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segunda-feira, 9 de abril de 2018

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA: DO APOGEU AO CAOS, A TRAJETÓRIA DE UM MITO


A confirmação em segunda instância da condenação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro representa o mais duro golpe na trajetória de uma das figuras mais polarizadoras da história do Brasil.


Nascimento, infância e juventude


Amado e odiado com a mesma paixão, Lula nasceu em 27 de outubro de 1945, na cidade de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, mas, aos sete anos, se mudaria com a família para o litoral de São Paulo, onde vivia seu pai.

Aos 12, o adolescente Luiz Inácio conseguiu seu primeiro emprego, em uma tinturaria. Após o golpe militar, Lula começou a trabalhar em uma das principais metalúrgicas do país, onde entrou para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, como suplente.

Em 1975 foi eleito presidente do sindicato, representando cerca de 100 mil trabalhadores. Ele seria reeleito três anos mais tarde. Em 1980, Lula foi um dos líderes da greve geral no ABC paulista e acabou preso pela ditadura e processado com base na Lei de Segurança Nacional.

Militância política 

Nasce o PT


No mesmo ano, o sindicalista foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), que só seria reconhecido dois anos mais tarde, quando Lula ficou em terceiro lugar nas eleições para o governo de São Paulo, perdendo para Franco Montoro. Ele também participou, em 1984, da campanha das Diretas Já e, em 1986, foi eleito pela primeira vez e se tornou o deputado federal mais votado do país.

Lula também foi um dos deputados constituintes e, assim como o restante do PT, votou contra a atual Constituição Federal. Em 1989, se candidatou à Presidência pela primeira vez, mas perdeu no segundo turno para Fernando Collor (53% a 47%). Lula ainda perderia duas corridas ao Planalto, ambas para Fernando Henrique Cardoso (54% a 27% e 53% a 32%), antes de ser eleito presidente, em 2002, ao derrotar José Serra por 61% a 39%.


"Lula... lá!"


No comando do país, Lula liderou um período de forte crescimento econômico e de redução da pobreza, capitaneada pelo programa Bolsa Família, de 2003, mas também marcado por escândalos de corrupção, principalmente o mensalão, que derrubou toda a cúpula do PT.

No entanto, Lula conseguiu resistir às denúncias contra seu partido e, em 2006, foi reeleito com 61% dos votos, ao superar Geraldo Alckmin. Na ocasião, recebeu 58,3 milhões de votos, o maior apoio absoluto já recebido por um candidato à Presidência na história do país.

Outras marcas do governo Lula foram o impulso ao pré-sal, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Prouni, que o ajudaram a atingir quase 90% de popularidade. No âmbito internacional, o então presidente voltou as atenções do Brasil para países periféricos, principalmente na África, e se aproximou do Irã. Em 2010, conseguiu eleger Dilma Rousseff como sua sucessora.

Já fora do Planalto, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe e foi submetido a um tratamento de quatro meses. Após a reeleição de Dilma, a Justiça Federal fecharia o cerco contra o ex-presidente, que hoje é réu em sete processos, incluindo o "caso triplex".

Seu objetivo [ainda] é concorrer à Presidência em 2018 e voltar ao Planalto, o que suspenderia os processos contra ele até sua saída do poder.

Descendo degraus


A vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi marcada de reviravoltas imprevisíveis, a última neste sábado, quando se entregou à Polícia Federal para começar a cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção.

Confira as principais datas que marcaram sua vida:

27 outubro de 1945 — Nasce em uma família de agricultores pobres em Caetés, interior de Pernambuco. Assim como outros retirantes, sua família saiu dali quando ele tem sete anos, rumo a São Paulo, para fugir da fome.

1975 — Torna-se presidente do sindicato dos metalúrgicos, representando colegas da profissão que exerce desde os 14 anos.

1978-80 — Lidera as grandes greves na região industrial paulista, em plena ditadura (1964-1985). É preso durante 31 dias.

1980 — Cofundador do Partido dos Trabalhadores (PT). Participa, em 1983, da criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

1º janeiro de 2003 — Torna-se o primeiro presidente brasileiro de origem operária. É reeleito em 2006. Graças a seus programas sociais, 29 milhões de brasileiros saem da miséria, apesar de o país permanecer muito desigual. 
  • Em sua gestão como presidente do Brasil, foi considerado como um dos homens mais influentes do mundo pelo também então presidente dos EUA, Barack Obama.
2005 — Decapita a direção do PT depois dos escândalos de corrupção do "Mensalão".

2016 Março: No dia 4, o juiz federal de primeira instância Sérgio Moro, de Curitiba, determina levar Lula a prestar depoimento em condução coercitiva, no âmbito das investigações da "Operação 'Lava Jato'" sobre um esquema de corrupção montado na Petrobras. 

Residências de pessoas vinculadas a Lula são revistadas. No dia 17, o juiz federal do Distrito Federal Itagiba Catta Preta Neto suspende a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff, ainda na Presidência, sob o pretexto de que sua entrada no governo só visava a assegurar-lhe o foro privilegiado, protegendo-o da Justiça comum.

Julho: Lula vira réu pela primeira vez na operação Lava Jato, acusado de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. A ação é baseada em depoimento do ex-petista Delcídio do Amaral, que foi preso no exercício do mandato de senador. 

Setembro: Ele vira réu pela segunda vez, no caso do tríplex do Guarujá. 

Outubro: Vira réu pela terceira vez, acusado de favorecer a Odebrecht em contratos em Angola. Antes de o ano acabar, Lula ainda viraria réu pela quarta e quinta vezes, acusado de tráfico de influência na Operação Zelotes e de receber propina da Odebrecht para a construção do Instituto Lula na Lava Jato.

2017Janeiro: A esposa de Lula, Marisa Letícia, morreu de um AVC, após ficar internada no Hospital Sírio Libanês. O ex-presidente Fernando Henrique prestou uma visita ao ex-presidente Lula no hospital.


12 de julho: o juiz Moro condena Lula a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter se beneficiado de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, oferecido pela empreiteira OAS, investigada na "Lava Jato", em troca de mediação para obter contratos na Petrobras.

Maio: Foi aberto o quinto processo contra Lula na Lava Jato, dessa vez por lavagem de dinheiro na reforma de um sítio em Atibaia. 

Neste ano, Lula foi absolvido da primeira acusação na Lava Jato, a de que teria tentado comprar o silêncio de Cerveró. Por outro lado, depois de dois depoimentos, o juiz Sérgio Moro determinou a condenação do ex-presidente no caso do triplex, pedindo pena de 9 anos e meio de prisão. Como a decisão foi tomada em primeira instância, passou à responsabilidade dos desembargadores do TRF-4.

2018 — No dia 24 de janeiro, o TRF-4 confirmou a sentença de Sérigo Moro e ampliou a pena de 9 anos e meio para 12 anos e um mês de prisão. A decisão foi unânime. Como a condenação foi em segunda instância, Lula corria o risco de ser preso. A defesa do ex-presidente entrou, então, com um pedido de habeas corpus preventivo no STJ, que foi rejeitado por unanimidade no início de março.

Os advogados de Lula entraram com outro habeas corpus no STF, questionando a constitucionalidade do entendimento que permite a execução da pena após condenação em segunda instância.

Os ministros do Supremo começaram o julgamento do caso no último dia 22 de março. A maioria votou por aceitar um pedido liminar feito pela defesa para impedir a prisão imediata de Lula até que a corte voltasse a analisar o caso. 

Em 26 de março, o TRF4 negou o último recurso apresentado pela defesa do ex-presidente.

Em 4 de abril, o STF voltou a julgar o habeas corpus em uma longa sensação que se estendeu pela madrugada. Na primeira hora do dia 5 de abril, o resultado: por 6 votos a 5, o STF rejeitou o habeas corpus e aproximou Lula da prisão. 7 de abril, dois dias depois de Moro ordenar sua prisão, Lula se entrega à Polícia Federal.

Menos de 20 horas depois, o juiz Sérgio Moro emitiu a ordem de prisão contra Lula. Na noite de sábado, 8, depois de horas de vigília com militantes, o ex-presidente se apresentou à Polícia Federal.

Conclusão


Os últimos dias mostraram a extensão do antipetismo que, em níveis extremos, espalha ódio e subtrai ao país qualquer possibilidade de pacificação política no médio prazo. A "síndrome do antipetismo" manifestou-se de forma exuberante ao longo das 46 horas que precederam a apresentação de Lula à Polícia Federal, saindo a pé de um sindicato cercado por manifestantes que tentaram impedir sua prisão, contrariando sua própria decisão. 

Fogos, distribuição de bebida gratuita em cabaré de luxo e finalmente os rojões atirados contra o avião no desembarque em Curitiba, por manifestantes que não foram incomodados, enquanto os apoiadores de Lula eram atacados pelas PM. O antipetismo não começou com o mensalão, o petrolão ou o tríplex do Guarujá. Surgiu antes de tudo isso, no primeiro governo Lula, e brotou numa classe média que se entende vítima, e não beneficiária, da redução da pobreza, e que reagiu fortemente às medidas de inclusão - às quais chamam de "política assistencialista" -, como o Bolsa-Família.

Enfim, a prisão de Lula, na noite do último sábado, é, sem sombra de dúvidas um marco na história recente da política nacional mas não resolve em absoluto a verdadeira causa dos infortúnios social, financeiro e moral pelo qual passa o Brasil: a corrupção, que, como uma bola de pingue-pongue, gravita livremente entre as raquetes de Direita e Esquerda nos quadrantes verde, amarelo, azul-anil.

[Fonte: JBExame, Com informações do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas. Colaboração de Valéria Bretas]

A Deus toda glória. 
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