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quinta-feira, 7 de maio de 2020

FILMES QUE EU VI — 57: "QUESTÃO DE HONRA"

O que se pode esperar de um filme que traz em seu elenco nomes de peso como o veterano Jack Nicholson ("O Iluminado"), o galã Tom Cruise ("De Olhos Bem Fechados"), a talentosíssima e igualmente belíssima Demi Moore ("Ghost, do Outro Lado da Vida") e os tão talentosos quanto Kevin Bacon ("Sentença de Morte") e Kiefer Sutherland ("Tempo de Matar").

Ufa! Acho que com um elenco desses o filme já prometia, né? Pois é. E foi exatamente o que aconteceu com o sensacional e tenso "Questão de Honra (A Few Good Men)". Mas, apesar de alguns problemas técnicos, não se trata de um filme fácil, óbvio. Muito pelo contrário. Exige dos seus expectadores nervos de aço. 

Desde seu lançamento em 1992, o longa vem sendo constantemente usado como peça de dissertações acadêmicas para estudantes de direito. Entretanto, ele não deixa de despertar a atenção de meros cinéfilos, como este vos escreve, que entende tanto dos meandros jurídicos quanto de física nuclear.

O Cinema na década de 90


Antes de falar sobre o filme, farei um resumo sobre o panorama do cinema na década de 90. A tecnologia hoje faz de tal forma parte de nossas vidas que não é exagero afirmar que em muitos sentidos já vivemos nos cenários que os filmes de ficção científica do passado imaginavam. 

Não é por acaso que o futuro retratado por exemplo,  em "De Volta Para o Futuro 2" já aconteceu, segundo o filme, há alguns anos: hoje vivemos conectados e virtualmente automatizados como personagens de um sci-fi da vida real. Nos anos 1990, porém, as coisas ainda eram bem diferentes, assim como era diferente a nossa imaginação.

Já se vão algumas décadas do início do advento em que a tecnologia digital e a internet surgiram, engatinhando ainda como ferramentas ao mesmo tempo impressionantes e ainda então um tanto inúteis. Mas Hollywood e o cinema nos anos 1990 trabalharam com louvor para retratar e ajudar a criar esse futuro tecnológico nas telas, e com isso algumas pérolas da ficção científica nasceram e se imortalizaram em nosso imaginário à essa época.

Entre dinossauros, invasões alienígenas, ameaças apocalípticas, robôs e viagens no tempo, o cinema de ficção científica viveu uma fase dourada nos anos 1990, com imensos sucessos de público e crítica – e alguns poucos gloriosos fracassos que mesmo assim permanecem em nossos corações. Assim podemos dizer que a década de 90 foi emblemática e um marco no que seria a nova linguagem da sétima arte. 

Mas, bem distante dos cenários futurísticos que enchiam as telas e os nossos olhos com seus ousados efeitos especiais, o filme sobre o qual irei falar no capítulo 57 da série especial de artigos Filmes Que Eu Vi, nos leva para dentro de um tribunal militar dos Estados Unidos.

Sobre o filme


Blu-ray Questão De Honra - Original - R$ 44,90 em Mercado Livre
O longa dirigido por Rob Reiner ("O Primeiro Amor") se tornou um clássico dos tribunais,"Few a Good Men" ou, como lançado aqui no Brasil, "Questão de Honra" (e ainda "Uma Questão de Honra" em Portugal), de 1992, recebeu a indicação a 4 Oscars.

"Questão de Honra" conta a história de 'William T. Santiago' (Michael DeLorenzo), um Fuzileiro Naval Americano que foi encontrado morto na Base Naval da Baia de Guantánamo onde o soldado 'Louden Downey' (James Marshall) e o Cabo 'Harold Dawson' (Wolfgang Bodison), que faziam parte da mesma companhia de William, são acusados do crime.
Ficha do Filme | Questão de Honra (A Few Good Men, 1992)
Como se isso já não fosse complicado o bastante, o evento se dá em Guantánamo, polêmica base militar americana em Cuba que, atualmente, é famosa por abrigar os novos inimigos de Estado dos EUA: os suspeitos por terrorismo. 
  • Nota histórica: à época em que se passa o filme, a base ainda era apenas um posto avançado do exército para manter o olho sobre a ameaça comunista que Cuba representava.
Is This A Normal Life?: A few good man (Questão de Honra), 1992 ...
Montado o caso, no qual os dois fuzileiros acusados, aparentemente, não teriam defesa, passamos a conhecer os advogados da história. A Tenente Comandante 'Galloway' (Moore) é a advogada "de coração", que crê no direito de defesa de todo homem e que passa a lutar para conseguir a representação dos réus.

Só que o caso não é tão simples e logo fica claro que é de interesse do Exército encerrar logo a disputa. É indicado então o jovem – e petulante – Tenente 'Kafee' (Cruise), garoto de ouro da Corregedoria Naval, famoso por conseguir acordos rápidos e não fazer perguntas.

Surpreendente nos limites da obviedade


Foto de Questão de Honra - Questão de Honra : Foto - AdoroCinema
Você sabe onde isso vai dar. Tom Cruise, com seu sorrisão de bom moço, não pode desapontar o espectador e logo ele é obrigado a encarar a realidade de sua responsabilidade e passa a lutar pelos acusados. E se isso significa atacar os peixes grandes da cadeia de comando da maior força militar do planeta e convocar a Corte Marcial – oi, JAG! – que seja!

"A Lei não ganhará este caso, e sim os advogados". 

Esta frase é solta em determinado momento e não poderia ser mais acertada. A lei serve para proteger o cidadão, mas será que ela é a mesma para todos, realmente? E em se tratando de um ambiente militar, onde muitas vezes o mais fraco é "sacrificado" em prol de um anunciado "bem maior", o que pode o indivíduo, sem ajuda?

Embate judicial, moral ou pessoal?


Filme Questão de Honra Melhor Cena - YouTube
Com medo de uma repercussão maior, altas patentes da Marinha resolvem delegar o caso ao Ten. Kaffee, um jovem advogado, famoso por promover acordos para resolução de casos, nunca tendo assim, pisado em um tribunal. Ao encargo de acompanha-lo a Tenente JoAnne Galloway desaprova o método de Kaffe obrigando-o a ir além de um simples acordo para entender a complexidade da rigorosa disciplina que é aplicada na Base de Guantánamo. 

Durante uma viagem a esta Base na procura de mais pistas e evidências do crime os advogados de defesa Kaffee e JoAnne acabam encontrando-se com o Coronel Nathan Jessep (Nicholson: excepcional, como sempre) responsável geral por Guantánamo e descobrem que William pode ter sido vítima de um "Código Vermelho", uma medida disciplinar exigida pelo próprio regime militar.

Sem provas que comprovem tais eventos, apesar das evidências, Kaffee e JoAnne arriscam todas as peças em uma única saída para ganhar a causa de Louden Downey e Harold Dawson, a confissão no tribunal de que um "Codigo Vermelho" lhes foi ordenado pelas altas patentes.

Os contras


Demi Moore | Cinematographe
Embora seja sem dúvida um dos melhores filmes da década de 90, "Questão de Honra" não deixa de ter problemas que o impediram de ser um filme perfeito. A verdade é que o filme não causou hoje uma boa impressão como achei que causaria. Ou mesmo do que me lembrava de como seria.

Um dos motivos foi o excesso de obviedade dado ao seu tratamento. Não é que não tenha uma ou outra surpresa, mas sim pelo fato de parecer repetir cenas para não deixar nenhuma dúvida para o espectador. Basicamente vemos a preparação da cena que vai acontecer, em seguida a cena acontece pra valer para então depois vermos os personagens explicando a cena que acabamos de ver. Parece um making of onde vemos o ensaio, a gravação e a edição. Ou talvez apenas subestime a inteligência de quem assiste.

É claro que o filme nos leva para julgamento. Tanto porque Galloway não deixa Kaffee levar seu trabalho preguiçosamente, ou porque os dois acusados são militares tão orgulhosos que preferem passar mais de uma década na cadeia do que sujar o nome do exército, tropa, Deus ou país. Nesta ordem. Ou ele entra na briga ou pede que outro advogado seja designado.

A maior vantagem do filme é provavelmente o elenco de primeiríssima linha. Cruise alternava blockbusters de sucesso, como "Dias de Trovão", com filmes mais sérios como "Nascido em 4 de Julho". Se ele ainda não era o ator experiente (e melhor) que vemos hoje, pelo menos se entrega muito bem e dá conta do recado. Ao seu lado estava uma Demi Moore em seu auge além dos sempre competentes Kevin Bacon e Kiefer Sutherland. Mesmo entre os "figurantes" temos Cuba Gooding Jr (Cpl. Carl Hammaker) e Noah Wyle (Cpl. Jeffrey Barnes). A cereja no topo fica por conta do sempre ótimo Jack Nicholson, que dispensa maiores apresentações, bastou estar lá.
VOCÊ NÃO PODE SUPORTAR A VERDADE!” – Jack Nicholson x Tom Cruise ...
Só é uma pena ver um filme que podia ser ótimo acabar sendo apenas mediano. Quando chega a cena final onde Cruise vai pressionar Jessup na cena mais famosa, sabemos que estratégia ele vai usar e como vai usar. Infelizmente isso tira muito da força que o filme poderia ter. Melhoraria se fosse mais enxuto.

Conclusão


Questão de Honra – Chefão de fase
O título em português do filme, "Questão de Honra", é bom, mostra o empenho dos advogados em desafiar toda uma hierarquia estabelecida há tanto tempo – e apoiada pela tradição americana da prioridade pela segurança nacional, um esquema aceito de fins justificando os meios. Mas posto assim, parece que se trata de uma pendenga pessoal, uma birra. Uma vontade de bater o pé e mostrar a língua.

É por isso que eu ainda prefiro o título original. "A Few Good Men", ou "alguns bons homens", em livre tradução. Ele tem mais força. Evoca a coragem necessária em se levantar contra o que é errado, de fazer o certo quando ninguém mais pode. Mostra que muitas vezes, só são necessárias umas poucas pessoas com fibra, determinação e honra de verdade para começar a consertar as injustiças por aí. 

Em síntese, trata-se de um filme inteligente, tenso primeiro por tratar de um tema polêmico sobre o tratamento que os soldados recebem nas forças armadas americanas, onde o clima de tensão está presente em quase todo momento e marcado por grandes interpretações com elenco poderoso, Tom Cruise, Demi Moore, Kevin Bacon e o monstro sagrado Jack Nicholson, sendo ele indicado ao Oscar, sem contar o absurdo de Tom não ter sido indicado, esteve ótimo em diálogos intensos e bem dirigido, este filme ainda teve outras indicações como o prêmio principal de melhor filme. Roteiro impecável, fotografia e parte técnica ótimas. "Questão de Honra" é sem sombras de dúvidas Top 10 dos anos 90.
A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.

Um comentário:

  1. Um filme memorável apenas pela atuação de Nicholson.
    Sinceramente a personagem de Moore era francamente desnecessária. Se não existisse na trama, que diferença faria? Ou então ela poderia estar no filme e Cruise não. Só um dos dois seria suficiente para defender os réus. Para quê os dois? Como o filme se concentra em Cruise, Demi ficou sobrando.

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