A política na América do Sul é herdeira direta de acordos, negociações e tratados realizados na península ibérica nos últimos séculos. A colonização deixou aqui suas marcas. A mais forte delas foi a contrarreforma da Igreja Católica e seu braço mais temido, o Santo Ofício. Houve três tribunais da Inquisição na América. Um na cidade do México, outro em Cartagena e o terceiro em Lima, no Peru. O radicalismo católico expulsou os judeus do sul da Europa onde conviveram durante séculos em perfeita harmonia com seus amigos muçulmanos.
Sem muitas alternativas, os judeus, convertidos ou não, fugiram para a América. Trabalharam nas plantações de cana de açúcar no Caribe e em Pernambuco, onde criaram, aliás, a primeira sinagoga no novo mundo ao tempo da dominação holandesa. Depois, tiveram que fugir de novo e fundaram outra sinagoga, desta vez em Nova Amsterdam, que foi rebatizada quando os ingleses dominaram a ilha: Nova Iorque (New York). Tudo isso tem implicações diversas na história do Brasil.
Ao ponto dos fatos
Espanha e Portugal passaram por momentos difíceis no século passado. Franco, ditador feroz, teve o cuidado de manter seu país em situação de atraso permanente, distante dos progressos europeus. Salazar, em Portugal, também tratou de estacionar como uma espécie de sociedade do norte da África, longe das liberdades e vantagens sociais dos vizinhos no continente. Em pouco tempo, contudo, desde que os dois ditadores morreram, os dois países ibéricos tiveram nível de desenvolvimento incrível e finalmente entraram na Europa.
Nada disso aconteceu por obra do acaso. São dois protagonistas. Soares e Suárez. Em julho de 1976, o Rei Juan Carlos I encomendou a Adolfo Suárez a formação do segundo governo de seu reinado e, por consequência, a desmontagem das estruturas franquistas. Ele era desconhecido para a maioria do povo espanhol. Mas, aos 43 anos, soube aglutinar grupos democráticos de diversas tendências. Reuniu social-democratas, liberais, democratas, democrata-cristãos e até falangistas. Desmontou o regime anterior com apoio do Partido Socialista Espanhol e do Partido Comunista.
Mário Soares, em Portugal, fez a sua parte. A revolução dos cravos, movimento militar contrário à manutenção das colônias ultramarinas derrubou o governo de Lisboa, na época, chefiado pelo advogado Marcelo Caetano. Os comunistas pularam na frente. Dominaram as ex-colônias (estão no poder até hoje em Angola e Moçambique) e tomaram o governo em Lisboa. Chegaram a realizar uma reforma agrária do minúsculo país. Mário Soares, socialista, deu a volta em todos os problemas, até nas nacionalizações forçadas, fez as reformas necessárias e colocou o país na União Européia. Portugal descobriu a liberdade e o crescimento. A democracia se implantou e está lá até hoje.
Agora analisemos a história do PT no Brasil, cujos contornos são semelhantes aos dos países acima citados. Detalhe: aqui estou me valendo de dados, de fatos registrados e confirmados. Não se trata de uma manifestação antipetista, mas de minha imparcial contribuição com a democracia nesse pequeno espaço a mim reservado no imenso universo digital.
A era PT
A era do PT no comando do País começou em 27 de outubro de 2002, quando o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu presidente ao receber 52.7 milhões de votos (61,27%) na disputa de segundo turno contra o senador e ex-ministro José Serra (PSDB).
Política assistencialista, a mola propulsora do governo Lula
O ex-metalúrgico seguiu a linha de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso e abriu os olhos para a população de baixa renda. Logo no primeiro ano de mandato, Lula ampliou a política de distribuição de renda com a criação do Bolsa Família. O programa resultou na redução da pobreza ao mesmo tempo em que a classe média aumentava seu poder de compra em meio às políticas de incentivo ao consumo adotadas pelo petista.
Foi também durante o seu primeiro governo que Lula introduziu ao País a figura de Dilma Rousseff, que oito anos mais tarde se tornaria a primeira mulher presidente do Brasil. Dilma foi convidada pelo então presidente para assumir o Ministério de Minas e Energia.
Ao longo do governo Lula, Dilma também assumiu a presidência do Conselho de Administração da Petrobras — pivô de um dos maiores escândalos de desvio de dinheiro e pagamentos de propina do País e principal alvo da operação Lava Jato.
Era uma vez um Mensalão
O ex-presidente Lula viu seus trunfos e a possibilidade de reeleição ameaçados no ano de 2005, quando foi evidenciado o escândalo de compra de votos dentro do Congresso Nacional. O esquema foi revelado pelo ex-deputado Roberto Jefferson.
De acordo com Jefferson, que teve seu mandato cassado após a denúncia do esquema, os parlamentares da base governista e partidos políticos recebiam uma "mesada" originada de empréstimos bancários, que serviam de garantia para os contratos de publicidade que sua agência havia estabelecido com o governo.
O Mensalão bateu à porta de Lula quando Jefferson acusou o então ministro da Casa Civil e braço direito do ex-presidente, José Dirceu, de ser o mentor do esquema de corrupção. A acusação derrubou os índices de aprovação de Lula e fez com que desligasse Dirceu e outros dois ministros. Também investigado pela Lava Jato, José Dirceu está preso. Com a Casa Civil sem comandante, Lula nomeou Dilma para ser seu nome de confiança à frente da pasta.
Era Dilma
Logo em seu primeiro ano de mandato, Dilma precisou substituir sete de seus ministros, que se demitiram após terem seus nomes expostos em denúncias de corrupção, entre eles o então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Para segurar a inflação, no entanto, a presidente decidiu manter os preços administrados, tais como a gasolina e a energia elétrica. A medida, aliada ao desequilíbrio fiscal e à constante queda dos juros, viabilizou o caos econômico que viria pela frente.
Dragão à solta
A inflação voltava a dar as caras e fechou 2012 próxima dos 6%. Os juros passaram a subir e a piora econômica começava a pesar no bolso da população, que saiu às ruas em diversas cidades para protestar contra o aumento das tarifas de transporte público em diversas cidades do País.
Milhões de brasileiros foram às ruas se manifestar também contra os gastos para a organização da Copa do Mundo, o sucateamento e a péssima qualidade dos serviços públicos e a corrupção generalizada, entre outros temas. Assim como aconteceu com Lula, o primeiro mandato de Dilma foi manchado pelo esquema de corrupção da Petrobras deflagrado em março de 2014 pela operação Lava Jato, capitaneada pelo juiz federal Sérgio Moro.
A falta de educação da "pátria educadora"
Ao assumir o segundo mandato com o lema "pátria educadora", que jamais se concretizou, Dilma já observou que a diferença mínima obtida nas urnas traria dificuldades políticas a ela. Com a necessidade de reverter os erros econômicos cometidos em seu primeiro mandato, ela nomeou um nome de mercado para o cargo de ministro da Fazenda. Joaquim Levy não conseguiu acalmar os ânimos do mercado e realinhar e economia.
Nas ruas, os pronunciamentos de Dilma eram seguidos por "panelaços" e manifestantes voltaram às ruas. Levy não sobreviveu ao defender uma meta fiscal mais eficiente e deixou o cargo no mês de dezembro de 2015, 11 meses após sua nomeação. A economia não fechou bem o ano, com juros de 14,25%, inflação de 10,67% e desemprego crescente de 8,1%.
Ainda em dezembro, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aceitou um dos pedidos de impeachment e iniciou o processo que resultou na cassação de Dilma. Ela foi acusada de atrasar repasses da União a bancos públicos (as chamadas pedaladas fiscais) com a intenção de cobrir gastos dessas com programas sociais do governo. A acusação considera que essas operações desrespeitaram a Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe bancos públicos de emprestar recursos à União.
Conclusão
E o Titanic afundou...
Mensalões, dinheiro na cueca, roubalheira na Petrobras e dinheiro lavado no Brasil e no exterior fazem com que o malfeito seja encarado com naturalidade, quase como um dado inevitável da realidade. Torturas, assassinatos brutais, linchamentos e um perigoso sentimento de que é preciso fazer justiça com as próprias mãos diante da absoluta falência do Estado são consequência da degradação que começa no governo federal. Os exemplos vêm de cima e, nos últimos 12 anos, têm sido os piores possíveis.
O grupo de políticos que gravitou em torno do líder trabalhista Luis Inácio Lula da Silva prometia um futuro melhor para o país. Seria o modelo de crescimento econômico e social por intermédio da visão de esquerda. Algo assemelhado ao que ocorreu na península ibérica. Lá funcionou. Aqui as sucessivas ações dos petistas produziram recessão, endividamento, desemprego em larga escala e inflação além de qualquer previsão. Por último, numa página vergonhosa, os principais operadores do PT estão envolvidos em tenebrosas transações financeiras. O Partido ocupou-se prioritariamente de assaltar os cofres da Nação.
O último capítulo da administração Rousseff veio a demonstrar que os governos do PT não deixam legado relevante à população brasileira. O Brasil de hoje é pior do que era há dez anos. Os índices econômicos pioraram, as tabelas educacionais demonstram recuos sensíveis e importantes. E por todo o lugar para onde se olha encontra-se falências, portas fechadas, estados quebrados, recessão e desalento. Não sobrou nada para o brasileiro comemorar.
Para agravar o quadro, a população até hoje sofre com a incompetência da presidente da República, que não foi capaz de melhorar a qualidade dos serviços públicos, fez a economia andar para trás e deixou as empresas estatais em frangalhos. Além disso, o PT incentiva o desprezo pelo trabalho em seu maior programa social, cujo resultado é um contingente de 62 milhões de brasileiros que simplesmente não procuram emprego - até porque, se encontrarem, perdem o benefício do Bolsa Família. Só entre os jovens de 15 a 29 anos, 9,6 milhões não estudam nem trabalham, segundo o IBGE.
A falta de perspectivas da nação diz muito a respeito do desastre da experiência petista. Ela fez tão mal ao Brasil que há uma sensação de que o país passou a odiar a si mesmo, com a perda de princípios democráticos e o esgarçamento da solidariedade e do humanismo. Nas próximas eleições, além do comando do governo, também estará em disputa a retomada desses valores.
De contratos suspeitos com empresas de fachada à mais rasteira troca de favores, a sucessão de escândalos faz o cidadão se acostumar com a ilicitude.
Esse é o legado do governo trabalhista e de esquerda no Brasil. Na península ibérica não foi assim. Alguém não entendeu que os tempos haviam mudado, sobretudo depois da queda do muro de Berlim.
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[Fonte: Portal R7; BBC Brasil; Brasil 247]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
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