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sábado, 26 de maio de 2018

LIVROS QUE EU LI - "O DIA DO CHACAL"

Que Frederick Forsyth é um grande escritor ninguém há de negar, são tantos os livros, e livros bons, que eu poderia enumerar vários aqui no blog, mas citar o meu preferido: "O Dia do Chacal".

A primeira vez...


Li "O Dia do Chacal" a primeira vez ainda na minha fase de "rato de biblioteca" quando ficava enfurnado no meio de uma imensidão de livros da biblioteca municipal no centro da cidade ou mesmo quando aproveitava o intervalo entre as aulas (ou matava as aulas de educação física) na Escola Estadual Odilon Berhens, onde fiz o curso ginasial (atual ensino médio) e o 2º grau. 

Costumo dizer que a biblioteca pública de minha cidade foi encolhendo com o passar dos anos, seguindo uma linha contrária a evolução natural das coisas. Ao invés de ir crescendo e se aprimorando, ela foi encolhendo e perdendo atrativos, até ficar reduzida a um espaço "piquitico" e quase sem livros.

Uma pena e o triste reflexo de algo que já foi há tempos constatado: a maioria esmagadora do povo brasileiro (principalmente os jovens) não gosta mesmo de ler. Coitado, não sabe o que está perdendo. Não existe absolutamente nada mais mágico, mais enriquecedor, mais cultural, mais insubstituível (e aqui me refiro ao bom e velho livro impresso)... do que a literatura. Graças a Deus - e sim, falo isso com muito orgulho - estou dentre a privilegiada minoria que ama com intensidade uma boa leitura.

Mas na época em que eu era um pré-adolescente, a saudosa biblioteca ocupava um salão oval enoooorme, rodeada de obras de cima a baixo e com a mesa da bibliotecária ficando no centro. Cara, era a coisa mais linda que existia! O sonho de todos os leitores. Quando eu entrava lá era como se o tempo parasse.

Foi naquele espaço encantado – pelo menos para mim – que conheci "O Chacal" e Claude Lebel: dois personagens que foram os responsáveis pelas minhas noites em claro.  Na minha mais tenra idade, eu já era um devorador de livros, hábito que só viria a negligenciar alguns anos mais tarde, na fase da "vida louca" das baladas, fase esta que em nada me acrescentou e da qual eu me arrependo amargamente. Mas, ei senhor Leonardo, isso é um texto de um artigo ou divã de psicólogo?

Voltando ao que interessa...


Pois bem, estas duas pessoas – quer dizer – estes dois personagens me encantaram nos anos 80. Ora, torcia para o sujeito contratado para matar Charles De Gaulle; ora, torcia para o cara que tinha a missão de impedir esse ato terrorista. O Chacal idealizado por Forsyth, apesar de ser considerado vilão, tem o poder de seduzir o leitor. O autor compôs um personagem tão inteligente e detalhista que em certos momentos da trama, sem perceber, você se vê torcendo por ele. 

Então, entra em cena Label, tão inteligente e detalhista quanto o Chacal, aí lá vai você trocar de lado em sua torcida. Este vai e vem na "preferência popular" – bandido-mocinho, mocinho-bandido – para descobrir quem leva a melhor no final é constante. O carisma de Chacal e Label são mesmo impressionante.

Verossimilhança 


O romance é baseado em um fato real: a tentativa de assassinar o presidente francês Charles de Gaulle, que aconteceu em 1963, por obra de Jean Bastien-Thiry. O carro onde estava De Gaulle chegou a ser metralhado. Thiry era um funcionário público francês insatisfeito em perder seu cargo na Argélia, em virtude da independência do país promovida por De Gaulle.

Frederick Forsyth era correspondente da Reuters em Paris na época e essa experiência no jornalismo o ensinou a ser muito minucioso e preocupado com as verdades históricas, isso contribuiu muito com os enredos dos seus futuros livros.

Em 1970 Forsyth tem uma ideia para escrever um livro e por à prova os seus métodos de investigação dos tempos de repórter. A partir daí foi que construiu o personagem "Chacal", envolvente em sua indiferença, admirável em sua frieza, determinado, bonito, um assassino cruel contratado por uma organização do exército francês, inimiga da independência da Argélia, para dar cabo do presidente De Gaulle. 

Sem identidade precisa, com gestos refinados e uma elegância masculina acima da média para a época, Chacal mata friamente quem se coloca no caminho para cumprir a tarefa para a qual foi contratado. O personagem é tão enigmático, frio, mas ao mesmo tempo tão inteligente e carismático que, como disse anteriormente, mesmo sendo ele o vilão da história,  várias vezes me peguei torcendo por ele durante a leitura.

A experiência de Forsyth como repórter causou muitas dores de cabeça para os governos. Em "O Dia do Chacal", ele descreve como o assassino é capaz de obter uma nova carteira de identidade. O assassino visita uma igreja e procura por uma lápide de alguém que nasceu quase ao mesmo tempo que ele, mas morreu na infância. Em seguida, ele obtém uma segunda via da certidão de nascimento, e a partir daí carteira de identidade.

Forsyth "agarrou" esse fato para compor a sua trama, com algumas modificações, é obvio. A principal delas foi trocar um funcionário público insatisfeito por um mercenário misterioso contratado com a missão de eliminar o presidente francês.

Conclusão


"O Dia do Chacal" teve a sua primeira publicação lançada em 1971, mas depois devido ao sucesso da obra, que projetaria o nome do Forssyth mundialmente, muitas outras edições passaram a ser lançadas.

O livro é dividido em três partes: 
  1. 'Anatomia de um Complô', 
  2. 'Anatomia de uma Caçada Humana' e 
  3. 'Anatomia de um Assassinato'.
A primeira parte destaca os detalhes perfeccionistas de como o Chacal planeja o assassinato. A segunda, tem início no momento em que as forças policiais passam a procurar o Chacal. "Anatomia de um Assassinato" é a mais curta e se refere ao desfecho da trama.

O livro começa lento, com muitos personagens e trechos descritivos, mas depois, com o virar das páginas, a "coisa" vai engrenando. À partir da segunda parte, quando começa o jogo de gato e rato entre o Chacal e o detetive Label, o enredo se torna eletrizante. 

Resumindo, um livro que vale a leitura e muito!!! Tanto é que apesar de décadas passadas, os detalhes da trama ainda continuam 'fresquinhos' em minha memória. Na história real, o governo não cruzou os pedidos de emissão com os registros de morte, e Forsyth revelou isso em seus escritos.

No cinema, foi adaptado duas vezes, em 1973 e em 1997, a segunda com um elenco estrelar: Bruce Willis, Richard Gere e Sidney Poitier, é um filme de ação e deve ser visto, embora não tenha o magnetismo e não elimina a fundamentabilidade da leitura do livro.
  • Título Original: The Day of the Jackal
  • Editora: Record
  • Edição: 1
  • Ano: 1971
  • Assunto: Literatura Internacional -Suspenses
  • Idioma: Português
  • Nº de Páginas: 368 
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.

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