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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

CASO FLORDELIS: DINHEIRO, FAMA E PODER NO CENÁRIO SUBJETIVO DAS REDES SOCIAIS EM NOME DE DEUS

Caso Flordelis volta a ser investigado no Rio Jornal MEIA HORA - Geral
"Quando alguém for tentado, não diga: 'Esta tentação vem de Deus.' Pois Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo não tenta ninguém. 
Mas as pessoas são tentadas quando são atraídas e enganadas pelos seus próprios maus desejos. Então esses desejos fazem com que o pecado nasça, e o pecado, quando já está maduro, produz a morte" (Tiago 1:13-15, grifo acrescentado para efeito de ênfase).
  • Eu ponderei muito em escrever sobre esse assunto. Não queria fazer coro aos acusadores levianos, que fazem eco aos agentes do inferno. Mas, agora, após um ano, com os desdobramentos das investigações e as provas robustas com as quais trabalham as autoridades policiais envolvidas, me sinto mais tranquilo em repercutir esse caso tão triste. Não o faço com alegria e nem intuitos acusatórios, pois, é como diz a Palavra: 
"Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!" (1 Coríntios 10:12), 
mas sim como um alerta para que vejamos o que pode nos acontecer quando não vencemos a fraqueza carnal com o fortalecimento do espírito (Mateus 26:41).
Rede sociais. Eis o cenário perfeito para o desfile de ilusões, fantasias e utopias. Muito do que se ostenta em fotos, vídeos, áudios e mensagens que atraem milhares e até mesmo milhões de seguidores, que registram sua fidelidade com os disputados likes e views. Muitos desses seguidores, aliás, nutrem o sonho de um dia ser como e ter o que seus influenciadores aparentam ser e ter. Pois é, mas, infelizmente, não tenho receio em exagerar, ao afirmar que a maioria do que vemos nas postagens em redes sociais, estão longe, distante mesmo de refletir a realidade.

O espantoso caso envolvendo a pastora, cantora gospel e deputada federal Flordelis é um dos muitos casos que expõem as entranhas putrefatas de muitas celebridades das redes sociais. Criada numa favela carioca, a pastora-deputada ficou famosa nos anos noventa ao adotar 37 crianças que sobreviveram de uma chacina na Central do Brasil, no centro do Rio. Isso foi antes de conhecer o pastor Anderson. 

Uma família perfeita, abençoada, do tipo que causa inveja até mesmo aos clássicos personagens dos comerciais de margarina. Ao menos era isso o que se podia ver nas postagens quase diárias que eles faziam em suas redes sociais. Só que não. A realidade é de uma sordidez assustadora, que culminou com um brutal assassinato, cuja investigação revela uma trama macabra, diabólica.

O passo a passo de um crime brutal


Filha de Flordelis diz, em postagem, que família está rachada ...
O assassinato do pastor Anderson do Carmo, marido da deputada federal, Flordelis, foi totalmente esclarecido e a deputada-pastora foi indiciada como a mentora intelectual do crime. Mas a cada dia de investigações, novos fatos surgiam, tornando a história assustadora.

O pastor foi assassinado em sua casa, no dia 16 de junho de 2019, com vários tiros (pelo menos 30 disparos), após chegar com a esposa de um evento religioso. Ambos haviam passado até então uma imagem harmoniosa de altruísmo e felicidade. Ela tinha uma longa carreira, que inspirou um filme sobre sua vida, e ganhou um disco de ouro como cantora gospel. A princípio, sua própria assessoria havia confirmado a sua morte, alegando que ele foi mais uma vítima da violência urbana do Rio de Janeiro. Flordelis chegou a declarar que o marido morreu para proteger a família, impedindo que assaltantes entrassem na residência.

No dia do enterro do pastor, um filho adotado e outro biológico de Flordelis, foram presos como principais suspeitos do crime. A partir dali a história começou a ganhar outros enredos. No segundo mês após o assassinato do pastor, muitas outras revelações vieram à tona. Veja quais são elas.

Mãe de Anderson do Carmo revela que ele tinha caso com filha de Flordelis


A mãe do pastor Anderson do Carmo, Maria Edna do Carmo, teria contado em depoimento à polícia, que soube de boatos que seu filho vivia um caso extraconjugal com a filha biológica de Flordelis, Simone dos Santos, de 35 anos, e fruto de uma relação anterior ao casamento com o pastor.

Edna ainda afirmou que o filho já havia vivido um romance com Simone antes de se casar com Flordelis. Para a mãe do pastor assassinado, Simone se uniu com os irmãos para cometer o crime. Edna reforçou o relato de um dos filhos de Flordelis, de que a deputada mandava colocar remédios na comida do pastor. A polícia, então, começou a ouvir os médicos que atenderam o pastor, para saber se encontraram indícios de que ele estava sendo envenenado durante consultas e exames. Os resultados dos exames deram positivos. Anderson estava mesmo sendo envenenado com doses de arsênico.

Filho de Flordelis: declarações incriminam a mãe


Em novo depoimento dado a polícia, Daniel dos Santos, filho biológico da deputada, afirmou que na noite do crime, viu pela janela do quarto três vultos. A partir dessa declaração, a polícia começou a investigar a participação de uma terceira pessoa na execução do pastor. O celular do pastor Anderson era uma das peças chaves para ajudar no desvendamento do crime, mas o aparelho simplesmente desapareceu. Posteriormente o filho de Flordelis diz em novo depoimento que a mãe admitiu ter jogado o celular de Anderson no mar.

Logo após o assassinato, a polícia buscava o celular da vítima, que desapareceu após o crime. Um homem teria dado um depoimento, alegando que viu uma neta da deputada jogando algo no mar, que poderia ser o celular. A moça negou e disse que estava apenas relaxando na praia. No novo depoimento de Daniel dos Santos, o rapaz disse que sua mãe estava com ele e outros filhos em casa, quando alegou que havia escuta no local, logo não podia falar, portanto escreveu em um papel que tinha quebrado o celular de Anderson e o jogado no mar.

Anderson era linha dura com os furtos realizados pelos filhos. Seria esse o motivo do crime?


Com as atividades da igreja sede em Niterói que movimentavam grandes valores financeiros, ainda segundo o depoimento de Daniel, sempre que desaparecia valores altos em dinheiro, como dois ou três mil reais, o pai reunia todos os filhos, inclusive a esposa, e dava um ultimato, exigindo que o culpado assumisse o que fez. Na maioria das vezes, a culpada seria Marzy, e Anderson chegou a ameaçar expulsá-la de casa, mas Flordelis interveio.

Contradições: Flordelis disse que Anderson havia sido baleado antes de saber o que tinha acontecido


Segundo publicação do jornal Extra, Flordelis estava no quarto com o neto quando os disparos aconteceram. Até então ela não sabia o que tinha acontecido, mas afirmou que tinham baleado o marido.

Em um de seus depoimentos, ela afirmou que um de seus filhos foi informá-la que o marido estava caído de bruços, mas ele a desmentiu em depoimento dizendo que ao ouvir os disparos não entrou na casa, mas saiu de seu quarto para a garagem. Ele mora em um quarto separado da casa que é de frente para a garagem.

Filha admite ter tramado a morte do pai com Flordelis


Marzy, filha adotiva do casal, admitiu para a polícia que ela e a mãe mantinham celulares secretos para conseguirem tramar a morte do pai em conjunto com o irmão. Segundo a moça, sua mãe sabia de tudo o que era planejado.

Marzy disse que queria matar o pai para se vingar, pois ele havia parado de lhe dar dinheiro e por ele ter, supostamente, abusado de uma de suas irmãs. Ainda segundo a moça, ela desistiu do plano e seu irmão Lucas ficou muito irritado.

Ainda segundo Marzy, Anderson descobriu o plano da família e ameaçou grampear os telefones da residência. Por conta disso que ela e a mãe adquiriram novos números de celular para que se comunicassem em segredo. Ao ser questionada pelas autoridades policiais sobre a participação da mãe no plano, a moça disse que a mãe avisou para que ela não fizesse algo do qual se arrependesse depois.

Número de celular de Anderson sai de grupos do zap dois meses após sua morte


Blog do Wilson Filho: Polícia diz que deputada federal Flordelis é ...
Pouco tempo após o crime, o número de celular do pastor Anderson surpreendeu muita gente ao aparecer saindo de grupos do WhatsApp. Segundo a assessoria de Flordelis, o número do pastor foi desabilitado, o que teria feito com que ele já estivesse com outro titular.

Os desdobramentos finais do caso


flordeliz e anderson
Cinco filhos e uma neta da deputada federal Flordelis (PSD-RJ) foram presos na manhã dessa segunda-feira, 24, em operação coordenada pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e pela Polícia Civil. Eles foram denunciados por participação na morte do pastor Anderson do Carmo, marido da parlamentar, em junho de 2019.

O MP e a Polícia Civil concluíram as investigações e denunciaram Flordelis como a mandante do crime. Ao todo 11 pessoas foram denunciadas e a única que não foi presa foi a deputada por ter foro privilegiado. Sete dos denunciados foram presos na manhã de ontem e outros três já estavam presos.

Os filhos de Flordelis (Adriano dos Santos Rodrigues, André Luiz de Oliveira, Carlos Ubiraci Francisco da Silva, Marzy Teixeira da Silva e Simone dos Santos Rodrigues) foram presos na casa da parlamentar em Niterói (RJ). Rayane dos Santos Oliveira, neta da deputada, foi presa no apartamento funcional da política em Brasília.

Além dos seis familiares, dois filhos de Flordelis (Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas de Souza) foram denunciados, mas ambos já estão presos há mais de um ano. A operação desta manhã ainda resultou na prisão de Andrea Santos Maia, mulher do ex-PM Siqueira Costa, que já está preso. Os dois também foram citados na denúncia.

Cargo de deputada barrou prisão


Denunciada como a mandante do assassinato do próprio marido, a deputada federal Flordelis Souza (PSD-RJ) não será presa neste momento em razão do cargo que ocupa, informou o MP (Ministério Público) do Rio de Janeiro. O pastor Anderson do Carmo foi morto a tiros em junho do ano passado em sua casa, em Niterói (RJ).
"Flordelis é responsabilizada por arquitetar o homicídio, arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio"
diz o MP em nota.

A deputada também teria financiado a compra da arma e avisado o momento em que a vítima chegou em casa e deveria ser executada. Apesar da suspeita e do cumprimento de 11 mandados de prisão na manhã de ontém, Flordelis acabou poupada em razão do cargo que ocupa.

O foro


O nome correto do benefício é foro especial por prerrogativa de função, aplicada apenas contra autoridades que ocupam cargo público, como prefeitos, governadores, presidente e parlamentares.

Eles são julgados por tribunais superiores — caso do STF (Supremo Tribunal Federal) — e não pela Justiça comum, como qualquer cidadão sem cargo público que esteja sob suspeita.

A intenção é impedir que alguém seja perseguido por ocupar uma função de interesse coletivo. O foro, no entanto, não protege o político, mas o mandato público que ele exerce.

Como o foro protege a função e não a pessoa, a autoridade perde o direito ao foro assim que deixa o cargo público.

Mudança na regra


Em maio de 2018, o Senado mudou a regra para foro privilegiado de deputados federais e senadores. Desde então, o benefício só é levando em consideração quando o crime tenha alguma relação com o cargo que o parlamentar ocupa ou tenha sido cometido durante o mandato.

Este é o caso de Flordelis. Eleita em 2018, o crime atribuído a ela ocorreu em 16 de junho do ano passado, após os primeiros meses de mandato. O MP, porém, reafirma que 
"não foram observados elementos que poderiam revelar relação de causalidade entre o crime imputado e o exercício do cargo".
À imprensa, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ontem cedo que, para que Flordelis fosse presa, o Judiciário deveria solicitar à Câmara, 
"...o que não foi pedido. Precisa passar por autorização do Parlamento"
disse ele. A defesa da parlamentar, nega todas as acusões.

Quais são as suspeitas contra Flordelis?


A deputada é acusada de homicídio triplamente qualificado, homicídio tentado, associação criminosa, uso de documento ideologicamente falso e falsidade ideológica.

Segundo a investigação, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio.

A deputada também teria financiado a compra da arma e avisado sobre a chegada da vítima ao local do crime. O motivo do assassinato, descreve a denúncia, seria o fato de a vítima manter rigoroso controle sobre as finanças familiares e administrar os conflitos de forma considerada rígida, sem privilégios às pessoas próximas a Flordelis.

Flordelis também é acusada de usar documento falso, por tentarem, por meio de uma carta redigida por Lucas, atribuir a pessoas diversas a autoria e ordem para a prática do homicídio.

Conclusão


Flordelis e o pastor Anderson do Carmo, em uma imagem de arquivo.
"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. 
Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão" (1 Timóteo 6:10,11; grifo acrescentado para ênfase).
 Segundo os investigadores, a origem da disputa que acabou nesse crime chocante, que mais parece o enredo de um livro de Agatha Christie (1890/1976), Stephen King ou o roteiro de uma série de suspense da Netflix e que destruiu a família é o controle absoluto exercido por Anderson sobre as finanças da igreja. 

O casal dirigia pelo menos três templos em duas cidades próximas do Rio. As igrejas evangélicas movimentam enormes quantidades de dinheiro no Brasil, provenientes dos dízimos e ofertas dos milhões de fiéis. Além de poder econômico, o casal tinha uma notável influência política na região. O Ministério Flordelis continua operando, mas com um novo nome: Comunidade Evangélica Cidade do Fogo (o nome foi trocado logo após os escândalos provenientes do crime).

A polícia diz que a deputada recorreu a um crime com arma de fogo para se desfazer do marido após tentar envenená-lo diversas vezes com a cumplicidade de algumas de suas filhas, que buscaram como fazê-lo na Internet. A viúva e os filhos sempre foram os principais suspeitos, embora ela afirme que o assassinato tenha sido obra de um ladrão que entrou na casa e todos tenham comparecido ao enterro compungidos. Flordelis, aliás, teria até dito que a morte do marido "havia sido revelada por Deus".

Termina assim, violentamente, a história em comum desse casal, que ao longo dos anos havia construído uma família imensa com a adoção de crianças e adolescentes vulneráveis, uma igreja (Ministério Flordelis) e uma carreira política que foi coroada quando ela obteve uma cadeira na Câmara dos Deputados, com um número recorde de votos, por um partido (PSD) que a expulsou nesta mesma segunda-feira.

Em nota, o presidente nacional do PSD, o ex-ministro Gilberto Kassab, disse que o partido irá suspender a filiação da deputada em razão de seu indiciamento. 
"E, a partir dos desdobramentos perante a Justiça, serão adotadas as medidas estatutárias para a expulsão da parlamentar dos seus quadros."

A Deus, toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
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