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terça-feira, 17 de março de 2015

BRASIL, GIGANTE ADORMECIDO SOBRE MISSÕES

Não foi sem motivo que o britânico William Carey tornou-se mundialmente conhecido como o "pai das missões modernas". Ao sair da Inglaterra em 1793 para aventurar-se na então misteriosa Índia, aquele humilde sapateiro de confissão protestante e paixão pelas almas sem Cristo, revolucionou o que hoje se entende como trabalho missionário.

O mundo, naquele apagar das luzes do século 18, era muito diferente do de hoje - na época, aventurar-se numa missão daquela era quase tão arriscado quanto as épicas viagens missionárias do apóstolo Paulo, narradas no livro de Atos. Tanto que Carey pagou preço terrível pela aventura de seguir o "Ide!" de Jesus. Sua mulher, Dorothy, relutou muito a deixar a Inglaterra, o mais adiantado centro de civilização da época, e seguir para terra tão distante quanto desconhecida. Uma vez na Índia, ela não suportou a solidão, as doenças endêmicas, a morte de um dos filhos, as perseguições e tantos outros sofrimentos. Em 1807, ela morria no campo missionário, depois de sofrer anos a fio com alucinações que a levaram à loucura.

Mais do que um relato de uma tragédia pessoal, a trajetória de Willian Carey não é fato isolado na história da Igreja. Ao longo dos tempos, multidões de crentes iguais a ele resolveram largar tudo e partir para anunciar o Evangelho em regiões onde Cristo era desconhecido. Alguns alcançaram a notoriedade devido aos serviços prestados ao Reino de Deus, outros - certamente, a maioria - foram anônimos propagadores das boas novas, às vezes martirizados, e dos quais apenas a eternidade se lembrará. Abnegação, sofrimento, idealismo e perseverança têm acompanhado o trabalho missionário desde os tempos da Igreja Primitiva. Séculos se passaram e aquele que é considerado o mais importante ministério cristão continua enfrentando lutas nos dias de hoje, só que de outra natureza. Em plena era da tecnologia e da globalização, os problemas que cercam a obra missionária transcultural em todo o mundo, e no Brasil em particular, são muitos: secularização, treinamento insatisfatório, falta de recursos, descaso da liderança, desinteresse dos novos crentes e envolvimento insuficiente da maioria das igrejas.

Celeiro vazio


É um paradoxo para o país que apenas alguns anos atrás era propagandeado como "celeiro missionário do mundo". Depois de ter experimentado um período de euforia nos anos 80 e 90, quando surgiram algumas das principais agências missionárias foram realizados mais de duas mil conferências, encontros e congressos sobre o tema e multiplicaram-se os candidatos ao campo, atualmente a obra parece enfrentar um período de estagnação. Não se fala em crise, mas o fato é que o trabalho missionário brasileiro há tempos está passando por grandes transformações. Do perfil dos obreiros ao tipo de ação desenvolvida no campo, a imagem das missões da Igreja brasileira no terceiro milênio adquire novas e variadas tonalidades. Além do mais, a geopolítica atual, definitivamente, não favorece o trabalho dos missionários - pelo menos daqueles enviados por países do Primeiro Mundo.

Janela 10/40, um buraco negro espiritual


O maior desafio missionário de todos os tempos continua sendo a chamada Janela 10/40, principalmente o Oriente Médio e os temidos países islâmicos situados no norte da África e na Ásia. Tanto, que ninguém menos que o insuspeito Anne van der Bijl, mais conhecido como irmão André - o quase lendário fundador da Missão Portas Abertas -, considera aquele pedaço do mundo mais hostil ao Evangelho do que o finado comunismo.

Situada entre os paralelos 10° e 40° ao norte da linha do Equador, a chamada Janela 10/40 é uma imensa região que se estende da costa atlântica da África até o Extremo Oriente. Ela foi criada pelas agências missionárias para mostrar o imenso desafio ao evangelismo que persiste hoje, no auge do século 21. Ali dentro, ficam os países e territórios menos evangelizados do mundo. São Estados onde o cristianismo, expressamente proibido, é reprimido com violência.

A Janela 10/40 abriga dentro de si as nações menos tolerantes com a fé cristã. Caso da Arábia Saudita, considerada como o país mais fechado ao Evangelho em todo o mundo. Outras fortalezas anticristãs, como Sudão, Vietnã, Laos, Mianma e Coréia do Norte também estão lá, bem como a China e a Índia, com suas imensas populações compostas por centenas de etnias, culturas e línguas - muitas sem ao menos um versículo traduzido. Não por acaso, dos 25 países que mais perseguem os crentes em Jesus, 22 estão dentro da Janela 10/40.

Estima-se que 95% dos povos não-alcançados pelo Evangelho vivam ali. Lá vivem dois terços da população mundial e florescem três das maiores religiões do mundo: o budismo, o hinduísmo e o islamismo. É a fé muçulmana, aliás, que mais promove perseguições contra a Igreja Evangélica na região. Extremamente pobres - à exceção de Japão, Israel e ilhas de prosperidade como Cingapura e alguns Estados árabes -, os países da região são um caldo de guerras, fome, epidemias e governos totalitários. De cada 100 pessoas que sobrevivem com menos de US$ 1 por dia - a linha da miséria absoluta, segundo a ONU -, 97 estão dentro da Janela 10/40.

A evangelização na região sofre com a carência de obreiros dispostos a enfrentar condições de vida tão precárias e arriscadas. A geografia também não ajuda. Fora das metrópoles apinhadas de gente, boa parte dos países que compõem a Janela 10/40 situam-se em territórios montanhosos, áridos ou sujeitos a secas prolongadas, enchentes ou frio intenso. Trata-se do último desafio missionário do planeta Terra - e, sem dúvida, o mais difícil de ser superado.

"A quem enviarei?..."



Essa pergunta feita pelo Senhor ao profeta Isaías ainda ecoa no reino do Espírito. Ao contrário do que se pode pensar neste mundo globalizado, a quantidade de povos ainda não alcançados pelo Evangelho de Cristo é enorme. 7.148 línguas faladas em todo mundo, pelo menos duas mil ainda não têm sequer a tradução completa do Novo Testamento.Ou seja, o desafio missionário ainda está aí, mas, e os missionários, onde estão? 

A obra missionária se sustem, com um número pequeno, diante do desafio proposto, de homens e mulheres que entregaram suas vidas ao Senhor, ousando renunciá-las em detrimento do atendimento ao chamado de Deus. Ainda há os que literalmente perdem suas vidas em prol da pregação do Evangelho da paz. São mártires que morrem anonimamente, violentados, trucidados, decapitados, queimados, fuzilados, enterrados vivos... São sangue derramado no campo missionário, adubando com fé a semente da Palavra de Deus, a que nunca volta vazia e pela qual o Senhor vela por fazê-la cumprir.

Vídeos sobre a perseguição e morte de missionários cristãos.


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