A cada dia é inaugurada uma nova igreja evangélica em algum lugar do Brasil. Umas, fundadas sobre critérios e princípios espirituais e bíblicos que as validam. Outras tantas, por não observarem tais critérios e princípios não expressam credibilidade e, portanto, geralmente não vão muito longe e logo estão com suas portas fechadas. E na mesma proporção em que se disseminam as placas, também se disseminam as doutrinas, algumas tão bizarras que causam espanto. Por isso a propensão aos desvios das doutrinas básicas que sustentam a fé cristã e à ocorrência de escândalos de cunho moral crescem ainda mais. Devido a esse fator, infelizmente, a igreja protestante se tornou uma verdadeira (e mal costurada) colcha de retalhos. Em meio a isso tudo, ocorrem também os preconceitos ("Os membros da igreja tal são esquisitos, né?") e disputas ("A minha igreja é melhor que a sua.", "A minha igreja é a verdadeira."...) entre as tantas denominações. É o que chamo de "bullying denominacional", onde pentecostais criticam os neo-pentecostais, que criticam os tradicionais, que criticam os pentecostais...
Unidos pela fé
Primeiramente, conta a história que para Martinho Lutero (principal nome da Reforma Protestante) a igreja era uma comunidade que se reunia para ouvir e acolher com fé a palavra de Deus. Uma comunidade que olha para Cristo e Nele se orienta (Os artigos de Esmalcalde, 1537).
Apesar das diversas denominações, sejam elas igrejas históricas (Luteranas, Anglicanas, Presbiterianas, Congregacionais, Metodistas, Batistas), sejam pentecostais (Assembleias de Deus, Deus é Amor, etc); ou as do movimento neo-pentecostal (IEQ, Iurd, da Graça, etc), consideram-se Igrejas Evangélicas/Protestantes ainda hoje aquelas que creem nos mesmos fundamentos apontados na Reforma Protestante e que seguem fielmente a Bíblia Sagrada como sua única regra de fé e de prática no exercício de sua fé, pregando e vivendo com fidelidade o Evangelho de Cristo
Os fundamentos, que são dogmas do protestantismo, baseados nos ensinamentos da Bíblia Sagrada são: justificação e salvação somente pela fé em Cristo Jesus (Efésios 2:8-9; Romanos 5:1; Romanos 3:20); a Bíblia Sagrada como regra de fé e de prática (2 Timóteo 3:16); o sacerdócio universal de todos os crentes (2 Pedro 2:5; I Pedro 2:9; Apocalipse 1: 5-6) [OLSON, 2001, pg. 380].
Outro fundamento de extrema importância, defendido pelos reformadores, é a questão da mediação. A mediação entre o homem e Deus somente é feita por intermédio de Jesus Cristo. É Cristo quem nos une, nos reconcilia com Deus, não havendo a possibilidade de outro mediador para a conciliação e aproximação do homem com Deus. Deus é trino (Trindade): Deus Pai, Filho e Espírito Santo em uma só Pessoa, distinta em suas personalidades e atuações, mas única em sua essência.
Sobre os sacramentos
Os Protestantes/Evangélicos defendem a existência de apenas dois sacramentos segundo a Bíblia: o Batismo e a Santa Ceia do Senhor. E sobre a Santa Ceia, pode-se destacar a questão da substanciação e não da transubstanciação defendida pela Igreja Católica Romana. A Igreja Cristã Protestante/Evangélica crê que os elementos (pão e vinho) simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, mas não se transformam em corpo e sangue; o sacrifício de Jesus Cristo (morte na cruz) com posterior ressurreição foi único e suficiente (Lucas 22:19-23 e 1 Coríntios 11:23-26).
Ressalte-se que o próprio Jesus, ao instituir a Santa Ceia, também comeu o pão e bebeu do cálice, o que afasta a ideia de uma transubstanciação do seu próprio corpo e sangue naqueles elementos. Além do mais, deixou evidente que se tratava de uma cerimônia em memória dEle, a ser repetida ATÉ QUE ELE VENHA.
É em memória de Jesus Cristo e de seu sacrifício e ressurreição que as Igrejas Evangélicas/Protestantes ainda hoje exercem a prática da Ceia do Senhor (Lucas 22:14-18), crendo na promessa que Ele voltará para buscar os que são seus,conforme está escrito: "Assim também Cristo foi oferecido uma só vez em sacrifício, para tirar os pecados de muitas pessoas. Depois Ele aparecerá pela segunda vez, não para tirar pecados, mas para salvar as pessoas que estão esperando por Ele" (Hebreus 9:28).
Conclusão
Apesar dos diferentes costumes das Igrejas Evangélicas/Protestantes, os fundamentos são os mesmos, uma vez que tudo o que as une é maior do que quaisquer diferenças entre elas.
Existem diferenças quanto às doutrinas próprias aplicadas em cada uma das denominações. Essas podem ser quanto às formas de Batismo ou quanto ao entendimento sobre os Dons Espirituais, entre outros aspectos. Mas, o que realmente as une é Jesus Cristo e os fundamentos indiscutíveis quanto aos dogmas Bíblicos defendidos no movimento da Reforma Protestante.
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