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quinta-feira, 12 de março de 2015

ARRAIAL OU CURRAL DOS SANTOS?

Acabamos de assistir o "filme" das eleições de 2014. Os donos do poder no Brasil acionam a lógica política eleitoreira para manter seus feudos e principados. A população não consegue entender ou faz de conta que não entende tudo o que está acontecendo. Os "culpados", aqueles que contribuíram para o governo que aí está, agora estão "na toca", não se por vergonha por terem sido feitos de bobos, enquanto afirmavam estarem sendo espertos, não sei se por covardia. É período de hibernação para aqueles bradaram com orgulho o "Fica Dilma!" A memória do povo continua sendo apagada por promessas de vantagens que raramente são - ou serão - cumpridas pela maioria dos candidatos.

Vivemos um regime patrimonialista, em que o país é propriedade de algumas pessoas e não de todos. Um sistema paternalista, em que candidatos conseguem votos usando como moeda de troca cestas básicas ou promessas de emprego. A ilusão publicitária faz com que palavras "mágicas" e sedutoras induzam os eleitores a achar que o salva-pátria finalmente surgiu. O candidato será bom, ou não, dependendo do publicitário que tem, nunca de um plano de trabalho. Assim, está sendo destruída a ordem social brasileira, sabotando-se as bases do país e a estrutura que mantém de pé os privilégios que alguns "príncipes" têm sobre o resto da população.

Se quem paga a conta é quem manda, então quem paga as despesas dos candidatos eleitos é que vai mandar e transformar o político em seu cabresto na hora de votar um projeto ou de exercer a administração pública. Essa lógica mantém o privilégio dos poderosos acima da lei. As elites demonstram não ter interesse público - é o domínio do poder privado sobre a coisa pública.

Feudo sacro


O mais difícil de tudo isso é que essa lógica maquiavélica não está apenas restrita ao ambiente secular, mas já contaminou e invadiu o meio religioso. Igrejas, com seus poderosos "arcanjos" líderes apostólicos que reinam no seu bispado, determinam, sob as penas celestiais, que seus "clientes" devem votar nesse ou naquele candidato. Somente assim, alardeiam, as maldições do inferno serão vencidas, pois teremos representantes nos órgãos legislativos e executivos que controlarão os poderes satânicos que campeiam na política.

Por trás desse discurso legalista e amedrontador está a ganância em conquistar o poder público para obter mais domínio e continuar comandando a massa de pessoas que, no fundo, estão querendo, em sua maioria, sacar da igreja um carimbo legitimando uma vida boa e sem compromissos. Prosperar é o verbo mais conjugado, dentro do contexto materialista e capitalista, obviamente. Agem como um curral de animais que precisam de chicote. Um curral sem inteligência suficiente para analisar criticamente os candidatos, apenas seduzido com a indicação desses pretensos líderes religiosos que usam a máquina eclesiástica e o temor da religião para dominar e conquistar as suas almas.

As eleições de 2014 passaram, mas outras virão. Cabe a cada um escolher ser ou não inocente útil nesse jogo sórdido, espúrio. A máxima "irmão sempre vota em irmão" só deve valer quando o programa do irmão-candidato é sadio para o bem da sociedade, se sua vida é coerente com os princípios do Evangelho e se ele tem competência para exercer o eventual mandato.

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