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domingo, 6 de dezembro de 2015

QUEM CONTA UM CONTO... 3

Nessa terceira parte da série especial de artigos Quem Conta Um Conto vou falar de uma das lendas sobre a história de Sansão, o herói bíblico que atuou no período em que Israel foi regida pelos juízes. Afinal, a força de Sansão estava no cumprimento do seus cabelos, que segundo a Bíblia, eram tão longos e fartos que geravam 7 tranças? Apesar de muito pregador afirmar que SIM, eu vou provar biblicamente que NÃO.

A história


Israel encontrava-se em miséria por causa da opressão de uma nação vizinha rival: os filisteus. Foi nesse contexto de opressão que um anjo do Senhor anuncia à esposa de um homem chamado Manoá que, apesar de sua esterilidade, ela seria mãe de um menino. Na ocasião, o anjo também transmite instruções detalhadas sobre os cuidados durante a gestação e crescimento do futuro juiz de Israel. Duas recomendações se destacavam: 1) Ele seria nazireu [Do hebraico nazir נזיר da raiz nazar נזר "consagrado", "separado". Dentro da Torá é o termo que designa uma pessoa que faz um voto de estar a serviço de Deus por um tempo determinado ou por toda a vida.] desde o ventre materno e durante toda sua vida (Números 6); e 2) Sansão foi escolhido por Deus para livrar seu povo de opressores filisteus (Juízes 13:5, 7). Em síntese, o que o anjo estava dizendo é que o menino era um projeto divino.

Os fatos


A interpretação de que a força de Sansão estaria relacionada aos sinais visíveis de seu nazireato – especialmente de seus cabelos longos – não corresponde às vastas evidências das Escrituras. Pelo contrário: muitos israelitas como Samuel (1 Samuel 1:11) e João Batista (Lucas 1:13-15) também eram nazireus de Deus, mas não tiveram seus ministérios proféticos marcados por qualquer força extraordinária. A força sobrenatural de Sansão tampouco provinha de um físico privilegiado, pois Dalila precisou perguntar-lhe: “Sansão, declara-me, peço-te, em que consiste a tua grande força” (Juízes 16:6). A Bíblia nos diz que sua força provinha de duas fontes: 1) a bênção de Deus (Juízes 13.24); e 2) o poder do Espírito de Deus (Juízes 13:25; 14:6, 19; 15;14). Os sinais externos de seu voto de nazireu não poderiam jamais produzir, por si mesmos, estes resultados extraordinários.

Quando se tornou adulto, a primeira decisão de Sansão foi casar-se com uma mulher do povo opressor, o que lhe trouxe uma série de desastres (Juízes 14 e 15). Depois desse casamento fracassado, ele desceu até Gaza (cidade filisteia) e passou a noite com uma prostituta (Juízes 16:1). Logo a seguir, vem seu encontro fatal com Dalila, a mulher que terminaria por arruinar completamente a sua vida. Sansão foi chamado para ser um nazireu – levar uma vida de separação –, mas decidiu viver uma vida de confraternização com o pecado! O episódio de seus cabelos cortados por Dalila é o último e o mais lamentável dos desastres sofridos pelo juiz da Israel, por que trouxe como consequência não apenas a perda de seu último vínculo de seu pacto de nazireu, mas também a sua própria morte. 

Devemos lembrar que este sinal dos cabelos não era o único que ele deveria guardar, mas era o único que lhe restava, pois os outros dois sinais já haviam sido violados (Juízes 14:5, 8, 9). Inconsequentemente, Sansão pensou que, ao violar seu último voto de nazireado, ainda conservaria a sua força, mas estava enganado: “…e despertou de seu sono e disse: Sairei ainda desta vez como dantes e me livrarei. Porque ele não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele” (Juízes 16:20).

Conclusão

A força sobrenatural de Sansão era resultado de um pacto feito com Deus que requeria sua obediência e fidelidade para cumprir os propósitos divinos. As marcas externas deste pacto serviam para mantê-lo separado e consagrado ao Senhor, quando o último destes vínculos foi partido, ele perdeu a verdadeira fonte de sua força sobrenatural: a bênção divina e a capacitação sobrenatural do Espírito de Deus.

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