Quando Jesus veio a essa terra disse aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tomando a sua cruz, siga-me (Mateus 16:24). Sabe o que Jesus quis dizer com isso? Que para segui-lO, é preciso RENUNCIAR a todos seus desejos, projetos, aspirações pessoais; a todas as paixões carnais e seguir um caminho diferente do nosso: o dEle!
De uns tempos para cá, a vocação pastoral tem se transformado em mais uma opção profissional. Foi-se o tempo em que as escolas teológicas atraíam gente disposta a abraçar um ministério que significava desprendimento, sacrifício e, não raro, a RENÚNCIA a uma série de outras oportunidades. Hoje, boa parte dos calouros dos seminários está mais interessada em tornar-se uma espécie de empresário do sagrado. A cada dia, a visão marqueteira e a busca do lucro já estão influenciando até mesmo no chamado pastoral. A preocupação com a manutenção da "igreja-empresa" tem sido levada em conta até na escolha dos novos candidatos ao ministério. Qualidades como carisma pessoal, dinamismo, capacidade gerencial, eloquência verbal e iniciativa estão sendo mais valorizadas na escolha da mão-de-obra pastoral do que humildade, espiritualidade e temor a Deus.
Quando o conteúdo é mero detalhe, o importante é faturar
Tal motivação já atingiu até mesmo líderes e pastores que estão na caminhada do Evangelho há muitos e muitos anos. O que deveria ser examinado é o exemplo de vida, o testemunho e a unção, mas o que estamos presenciando é a elevação de homens ao púlpito elas suas habilidades pessoais. A adesão missionária ao serviço do Senhor tem sido substituída por outro tipo de acordo - um pacto de conveniências, espécie de contrato de trabalho que pode durar a vida inteira ou alguns poucos meses. O sujeito permanece ali enquanto conseguir manter sua cota de arrecadação. Se o planejamento econômico não for cumprido, nada feito. Deram a isso o nome de "ministério intinerante" - mais um dos que não constam Bíblia, mas estão presentes na estrutura eclesiástica.
Dentro desta visão, o futuro pastor precisa se preocupar em render mais no material do que no espiritual. O candidato ao cargo de ministro da Palavra é privado de pensar, questionar ou dar opiniões, já que o líder supremo da instituição é considerado perfeito, à semelhança do mito da infalibilidade papal. Esse modo de agir está sendo adotado em diversos círculos evangélicos e se estende a todos que estiverem sob sua influência. Se o membro um dia quiser chegar a pastor, bispo, apóstolo, arcanjo, serafim, querubim ou semideus, só tem um caminho: obedecer sem questionar. O direito de opinar ou pensar está fora da revelação divina recebida pelo dono da igreja. Ao membro, só resta a aceitação. Nada de explicações sobre os métodos empregados ou sobre o que se fala do púlpito. Muito menos transparência financeira e administrativa.
Pastor Paulo e pastor Pedro?
Já imaginou se o apóstolo Pedro, caso vivesse hoje, fosse candidato ao ministério? Provavelmente teria sido imediatamente excluído por ter traído o seu pastor, sem direito a defesa ou a uma segunda chance. E jamais ouviria de seu líder: "Tu me amas? Então, apascenta as minhas ovelhas". E Paulo? Será que seu ministério, hoje, seria considerado próspero? Ele ganhou muitas almas, mas não levou vida confortável. Foi preso, espancado, perseguido. E ainda por cima tinha de trabalhar para se manter, pois não queria ser um peso para os irmãos. Quantos evangelistas do nosso tempo tal desprendimento?
É claro que muitos e muitos ministérios contemporâneos têm como único objetivo proclamar o Reino de Deus e fazer a vontade do Pai, anunciando o Evangelho com honestidade e fazendo discípulos. Existem igrejas que investem nos seus futuros obreiros pensando apenas nas almas que serão salvas e libertas do pecado, pois o plano do Senhor sempre foi a salvação do homem. Diz a Palavra: "Chorem os sacerdotes do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: 'Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; porque diriam entre os povos: onde está o seu Deus?'"
Ainda há os que não dobraram seus joelhos à mamôm
Graças a Deus, ainda sobram os remanescentes, aqueles que buscam a verdade, o perfeito e simples Evangelho da graça de Cristo, sempre tendo a esperança maior no Senhor e dizendo como o profeta Habacuque: "Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação".
Se no mundo existisse apenas um pecador, ainda assim, Jesus teria RENUNCIADO à sua glória e morreria por apenas aquela alma. Mas nós, servos e ministros do Senhor, estamos dispostos a RENUNCIAR a tudo para alcançar uma única vida?
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