A canção sobre a qual eu vou escrever hoje, é uma das mais lindas composições do hinário cristão contemporâneo. Eu tenho uma história especial com essa maravilhosa canção que muito marcou minha conversão há mais de duas décadas atrás. É uma letra que trás verdades atemporais sobre o Senhor Jesus e sua obra de amor e redenção pela humanidade.
Quando ouço algumas músicas (verdadeiros lixos) que são cantadas hoje nos círculos cristãos, viram hits e são até levadas para os púlpitos das igrejas, me dá até tristeza ao saber que obras indispensáveis como essa foram jogadas no esquecimento e a grande maioria dessa nova geração sequer conhece.
A letra
Esta música, ou melhor canção (o termo correto para se chamar uma melodia casada com uma poesia) de composição de Paulo Cezar (atual Grupo Logos) era interpretada por Jayro Trench Gonçalves, conhecido no meio evangélico como Jayrinho. Ele era um jovem talentoso musicalmente e componente do Grupo Elo nas décadas de 70 e 80. Ali, em Atibaia, depois em São Paulo, Jairo gravou vários discos.
O primeiro foi "Nova Jerusalém" (1978). Um deles, inclusive, com mixagem nos Estados Unidos. Saiu em campanhas evangelísticas, tendo seu pai por pregador. Participou do mega evento Geração-79 como monitor e conferencista. Estava à pleno vapor, quando em 1981 veio a falecer em um desastre de automóvel na estrada vicinal que dá acesso à Estância Palavra da Vida, em Atibaia. Morreu jovem. Ele sua esposa Helia e seu filho mais novo, ainda bebê, André.
Até hoje, mais de três décadas depois (já são quase quatro), a qualidade do arranjo musical, gravação e mixagem é referência, como qualidade até na música não-cristã. Cada disco - "Ouvi Dizer..." (1979) - vinha com encarte com letra, tendo para quem desejasse à época, um play back em fita k7, depois em CD e um livro com a partitura completa para instrumentos como piano, baixo, violão e guitarra e vozes.
Analise minuciosamente a qualidade e profundidade, apesar de toda a simplicidade, dessa composição:
"Autor da Minha Fé"
(Autor: Pastor Paulo Cezar da Silva)
Oh Pai, eu queria tanto ver o meu Senhor descer vindo me encontrar;
Eu posso até imaginar a refulgente glória, do senhor Jesus.
Transpondo as brancas nuvens, no mais puro azul,
Onde nem sul, nem norte existirá.
E em meio a lágrimas, sorrisos de alegria e de prazer
Eu que era cego, agora posso ver, contemplar, contemplar enfim...
Por isso eu canto glória.
Glória, glória, ao autor da minha fé
Glória, glória, ao autor da minha fé
Oh Pai, eu queria tanto, tanto ouvir o som que vai abrir,
O encontro triunfal.
Rever amigos que, um dia em Cristo foram, feitos meus irmãos.
E agora sim, podemos dar as mãos, pois temos todos um,
Somente um, um só Senhor.
E eis o consolo que envolve a minha vida, o meu senhor Jesus
Que foi morto sim, naquela cruz,
Voltará, voltará enfim...
Por isso eu canto glória.
Glória, glória, ao autor da minha fé
Glória, glória, ao autor da minha fé
Glória ao Senhor (Aleluia)
Glória ao Senhor (Aleluia)
Glória ao Senhor (Aleluia)
Autor da minha fé (Aleluia)
Glória ao Senhor...
A versão original da canção (a melhor de todas na minha opinião), com a voz do saudoso Jayrinho
Sobre o compositor
Uma matéria originalmente publicada na revista Cristianismo Hoje, em 2010, mostra parte da vida do pastor, cantor e compositor Paulo Cezar da Silva. Aos 67 anos de idade e com mais de quarenta de carreira – ou, conforme ele mesmo define, ministério –, Paulo é dos nomes mais conhecidos e respeitados (por quem realmente conhece) da música cristã evangélica brasileira, de cuja evolução participa desde os anos 70.
Foi naquela época que, ainda aluno do seminário Palavra da Vida, em Atibaia, São Paulo, formou um conjunto musical, já com a presença de Nilma, com quem acabou se casando. A iniciativa entre amigos deu origem, em 1978, ao grupo Elo, que marcou uma geração de crentes. Alguns de seus álbuns, como "Calmo, Sereno e Tranquilo" (1976, este disco foi lançado antes da formação original do Grupo Elo, apesar de já contar com a presença de Jayrinho e Paulo Cezar na formação) e "Ouvi Dizer...", viraram clássicos, e Paulo César, com sua poesia, uma referência.
A trágica morte do talentosíssimo instrumentista Jayro Gonçalves, o Jayrinho, acarretou o fim do Elo. Mas Paulo quis seguir adiante.
"Fui buscar consolo e inspiração na Bíblia",
conta. E foi das Escrituras que surgiu a ideia para batizar o novo grupo.
"O nome LOGOS foi escolhido por significar a palavra viva e por ter tudo a ver com nosso ministério, onde a Bíblia tem centralidade absoluta",
diz o artista. Com o Logos, Paulo Cezar legou ao público cristão 17 álbuns e pérolas como as clássicas e irrepreensíveis canções 'Mão no Arado', 'Portas Abertas' e 'Expressão de Louvor' (dentre outras). Compositor da maioria das músicas do grupo, o artista defende um louvor com conteúdo – coisa que, segundo ele, já não é prioridade.
"A falta de conhecimento bíblico e os interesses comerciais estão na base da superficialidade",
resume quem pode falar com propriedade.
Nesta entrevista à revista Cristianismo Hoje, Paulo Cezar permitiu-se falar de coração aberto sobre o que pensa acerca da indústria musical, do próprio ministério e da Igreja. E não escondeu:
"Sonho com bons músicos, crentes de verdade, que rendam seus talentos ao Senhor e testemunhem com suas vidas o caráter de verdadeiros adoradores."
Perguntado "Como é o seu processo de composição?" ele respondeu –
"Eu componho após pensar: pensar na minha própria vida, na vida das pessoas, nas necessidades; e sempre trago essas coisas diante da Palavra de Deus, que me diz o que fazer, ou como ir adiante. Evidentemente que os talentos natos vindos do Senhor afloram e a excelência de quem quer adorar não permite a futilidade.
Sei que, se eu for superficial e não verdadeiro, os resultados do que estou compondo serão também assim... No seminário onde estudei, embora não se tenha, especificamente, ensinado sobre os temas louvor e adoração, recebi as bases para ser um verdadeiro adorador. E é isso que, desde então, tenho procurando ser."
Precisa falar mais alguma coisa?
Sobre a canção
Sobre este belo cântico, lançado no LP "Ouvi Dizer..." do Grupo Elo em 1979, conta-nos o pastor e compositor Paulo Cezar da Silva:
"Nós morávamos junto ao Dr. Jairo Gonçalves – pai do Jayrinho, no mesmo quintal em 1978, que por sinal era muito grande e tinha muitas fruteiras.
Em um dia de sol com céu azul e nuvens brancas eu estava em baixo de um caramanchão coberto por um bonito pé de Maracujá; e ali, com meu violão e minha Bíblia, meditava na primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses, capitulo 4.
Naquele exato momento, por entre os espaços da vegetação que me cobria, o céu e as nuvens pareciam se misturar aos pensamentos… e quando passei pelo versículo 13 em diante, vislumbrei aqueles momentos marcantes que um dia acontecerão, segundo as promessas do Senhor.
Assim, uma melodia foi sendo construída em meio aos acordes… e aquela Palavra que enchia o meu coração ali, foi sendo também inserida no contexto, nascendo assim uma canção muito especial.
Então, não tive dúvidas em honrar ao meu Senhor com esse título, que é só dEle: 'O Autor da Minha Fé.'"
"Bíblia pura"
Esse belo, icônico e eterno cântico tem sua inspiração à partir do texto da primeira carta de Paulo destinada a igreja em Tessalônica, fruto da segunda viagem missionária do apóstolo. A grande questão que pairava nas mentes daqueles cristãos tessalonicenses era quanto as incertezas próprias do futuro. Quando Cristo voltará? O que devemos fazer enquanto isso? Nossos entes queridos que morreram, qual a situação deles? Nós os veremos novamente?
A resposta do apóstolo Paulo foi o consolo que temos na ressurreição de Cristo, pois assim como Ele ressurgiu, os mortos ressuscitarão e juntar-se-ão como os vivos no glorioso dia do Senhor. O mesmo poder que operou em Cristo, operará na sua igreja, livrando-a do mal, das dores e sofrimentos deste mundo, e todos juntos o encontraremos nas nuvens numa celebração da vitória eterna.
Conclusão
Sabe porque essa canção é atemporal? A mesma esperança e consolo mantemos hoje, e isto com base na fé que temos em Cristo, o autor e consumador da fé. Assim, o versículo 18 do capítulo 4 desta carta paulina nos exorta:
"Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras";
da mesma forma faz o cântico atual que nos lembra desta verdade gloriosa!
Eis abaixo a lista de outros artistas da música cristã que já interpretaram/gravaram essa canção (entretanto, a versão original é incomparável):
- Alex Gonzaga (do Novo Som);
- Carlinhos Felix (do Rebanhão);
- Pastora Ludmila Ferber;
- Cristina Mel;
- Paulo César Baruk (que fez dueto com o pastor Paulo Cezar);
- além do próprio Grupo Logos.
E muitos outros... (que também [assim espero] certamente ainda a cantarão).
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário