resultado, inúmeras conferências, dentre as quais, destaca-se a Conferência Missionária Mundial , que fora realizada em Edimburgo em 1910, que gerou a reflexão abrangente sobre o trabalho missionário protestante na América Latina, provocando assim em março de 1913, em Nova York, uma Conferência sobre missões na América Latina, que criou a Comissão de Cooperação na América Latina com a sigla de CCLA. 

Logo, a CCLA patrocinou o Congresso de Ação Cristã na América Latina, reunido no Panamá em fevereiro de 1916, o maior encontro das forças protestantes desse continente realizado até aquela data. De forma especifica, as metas principais discutidas foram a evangelização das classes cultas, a unificação da educação teológica, a criação de uma dimensão social ao trabalho missionário na América Latina e a uma necessária realização da promoção da unidade protestante.

No decorrer deste despertar para as missões no mundo, destacou-se Congresso Mundial de Evangelização ocorrido em Berlim em 1966 , esta foi a primeira grande reunião mundial de evangélicos no século XX, que por consequência estimulou a congressos regionais de evangelização em vários continentes. Nisto, surgiu o Congresso Internacional de Evangelização Mundial em Lausanne em 1974, que contou com as manifestações de opinião de toda a comunidade evangélica, à medida que os participantes debatiam com as questões da teologia, com foco na missão no mundo contemporâneo.

Conforme estudos realizados no seminário em leitura de Regina Sanchez corroborou em sua fala com este momento:
"Esse é o berço teológico que gera a TMI. É o dialogo dessa teologia com a realidade latino-americana. E esse diálogo aconteceu e inúmeras conferencias e congressos sobre missões realizados no continente latino".

OS CLADE's


Em realidade CLADE's é apenas uma sigla do que seriam os Congressos Latino-Americanos de Evangelização que foram realizados para afirmação da tendência do TMI. É sabido que o CLADE I ocorrido em 1969 como 1º Congresso Latino-Americano de Evangelização em Bogotá na Colômbia, como foi de fato, um marco histórico no rompimento com o protestantismo latino-americano ecumênico, para com os fundamentalistas e evangelicais, e posteriormente de influência para a geração de uma fraternidade latino-americana. 

Não obstante, este congresso foi também o ponto de partida para o movimento evangelical na América Latina, um prato cheio para os evangélicos que demonstravam descontentamento e oposição ao movimento ecumênico.

Com isto, ocorreram também outros congressos oriundos de debates constantes, vindo a ocorrer ter também o CLADE II (1979), em Lima, Peru, este por sua vez, foi realizado pela Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL) com o seguinte lema:

"Que a América Latina ouça a Sua (Deus) voz".


Neste encontro foi focado o trabalho missionário com a realidade concreta de pobreza e opressão, corrupção moral e também o abuso de poder nesta região do mundo, assim sendo, os evangélicos latino-americanos escolheram o Pacto de Lausanne como uma expressão do seu consenso doutrinário básico e do seu claro compromisso com um modelo de missão integral e bíblico.

Assim, podemos destacar a fala de dois grandes expoentes desta linha teológica como René Padilla e Samuel Escobar . Ambos foram os representantes latinos no congresso de Lausanne, e tiveram papel preponderante para a missão da igreja ao levantarem questionamentos acerca do modelo tradicional de missão, do que existia e era pratica até então. Diante desta "nova" visão, acerca de missão segue Padilla sobe o tema A Evangelização e o Mundo, onde afirmara
"Nossa maior necessidade é um evangelho mais bíblico e uma igreja mais fiel. Poderemos nos despedir deste congresso com um belo conjunto de papéis e declarações que serão arquivadas e esquecidas, e com lembrança de um grande e impressionante encontro de âmbito mundial. Ou poderemos sair daqui com a convicção de que temos fórmulas mágicas para a conversão das pessoas. 
Eu pessoalmente espero em Deus que possamos sair daqui com uma atitude de arrependimento no que diz respeito à nossa escravidão ao mundo e ao nosso arrogante triunfalismo, com o senso de nossa incapacidade de sermos libertos dos grilhões a que estamos atados e, apesar disso, com grande confiança em Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que 'é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre'" . Amém.
Samuel Escobar em Desafios da Igreja na América Latina, diz:
"Uma espiritualidade sem discipulado nos aspectos diários da vida, sociais, econômicos e políticos, é religiosidade e não cristianismo... De uma vez por todas, devemos rejeitar a falsa noção de que a preocupação com as implicações sociais do evangelho e as dimensões sociais do testemunho cristão resultam de uma falsa doutrina ou de uma ausência de convicção evangélica. Ao contrário, é o interesse pela integridade do Evangelho que nos motiva a acentuarmos a sua dimensão social".
Diante dos debates, das discussões de ideias, obteve-se um resultado "valioso" do Congresso que foi à resolução de um pacto com Deus, bem como uns com os outros, pacto no sentido de oração, planejamento e bastante trabalho juntos pela evangelização do mundo todo. Este pacto foi recebeu o Pacto de Lausanne, o que confirma isto é um documento de 2700 palavras, em quinze seções, redigido sob a direção do líder evangelical anglicano John Stott, guardados e publicados no decorrer dos tempos.
"Nos arrependemos de nossa negligência em face de nossa responsabilidade social cristã, bem como de nossa polarização ingênua em termos, algumas vezes, considerando a evangelização e a atividade mutuamente excludentes... Devemos repudiar como demoníaca a tentativa de colocar uma cunha entre evangelização e ação social".
Este pacto também produziu algumas mudanças bem-definidas na teologia evangélica de missões e foi muito além das afirmações evangélicas tradicionais, demonstrando que, evangelizar é inseparável da responsabilidade social, do discipulado cristão e também de renovação da igreja. Foi acentuada a missão mundial e missão total da igreja. Destacaram-se temas como:
  • o propósito de Deus;
  • a autoridade da Bíblia;
  • a unicidade e universalidade de Cristo, a natureza da evangelização;
  • a cooperação na evangelização;
  • a natureza da evangelização, a urgência da tarefa evangelística;
  • evangelização e cultura, educação e liderança;
  • o poder do Espírito Santo e o retorno de Cristo.

MISSÃO INTEGRAL E A SALVAÇÃO


Para os teóricos da missão integral nós somos chamados à proclamação do evangelho, para anunciar a mensagem de salvação por meio da evangelização, isso foi exatamente definido no Pacto de Lausanne. Destarte, evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, que é o Senhor Soberano sobre tudo e todos, e que oferece o perdão dos pecados, para que todos os que se arrependam e creiam. O nosso papel, o papel de todo cristão no mundo é a evangelização, e o mesmo ocorre com o diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, compreender e ajudar a mudar a situação.

Neste sentido, a evangelização requer alguns resultados como;
  • a obediência a Cristo;
  • o ingresso do converso em sua igreja;
  • serviço responsável no mundo.
Desta forma, o Pacto de Lausanne atribui a igreja o papel de proclamação de Jesus como Senhor acima de tudo,a responsabilidade de ser agente de transformação histórica, lutando pela transformação social, nisto destaca-se cinco itens:
  • Necessidade de nos dedicarmos ao serviço de Cristo e dos homens enquanto aguardamos a vinda de Cristo;
  • Libertação daqueles que sofreram perseguição religiosa e a certeza de que de forma alguma nos intimidaremos diante de uma situação como essa;
  • Oposição a toda injustiça, permanecendo fiéis ao evangelho;
  • Afirmação da igreja como comunidade do povo de Deus, e não como instituição.
  • Cobrança aos governos de condições de dignidade humana, conforme consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Assim, fica evidenciado a essência da evangelização que é mostrar-apresentar Jesus Cristo como Senhor e Salvador do mundo, sua história de sacrifício vicário e os propósitos disso, o acesso ao Pai trago por Ele, a purificação de todo o pecado, além disso, é nosso papel a orientação para a libertação total da escravidão tanto pessoal quanto do mundo, integrando o propósito de Deus de colocar tudo sob o governo de Cristo. O evangelho chama o ser humano ao arrependimento verdadeiro-real, para remissão dos pecados e salvação em Cristo Jesus e mudança de vida social. Ora, isto foi acertado no pacto conforme segue o trecho:
"Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, o Senhor e rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e creem.   
A nossa presença no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. 
Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. 
Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a sua cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo".

Cristianismo com uma pitada de ideologia socialista de esquerda


"Tal persuasão não provém daquele que os chama. 'Um pouco de fermento leveda toda a massa'. Estou convencido no Senhor de que vocês não pensarão de nenhum outro modo. Aquele que os perturba, seja quem for, sofrerá a condenação" (Gálatas 5:8-10).
Diante do exposto, percebemos e aprendemos acima de tudo que a Teologia da Missão Integral tornou-se um conceito teológico latino-americano que mantém um relacionamento com as mais diversas alas do saber, mantendo acima de tudo um forte diálogo com as ciências humanas. 

Embora muitos defendessem que é uma nova metodologia, o que percebemos nada mais foi do que partiram da Teologia da Libertação com uma fundamentação bíblica diferenciada com determinadas princípios evangélicos. 

Determinado movimento não tem uma metodologia nova, mas, se mostra em construção ainda, e a práxis que tanto é pregada percebemos que não é em realidade praticada, ou seja, a prática está distante da teoria. A própria práxis que defendem os condenam, pois vivem tão somente na corrente ideológica, política e social, e na maioria das vezes partidária de esquerda. Fica notório que eles preferem criar organizações e, sempre optam por angariar recursos e distribuí-los em projetos que priorizem a dignidade humana, com princípios e valores cristãos.

Percebemos também que eles evitam associar em muitas vezes a ação social à proclamação do Evangelho, também à conversão de indivíduos, pois entendem que isso é uma teologia americana-européia, ou seja, retrógrada. Isto ocorre por que priorizam uma hermenêutica latino americana.

Ideologicamente há um problema para não dizermos vários problemas acerca do norte em que estão baseando-se, estes teóricos da TMI,favorecem o termo práxis do que o amor em obras, preferem usar utopia à esperança, alienação do que a palavra pecado. Logo, filosoficamente percebe-se que o novo homem na ideologia marxista difere totalmente do novo homem em Cristo. Neste sentido, há uma sério risco de sua emancipação ou autonomia em relação a Deus segundo esta linha teológica.

PRINCIPAIS EXPOENTES-PERCURSORES


A TMI tem como seus principais precursores, os peruanos Samuel Escobar e Pedro Arana, o porto-riquenho Orlando Costas e o equatoriano C. René Padilla. Em nosso país (Brasil) os principais representante são os pastores, Ariovaldo Ramos, Valdir Steurnagel, Carlos Pinheiro Queirós, Jorge Henrique Barro, René Kivitz e o falecido bispo Dom Robinson Cavalcanti.

Infelizmente ficou notório que a maioria destes precursores, entende revolução com conversão e renovação de mente e atos, sendo inclinados ideologicamente e de forma aberta para com a esquerda política. Torna-se injusto não ver o Evangelho social, bem anterior, ou seja, desde a igreja primitiva. Dentre as falhas mais gritantes, vemos que tem por objeto a separação entre o evangelho pessoal, do social, a ênfase no arrependimento e conversão ao lado do combate ao sistema vigente,luta de classes, seria assim?

Outro destaque que podemos dar, é que esta teologia da missão integral teve a adesão de evangélicos de variadas igrejas, com ampla uma maioria esmagadora de progressistas ideologicamente ligados e também politicamente com a esquerda. 

Neste sentido, torna-se urgente certa mudança acerca da concepção de missão integral, para a preservação do Evangelho, também abertamente denunciar aos progressistas que criticam a teologia da prosperidade com todos os seus erros, mas que se aproveitam do termo (TMI), sendo que esta prática é de competência da igreja evangélica atual e não pura e simplesmente de uma elite intelectual que ganha fama e também dinheiro, que a todo custo querem colocar a esquerda no poder e que não vive o que pregam, isto é, o discurso é amplo e bonito, a prática é curta e feia, pois não é vivida.

OPOSITORES A TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL


Dentre os teóricos-teólogos e os líderes de maneira geral que se posicionam contrariamente as ideologias da missão integral podemos destacar alguns como: Jonas Moreira Madureira, Filipe Costa Fontes, Augustus Nicodemus Lopes e Júlio Severo, ambos taxam criticas a teologia da missão integral enquanto seguidora de inúmeros princípios marxistas e de extrema esquerda. Seria como se a prioridade fosse os princípios humanos aos princípios divinos, táticas humanas do que orientações do sagrado.

Segundo Júlio Severo e também conforme leituras realizadas no seminário ISTEI, percebemos que para ele há uma arrogância destacada entre os teóricos da TMI, pois os que não aderirem a esta, seriam como alienados e pecadores traiçoeiros, totalmente contrários a visão do reino. Para este teórico isto seria uma fala falsa e acusatória, injusta e covarde, por outro lado, o discurso dos defensores da TMI não se diferencia em nada dos esquerdistas mundiais, em que pregam algo e vivem totalmente diferentes do discurso, pregam igualdade e comunhão, mas são burgueses abastados, que ostentam suas conquistas materiais. Segundo este teórico ao analisar uma entrevista com Kivitz e Ariovaldo Ramos ele diz:
"(...) O pastor fala em 'repartir o que você tem', quando, é bem sabido, que todos os líderes da Missão Integral são bons burgueses, pessoas da classe média, com uma vida bem confortável e, até onde se sabe, não repartiram seus apartamentos, carros, salários e outras benesses com os pobres. Isso apenas significa que a hipocrisia esquerdista também foi absorvida e está bem forte em seus discursos".

CONCLUSÃO


Diante de tudo que foi afirmado, exposto e debatido acima, minha posição acerca da Teologia da Missão Integral é bem simples e de fácil compreensão. Sabe-se que a missão da igreja é cuidar dos menos favorecidos e ajudar a todos os que precisam órfãos, viúvas, pobres, doentes, deficientes e todos aqueles e aquelas que necessitam de ajuda, psíquica, econômica e acima de tudo espiritual. 

E, a missão cristã vai além das paredes do templo institucional, pra bem da verdade, o discurso nas igrejas não passam de discurso de palanque e, que na prática nada é feito ou realizado como se fala. A teologia da missa integral surgiu com o intento de unir fé e prática, contudo, a sombra ideológica marxista deixou confundiu a muitos que seguiam estes propósitos do reino em meio a uma dialética filosófica daquele autor. 

O que fica percebido é que a missão que não é integral não é missão, devem-se pregar as boas novas do reino, deve-se fazer a obra social de fato, contudo, sem mergulhar ou se enveredar por ideologias filosóficas totalmente opostas a mensagem da cruz.

Neste sentido, concordo com a teologia da missão integral no que tange prática social da fé, porém , discordo nas prioridades que são dadas somente ao social, ao material e deixando por sobra o espiritual. Desta forma, não seria missão e sim apenas ação social, sem a mensagem de arrependimento e entrega ao Cristo. Devemos fazer missão levando a mensagem da cruz, do confronto, da mudança de vida, e fazer também as obras de assistências ao que precisam, não tornando esta assistência um vício recorrente, mas mostrando a saída e o sentido para da vida para solução de problemas.

A Missão Integral é de esquerda 


A Teologia da Missão Integral é um movimento de esquerda e para confirmar isso não é preciso muito esforço. Basta atentar para seus discursos, seu linguajar, sua práxis e as bandeiras que defendem.

É possível até discutir se as ideias da TMI são válidas. O que não se pode negar é o viés esquerdista de sua pregação. Fazer isto é dar prova de ignorância política plena ou de cinismo irremediável.

Muito se poderia evitar de debates sobre o tema se seus integrantes fossem mais honestos e assumissem, claramente, de que lado estão. No entanto, insistem em transmitir uma aparência de neutralidade que torna sua postura mais cínica do que realmente neutra.

Até porque há alguém são nesta terra que não perceba que homens como Ariovaldo Ramos, Ed René Kivitz, Ricardo Gondim, Levi Araújo e Valdir Steuermagel são esquerdistas até suas medulas?

O que mais me surpreende, porém, não é a visão política que os integrantes da Missão Integral possuem, mas a tentativa, quase desesperada, de esconder isso. Teriam eles vergonha de serem vistos como esquerdistas ou, simplesmente, sabem que a partir do momento que se declararem como tais perderão boa parte de seus seguidores, que são iludidos por sua linguagem atrativa e aparentemente conciliadora?

O que é preciso, aliás, para identificar um movimento de esquerda, senão que defendam ideias típicas da esquerda? E a Missão Integral, apesar de todo o verniz verborrágico, não economiza na promoção das bandeiras que a esquerda sempre promoveu.

Poderíamos fazer um teste e perguntar, para cada um de seus integrantes, se eles acreditam no livre mercado, se defendem o porte de armas, se acreditam nos valores da meritocracia, se acham que o Estado dever ser mínimo entre outras plataformas típicas de uma visão conservadora. Se algum deles assumir essas bandeiras, certamente a TMI poderia ser considerada politicamente ecumênica. No entanto, alguém acredita que fariam isso?

Repito: não estou, neste momento, fazendo juízo de valor quanto às ideias da Missão Integral. O que eu quero deixar claro é que, por mais que seus integrantes neguem, ela possui um claro viés esquerdista e seria muito mais honesto, da parte deles, deixar isso manifesto. Mas eles continuam fingindo que não são e fazem isso por meio de subterfúgios bem ardilosos. Por exemplo, integrantes da TMI se manifestando que o movimento não possui caráter marxista, apesar de dialogar com várias formas de pensamento (ou livre pensamento).

Isso dá, em um primeiro momento, a impressão que a Missão Integral não tem comprometimento com o esquerdismo, o que não é verdade. Quando eles dizem que não são marxistas, apenas estão dando a entender que não possuem uma visão esquerdista mais dogmática. Ser marxista é ser esquerdista, mas ser esquerdista não significa, necessariamente, ser marxista. Assim, por meio desse artifício, eles conseguem responder um questionamento insistente, sem entregar a verdadeira natureza do que pensam.

Por isso, aconselho a quem quiser identificar algum integrante da TMI, não faça isso chamando-o de marxista, mas de revolucionário. E isto ele não pode negar, senão mentindo descaradamente. Até porque, um de seus maiores teóricos, René Padilla, em seu livro "Missão Integral", afirma categoricamente que esse movimento possui, sim, caráter revolucionário.

Portanto, considerando que a mentalidade revolucionária se encontra do lado contrário da mentalidade conservadora e, obviamente, do lado esquerdo da política, não há como seus integrantes negarem que fazem parte de um movimento de esquerda.

Que fique claro, portanto, que antes de qualquer digressão sobre as ideias dos personagens da Missão Integral, é essencial identificá-los como pessoas com mentalidade, no mínimo, progressista. Isso facilita muito a compreensão de suas propostas e torna o debate em torno do que dizem muito mais definido.

Além do que, me parece mais justo ingressar nesse assunto com as posições já definidas. Isso porque, o jeito que fazem, permite que, como vimos, mesmo sendo esquerdistas evidentes, se esquivem das acusações mais comprometedoras, principalmente aquelas ligadas às mazelas promovidas pela esquerda histórica. Estando, porém, bem claras as posições, não há como fugir das implicações de serem esquerdistas.

O que eu não entendo é por que insistem em não se identificarem como tais. Se o que defendem é idêntico ao que os socialistas defendem, se que o rejeitam são as ideias que os esquerdistas rejeitam, o que falta para se verem, eles mesmos, como esquerdistas? Na verdade, eles sabem que são. Apenas não pega bem falar assim, tão explicitamente... muito menos ainda, de púlpito.

[Fonte: Recanto das Letras por Pedro André Almeida - Referências: ESCOBAR, Samuel. "Desafios da Igreja na América Latina: História, Estratégia e Teologia de Missões". Trad. Hans Udo Fuchs. Viçosa: Editora Ultimato, 1997. FTL-B e Temática Publicações, 1992. 209p. PADILLA, René. "A Evangelização e o Mundo: A Missão da Igreja no Mundo de Hoje". São Paulo e Belo Horizonte: ABU Editora e Visão Mundial, 1982. PADILLA, René. "Missão Integral: Ensaios sobre o Reino e a Igreja". São Paulo: STOTT, Jonh R. W. "A verdade do evangelho: Um Apelo a Unidade". Trad Marcell e Silêda S. Steuernagel. Curitiba – PR: Encontro; São Paulo: EBU editora, 2000. STOTT, Jonh R. W. "A verdade do evangelho: Um Apelo a Unidade". Trad Marcell e Silêda S. Steuernagel. Curitiba – PR: Encontro; São Paulo: EBU editora, 2000. https://www.youtube.com/watch?v=zSgABsP8qD4]

A Deus, o Pai, toda glória! 
E nem 1% religioso. 

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