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domingo, 29 de abril de 2018

ESPECIAL - A MÚSICA NO ANTIGO TESTAMENTO

Alusões a adoração a Deus com cânticos acham-se por todo o Antigo Testamento, mais frequentemente no Livro de Salmos. Uma variedade de outros contextos também aborda o assunto.

Quando analisamos a música usada pelos que adoravam a Deus debaixo da Lei e até antes, e como Deus via a adoração deles, podemos aumentar nossa percepção do que Deus quer dos cristãos hoje.

O PENTATEUCO


São escassas as menções de cânticos ou música no Pentateuco. Jubal, da linhagem de Caim, foi o pai de todos que tocavam harpa e flauta (Gênesis 4:21). Labão repreendeu Jacó por ter ido embora ocultamente, em vez de receber uma despedida com alegria e cânticos, e com tamboril e harpa (31:27). Após atravessarem o mar Vermelho com sucesso, Moisés e Israel cantaram um cântico ao Senhor (Êxodo 15:1–18).

A passagem descreve a manifestação como "cântico ao Senhor" (15:1). Miriã então pegou um tamboril e conduziu as mulheres, que também tinham tamboris, a cantar e dançar (15:20,21). No deserto, Israel cantou o que é chamado de "o Cântico do Poço" (Números 21:17, 18). Outro cântico é mencionado em Deuteronômio 31:19–22 e depois descrito como um cântico entoado por Moisés (32).

Não se menciona aqui acompanhamento instrumental. Quando o Senhor estava dando instruções para a adoração no tabernáculo, Ele instruiu Moisés a fazer duas trombetas de prata (10:1,2), que deveriam ser usadas como sinal, aviso. Quando ambas fossem sopradas, toda a congregação deveria se reunir na entrada da tenda do encontro. Os filhos de Arão, os sacerdotes, deveriam tocar as trombetas (10:8) e numa hora específica (Levítico 23:24; Números 10:10).

O ano de jubileu começava com a vibração de um chifre de carneiro (rDpwøv, shofar; Levítico 25:9,10). Nenhum outro instrumento é mencionado em conexão com a adoração no tabernáculo. Deus deu as regras para a música usada. Tanto no vale da Mesopotâmia como no vale do Nilo, a música é mais antiga do que Israel. Embora Israel fosse advertido a não se tornar como seus antepassados (18:3; Deuteronômio 12:30), celebrações com cânticos e danças faziam parte da cultura israelita.

OS LIVROS HISTÓRICOS


São abundantes as alusões a cânticos nos livros históricos do Antigo Testamento. Após a vitória de Sísera, Débora e Baraque compuseram o cântico de vitória em Juízes 5. Quando Jefté retornou da batalha, sua filha saiu ao seu encontro com tamborins e danças (11:34). O rei Saul, após ser ungido por Samuel, encontrou um grupo de profetas descendo do monte com saltérios, tambores, flautas e harpas (1 Samuel 10:5,10).

Depois da vitória de Davi sobre Golias, as mulheres que foram ao encontro de Saul estavam cantando e dançando com tamborins. Elas cantavam umas para as outras: 
"Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares" (18:6,7).
O próprio Davi era conhecido como um músico ou musicista. Ele foi escolhido para tocar (NÅgÎn, nagan) a harpa perante Saul para acalmar a mente do rei, quando um espírito maligno vinha sobre ele (16:14–23; 18:10; 19:9). Davi compôs uma lamentação a Saul e Jônatas e determinou que fosse ensinado a Israel o Hino ao Arco (2 Samuel 1:17,18). Ele também fez um cântico em louvor ao Senhor por livrá-lo de seus inimigos (22:2–51). 

Mais tarde, Davi e toda a casa de Israel transportaram a arca da casa de Abinadabe. Eles se alegraram perante o Senhor com todo o seu empenho, com cânticos, harpas, alaúdes, tamborins, címbalos e trombetas (6:5; 1 Crônicas 13:7,8). Davi tirou a arca da casa de Obede-Edom ao som de trombetas, saltitando e dançando diante do Senhor (2 Samuel 6:14,15). Antes de Salomão construir o templo, Davi colocou homens que ministravam cânticos diante do tabernáculo (1 Crônicas 6:31,32).

Os cânticos de Salomão somam 1.005. Na volta do exílio babilônico, quando os israelitas consagraram o templo e os muros reconstruídos, houve cânticos de louvor e agradecimento entoados pelos levitas (Esdras 3:10; Neemias 12:45,46). O escritor de 1 e 2 Crônicas mostrou muito mais interesse pela programação musical de Davi do que o escritor de 1 e 2 Reis.

As instruções de Moisés para o serviço do tabernáculo — exceto pelo aviso das trombetas — não falavam de adoração através da música; ao passo que o cronista creditou a Davi e aos chefes do serviço a nomeação dos filhos de Asafe e de Hemã para profetizarem com harpas, alaúdes e címbalos (1 Crônicas 25:1–8). Os filhos de Jedutum também profetizavam com harpas, alaúdes e címbalos em ações de graças e louvores ao Senhor (25:3).

Tanto homens como mulheres participavam da música com címbalos, alaúdes e harpas no serviço da casa de Deus (25:6). Eram músicos talentosos e treinados. Esses músicos do templo eram divididos por sorteio em vinte e quatro grupos para realizarem suas tarefas. Cantando em grupo, esses cantores formavam uma espécie de coral. Tudo isso é narrado como tendo acontecido antes do templo ser construído. Nada se diz nessa conjuntura sobre Davi ter autoridade divina para tais deliberações. Somos informados disso mais adiante, em 2 Crônicas 29:25, onde lemos que
"este mandado veio do Senhor, por intermédio de seus profetas".
Adam Clarke, em seu tão usado comentário do século XVIII, afirmou em relação a 2 Crônicas 29:25 que as versões siríaca e árabe diferem do texto hebraico. Escreveu ele:
"Foi pela mão ou ordem do Senhor e seus profetas que os levitas deveriam louvar ao Senhor... foi por ordem de Davi que tantos instrumentos de música deveriam ser introduzidos no serviço divino."
Clarke acrescentou, então, uma pergunta. Ainda que o uso de instrumentos tenha sido prescrito pela Lei, 
"isso poderia servir de prova [ou exemplo]... de que eles devem ser usados na adoração cristã?"
O caso exposto por Clarke foi reafirmado por David Lipscomb e por Guy N. Woods, sem alusão às versões; mas nada no contexto de 1 ou 2 Crônicas sugere que os profetas mencionados ali eram falsos profetas. No Novo Testamento, Davi é reconhecido como um profeta que falou pelo Espírito ao escrever seus salmos (Atos 2:30).

Paulo citou Davi (Romanos 4:6). As versões hebraica, grega e latina do Antigo Testamento reivindicam, todas igualmente, autoridade divina para Davi. Quando Salomão concluiu o templo, os cantores do templo se colocaram a leste do altar, enquanto a arca era trazida para dentro do templo. Também havia 120 sacerdotes com trombetas. Os cantores tinham címbalos, harpas e liras (ou alaúdes). O grupo cantou em uníssono em louvor e ações de graças ao Senhor. O texto afirma que eles levantaram a voz cantando em louvor ao Senhor com trombetas e címbalos e outros instrumentos musicais porque 
"o Senhor... é bom... a sua misericórdia dura para sempre" (2 Crônicas 5:12,13).
Não se pode supor que o Senhor estava descontente,pois 
"a glória do Senhor encheu a Casa de Deus" (5:13,14).
O escritor não dedicou mais espaço à música até chegar ao relato das reformas do rei Ezequias. Ezequias posicionou os levitas na casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas (29:25). Essa atividade teria sido no pátio do templo; somente os sacerdotes entravam no prédio propriamente dito. Os levitas seguravam os instrumentos de Davi e os sacerdotes, as trombetas.

O cântico ao Senhor começava quando o sacrifício era oferecido (29:27). Toda a congregação adorava, levitas selecionados cantavam louvores com alegria e o povo se prostrava e adorava. O escritor de 1 e 2 Crônicas não dedicou espaço para a música em sua narrativa das reformas de Josias. Todavia, quando Josias morreu, Jeremias compôs e proferiu uma lamentação sobre ele. Somos informados de que todos os cantores e cantoras se referiam a Josias em seus lamentos
"até ao dia de hoje" (2 Crônicas 35:25).

OS PROFETAS


Isaías tem um total de vinte e três alusões ao canto: quinze delas ao canto humano e sete ao canto figurado da terra, dos montes, do céu etc. Os exemplos de canto humano envolvem, em sua maioria, o canto como expressão de alegria, sem menção de acompanhamento. Apenas uma alusão menciona explicitamente acompanhamento instrumental. Em uma delas, Isaías mencionou "a canção da meretriz", que retrata uma prostituta pegando sua harpa e cantando. O profeta descrevia a infidelidade de Tiro a Deus (Isaías 23:15, 18).

A segunda menção de canto fala de uma pessoa que sai ao som da flauta para ir ao monte do Senhor (30:29). Somente uma alusão é explícita quanto a estar na casa do Senhor: o rei Ezequias disse: 
"O Senhor veio salvar-me; pelo que, tangendo os instrumentos de cordas, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida, na Casa do Senhor" (Isaías 38:20). 
"A Casa do Senhor" pode ser o templo, ou pode ser uma referência à Palestina. Em contraste com esta abundância, Jeremias só fez três alusões ao canto (Jeremias 31:7,12; 51:48). Uma era um "grito de alegria" levantado pelos 
"céus, e [pela] terra, e [por] tudo quanto neles há"(Jeremias 51:48). 
A profecia de Ezequiel ameaçava fazer cessar as cantigas e o som das harpas em Tiro (26:13). Uma lamentação levantou-se sobre essa cidade (27:2). Ezequiel foi visto por seus contemporâneos como quem cantava canções de amor com bela voz e tocava bem um instrumento (33:32). O templo na visão de Ezequiel tinha cantores (40:44).

Amós falou de os israelitas cantarem para si mesmos ao som da harpa (lRb‰n, nebel; Amós 6:5). Os instrumentos do Antigo Testamento também são chamados de "instrumentos de música" (ryIv_yElVk, keli-shir). Oseias só fez uma menção de música: Israel, embora levada outra vez ao deserto, cantaria como nos dias de sua mocidade (2:15). 

Amós pronunciou ais sobre os que "andavam à vontade", incluindo os que improvisavam canções ao som da lira (6:1–7). Ele declarou que no dia do Senhor, os cânticos do templo se tornariam uivos (8:3). Profetizou que os cânticos se transformariam em lamentações (8:10) e mandou que afastassem o barulho dos cânticos do Senhor. Ele disse que o Senhor não ouviria a melodia das liras feitas por pessoas injustas e incorretas (5:23).

Habacuque retratou as profundezas do mar emitindo vozes (3:10). Sofonias descreveu criaturas selvagens cantando (ou retinindo) nas ruínas de Nínive (Sofonias 2:14). Ele invocou que a filha de Sião cantasse, como num dia de festa, rejubilasse, regozijasse e exultasse porque o Senhor se deleitaria em Israel (3:14,17).

A MÚSICA EM SALMOS


Também ocorrem alusões esparsas nos Livros de Poesia do Antigo Testamento. Jó alegou que ele fizera o coração da viúva rejubilar-se (Jó 29:13). Provérbios fala da tolice de se cantar para um coração pesado (Provérbios 25:20) e que o justo canta e se regozija (29:6). A vida farta do escritor de Eclesiastes incluía a provisão de cantores e cantoras (Eclesiastes 2:8). Os subtítulos de Salmos revelam como os salmos eram usados, mas não foram escritos pelos seus escritores.

Eles diferem nas versões da Bíblia em hebraico, grego e latim. Afirmar que o termo selá indica um interlúdio musical enquanto os instrumentos são tocados é apenas uma hipótese para explicar o termo cujo significado é desconhecido. Embora se presuma amplamente que todos os salmos falam de adoração coletiva, muitos dos salmos não indicam se estão falando de adoração particular ou pública. Nem mesmo o uso da segunda pessoa hortativa do plural não indica necessariamente adoração coletiva. Na adoração feita no templo, os sacerdotes e levitas eram os músicos e os cantores. O público reunido não cantava.

Dos 150 salmos, sessenta e nove, quando se referem ao canto e ao júbilo, não fazem menção de instrumento. Os verbos psallein e humnein são usados nesses casos. A boca como instrumento de louvor é mencionada em nove casos. Também se mencionam lábios e língua (Salmos 71:23,24; 119:13,171,172). As "nações" são convocadas a cantar (67:4), como também os "reinos da terra" (68:32). Toda a terra é descrita figuradamente a cantar (66:4). Dezesseis salmos mencionam explicitamente o uso de um instrumento.

Nenhum parece questionar se o canto com acompanhamento dos levitas fazia parte da adoração debaixo da Lei. Os judeus faziam procissões com a presença de músicos (68:24,25). Sacerdotes soavam as trombetas e os levitas cantavam. Trombetas (150:3), saltérios (33:2) e harpas (137:2) são os instrumentos mencionados. Salmo 150 alista uma orquestra completa. A comunidade de Qumrã, e talvez outras, preservavam e liam os salmos e também poesias compostas por eles mesmos. Um dos tratados de Qumrã é conhecido como Os Salmos de Ações de Graças.

A palavra hebraica ryIv (shir, "cantar") ocorre setenta e sete vezes em cinquenta e oito salmos, mas só quatro dessas ocorrências também especificam um instrumento (33:3; 71:22; 144:9; 147:7). Três ou quatro ocorrências são paralelas ao verbo rAmÎz (zamar, "cantar"; 27:6; 57:7; 108:1 e possivelmente 87:7). Alguns salmos são declarações pessoais, em que o salmista estava louvando a Deus em particular. Não é isso que se discute há tantos anos. A questão centenária diz respeito ao que se pratica na assembleia da igreja, e não ao que é feito em momentos devocionais privados.

Aqueles que tentam justificar o que querem fazer recorrendo aos Salmos (seja em busca de liberdade, seja para se justificarem) devem contemplar o outro lado da questão. Quantas coisas estão incluídas nas admoestações dos salmos que não são apresentadas como exemplos para a adoração da igreja do Senhor?

A dança: 
"Louvai-o com adufes e danças" (149:3a; 150:4; veja 30:11).
  • O uso de incenso (141:2);
  • Maldições a inimigos (109:7; 137:9). Jesus ensinou que devemos orar pelos que nos tratam com desdém;
  • Bater palmas (47:1);
  • Tocar trombetas (81:3);
  • Sacrifícios de animais (51:19);
  • Mãos erguidas (28:2);
  • A lavagem de mãos (26:6);
  • Adoração diante do templo (5:7).

Conclusão 


Embora algumas pessoas participem de algumas dessas atividades, nem os adoradores da corrente instrumental nem os da corrente a capela costumam praticá-las. Por quê? Esses elementos são excluídos da adoração porque não estão autorizados pelo Novo Testamento. Todos reconhecem, então, que a menção de algo nos Salmos não constitui autorização do Novo Testamento — mesmo se os salmos são citados no Novo Testamento, e mesmo se citamos os salmos com frequência para edificação. Será que a liberdade cristã significa que somos livres para escolher o que queremos obedecer e ignorar o resto? Não, isso só criaria divisão.

Nos Salmos, é impressionante a grande ênfase dada ao conceito de que o ato de cantar é direcionado ao Senhor. O louvor pode ser ao nome do Senhor (9:2; 18:49; 61:8; 66:4; 69:30), por Sua misericórdia (89:1), por Sua força (21:13) ou ao Rochedo da nossa salvação (95:1). Um "salmo" pode ser descrito como um hino de louvor ao nosso Deus (40:3). Essa ênfase em louvar ao Senhor é igualmente vista nos salmos em que se menciona o ato de cantar e um instrumento.

[Fonte: Bible Courses]

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.


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