Amados, quando o aclamado Friedrich Nietzsche foi ao mercado público e de lanterna interpelava os transeuntes os questionando
"onde está Deus?",
ele horrorizou, principalmente, o mundo ocidental. Mais do que isso, o filósofo alemão ainda afirmava:
"Deus está morto, nós o matamos".
Nesse momento, a meu ver, o que Nietzsche (de quem sou um admirador confesso) quis dizer é que desde a Idade Média Deus era consultado para tudo, na modernidade, com a separação da ciência da religiosidade, aquela, a ciência, passou a exercer um certo poder sobre as pessoas.
Diante do exposto, a meu ver, a nova ordem estabelecida tira de Deus decisões corriqueiras para colocar nos ombros de nós, simples mortais, a decisão. Não tem jeito, agora temos que usar nosso livre arbítrio e isso, para muitas pessoas, é incômodo, pois tem que se mexer, se movimentar, em resumo, tem que trabalhar.
Gosto de exemplos, vamos a eles:
"Se Deus quiser vou pagar minhas contas",
mas a pessoa gasta mais do que ganha.
"Se Deus quiser chegaremos ilesos após essa viagem",
mas dirigindo à noite, com chuva a uma velocidade de 120 km/h o pior pode acontecer.
"Se Deus quiser vou arrumar um emprego bom",
mas a pessoa não estuda, não se prepara e sequer distribui currículo, sair em busca de um emprego? Nem pensar.
"Se Deus quiser eu vou 'fechar' essa prova,"
mas o infeliz não sai da frente das redes sociais e tem pavor de sequer abri um livro. Resumindo, confie em Deus, mas tranque seu carro. Assim como esses, temos mais exemplos.
O Deus "torcedor"
Como faço sempre questão de deixar bem claro, não sou um torcedor. Nunca fui. Aliás, nem gosto de futebol. Nunca gostei. Mas penso que torcer é muito mais que acompanhar os resultados e informações de um clube pela mídia. Em geral, quem torce se envolve, xinga (inclusive muitos palavrões), sofre, expõe-se, deixa-se dominar pela emoção... Alguns (geralmente os cruzeirenses e atleticanos, falando regionalmente, já que sou mineiro) querem ser até sepultados no caixão do seu time de coração!
Quando um desses grandes times de coração perde, o torcedor sofre muito. Mas, quando ele vence, fica eufórico. Em ambos os casos, na tristeza ou na alegria, se deixa dominar completamente. A paixão pelo seu time do coração o possuí de tal modo, a ponto de ocupar seu intelecto, seu sentimento e sua vontade.
Abrindo parênteses
Antes de continuar, quero deixar bem claro que, embora eu não torça e não goste de futebol, não serei dogmático, pois quero que o leitor pense, reflita sobre a sua liberdade. A própria Bíblia assevera que somos livres, mas não devemos usar dessa liberdade para dar ocasião à carne (Gálatas 5:13). Precisamos ter cuidado com os extremos. Muitos dizem que não são legalistas, porém são piores do que os ímpios em sua maneira de viver. Outros, dizendo-se santos, agem com uma implacabilidade incompatível com o amor cristão pregado pelo Senhor Jesus.
Para início de conversa, se nos é lícito o divertimento — e é claro que é —, podemos, em férias ou em momentos de lazer, jogar futebol ou brincar de qualquer outro esporte com a família e os amigos. Podemos, ainda, eventualmente, assistir a uma programação esportiva na TV. E assim por diante. Mas tenho outras ponderações a fazer.
Continuando...
Na década de 1990, lembro-me como se fosse hoje. Em um desses jogos do campeonato brasileiro em que o Flamengo, do Silas, jogaria com o Corinthians, do Marcelinho Carioca; dois "atletas de Cristo"(?), jogando pelos times de maior torcida do Brasil.
"Deus vai me ajudar e nós vamos ganhar esse jogo",
disse Marcelinho, ao que foi confrontado por Silas que adiantou que tinha orado muito para Deus e que sentia que este o ajudaria a sair vitorioso.
E esse imbróglio pode ser visto também nos times mineiros citados: temos no Cruzeiro, a figura do goleiro Fábio, entre outros atletas evangélicos (e já teve até um pastor em seu elenco, lateral direito Ceará) e no Atlético temos o atacante Fred e outros sete atletas que, inclusive frequentam a mesma igreja no Bairro Clara, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Todos, antes dos jogos, oram e entregam a partida "nas mãos de Deus" (não seria mais lógico nos pés?). Daí, me vem a pergunta que não quer calar:
Afinal de contas, para quem Deus torce?
Em 1 Coríntios 6:12, está escrito que existem coisas lícitas — isto é, não pecaminosas, em si mesmas — que podem se tornar dominadoras e inconvenientes. É o caso do futebol. Se torcermos por um time, a ponto de ficarmos profundamente tristes, angustiados, quando ele perde, e alegres, eufóricos, quando ganha, estamos nos deixando dominar. Não podemos nos esquecer de que a Palavra de Deus nos manda deixar o pecado, mas também o embaraço (Hebreus 12:1).
É pecado usar uma camiseta de um time de futebol? A rigor, não. Eu poderia ter várias camisetas de clubes e seleções do mundo. Mas nunca vestiria uma delas para ir a um culto de louvor a Deus. Por quê? Porque sou legalista? Não. Porque sou prudente. Lembremo-nos de que a Palavra de Deus nos manda deixar o pecado e o que parece pecado:
"Abstende-vos de toda a aparência do mal" (1 Tessalonicenses 5.22).
Também é preciso ter cuidado com a segurança. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e também em algumas cidades da Europa, usar uma camisa de um time é perigoso, podendo provocar a ira de "torcedores" adversários. Digamos que você resolva ir ao culto de domingo à noite com a camiseta do Cruzeiro e, ao entrar no ônibus, dá de cara com a torcida "organizada" do Atlético... Depois não me venha dizer que foi mais uma vítima da violência das grandes cidades...
Crentes podem se reunir para assistir a uma partida de futebol? Bem, se quisermos fazer isso, em nossa casa, é lícito. Mas a pergunta é: Convém? O tempo dedicado à partida de futebol não fará falta depois? Às vezes, não. Às vezes, sim. Lembremo-nos de que o nosso tempo não volta. Por isso, a Palavra de Deus assevera:
"vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo [ou seja, aproveitando-o ao máximo]; porquanto os dias são maus" (Efésios 5.15,16, grifo e acréscimo meus).
Tem crente que não tem tempo para ler/estudar a Palavra de Deus, não tem tempo para orar, não tem para se consagrar, mas não lhe falta tempo para assistir a uma boa partida de futebol do seu time do coração. Tem culto dominical que perde de goleada para a disputa de um clássico.
Estou radicalizando? Absolutamente! Estou me valendo dos fatos e contra os fatos, não há argumentos.
Conclusão
Se não há na Bíblia mandamentos claros a respeito do nosso comportamento em relação ao futebol ou a qualquer outra modalidade esportiva, as questões ligadas ao assunto devem ser vistas sob a ótica dos princípios da Palavra de Deus. Não se esqueça disso: as Escrituras contêm promessas, mandamentos, doutrinas, princípios, etc. É um Livro completo.
Portanto, como cristãos devemos ter maturidade, equilíbrio, a fim de saber o que é prioritário. O entretenimento não nos é vedado. Mas não deve ocupar o primeiro lugar em nossa vida nem atrapalhar o que é realmente primaz, como a nossa comunhão com Deus, o bom relacionamento familiar e o ministério que nos foi confiado pelo Senhor.
Mas, e o time de Deus, qual é?
Por ora, vejo que Deus não torce para nenhum time, Ele tem mais coisa que fazer. Possivelmente Ele não fica se atendo a picuinhas, Ele olha o todo, busca dar razão e rumo ao "holos" e não se atém a parte, geralmente ditada pela vontade egoísta do indivíduo. Para mim, depois do sopro da vida nos foi dado o dom do livre arbítrio e é ele quem difere a criança do adulto, afinal de contas, este, o adulto, usa o livre arbítrio; aquela, a criança, para não ser chamada a responsabilidade, se esconde atrás do "se Deus quiser".
Sempre é bom lembrar que além do primeiro mandamento, que é
"Amar a Deus sobre todas as coisas..." (Deuteronômio 6:5a),
há outro que também não foi suprimido, mas parece que anda meio esquecido:
"...não tomarás o nome do Senhor seu Deus em vão..." (Êxodo 20:7a)
A Deus toda glória.
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