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sexta-feira, 20 de julho de 2018

ESPECIAL - AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE - 4) TIATIRA


Nas páginas iniciais de Apocalipse, nosso Senhor se apresenta como o santo guerreiro celestial (1:12-20) que prepara o seu povo para conquistar os seus inimigos (2:7, 22, 17, 26; 3:5, 12, 21) ao exortá-los a ouvirem o que o Espírito tem a dizer nas cartas que ele escreve a sete igrejas.

Notavelmente, embora ele escreva cada carta a uma igreja particular, Cristo insiste que cada uma delas seja ouvida por todos (2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22), tornando cada uma delas, efetivamente, uma "carta aberta" para todos os crentes lerem. O que, então, Cristo deseja que aprendamos de sua carta à igreja de Tiatira? Para ouvir essa lição, nós precisamos examinar alguns aspectos chave da carta que Cristo escreveu aos cristãos de lá. 

Contextos geográfico, histórico, social, econômico, cultural e espiritual de Tiatira 


O nome Tiatira significa sacrifício contínuo, ou perpétuo - era uma igreja relaxada e libertina. 

Esta pequena cidade era famosa naqueles dias pelas suas associações de classe, ou sindicatos, e os seus tecidos de lã tingidos de púrpura, uma tinta caríssima obtida de moluscos (Atos 16:14). A cidade de Tiatira estava situada no caminho entre Pérgamo e Sardes. Atualmente, chama-se Akhisar (significa "castelo branco"), na Turquia. Lídia, a primeira pessoa convertida por Paulo na Europa, era de Tiatira (Atos 16:14), mas não temos mais nenhuma informação sobre esta igreja. O que sabemos da igreja vem das referências no Apocalipse.

Embora segundo padrões mundanos Tiatira fosse a menos conhecida das sete cidades do Apocalipse, ela se destacava pelo grande número de corporações de ofício (relacionadas especialmente a tecidos e armaduras) que nela prosperavam. A influência desses sindicatos na vida civil era considerável.

Rigorosamente todo mês, eles patrocinavam refeições comuns para os seus membros, banquetes que envolviam adoração ao imperador romano com divindades padroeiras locais e, frequentemente, imoralidade sexual. Não se acomodar a essas práticas pagãs colocava alguém em significativo risco econômico, particularmente se esse alguém desejasse progredir nos negócios e na sociedade. 

O Senhor Jesus, que apareceu a João nesta visão como semelhante a filho de homem (Ap 1:13), identifica-se nesta mensagem como o Filho de Deus, trazendo julgamento em sua natureza divina: uma chama de fogo (seus olhos) para julgar, e pés semelhantes ao bronze polido para pisar (Daniel 10:6, Hebreus 10:26-31, Ap 19:11-15). 

Conhecendo a igreja, Ele elogia seu amor, fé, serviço, perseverança e crescente atividade. No entanto, Ele a repreende severamente por permitir que uma mulher, Jezabel, que se dizia profetisa, não somente ensinasse, mas também seduzisse seus servos a praticarem a imoralidade (1 Coríntios 5:1-5) e a idolatria (a mesma doutrina de Balaão condenada na igreja de Pérgamo).

Ela os estava incentivando a confraternizar com o mundo ao seu redor e tomar parte em suas práticas imorais e a sua religião. Foi-lhe dado tempo para arrepender-se, mas como não quis, ela será punida severamente com todos os que foram seduzidos por ela, e seus filhos serão mortos (1 Coríntios 11:30, 1 João 5:16). Desta forma todas as igrejas conhecerão que Cristo é Aquele que sonda mente e corações (chama de fogo), e que Ele dará a cada um conforme as suas obras (bronze polido). 

Os demais membros da igreja de Tiatira que não se deixaram contaminar por essa doutrina, e não conheceram as coisas profundas de satanás (o que chamaríamos hoje mistérios religiosos), são desonerados de responsabilidade pelo ocorrido, mas devem preservar aquilo que eles têm (a sã doutrina dos apóstolos) até a vinda do Senhor. 

A igreja de Tiatira é típica da situação geral das igrejas desde o ano 606 a 1500 A.D.. No ano 606 o papa Bonifácio III foi coroado "bispo universal", dando início à Idade Média.

A advertência de Cristo à Igreja em Tiatiara

O perigo que vinha de dentro 


Acima de tudo, a mensagem de Cristo aos cristãos de Tiatira é uma advertência de que eles estão em grave perigo espiritual. Mas como pode ser isso? Essa igreja, diferentemente da de Éfeso, não perdeu o seu primeiro amor (Ap 2:4,5), ao contrário, cresceu em amor e fé, com serviço e perseverança (2:19). Certamente, eles estão seguros. 

Todavia, junto a essas virtudes habita um vício. Em outras palavras, o risco não está vindo de fora da igreja: assim como ocorria em Laodicéia, a perseguição da Roma imperial não representava nenhuma ameaça ao bem-estar de Tiatira. Em vez disso, o perigo vem de dentro. A igreja está tolerando a presença de uma falsa profetiza e seus discípulos (2:20). Com efeito, a influência dessa árvore má e seus frutos maus (Mateus 7:15-20) está comprometendo o professo noivado de Tiatira com Cristo (ver 2 Coríntios 11:2,3). Nós entendemos melhor a ameaça posta por esses lobos ao analisarmos o pano de fundo de Tiatira.

Uma coisa seria, em Tiatira, os cristãos envolvidos no comércio (como Lídia) serem convidados para essas festas por colegas de fora da igreja; outra coisa era um líder na igreja aprovar que cristãos aceitassem tais convites. Imagine estas palavras tentadoras: 
"Vocês conhecem as 'coisas profundas' (Ap 2:24) que estão em jogo aqui. Vocês sabem que 'o ídolo nada é' (1 Coríntios 8:4); vocês sabem que 'todas as coisas são lícitas' a vocês (Ap 6:12). Então, vão ao banquete; comam, bebam e se divirtam! Vocês precisam ganhar a vida, não é?". 
Não é de surpreender que o Senhor da Igreja tenha chamado a falsa profetiza de Tiatira pelo depreciador apelido de "Jezabel". Em Israel, aquela rainha gentia do maligno rei Acabe havia perseguido os profetas de Deus e promovido a típica adoração sexualmente desenfreada a Baal (1 Reis 16:31-33; 18:4; 21:25; 2 Reis 9:22). Os paralelos entre Israel e Tiatira são óbvios.

O "Espírito de Jezabel" 


A idolatria e imoralidade de Tiatira, contudo, expõe ainda mais acerca da falsa profetiza e seus discípulos. Se a Jezabel de Tiatira não for o modelo para o retrato da Cafetina Babilônia feito por João em Apocalipse 17, ela é ao menos uma encarnação local de tudo o que aquela prostituta representava. Como uma filha imitando sua mãe, as seduções de Jezabel ecoam as rejeições da Babilônia ao único e verdadeiro Deus e à sua justiça, rejeições encarnadas nos sistemas sociais da presente era maligna. 

O problema principal da igreja em Tiatira foi uma atitude tolerante em relação a essa falsa profetisa. É possível que a mulher realmente chamava-se Jezabel, mas é mais provável que Jesus tenha escolhido este nome por representar toda a maldade da mulher do rei Acabe no 9º século a.C. Ela teve uma influência terrível em Israel, conduzindo o povo à idolatria. A Jezabel de Tiatira agiu de maneira semelhante, seduzindo os cristãos às práticas de idolatria e prostituição (ou imoralidade sexual literal, ou impureza espiritual). Ela incentivou os servos de Deus a comerem coisas sacrificadas a ídolos, uma prática condenada que representa comunhão com os demônios (veja At 15:20,29; 1 Co 10:20-22).

Como a Babilônia, Jezabel faz com que seus filhos-seguidores tornem-se cúmplices das prostituições deste mundo, no corpo e na alma. E no coração dessas prostituições está o engodo da estabilidade econômica. Seguir Jezabel, então, é partilhar da identidade da Babilônia terrena; renunciá-la é partilhar da identidade da Jerusalém celestial.

Uma questão de escolha


Mas Cristo nos dá ainda mais discernimento acerca da escolha posta diante de Tiatira e diante de nós. Com uma sabedoria superior à de Salomão, Ele quer que as igrejas examinem seu destino pela sua semelhança com a sua mãe espiritual. Aqueles que Jesus identifica como a profetiza impenitente e seus filhos serão punidos com sofrimento e morte nesta era (2:22,23); aqueles que Ele identifica como o seu povo arrependido e firme (vv. 24,25) serão recompensados com uma participação na autoridade real de subjugar seus inimigos no final desta era (vv. 26-28). A lição para Tiatira e para nós é clara: 
  • partilhar da identidade de uma mãe é partilhar do seu destino. 
Satanás estava presente e ativo na Ásia quando Jesus enviou estas cartas às igrejas. Ele tinha sinagogas em Esmirna (2:9) e Filadélfia (3:9), e um trono em Pérgamo (2:13). Em Tiatira, ele tinha uma profetisa que incentivava as pessoas a conhecerem as "coisas profundas de satanás". Para servir a Deus num ambiente cheio da influência do diabo, o discípulo de Cristo teria que lutar e confiar em Deus, confiante da recompensa para os vencedores. 

"Ao Anjo da Igreja em Tiatira..." (2:18-29

A igreja em Tiatira (18): 


A cidade de Tiatira era conhecida pela produção de púrpura, uma tinta usada em tecidos (veja Atos 16:14), além de roupas, artigos de cerâmica, bronze, etc. Havia em Tiatira grupos organizados de artesãos e profissionais, semelhantes às associações profissionais de hoje, mas com elementos religiosos de influência pagã. 

Como as outras cidades da época, Tiatira teve seus templos e santuários religiosos, incluindo templos aos falsos deuses Apolo, Tirimânios e Artemis (uma deusa chamada Diana pelos romanos – veja At 19:34) e um santuário a sibila (orácula) Sambate. A importância de figuras femininas na cultura religiosa de Tiatira pode ter facilitado o trabalho de Jezabel, a mulher que seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a prostituição. 

"O Filho de Deus..." (18): 


Esta expressão aparece somente aqui no Apocalipse. É comum no Novo Testamento, especial-mente nos livros de João, como descrição de Jesus Cristo. Os servos fiéis são descritos, também, como filhos de Deus (veja 21:7; João 1:12; 1 Jo 3:1,2,10; 5:2; etc.) Aqui, a expressão obviamente se refere a Cristo. 

"Olhos como chama de fogo..." (18): 


Jesus tem olhos poderosos e penetrantes (veja Ap 1:14; Dn 10:6). 

"Pés semelhantes ao bronze polido..." (18): 


Ele tem força para castigar e até esmagar os seus inimigos (veja Ap 1:15; Daniel 10:6). 

Jesus conhecia e elogiava as qualidades boas da igreja em Tiatira (19): 


Obras/serviço/últimas obras mais numerosas do que as primeiras – A igreja em Tiatira era uma congregação ativa. Ao invés de esfriar, ela se tornou cada vez mais ativa no serviço a Deus. A fé que agrada a Deus é a fé ativa que se mostra pelas suas obras (Tiago 2:14-17). Os servos de Deus devem ser 
"sempre abundantes na obra do Senhor" (1 Coríntios 15:58), 
pois Deus nos criou para boas obras (Efésios 2:10).

Amor – O princípio fundamental na vida do cristão (Mt 22:37-40). Faltava amor em Éfeso (Ap 2:4), mas Jesus viu esta qualidade boa em Tiatira. 

– Junto com as suas obras, os discípulos em Tiatira mostraram a sua fé. As pessoas podem ser identificadas conforme a sua fé. Há crentes e há incrédulos, e não pode existir comunhão entre os dois (2 Coríntios 6:14,15). 

Perseverança – O bom solo produz fruto com perseverança (Lucas 8:15), uma qualidade freqüentemente incluída nas características que definem os servos de Deus (Colossenses 1:11; 2 Timóteo 3:10; 2 Pedro 1:6). A tribulação produz perseverança (Romanos 5:3,4; Tg 1:3,4,12). 

Jesus viu, também, problemas na igreja em Tiatira. Ele fez uma crítica severa: 

"Tenho, porém, contra ti..." (20): 


Como vimos, o problema da igreja foi a sua tolerância da falsa profetisa Jezabel. O povo de Deus deve repreender e rejeitar falsos mestres (Ef 5:11; Rm 16:17,18; Gálatas 1:6-9; Tito 3:10,11). A igreja em Tiatira, possivelmente enfatizando o amor ao ponto de esquecer da pureza de doutrina, tolerava esta falsa mestra. Devemos sempre lembrar que a sabedoria de Deus é mais importante do que a paz com homens (Tg 3:17; Mt 10:34-38). 

"Dei-lhe tempo para que se arrependesse..." (21): 


Jesus é longânimo e paciente (Rm 2:4). Ele deu tempo suficiente para Jezabel se arrepender, mas ela não quis. 

"Eis que a prostro de cama..." (22): 


Esta não é a cama da prostituição (ela já se deitava naquela cama de livre vontade), mas a cama de doença e sofrimento. Jesus forçaria esta mulher e seus cúmplices a se deitarem na cama de tribulação (veja Mt 8:14; 9:2). 

"Matarei os seus filhos..." (23): 


Pode ser que ele se refere literalmente aos filhos da profetisa, mas a palavra "filho", freqüentemente, se refere às pessoas que seguem o ensinamento ou o exemplo de alguém. Assim, os descendentes de Abraão são aqueles que praticam as mesmas obras (Jo 8:39) e os filhos do diabo são aqueles que imitam as obras dele (8:44). Da mesma maneira, é provável que os filhos de Jezabel sejam aqueles que seguem os ensinamentos e praticam as obras dela. Se não se arrependerem, Jesus mataria os malfeitores. 

"Todas as igrejas conhecerão..." (23): 


O castigo divino tem vários propósitos. Um destes, obviamente, é o castigo dos culpados. Neste caso, Jesus prometeu matar as pessoas que praticaram a idolatria e a prostituição, caso não se arrependessem. Mas há um segundo motivo atrás deste castigo. A morte de alguns serviria de alerta para outros. 

As igrejas entenderiam que Jesus realmente sabe de tudo que acontece, e que ele julga retamente segundo as obras de cada um. Observamos a importância da disciplina divina para deter o pecado dos outros. Veja alguns exemplos: Acã (Josué 7; 22:20); Ananias e Safira (At 5:11); A correção pública de pecadores (1 Tm 5:20). Nós devemos aprender as lições dos pecados do passado, e considerar as consequências da desobediência.

Conclusão 


Na última parte desta carta, Jesus oferece encorajamento aos cristãos em Tiatira. 

  • O encorajamento aos demais de Tiatira (24):

Ele já falou sobre os filhos de Jezabel. Agora ele encoraja os outros, os discípulos fiéis que não aceitam a doutrina dela e não participam do conhecimento das "coisas profundas de satanás". Algumas pessoas não buscavam as "profundezas de Deus" (1 Co 2:10) pois queriam conhecer as profundezas do diabo. Pode ser uma referência à busca de conhecimento profundo (mas não da revelação da palavra de Deus) típica dos gnósticos. 

  • "Outra carga não jogarei..." (24,25):

Manter a pureza no meio da influência negativa em Tiatira e sob pressão de falsos ensinamentos como o de Jezabel já seria difícil. Jesus não exigiria mais do que isso. Ele não permite que seus servos sejam tentados além de suas forças (1 Co 10:13). 

  • "Ao vencedor..." (26):

O vencedor é aquele que guarda as obras de Cristo até ao fim. Novamente, ele destaca a necessidade da perseverança, mesmo quando enfrentamos tribulações. 

Autoridade sobre as nações (26,27): Os cristãos perseguidos foram vítimas da maldade dos homens poderosos deste mundo, até do poder do governo. Mas os vencedores dominariam sobre as nações com o poder do Ungido de Deus (compare a linguagem deste texto com Salmo 2:8,9). Jesus daria aos fiéis o privilégio de participarem deste vitorioso reino messiânico (veja Ap 5:9,10; Rm 5:17; Ef 2:6). 

  • "A estrela da manhã..." (28):

Jesus é a estrela da manhã (Ap 22:16; veja 2 Pedro 1:19). Qual maior recompensa para o vencedor do que chegar ao eterno dia iluminado para sempre pela luz de Jesus? 

Quem tem ouvidos, ouça (29): Como nas outras cartas, Jesus encerra esta com um apelo aos ouvintes. Prestem atenção! 

Jesus vê tudo e faz uma distinção absoluta entre os servos de Satanás e os servos fiéis do Senhor. Para os que insistem em servir ao diabo, ele promete tribulação e morte. Para os discípulos dele, ele promete o dia de sua presença e o privilégio de reinar com ele sobre os inimigos. 
  • Temos nós ouvidos para ouvir a mensagem de Cristo a Tiatira? 
  • Acaso o engodo da estabilidade econômica levou nossas igrejas a tolerarem o falso ensino?
Nossos antepassados protestantes viram sua igreja tornar-se uma prostituta sujeita ao julgamento de Cristo. Então, eles renunciaram a Jezabel; eles aceitaram perder "famílias, bens, prazer" e vir "a morte enfim chegar"¹ e assim seguiu a Reforma. 

Que nós também nos arrependamos de nosso desejo promíscuo por estabilidade econômica neste mundo babilônio; que ponhamos um fim em nosso adultério com mestres que nos seduzem para longe da santa segurança da Jerusalém de cima e do mundo por vir.

[Fonte: Estudos da Bíblia, por Dennis Allan; Ministério Fiel, por R. Fowler White (artigo original traduzido por Vinícius Silva Pimentel); ¹Trecho do hino Castelo Forte, da autoria de Martinho Lutero] 

A Deus toda glória.

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E nem 1% religioso.

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