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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, MUITO MAIS QUE FALÁCIA IDEOLÓGICA

O cristão é intolerante? A resposta é sim e não. Se você levar em conta os 2 mil anos de história do cristianismo e todo o sangue derramado nas Cruzadas, na Inquisição e em outras perseguições, então não há como negar que os cristãos são intolerantes. Mas não deveriam ser, porque não é isso que encontramos no Novo Testamento, muito pelo contrário.

A intolerância religiosa tem seus fundamentos na crença da superioridade, não da fé, mas da pessoa que professa essa fé. Quando você, que crê em Cristo, se acha melhor do que alguém que não crê ou até mesmo que não crê da mesma forma que você, a semente da intolerância já se instalou em seu coração. Agora ela vai crescer e se revelar em muitos aspectos.

Até que faria sentido alguém se sentir superior às outras pessoas, se a salvação fosse por mérito pessoal e os dons fossem desenvolvidos por evolução ou esforço próprio. Mas no caso do cristianismo, a salvação é pela graça somente, por meio da fé, e não vem de nós mas é uma dádiva de Deus.

Da mesma forma os dons espirituais, como o próprio nome já diz, são dons ou dádivas ou presentes. Ninguém os merece pois, assim como acontece com a salvação, Cristo os dá segundo a Sua vontade por intermédio do Espírito Santo. Portanto, não há qualquer fundamento para um cristão se considerar superior às outras pessoas.

O sentimento de superioridade leva ao próximo passo, que é a separação. Não falo aqui da separação do mal ou do pecado, que todo cristão deveria cultivar. Deus deseja que eu ande em santidade de vida, e se vivo por aí na companhia de incrédulos ou pessoas que vivem no pecado praticando os mesmos pecados, estou errado. Devo me separar do mal, mas não devo me separar das pessoas. 

Cristofobia - a intolerância violenta contra os cristãos


A intolerância religiosa revela-se hoje como uma forma prática e eficiente de expansão do imperialismo cultural islâmico. É talvez a sua forma de desforra perante o domínio econômico ocidental.

Enquanto o jornalismo ocidental se perde em discussões inúteis de ataques ao papa com o “crime” dos preservativos, o mundo muçulmano tem um outro discurso que se pode resumir nas palavras do então primeiro-ministro da Turquia, o senhor Erdogan que em 2009 disse: "Os minaretes são as nossas baionetas, as cúpulas os nossos elmos, as mesquitas as nossas casernas, os crentes os nossos soldados…" A saudade do poder hegemônico sobre o Próximo Oriente e Cáucaso está hoje mais que presente na Turquia que se sente com poder e consciência nata para congregar em seu torno parte dos estados islâmicos.

O Ocidente invade-os com as suas tecnologias e eles em contrapartida constroem nas sociedades ocidentais os seus guetos islâmicos que se afirmam a pretexto da liberdade religiosa. Nos países de cultura cristã exigem que se respeite o seu gueto e a construção de mesquitas e nos seus países islâmicos defendem a intolerância religiosa e a demolição do que não seja ou não se torne islâmico, muito embora os cristãos se encontrassem já nestas regiões antes do Islão ter chegado. A intolerância conduziu à extinção dos cristãos ou quase extensão como aconteceu na Turquia, que duma percentagem de cerca de 25% de cristãos nos inícios do século passado, passaram hoje a uma percentagem muito abaixo do 1%.

Os Cristãos constituem o grupo religioso mais perseguido no mundo. Há alguns anos a Organização “Open Doors” alertou: “Atualmente assiste-se à maior perseguição dos cristãos de todos os tempos”. Uma voz no deserto. Os políticos ocidentais calam-se por oportunismo e os bispos cristãos têm de calar para impedir represálias maiores. Os cidadãos ocidentais preferem a indiferença e não saber para não sofrer! Deste modo impedem também o desenvolvimento do Islão.

A violência contra os cristãos é especialmente forte nos países islâmicos e nos regimes comunistas. Sistemas hegemônicos totalitários fascistas não suportam uma cultura que defenda a integridade e a inviolabilidade individual da pessoa perante o Estado e a Religião.

  • No Paquistão a destruição de igrejas e a perseguição dos cristãos é legalizada sob o manto da “Lei contra a Blasfêmia” de 1986 que ameaça com a pena de morte quem difame o Corão ou Maomé. Segundo Peter Jacob do movimento “Pax Christi”, esta lei serve de pretexto para perseguir cristãos e muçulmanos moderados.
  • Na Coreia do Norte encontram-se milhares de cristãos em prisões e em campos de concentração. Os comunistas lembram-se que a queda do “muro da vergonha”e a derrocada dos regimes totalitários socialistas do Leste também teve a ver com a ação dos cristãos que defendiam a liberdade individual e os mais oprimidos do sistema.
  • Na China o Governo não tolera que cristãos anunciem o evangelho encontrando-se também padres e bispos em prisões, em campos de trabalho e muitos desaparecem sem rasto.
  • Na Nigéria a violência aumenta também a olhos vistos. 
"Especialmente no Paquistão, em parte da Índia e do Extremo Oriente os cristão são tidos como gente típica do Ocidente", afirma Eberhard vom Gemmingen da Rádio Vaticano. Todo o mal é visto como vindo de fora e é atribuído ao imperialismo americano que identificam com o cristianismo, como ameaça.

Cristãos são perseguidos, aprisionados e discriminados, porque neles projetam o negativo da cultura islâmica: prática da hegemonia, que se expressa a nível interno na identificação do cidadão com o crente islâmico e a na diáspora na construção do gueto em oposição ao ambiente circundante.

A presença islâmica e consequente islamização da sociedade é vista com certa apreensão por muitos europeus ao contrário do que acontece em relação à presença de judeus, budistas ou outros. O Islão é hegemônico e considera tudo o que está fora dele como inferior, como região do combate. A religião de Maomé consolida-lhes o passado e possibilita-lhes o futuro, além de ser um fator de identificação num contexto supranacional. O conceito cristão da dignidade pessoal e da liberdade de consciência individual é antagônica a uma cultura de estruturas nômadas. 

A sua força de identificação contrapõe-se ao processo decadente ocidental em que um secularismo cego se afirma no desprezo da religião. O contexto judaico – cristão criou a modernidade. Duma maneira geral, o muçulmano, religioso integral, vê no cristianismo uma realidade fraca e decadente de que o modernismo e o secularismo são expressão. O modernismo ocidental, a emancipação, a desmontagem da família, o liberalismo sexual é para ele uma provocação, uma ameaça à cultura.

Na Índia, hindus perseguem brutalmente cristãos porque veem neles uma provocação.

Entendendo a intolerância no aspecto religioso


A intolerância não significa simplesmente discordar daqueles que pensam ou agem de maneira diferente de nós – o que é perfeitamente aceitável –, mas fazê-lo com um espírito de rancor, agressividade e desrespeito pela dignidade humana. Com frequência a intolerância tem ligação com o poder. O intolerante utiliza alguma situação de força para ferir e esmagar aquele que se encontra em desvantagem ou fragilidade. Na área religiosa, esse comportamento consiste em suprimir ou limitar a liberdade de consciência, expressão e associação no âmbito da fé. Ao longo da história, a igreja tem sido palco de muitas manifestações dessa natureza, o que exige uma reflexão cuidadosa por parte dos cristãos.

Nos primeiros séculos, o período das perseguições promovidas pelo Estado romano, a atitude predominante entre os cristãos foi pacifista e conciliadora. No entanto, a partir do início do 4º século, com a união entre a Igreja e o Estado, tomou vulto a intolerância contra indivíduos e grupos considerados heréticos. A princípio, as penas impostas consistiam em banimento, prisão e confisco de bens. Posteriormente, começou a se utilizar a espada contra os dissidentes. As primeiras pessoas a serem executadas por heresia na história do cristianismo foram o bispo espanhol Prisciliano e seis simpatizantes, decapitados por ordem do imperador Teodósio I no ano 385. Poucas décadas mais tarde, o notável bispo e teólogo Agostinho, que inicialmente defendeu a conversão dos cismáticos por meio de argumentos verbais, apoiou o uso da coerção estatal contra o movimento donatista, no norte da África. Um dos textos bíblicos a que recorreu foi Lucas 14.23, onde ocorre a expressão “obriga a todos a entrar”.

Durante a Idade Média, na luta contra grupos heterodoxos como os cátaros e os valdenses, a igreja criou o temido tribunal da Inquisição, estabelecido formalmente pelo papa Gregório IX a partir de 1231. Esse método de investigação, geralmente confiado aos dominicanos e aos franciscanos, incluía denúncias anônimas, uso de tortura para obter confissões, presunção de culpa do acusado e entrega ao poder secular para a queima na fogueira ou punições mais brandas. Um caso famoso foi a execução do pré-reformador João Hus, em 1415. Em 1478 foi criada a Inquisição Espanhola, controlada pelo Estado, que sobreviveu oficialmente até o início do século 19. Além de heresia, outros delitos sujeitos a punição eram a feitiçaria e a conversão insincera, no caso dos judeus.

Na época da Reforma Protestante, a Igreja de Roma foi intolerante com os protestantes, utilizando contra eles não só a Inquisição, mas guerras religiosas e massacres, como o da noite de São Bartolomeu (1572), na França. Lamentavelmente, os protestantes muitas vezes também foram agressivos em relação a católicos e a outros protestantes, como os sofridos anabatistas. Um caso frequentemente citado foi a execução na fogueira do médico espanhol Miguel Serveto (1553), em Genebra, sob a acusação de negar a doutrina da Trindade. Fatos como esses geraram forte antipatia contra o cristianismo na Europa dos séculos 17 e 18, o que contribuiu para o surgimento do Iluminismo e seu ideário secularizante.

A intolerância deve ser distinguida da genuína disciplina cristã. O Novo Testamento deixa claro que a igreja tem o dever de preservar a fé e manter elevados padrões éticos entre os fiéis. Para isso, muitas vezes há necessidade de repreensão e correção. Todavia, a disciplina cristã, adequadamente entendida, tem um propósito pastoral e terapêutico, e não punitivo ou repressor. O coração humano é enganoso e suas motivações frequentemente não são puras. É muito fácil, sob pretexto de fazer a vontade de Deus, ultrapassar alguns limites e se deixar levar por um espírito vingativo e pela falta de amor.

No século 21, o cristianismo tem sofrido horríveis manifestações de intolerância em muitas partes do mundo. Isso não dá aos cristãos o direito de agir da mesma maneira em relação a outros grupos, dentro ou fora da igreja. Cristo ensinou que seus seguidores nunca deveriam se valer de métodos violentos, violadores da consciência e da dignidade humana, mesma na defesa de seus valores mais elevados. Como diz a Epístola de Tiago: “A ira do homem não produz a justiça de Deus” (1:20). Porém, não apenas isso. Os cristãos também devem se precaver contra formas sutis de agressividade, principalmente através de palavras e atitudes más, porque, além de erradas em si mesmas, podem servir de prelúdio para manifestações mais destrutivas.

[Fonte: História da Igreja - Os fundamentos de uma sociedade eclesiástica, Faculdade Metodista Teológica Mackenzie, Centro Cristão de Pesquisas Apologéticas (CCPA) ]

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