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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

"NÃO TORNE O QUE É EXTRAORDINÁRIO EM ALGO COMUM" #3

Terceira parte dessa série especial que está mexendo muito comigo. Ser um ministro de Deus é uma vocação muito séria. Fazendo uma análise da personalidade e carreira ministerial de Estevão, encontramos aditivos fundamentais para que não tornemos o que é extraordinário em algo comum.

# Estevão: responsabilidade, honra e glória de um ministro


Estevão é bastante conhecido simplesmente porque foi o primeiro mártir após a ascensão do Senhor Jesus Cristo. Estevão é, com quase certeza, um dos setenta escolhidos e enviados pelo Senhor em Lucas 10:1-10, e que O acompanhou sempre, a partir do batismo de João (Atos 1:21-22). Podemos concluir isso, devido ao fato de ele exercer dons atribuídos exclusivamente aos apóstolos e estes homens (At 6:8).

Responsabilidade

Por causa da atividade cristã de Estevão havia homens que se colocavam contra ele. Não conseguiam derrotá-lo em nenhum tipo de discussão, pois estava cheio do Espírito Santo e da sabedoria espiritual. Então, contrataram homens perversos e desonestos para dizer mentiras sobre ele, levaram-no perante o conselho e o acusaram de blasfêmia contra Deus e contra Moisés.

Estevão poderia ter ficado muito preocupado em se defender e tentar provar sua inocência, mas tinha outra responsabilidade. Aqui, perante ele, havia centenas de seus compatriotas que haviam pecado contra Deus e precisavam da mensagem da Bíblia. Tal mensagem os enfureceria, mas, mais tarde, levaria muitos para o Senhor.

Estevão optou por não se livrar da culpa mas ser fiel a Deus, falou então sobre os pecados de Israel continuamente pela história. Ele os fez lembrar de como haviam se rebelado contra Moisés, Elias, Jeremias, Isaías e como tinham matado os profetas de Deus e se voltado para os ídolos.

Eles o odiaram por dizer-lhes a verdade sobre eles. Não parece que as pessoas apreciariam isso? Elas dificilmente apreciariam, e os homens perversos, nunca. Arrastaram Estevão para fora da cidade e o apedrejaram até a morte e, enquanto estava morrendo, orou por seus assassinos. Testemunhou também que vira Jesus de pé à direita do Pai pronto para receber seu espírito.

Eis lá, um jovem consentindo o assassinato de Estevão. Recolheu as capas dos homens que apedrejaram Estevão. O nome desse jovem era Saulo, da cidade de Tarso. Mais tarde foi gloriosamente salvo e tornou-se o grande Apóstolo Paulo.

Honra - Quem era Estevão?

Estêvão foi um dos sete homens escolhidos pelos discípulos pouco depois da ressurreição de Cristo para cuidar da distribuição da assistência às viúvas da igreja, a fim de que os próprios apóstolos pudessem ficar com o tempo mais livre para as sua tarefas espirituais. Estevão era um desses diáconos e era alguém que se destacava dos demais na fé, na graça, no poder espiritual e na sabedoria.

Ele era alguém que realizava muito mais do que a obra especial que lhe fora designada, pois salientava-se entre os principais na operação de milagres e na pregação do Evangelho. Por causa de todo esse comprometimento com Cristo, logo se tornou alvo dos judeus, que o levaram perante o Sinédrio sob a acusação de blasfêmia (At. 6:9-14).

Ele responde às acusações, fazendo uma rememorização da história de Israel e com muita intrepidez, faz um ataque aos judeus que se apegavam as tradições de seus pais e que haviam assassinado o Messias prometido (At. 6:15 - 7:53). Isso atraiu contra ele a fúria dos membros do Sinédrio, e, quando Estevão afirmou que Jesus estava de pé à mão direita de Deus, foi agarrado e apedrejado até morrer.

Vejamos seis características que esse servo de Deus possuía:

1. Ele era um servo cheio da Palavra de Deus - Ele era um profundo conhecedor não só das Escrituras, como também da história do povo de Israel. Na sua defesa ele passa em revista toda a história de Israel. No capítulo 07, do versículo 01 até o 53, ele faz uma retrospectiva sobre o povo de Israel. Em seu discurso, ele não responde diretamente às acusações que encontramos em At. 6:11-14.

A sua defesa apresenta o universalismo do Evangelho que marca o meio termo entre Pedro (que baseou sua pregação aos judeus) e Paulo (que pregou especificamente aos gentios). Alguns argumentos vão irritar profundamente os seus acusadores: Deus não limita seus encontros com os homens/mulheres ao templo de Jerusalém; Ele mostra também que as primeiras e grandes revelações de Deus ocorreram em terras estranhas (Ur, Harã, Egito, Sinai).

Por isso Estevão limita a sua narração da história gloriosa de Israel entre Abraão e Salomão, que construiu o templo; Estevão vai mostrar também que o povo de Israel sempre foi rebelde, rejeitando os profetas e finalmente crucificando o Cristo.

Em toda a sua argumentação, Estevão mostra ser um profundo conhecedor das Escrituras. Alguém que conhecia os grandes feitos de Deus na vida do povo de Israel. Isso lhe trazia autoridade, mas trazia também a fúria daqueles que não conseguiam enxergar o nascimento de um novo jeito de adorar a Deus; De um novo jeito de viver, não mais pela lei, mas pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo, unicamente!

Assim como Estevão, todo ministro de Deus deve ser cada vez mais um conhecedor da Palavra.

2. Ele era um servo cheio do poder do Espírito Santo - E isso fica bem claro no versículo 55, quando o texto nos diz que ele cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e Jesus, que estava a sua direita.

Fica muito claro para todos que diante das perseguições, o Deus trino sustenta o crente fiel. É nesse momento que o Espírito Santo, o nosso consolador, nos auxilia; é nesse momento que o Espírito Santo nos enche com sua paz; É nesse momento que o Espírito Santo ministra sobre a nossa vida.

Quando mantemos intimidade com Deus, temos a oportunidade de sentir o transbordar do Espírito sobre as nossas vidas, nos capacitando para enfrentar as situações mais adversas da nossa vida. É nesse momento também que a glória de Deus se manifesta sobre a nossa vida, trazendo firmeza no testemunhar.

Testemunhamos, declarando que a nossa fé está no nome daquele que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus, o Cristo, é o Senhor! O mesmo Jesus que de pé, exaltado, abre os céus para receber aquele que fora fiel, se colocando como sua testemunha ou advogado em sua defesa diante do Pai; Para receber aquele que não se omitiu.

Ao exemplo de Estevão, todo ministro  deve ser alguém cheio do poder do Espírito Santo, e realmente fazer diferença na vida das pessoas!

3. Ele era um servo cheio de esperança e amor - Os versículos 56 e 60 nos dão essa ideia. Primeiramente Estevão era um servo cheio de esperança. Alguém, que no momento mais crucial da sua vida, coloca todas as suas esperanças no seu Senhor. É nesse momento que Estevão vê os céus abertos e o Filho do Homem em pé a destra de Deus. Interessante notarmos que esse título dado a Jesus, como Filho do Homem, por Lucas, só é usado pelo próprio Cristo.

Esperança era a palavra de ordem para Estevão e também para nós nesta noite! Com esperança conseguimos ver os céus abrirem; Conseguimos ver a Jesus e sermos servos comprometidos com a mudança da vida daquelas pessoas que estão vivendo num mundo de trevas.

Quando a esperança toma conta da nossa vida, conseguimos ser bênção para outras pessoas; Quando a esperança toma conta de nós, podemos ser uma igreja para o mundo. Sem esperança não há condições de realizarmos a obra que o próprio Cristo nos confiou. Sem esperança perdemos o gosto pela vida! Porém, se a esperança tomar conta de nós, mudaremos o nosso mundo e assumiremos o papel de comunidade da esperança.

Afinal de contas somos um povo que crê na esperança! O exemplo de Estevão para nós nesta noite diz respeito a isso. De sermos uma igreja com esperança! De sermos uma igreja que faça diferença nesse mundo tão cheio de desesperança.

Mas Estevão não era cheio somente de esperança, ele era cheio também do amor que havia transformado a sua vida. Ele demonstrou muito amor aos seus opositores, aquelas testemunhas que o levaram ao Sinédrio, e que agora deveriam apedrejá-lo até a morte.

É nesse momento de martírio e sofrimento que Estevão invoca ao seu Senhor e clama para que Jesus receba o seu espírito. Como Jesus, Estevão clama em alta voz: Senhor não lhes impute este pecado! Ele morreu como Cristo, o seu exemplo!

Paulo nos dá uma dica em relação a este tema: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior destes é o amor" (1 Co 13:13). E o próprio Senhor Jesus nos convida "a amarmos uns aos outros, como ele mesmo nos amou".

Esperança e amor! Seguindo o exemplo de Estevão, todo ministro deve ser alguém cheio de amor e esperança. E que esse amor e que essa esperança possa inunde não  só nossos corações, mas o coração de todos sobre os quais ministramos.

4. Bastante corajoso - Quando o trabalho de Estêvão ficou conhecido, algumas pessoas se levantaram contra esse servo (leia Atos 6:8-14). Discutiam com ele, mas não conseguiam resistir seu ensinamento. Estêvão pregava a verdade, mas esses homens não tinham a humildade bastante para admitir seus próprios erros. Ao invés de aceitar e apoiar o trabalho desse servo, os homens usaram táticas desonestas para opô-lo. Subornaram falsas testemunhas para provocar uma reação popular contra Estêvão.

Estêvão não desistiu quando enfrentou esses desafios e as táticas carnais de homens. Ele continuou pregando a mesma mensagem, independente do custo pessoal. Os homens podiam prender e até matar o servo, mas jamais venceriam o Senhor dele.

Do exemplo dele, compreendemos melhor a importância de ser corajosos em manter convicções baseadas na palavra de Deus. Não devemos defender nossas próprias opiniões ou preferências, mas nunca devemos abandonar a verdade para agradar a homens (Romanos 14:19; Gálatas 1:10-12).

Qualquer pessoa que se mostra fiel no reino de Deus sofrerá perseguição (2 Timóteo 3:12). Não devemos nos estranhar quando homens carnais criticam ou procuram destruir o nosso trabalho. Ao mesmo tempo, não devemos imaginar que estejamos certos somente porque outros nos perseguem. A perseguição, por si só, não prova que alguém esteja servindo ao Senhor.

Falsos professores, também, podem ser rejeitados e maltratados. O único padrão que podemos usar para avaliar nosso próprio trabalho ou o trabalho de qualquer outro é a palavra revelada por nosso Deus nas Escrituras. É essa palavra que nos julgará (João 12:47-50).

5. Um jovem com convicções fortes - Um jovem chamado Saulo participou quando Estêvão foi morto. Ele mostrou, nos dois capítulos seguintes, que também tinha convicções fortes. Ele opunha tudo que Estêvão defendia, achando que os cristãos realmente mereciam a morte. Não entraremos na história da conversão de Saulo, mas anotaremos um ponto importante. O fato de alguém ser convencido e zeloso não é prova de que esteja certo.

Estêvão e Saulo eram igualmente convictos de suas respectivas doutrinas, mas um dos dois estava totalmente errado. Pela graça de Deus, Saulo não morreu no mesmo dia. Pela longanimidade do Senhor, a ele foi concedido tempo suficiente para aprender a verdade e se arrepender.

5. Um cristão preparado - Não fossem as condições espirituais de Estêvão, ele jamais suportaria as afrontas de seus algozes. Devemos dar graças a Deus porque Ele conhece a fragilidade humana, SI 103: 14, e, por isso, dá meios ao cristão para enfrentar as perseguições. Não pense você que ser crente consiste apenas em possuir uma carteira de membro de igreja. Ser cristão é estar preparado para os momentos mais difíceis desta vida.

Honra - 'a alegria é nossa, a glória é de Deus'

Estevão viu o céu aberto e a glória do Filho de Deus glorificado foi refletida nele diante de todos os que estavam por perto.

Estevão representa o que um verdadeiro cristão deve ser: cheio do Espírito Santo, com os olhos fixos em um Cristo glorificado. Um olhar firme e fixo em Cristo, sempre olhando para Ele, totalmente ocupado com um Salvador glorificado.

Olhe para o estado desesperador que Estevão se encontrava: cercado pela loucura dos religiosos, superstição, preconceito e inveja. A multidão enfurecida pressionando-o, de olhos arregalados e sanguinários. A morte apareceu na frente dele. Que circunstâncias impossíveis. Mas olhando para o céu ele viu o seu Senhor na glória, e de repente sua rejeição aqui na terra não significava nada para ele. Agora, ele estava acima de tudo, como quem vê aquele que era invisível.

Um vislumbre da glória do Senhor, uma visão de sua preciosa santidade. Estevão não podia mais ser ferido. As pedras e a fúria religiosa eram inofensivas para ele por causa da alegria que estava em seu interior. Um vislumbre da glória de Cristo que o colocou acima de todas as suas circunstâncias. Não há honra maior para  um ministro de Deus.

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