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sábado, 28 de março de 2015

LOUVOR DESCARTÁVEL

Os especialistas falam muito sobre a influência da música sobre nosso interior e nossos sentimentos mais profundos. Os ritmos musicais mexem não somente com as emoções, mas também com a alma. É comum, por exemplo, lembrarmos de situações passadas ou pessoas quando ouvimos uma determinada ou acorde musical. Ainda segundo os especialistas, a sensibilidade do ser humano vem desde a fase gestacional.


O mesmo acontece com canções ou hinos que aprendemos ao longo da vida cristã. O hino "O Autor da minha fé" [do clássico e lendário grupo Logos] tem um significado profundo para minha alma e, além de ter me marcado em minha conversão, me desafia a continuar confiando na promessa da eternidade ao lado do meu Senhor, mesmo diante das tribulações, da mesma forma como hino foi composto, ou seja, é um hino fiel às Escrituras em sua essência profética acerca da 2ª vinda de Jesus. Ao ouvi-lo, meu espírito me eleva à tão esperada cena das bodas do Cordeiro. Ou seja, o hino cumpre seu propósito espiritual. Há hinos de testemunho e de súplica; de júbilo e de contrição.

O conhecimento da história de como um hino foi composto tem significado fundamental para ampliar o seu imaginário em nossa alma. Da mesma forma, o estilo e o ritmo têm seu significado. Assim, o hino "Castelo Forte" ("Ein feste Burg ist unser Gott" composição de Martinho Lutero / 1483-1546, traduzido do Alemão para o Inglês em 1853 por Frederic Henry Hedge /1805-1890, recebendo o título "A Mighty Fortress", que faz parte do Cantor Cristão, hinário oficial da Igreja Batista) cantado pausadamente produz um efeito; em ritmo mais contemporâneo, acarreta outro.

Um cântico espiritual tem de ser aprendido, cantado, compreendido em sua origem e relacionado com alguma experiência em nossa vida pessoal. Isso leva tempo, pois é uma construção simbólica que vai atingindo os vários níveis de nossa vida - o racional, o emocional e depois o espiritual, geralmente nessa ordem.

Tenho ouvido especialistas falando que o louvor é a adoração cantada. Sendo assim, o momento artístico, de entretenimento. O louvor é uma das partes mais importantes do culto - mais até do que o sermão. Em outras palavras, como desenvolver esse imaginário simbólico no interior da alma se os cânticos atuais são tão descartáveis? Nem dá tempo para que a alma seja impregnada pelo conteúdo espiritual de uma canção se logo ela sai do repertório, pois a galera do louvor sempre quer renovar e inovar com as recentes composições inspiradas no último "encontro" da moçada ou o mais recente hit de algum(a) "ministro(a)", "ministério", grupo e/ou banda que está bombando no top dos tops da parada gospel. Isso quando a liderança não transforma o hinário da comunidade em sua play list pessoal, onde só entra aquilo que ela goste e, então, repute por benção (ainda que nem sempre seja). E, se por acaso tal liderança não conhecer ou não gostar de determinado hino, por mais espiritual e bíblico-teológico que ele for, não entra nem sob tortura na lista para ministração.

Ficamos então ziguezagueando, indo e vindo, sem tempo suficiente para que a alma possa interligar as canções com nossa vida concreta diária. Quando começamos a ver essa ligação, temos de aprender novas canções e recomeçar tudo de novo. Assim, nesse mundo do descartável, nem o louvor escapa. Isso sem falar no vazio conteúdo doutrinário de muitas canções, que podem ter muita melodia envolvente - e até emocionante -, mas apresentam uma teologia despida de sentido, ou até mesmo contrária às Escrituras.

Certamente, há furos teológicos até em hinos consagrados, como no "Tu és fiel, Senhor" (Hino 535 da Harpa Cristã, o hinário oficial das Assembleias de Deus), que tem um estribilho antropocêntrico e humanista ao afirmar "Tu és fiel, Senhor! Tu és fiel, Senhor! / Dia após dia, com bênçãos sem fim,Tua mercê me sustenta e me guarda. Tu és fiel, Senhor, fiel a mim." Ora, Deus é fiel a ele mesmo, às promessas que fez, à sua palavra e não a mim ou a quem quer que seja. Afinal, quem eu sou? Um pecador redimido - mas, essencialmente, um pecador - que, sem a atuação dEle, através do sacrifício vicário de Jesus Cristo na cruz do calvário, estaria perdido de vez. Por que então Deus teria de ser fiel a mim? A fidelidade devida é minha em relação a Ele e não dEle em relação a mim. Furos como esse - e outros que não furos, mas verdadeiros rombos - são cometidos em proporções imensuráveis nos cânticos que são levados aos púlpitos e celebrados em coro. E ai de quem falar alguma coisa. 

AAAAAAAAIIIIIII!!!


"O Autor da Minha Fé" - Grupo Logos

"Castelo Forte" - Ministério Vencedores Por Cristo

"Tu És Fiel, Senhor" - Banda Som Maior


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