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quinta-feira, 19 de abril de 2018

FILMES QUE EU VI - 40: "DRÁCULA, DE BRAN STOKER"

Muitos filmes já foram feitos sobre o personagem, que caiu em desgraça por causa da horrível (sob todos os aspectos) "Saga Crepúsculo". De muito tempo para cá, o personagem original, baseado no livro escrito por Bram Stoker, foi caindo cada vez mais em desuso, mas a tal Saga Crepúsculo conseguiu jogá-lo na lata do lixo. Se eu fosse ele, me vingava.

O autor e sua obra



Abraham "Bram" Stoker
Stoker baseou a história em um personagem real: Conde Vlad, também conhecido como empalador. Era um general do exército que empalava os seus inimigos em uma lança e os deixava escorregar lentamente de uma ponta à outra. 

Fato que aparece em uma cena maravilhosa logo nos primeiros momentos do filme. Quando também descobrimos que sua amada morreu e ele renuncia a igreja se transformando em um vampiro. Sua ideia é abraçar a imortalidade e esperar a reencarnação de sua amada.

Abraham Stoker nasceu em Dublin/Irlanda no dia 08 de novembro de 1847 e faleceu após uma série de derrames cerebrais em Londres no ano de 1912, segundo alguns biógrafos sua morte se deu em razão de uma uma sífilis terciária. Seu corpo foi cremado e suas cinzas encontram-se numa urna no Crematório de Golders Green em Londres.

O livro "Drácula" foi o seu grande romance e escrito em 1897, até hoje é considerado o maior livro sobre vampiros de toda a literatura, antes de escrever essa grande história o autor passou passou alguns anos pesquisando histórias mitológicas dos vampiros e do folclore europeu, mas o autor não é como muitos imaginam o criador da lenda deste ser das trevas.

Estruturalmente a obra é um romance epistolar, contado através de cartas, diários e registro de bordo e já foi identificado por diversos gêneros literários, como literatura de vampiros, romance, ficção, terror, romance gótico entre outros.

Romancista, poeta e contista, Bram Stoker sempre estudou em Dublin e aos 16 anos escreveu seu primeiro ensaio, em 1875 terminou seu mestrado e depois começou a escrever críticas de teatro sem remuneração alguma para o jornal Dublin Eventing Mail.

Em 1878 Stoker casou-se com Florence Balcombe, cujo ex-pretendente foi Oscar Wilde e no dia 31 de Dezembro de 1879 nasceu seu único filho – Irving Noel Thornley Stoker.

Quando mudou-se para Londres com a mulher começou a trabalhar na companhia teatral Irving Lyceum, assumindo várias funções e permanecendo nela por 27 anos e neste período começou a escrever romances e fez parte da equipe literária do jornal londrino Daily Telegraph, onde escreveu obras de ficção e outros gêneros.


Vampiro sim, mas com história



O filme começa por volta do século XV e tem como pano de fundo a história do líder romeno Vlad Tepes mais conhecido como Drácula, durante uma batalha em que ele defende a igreja cristã na Romênia contra o ataque dos turcos, sua noiva Elisabetha ao ser enganada sobre a morte de seu amado atira-se da torre do castelo em direção ao rio vindo a falecer.

Vlad retorna da guerra e encontra o corpo de sua amada sem vida e segundo a tradição da época condenada ao inferno por ter cometido suicídio, ele acaba amaldiçoando a igreja e ao beber sangue torna-se um vampiro.

Séculos se passam e ele revê sua amada numa fotografia só que agora na figura de Wilhelmina Murray (Mina) que vive em Londres. Até que o momento chega, e a reencarnação é a noiva de Jonathan Hacker (Keanu Reeves), Mina (Wynona Ryder). Hacker é enviado para Transilvânia para cuidar da aquisição de algumas propriedades que Drácula (Gary Oldman) está fazendo em Londres. 

Hacker acaba prisioneiro enquanto Drácula vai tentar conquistar (ou reconquistar?) sua amada. Para se alimentar e permanecer jovem, ele ataca Lucy (Sadie Frost), a melhor amiga de Mina. O médico dela chama um professor Van Helsing (Anthony Hopkins) para ajudar no caso, formando um grupo disposto a perseguir e matar Drácula.

A direção

Francis Ford Copolla
Francis Ford Coppola é um mestre na direção, mas não consegue acertar inteiramente a mão. 
Ele é capaz de construir cenas maravilhosas. E muitas cenas maravilhosas. Além disso, o filme se vale de trucagens de câmera ao invés de efeitos digitalizados. Cinema ao modo antigo no melhor estilo Coppola. O visual todo também é perfeito para o tipo de filme, mas ainda assim ele falha ao criar o filme definitivo sobre Drácula.

Isso porque ele está mais preocupado em criar um espetáculo visual do que contar uma história. Copolla se perde em inúmeros subplots e narrações totalmente desnecessárias para a história principal. O desenvolvimento perde a coerência e fica cada mais mais difícil de acompanhar o que está acontecendo. O que é o único, porém um grande, problema do filme.


Castelo do Conde Drácula
Confesso que uma das minhas grandes decepções no filme é em relação à imagem do castelo do Drácula, sempre imaginei a mansão assustadora dele muito mais clássica do que aparece. Talvez minha decepção se dê ao fato por já ter visto imagens do Castelo conhecido como "Bran", localizado próximo da cidade que leva este nome e situado na Transilvânia e Valáquia (região dos Cárpatos), um fato interessante é que há algum tempo, notícias da internet diziam que o castelo estava a venda por cerca de USD 100 milhões, algo em torno de 230 milhões de reais e com certeza não faltaram candidatos a adquirir um imóvel tão histórico assim.

O filme também mostra alguns interessantes fatores históricos da época, como os casamentos arranjados conforme a posição social, a apresentação em Londres do cinematógrafo dos irmãos Lumier, as lojas de boticário onde se faziam os remédios, o tratamento dado aos loucos e o fato das moças noivas falecidas serem enterradas com seu vestido de noiva.

Contudo - ou apesar de tudo -, o filme tem seus grandes méritos graças a direção de Coppola. Começa com as lutas sangrentas no século XV, Vlad Tepes ou Conde Drácula, protege seu país da invasão dos Turcos, a edição do filme e trabalho com cores é incrível, durante esta batalha no começo da história os tons predominantes na cor são quentes, com o uso de muito vermelho representando o sangue derramado.


O elenco



Até porque o elenco está quase todo impecável. O único que destoa um pouquinho é Reeves, que não acompanha a veracidade e ferocidade que Hopkins, Ryder e Oldman dão aos seus personagens. Aliás, não acho Reeves um grande ator - o considero meio canastrão até -, então ele no papel do noivo Jonathan Harker não me acrescenta muito, mas quando é dominado pelas noivas de Drácula (Michaela Bercu, Florina Kendrick e a estonteante Monica Bellucci), ninfas diabólicas que sugam seu sangue a cena é pra lá de sensual. 


Mas nada que chegue a atrapalhar alguma coisa. Não da pra acreditar na segunda fase da história que os atores que interpretam Drácula são o mesmo, a maquiagem e figurino deste personagem passado séculos é assustadora e incrível, assim como a iluminação de seu castelo sempre escura possibilitando um jogo fantástico de sua sombra. Em se tratando do elenco, apesar de nomes bem conhecidos do cinema todos cobrem bem o seu papel sem maiores destaques, Oldman tem um diferencial grande ao mostrar o Drácula muito velho e depois jovem novamente.

Mas o grande destaque na minha opinião vai para a melhor amiga de Mina (Winona Ryder), Lucy Westenra interpretada pela atriz Saide Frost tem as melhores cenas do filme na minha opinião, como por exemplo a sequência em que Drácula morde seu pescoço, durante uma tempestade na chegada dele a Londres a sensual Lucy anda sonâmbula e com uma esvoaçante camisola vermelha pelos jardins, lá ela hipnotizada encontra ele em forma de lobo.

Esta é aquela típica cena que não saí de sua cabeça, muito bem montada e com uma direção de arte impecável, assim como o cadáver fantasmagórico no caixão de vidro e a cena da cripta onde os caçadores de vampiros sob o comando do famoso Van Helsing (Hopkins) esperam para capturar a serva do demônio, ainda mais quando se tem uma criança nos braços desta figura demoníaca que realmente se assusta ao acordar e perceber que esta no colo de um monstro.

Tivesse trabalhado mais na história do filme, Coppola poderia ter levado mais um Oscar para casa. Acabou se perdendo cada vez mais depois desse filme.

Conclusão



O vampiro é um personagem que parece nunca sair de moda e esse fascínio por esse ser das trevas vem atravessando séculos, o ator Bela Lugosi na história do cinema se tornou mundialmente consagrado interpretado este papel.

Anne Rice se consagrou com a série de livros sobre o vampiro Lestat e vendeu milhões de cópias, tendo suas obras adaptadas para o cinema, entre elas "Entrevista com o Vampiro" e "Rainha dos condenados", apesar da autora ter comentado que achou decepcionante a adaptação de suas obras para o cinema. Também devo fazer menção honrosa ao vampiro sedutor interpretado por Christopher Lee e a também memorável interpretação de Peter Cushing.

Vampiros adolescentes


A saga "Crepúsculo", maior sucesso de bilheteria recente do cinema faz uma releitura do vampiro nos dias atuais, este ser pode viver entre os mortais durante o dia e não necessariamente para sobreviver precisa sugar sangue humano.

No canal fechado a consagrada série de TV "Vampire Diaries" também usa nova releitura para o mito do vampiro, ele pode inclusive se apaixonar e o sucesso deste personagem é tão grande que ao mesmo tempo o canal Universal exibe a série "Drácula" com Jonathan Rhys Meyers no papel principal, tudo evolui com o tempo e a lenda do vampiro também sofreu alterações nos últimos anos.

Eu li o clássico "Drácula" de Bram Stoker há muitos anos e segundo relatos o autor estudou muitos mitos e lendas europeias antes de escrever o livro, a lenda do vampiro já existia e não se sabe quem foi o seu criador, o que serviu de inspiração ao autor foi a história do príncipe Vlad Tepes, apelidado de "O empalador" e governador da Valáquia na Romênia. 

Quando o livro foi publicado por volta de 1897, não foi bem recebido pelos leitores, mas interessante é saber que o escritor descreve a cultura e costumes da Romênia sem nunca ter visitado a Europa Oriental que serviu de palco desta famosa obra. Uma das mudanças no roteiro em se tratando o livro é que o Drácula desta história se transforma em várias figuras, como lobos, ratos, morcegos e até névoa, isto acaba atrapalhando muito a captura do monstro, mas a sequência em que os caçadores de vampiros correm contra o por do sol para aprisioná-lo é de um jogo de câmeras e edição fantásticas.

O filme vale muito a pena ser visto, pontos altos são os figurinos, cenário, a trilha sonora muito bem encaixada com a cena, direção de arte e fotografia, maquiagem e edição, além de frases marcantes, apesar que no meu caso como assisti o longa algumas vezes decorei algumas, como: 
"Eu viajei oceanos de tempos pra te encontrar" 
dita pelo próprio Drácula a Mina Murray.


Ficha Técnica




  • Direção: Francis Ford Coppola 
  • Roteirista: James V. Hart 
  • Trilha sonora: Wojciech Kilar 
  • Elenco / Personagem: Gary Oldman / Dracula, Winona Ryder / Mina Murray e Elisabeta, Keanu Reeves / Jonathan Harker, Anthony Hopkins / Professor Abraham Van Helsing, Richard E. Grant / Dr. Jack Seward, Cary Elwes / Lord Arthur Holmwood, Billy Campbell / Quincey P. Morris, Sadie Frost / Lucy Westenra, Tom Waits / R.M. Reinfield, Monica Bellucci / Noiva De Drácula I, Michaela Bercu / Noiva De Drácula II, Florina Kendrick / Noiva De Drácula III.

Curiosidades

  • O roteiro do filme foi apresentado inicialmente a Winona Ryder, a intenção era produzir um filme para a TV americana, que seria dirigido por Michael Apted.
  • A atriz mostrou o script para Francis Ford Coppola, ao ler a história ele interessou pelo projeto e assumiu a direção do filme e lançá-lo no cinema.
  • Michael Apted assumiu então a produção executiva do filme.
  • A semelhança de cabelo entre Winona Ryder e a atriz Sadie Frost era grande, por isso a atriz que interpretou Lucy optou por pintar seu cabelo de vermelho.
  • Mina seduz o caçador de vampiros Van Helsing numa das cenas e apesar da cena ter sido gravada foi cortada na edição final.
  • O sangue de muitas das cenas na verdade é geleia vermelha.
  • Cesare o padre que conta ao príncipe Drácula sobre a morte de sua noiva, também é interpretado por Anthony Hopkins.
  • O grito dado por Vlad quando ele enfia sua espada na cruz não é do ator Gary Oldman, ele foi dublado por Lux Interior, vocalista da banda punk The Cramps.

Prêmios

  • Oscar - Ganhou: Melhor figurino, Melhores efeitos sonoros e Melhor maquiagem.
  • Indicado: Direção de arte.


A Deus toda glória. 

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