"O SENHOR firma os passos de um homem quando a conduta deste o agrada; ainda que tropece, não cairá, pois o SENHOR o toma pela mão" (Salmo 37:23,24).
"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente" (Efésios 4:11-14).
Você está preparado para lidar com seus erros? Você os assume? Considera a enorme probabilidade de vir a cometê-los?
Decerto essas perguntas são confrontadoras, perturbadoras, principalmente por aqueles que se julgam o protótipo divino da perfeição, insuperáveis, incapazes de cometer qualquer tipo de erro, por menor que seja (sim, há muitos desses nas fileiras evangélicas). Esse tipo de pessoa geralmente não aceita os erros alheios e já elimina de maneira implacável qualquer outra que ouse cometê-los. O perigo é que tais pessoas se julgam tão perfeitas, mas tão perfeitas, que, mesmo sem observarem, acabam se tornando independentes de Deus e de seu poder sobre tudo e todos.
No texto deste artigo, não estou em absoluto fazendo uma apologia à imperfeição, mas sim propondo uma reflexão sobre como agir diante da iminente possibilidade de que todos nós temos em cometer erro no decurso de nossas vidas e levar o leitor a considerar algo a que todos nós seres humanos estamos inerentes: o fato de sermos imperfeitos em essência.
Podemos aprender com os erros?
Certa feita, li uma entrevista na revista Exame de um executivo de sucesso. O entrevistador perguntou se, antes de ser bem sucedido, ele havia tido algum fracasso. Ele contou que chegou a levar 3 ou 4 negócios à falência e, então, disse algo interessantíssimo:
"Existem investidores nos EUA que nem sentam para conversar com você, se você não tiver tido alguns casos de falência."
Em seguida, ressaltou uma grande verdade no mundo empresarial, que muitos esquecem: Ter apenas sucesso pode ser perigoso, porque a pessoa pode não enxergar certos riscos e armadilhas, além de se tornar arrogante. Ter tido fracassos ajuda a pessoa a ser mais prudente, a ter mais experiência e, a partir daí, realmente se tornar bem sucedido.
Ele estava falando sobre a importância de errar. Ainda que seu viés tenha sido o empresarial, o conceito, dadas as devidas proporções e se distinguindo os contextos, é sim extensivas a todas as instâncias no decurso de nossa vida. E, de fato, uma investigação mais detalhada revela que a grande maioria das pessoas bem sucedidas já cometeu erros enormes. Muitos já faliram, já foram mal sucedidos, já deixaram escapar oportunidades, etc. Tudo isso serviu para que pudessem adquirir maturidade, experiência de vida e a força necessárias para terem sucesso.
Em outras palavras: cometer erros é importantíssimo, porque o ditado é verdadeiro:
"É errando que se aprende."
Talvez você já tenha saído da escola há anos, mas ainda se lembre de algumas "mancadas" que deu em provas. Ou se recorde de erros que fizeram você arranhar o carro ao dirigir. Ou, ainda, após muitos anos de casado, aquelas bobagens que se arrepende de ter dito ou feito no casamento. Essas coisas só comprovam que errar tem um poder didático enorme.
A equivocada e controversa cultura da perfeição
Infelizmente, muita gente foi criada em cultura de absoluta intolerância ao erro, seja por pais, escolas ou mesmo religiões excessivamente rigorosas. Ao menor tropeço, eram duramente punidas.
Entre os orientais, essa cultura é comum e uma das responsáveis pelo auto índice de indivíduos frustrados. Essa frustração pessoal, alimenta a depressão que, consequentemente, eleva o alto índice nos casos de suicídios. Principalmente entre o público mais jovem. Os orientais não admitem erros.
Há pais que, ao invés de uma disciplina amorosa e encorajadora, criam os filhos na base da agressão e do medo.
Em pesquisa recente, psicólogos norte-americanos perceberam que pessoas apresentavam sintomas de estresse pós-traumático, após estudarem em escolas que, ao invés de praticar o respeito e a seriedade de uma forma saudável e motivadora, humilhavam ou destratavam seus alunos. Um dos sinais disso – que também encontramos com frequência por aqui – são pessoas que passam a vida toda tendo pesadelos envolvendo provas, boletins ou avaliações.
E o que dizer das religiões que apresentam uma versão tão terrível do Eterno, que mais parece uma versão onipotente do capeta do imaginário popular. Ou ainda massacram tanto seus fiéis com dogmas e imposições religiosas, que esses ficam morrendo de medo de pisar fora da linha e sofrerem alguma sanção.
Esse tipo de cultura se torna um grave problema justamente porque tira das pessoas não só o direito de errar, mas também a oportunidade de errar e, em errando, progredir e evoluir. Além do mais, compromete a prática de dois importantes pilares de sustentação do nosso relacionamento com Deus: a dependência e o arrependimento. Sim, pois, se eu não erro, sou independente do poder de dEle e sem erro, do que terei de me arrepender?
Em todas as áreas da vida, o erro é uma ferramenta importante. Inclusive na vida espiritual. Observe o que diz o salmista:
"Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra" (Sl 119:67).
É claro que a aflição gerada por um erro nunca é agradável. Da mesma forma que não é nada prazeroso cair no chão e ralar o joelho, aprendendo a andar de bicicleta.
Muitas pessoas têm a ideia equivocada de que aquilo que separa o justo do iníquo é o não errar. Na realidade, não é isso que ensina a Bíblia Hebraica. Observe:
"Diga a eles: 'Assim diz o Senhor. Quando os homens caem, não se levantam mais? Quando alguém se desvia do caminho, não retorna a ele? Por que será, então, que este povo se desviou? Por que Jerusalém persiste em desviar-se?
Eles apegam-se ao engano e recusam-se a voltar. Eu ouvi com atenção, mas eles não dizem o que é certo. Ninguém se arrepende de sua maldade e diz: "O que foi que eu fiz?" Cada um se desvia e segue seu próprio curso, como um cavalo que se lança com ímpeto na batalha'" (Jeremias 8:4-6, grifo meu).
Observe que a queixa do Eterno para com os moradores de Jerusalém não era quanto a errarem. Era quanto ao fato de que não queriam aprender com seus erros, não se arrependiam nem voltavam atrás nas suas falhas.
Portanto, um dos problemas quanto ao erro é errar e nunca voltar atrás. O justo e o sábio se caracterizam por reconhecer seus erros.
Ironicamente, uma cultura do medo acaba dificultando isso, pois gera pessoas que ou acham que estão sempre erradas – o que faz com que os erros não se destaquem e elas não aprendam – ou têm a necessidade de estar sempre certas, porque morrem de medo da consequência de errar.
Mas existe ainda outro problema, além do não reconhecer o erro:
"Como o cão volta ao seu vômito, assim o insensato repete a sua insensatez" (Provérbios 26:11).
Esse segundo problema apontado pela Bíblia Hebraica é o daquelas pessoas que só se arrependem do erro porque foram pegas nele, ou porque a coisa deu errado.
Por exemplo, um funcionário que rouba o patrão, pede perdão, chora, é desculpado e, no mês seguinte faz a mesma coisa. E se for perdoado uma segunda vez, fará uma terceira. São os chamados erros contumazes. Esse tipo de pessoa não quer aprender com seus erros, porque o reconhecimento do erro é apenas da boca pra fora.
De todo jeito, os dois problemas apontados pela Bíblia Hebraica recaem sobre o mesmo ponto:
- Reconhecer o erro e tentar fazer melhor, ou fazer certo, da próxima vez. Mesmo que cometa novo erro, o justo e o sábio estão sempre dispostos a aprender.
E isso vale tanto para a vida espiritual quanto para qualquer outra área da sua vida.
Conclusão
"Quem insiste no erro depois de muita repreensão, será destruído, sem aviso e irremediavelmente" (Pv 29:1).
Portanto, não se desespere com seus erros. Entenda que eles fazem parte do processo de amadurecimento e do adquirir a sabedoria necessária para que você seja bem-sucedido.
Aceite que você, como ser humano, terá falhas. Encare isso com naturalidade, sem medo. Respire fundo e saiba que o Senhor não te abandonará na adversidade. E, quando estiver novamente por cima, agradeça a Ele também pelo privilégio de errar e aprender com o erro. O nome disso é: dependência!
A Deus, pleno em perfeição, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário