"Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas". (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de música.) - Habacuque 3:17-19 (ARC).
Esta é uma das mais célebres e conhecidas passagens da Bíblia. Já foi (e certamente ainda será) tema para inúmeros sermões, ministrações e canções. Aliás, poucos sabem, mas essa passagem é mesmo um cântico profético entoado pelo profeta Habacuque. No texto deste artigo vamos conhecer um pouco mais sobre essa passagem tão marcante e significativa das Escrituras.
O ministério profético de Habacuque
Habacuque é um profeta sem pátria e sem sobrenome, pouco se sabe sobre a história deste homem, ele foi contemporâneo ao profeta Naum, viveu por volta do ano 600 a.C. Provavelmente ele estaria envolvido com algum ministério do templo e talvez fosse até mesmo levita, entretanto, tudo isso são apenas especulações teológicas, uma vez que, como eu já disse, pouco se sabe sobre realmente quem foi esse homem. De certo o que se sabe dele já é mais que o suficiente: foi um autêntico profeta do Senhor. Precisa mais?
O que de mais concreto se sabe, e isso de acordo com análise histórica e cronológica do período em que ele exerceu seu ministério profético, é que Habacuque testemunhou a transição do domínio Assírio, dos caldeus para o domínio persa babilônico. A Assíria é descrita no texto do profeta como a insaciável e aquela que devora os povos. Aquela que confia na sua própria força e na sua rede como um deus.
Foram tempos de muita opressão, violência e injustiça. No início do livro o profeta se mostra ansioso clamando por um socorro que não vem. A impressão que o profeta tem é que Deus se esqueceu de fazer justiça ao oprimido e ao seu povo. Mas quando o profeta se prontifica a buscar ao Senhor, ainda que pareça demorada a resposta vem.
Contexto profético do livro de Habacuque
O livro do profeta Habacuque é um convite à esperança, a crer na ação de Deus ainda que ela pareça demorada. Nós podemos confiar que a palavra de Deus virá como livramento mesmo que pareça que nós pereceremos diante das aflições e amarguras da vida.
Confiar na resposta do Senhor além do que você vê, esse é um dos grandes desafios de fé para os crentes e, infelizmente, não são poucos os que têm sido reprovados.
O simbolismo profético da figueira
Além da oliveira, da videira e do espinheiro, a figueira é uma ilustração de Israel, do judaísmo. Essas quatro "árvores" são mencionadas em uma passagem de Juízes (9:8-15). Além delas, também a romã é uma representação do povo judeu. Certamente a passagem bíblica que exprime com maior precisão que a figueira é uma ilustração de Israel está em Oséias 9:10, onde Deus, o Senhor, diz:
"Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como as primícias da figueira nova..."
É o que também se vê claramente em Jeremias 24:3-7:
"Então, me perguntou o Senhor: 'Que vês tu, Jeremias?' Respondi: 'Figos; os figos muito bons e os muito ruins, que, de ruins que são, não se podem comer.' A mim me veio a palavra do Senhor, dizendo: 'Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Do modo por que vejo estes bons figos, assim favorecerei os exilados de Judá, que eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus.
Porei sobre eles favoravelmente os olhos e os farei voltar para esta terra; edificá-los-ei e não os destruirei, plantá-los-ei e não os arrancarei. Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o Senhor; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração'."
Além disso, a figueira contém um sentido profético muito profundo, o que se vê claramente nas palavras proféticas de Jesus quando fala da Sua vinda:
"Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas" (Mateus 24:32,33).
A lição da mensagem profética de Habacuque
Entendendo todos os aspectos proféticos da mensagem - texto e contexto -, a primeira coisa que eu aprendo com este texto de Habacuque é que Deus não age naquilo que os nossos olhos vêem ou nas circunstâncias que a vida nos diz como elas devem ser, mas Ele age até mesmo nas impossibilidades.
Habacuque não conseguia mais ver a flor da figueira, os frutos da videira, nem o óleo produzido pela oliveira (um símbolo de unção; ou seja, nem mesmo unção havia para que o profeta pudesse crer na possibilidade do agir de Deus). As ovelhas haviam sido roubadas e o gado exterminado (um símbolo dos ataques de satanás contra o crente), mas ele cria no que o coração dizia existir ou que viria a existir no Senhor. Ele cria na esperança de viver por fé e não por visão (Romanos 15:13; Hebreus 11:1).
Mesmo que tudo ao seu redor seja dor, morte e destruição, encontre o lugar do louvor e da adoração a Deus pela certeza de que sua promessa de paz se cumprirá. Habacuque adorou em plena aridez do deserto espiritual.
A alegria jubilante do louvor é a nossa confiança naquilo que Ele, o Senhor fez, faz e fará em nossas vidas independente das circunstâncias que nos cercam. É por fé e não pelas situações da vida que nos alegramos no Senhor. É a certeza de sua presença poderosa e vitoriosa que enche o coração de celebração. No Novo Testamento, o livro Atos dos Apóstolos relata a experiência de Paulo e Silas quando estavam presos.
Eles haviam recebidos muitos açoites e haviam sido encarcerados porque estavam pregando o Evangelho, mas a esperança da Eterna Glória estava em seus corações. Eles estavam dispostos a morrer naquela prisão se preciso fosse, mas a gratidão que eles ofertaram a Deus em forma de cânticos provocou o poder libertador de Deus a favor deles. As cadeias da morte e da desesperança foram quebradas pelo poder da adoração confiante. Esta é a alegria que não se baseia no que os olhos vêem, mas no que o coração crê para justiça de Deus em nós (Atos 16).
No versículo 16 do capítulo 3 do livro de Habacuque lemos:
"Ouvi-o, e o meu íntimo se comoveu, à sua voz, tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e os joelhos me vacilaram, pois, em silêncio, devo esperar o dia da angústia, que virá contra o povo que nos acomete...".
O profeta sente os joelhos se enfraquecerem diante do medo da morte, ele sente como se os ossos estivessem apodrecendo de medo. Mas no versículo 19 ele se posiciona:
"...O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente",
ele se volta para Quem o faz forte. É esta confiança na força de Deus e não na nossa que mudará as perspectivas de nossas vidas.
Conclusão
É o modo como olhamos para a vida que nos fará perceber a alegria da salvação. O Senhor Jesus disse que
"se nossos olhos forem bons nossa própria vida será iluminada" (Mt 6:22,23).
Existem pessoas que perderam a capacidade de crer, que já não conseguem perceber o poder do Senhor de transformar o medo em confiança, a destruição em possibilidade de reconstrução. Mas o Deus que responde mesmo em meio à dor e à perda nos convida a confiar novamente no seu braço forte.
Qual é a figueira da sua vida que não dá mais flores? Analise a mensagem de Habacuque sobre a ótica de Deus. Se tanto ela quanto a videira e todos os demais elementos proféticos citados no cântico do profeta estava nessa aos olhos de Deus, era, portanto, para o próprio Deus ter desistido de ver alguma solução para a nação de Israel, no entanto, não foi o que Ele fez. Antes, enviou o socorro, enviou Jesus para o resgate do seu povo. Essa é a fé de Deus. Essa é a fé que Deus quer que tenhamos. Qual é o fruto que foi arrebatado da sua videira existencial?
É tempo de redescobrir a fé que nos capacita a ver o mundo pelo avesso, na perspectiva de Deus.
Essa passagem da Palavra, que está no livro de Habacuque, nos traz o segredo da alegria, mesmo nos dias de lutas e dificuldades. Afinal, dias de escassez, seja ela material, espiritual ou emocional, são comuns na vida de qualquer cristão.
O que o profeta quer ensinar é que, mesmo nos dias em que tudo dá errado, e nada daquilo que esperávamos acontecer, acontece, mesmo nessa situação pode haver motivo de alegria e esperança. Talvez, hoje pareça um dia assim. Você ainda não encontrou o melhor emprego? As dívidas continuam se acumulando? O aluguel venceu? O marido saiu de casa?...
Então hoje pode estar sendo um dia difícil para você. Mas a oração do profeta Habacuque demonstra que ele enfrentava um grande problema. Só que a fé, a esperança e a certeza daquele homem são um grande exemplo para todos nós.
Ainda que tudo parecesse perdido, e ainda que faltasse o mantimento mais básico, ele tinha a certeza de que Deus não o havia abandonado. Dizia:
"Aconteça o que acontecer, eu me alegrarei no Deus da minha Salvação, que ainda me fará andar sobre os lugares altos."
Mesmo que a sua figueira demore um pouco a florescer, alegre-se em Deus, o Deus da sua salvação, porque a alegria do Senhor é a tua força, ou melhor, é a nossa força (Neemias 8:10). Creia nisso!
[Fonte: Tenda da Rocha; Quando Deus Age]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
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