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segunda-feira, 30 de março de 2020

O ESCUDO DA FÉ X A CULTURA DO PÂNICO

"...Além disso, usem o escudo da fé, com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno..." (Efésios 6:16). 
A pandemia de coronavírus está confundindo e assustando centenas de milhões de pessoas. Isso não é uma surpresa. Muitas pessoas ao redor do mundo estão doentes, muitas outras morreram e há perspectivas de que outras tantas ainda venha a morrer. A menos que a situação mude drasticamente, muitas mais adoecerão e morrerão em todo o mundo. 

Esta crise levanta sérias questões médicas, políticas, éticas e logísticas. Mas levanta questões adicionais para as pessoas de fé. Por isso, no texto deste artigo, gostaria de oferecer alguns conselhos da tradição cristã, do uso consciente da espiritualidade e da minha própria experiência. Antes, porém, vamos conhecer um pouco sobre a Cultura do Pânico, que tem sido disseminada nesses dias tão difíceis. 

A cultura do pânico 


A Cultura do Pânico tem se alastrado por toda sociedade como um mecanismo ampliador do poder punitivo estatal e divino. Uma sociedade amedrontada, acuada pela insegurança, é o palco certo para o desenvolvimento de um sentimento de incerteza, que, se não for dominado, pode colocar em xeque até mesmo nossa fé e confiança em Quem tem o poder e o domínio sobre todas as coisas: DEUS! 

Como se caracteriza a Cultura do Pânico 


Como Cultura do Pânico, implantada por um discurso de medo pode-se definir o conceito operacional como sendo os discursos históricos, políticos, midiáticos, culturais e sociais que radicalizam o medo e o colocam como protagonista dos fenômenos sociais. 

Nascemos e crescemos familiarizados com o medo. Somos educados pelo medo, para o medo e com medo. Desde pequenos, somos incutidos pelo medo do escuro, das pessoas desconhecidas, do homem do saco, do bicho papão, das bruxas, dos fantasmas, do diabo – e, até mesmo de Deus –, assim por diante; quando adultos, surge o medo da morte, do terrorismo, do pecado, da inflação, medo de tudo. A cultura do medo é a melhor forma de manipular as pessoas e muito utilizada, até mesmo no contexto eclesiástico, para controle das massas, pois uma pessoa com medo torna-se obediente e incapaz de impor sua vontade.  

A quem interessa alimentar o pânico coletivo? 


De fato, nem sempre o temor se funda em fatos concretos, mas sim em uma percepção subjetiva de uma possível ameaça, que se vê fomentada, muitas vezes, por campanhas orquestradas pelos meios de comunicação – a mídia. E, ainda que outorgue a si o papel de mera transmissora da realidade social, a mídia não se limita a proporcionar uma imagem falsa da realidade: ela a produz. 

Insegura e individualizada, a sociedade clama por respostas rápidas. O medo cresce com estímulo gigantesco pela imprensa, que por sua vez, é "expert" em causar pânico. Trata-se de um sensacionalismo sem fronteiras. A mídia não só retrata, ela também constrói a realidade social. Produz (ou reproduz, muitas vezes sem retoques) imagens de insegurança. 

O discurso midiático é atemorizador, pois não só apresenta como espetaculariza e dramatiza as situações, muitas vezes, de forma irresponsável, omitindo fatos ou os manipulando em busca de seus interesses pessoais. Não existindo imagem neutra, pois tudo o que ela apresenta tem que chocar, causar impacto, vibração, emoção. Toda informação tem seu aspecto emocional: nisso é que reside, por exemplo, a dramatização da violência. 

Assim, é possível notar que a divulgação de notícias exageradas na mídia desperta nas pessoas um já acentuado sentimento de impossibilidade frente às situações adversas. O medo vivido coletivamente, atrelado à angústia constante de que "algo pode acontecer", resulta na necessidade de uma resposta imediata: a instalação de um estado emergencial. 

A verdade é que a coletividade prefere os discursos sensacionalistas. Os políticos exploram um tipo de histeria coletiva, quando o tema é a insegurança. Temos aqui uma ditadura universal do medo, em que somos treinados para ter medo de tudo e de todos. 

A importância do Escudo da Fé 


O escudo da fé é parte da armadura de Deus, descrita em Efésios 6:10-20, que todo cristão verdadeiro deve vestir. O significado do escudo da fé fala acerca da confiança inabalável do crente em Deus e em Sua Palavra. O escudo da fé protege os redimidos contra as mentiras e o engano de satanás. 

Foi o apóstolo Paulo quem escreveu sobre o escudo da fé em sua carta aos crentes da cidade de Éfeso. Ele destaca o papel fundamental desse escudo na vida cristã. O apóstolo diz que os seguidores de Cristo devem estar sempre empunhando o escudo da fé com o qual poderão apagar todas as setas inflamadas do maligno (Ef 6:16). 

Por que "escudo da fé"? 


Quando Paulo falou sobre o escudo da fé, muito provavelmente ele tinha em mente um escudo de grande porte que integrava as armas de guerra de um soldado romano de sua época. Havia dois tipos de escudos: um menor com formato arredondado e outro maior com formato oval e retangular. 

A palavra grega que o apóstolo emprega indica que ele faz referência ao escudo maior. Tratava-se de um escudo com medidas aproximadas de 75 centímetros de largura e mais de 1,20 metros de altura. Esse tamanho era suficiente para proteger todo o corpo do soldado. Além disso, as tropas se posicionavam estrategicamente no campo de batalha permitindo que os soldados pudessem juntar seus escudos e formar um tipo de muro ou casco de proteção. 

O principal objetivo disso era prover proteção contra os dardos inflamados que eram amplamente utilizados naquele tempo. Uma das armas mais letais da época era justamente as flechas incendiárias. Soldados inimigos mergulhavam suas flechas geralmente em uma mistura de piche altamente inflamável e ateavam fogo nelas antes de lançá-las. 

Então esses grandes escudos tinham um papel muito importante nesse aspecto. Eles eram feitos de madeira dura e eram cobertos de couro de animal. Alguns escudos contavam ainda com um revestimento de metal que ficava entre a madeira e o couro. 

Quando corretamente utilizados, esses escudos eram eficazes em evitar que qualquer dano fosse causado ao seu portador diante das flechas inimigas. Inclusive, as flechas em chamas cravavam na superfície resistente do escudo e facilmente o fogo era extinto. 

Resista ao pânico 


Isso não significa que não haja nenhum motivo para se preocupar ou que devamos ignorar os bons conselhos dos profissionais médicos e dos especialistas em saúde pública. 

Mas pânico e medo não vêm de Deus. É como se fosse um dos muitos "dardos inflamados do maligno", com o intuito de nos paralisar e de nos fazer esquecer quem somos em Deus e o que nEle podemos. Calma e esperança, sim. E é possível responder a uma crise com seriedade e deliberação, mantendo um senso interior de calma e de esperança. 

Inácio Loyola, o fundador dos jesuítas, costumava falar sobre duas forças em nossas vidas interiores: uma que nos afasta de Deus, que ele rotulou de mau espírito e que 
"causa uma ansiedade atormentadora, entristece e cria obstáculos. Desse modo, perturba as pessoas com falsas razões destinadas a impedir seu progresso". 
Soa familiar? Não dê crédito a mentiras ou rumores, nem ceda ao pânico. Confie no que os especialistas médicos lhe dizem, não naqueles que temem mais. 

O pânico, ao confundir e assustar você, afasta-o da ajuda que Deus quer lhe dar. Ele não vem de Deus. O que vem de Deus? O Espírito de Deus em nós desperta coragem e força, consolação, inspiração e tranquilidade. Portanto, confie na calma e na esperança que você sente. Essa é a voz a ser ouvida. 

Não demonize 


Outro dia, um amigo que reside em Seatle, nos EUA, me disse que, quando um chinês idoso entrou em um vagão do metrô na cidade de Nova York, o vagão esvaziou, enquanto as pessoas começaram a gritar contra ele, culpando o seu país por espalhar o vírus. 

Resista à tentação de demonizar ou de criar um bode expiatório, que aumenta em tempos de estresse e de escassez. A Covid-19 não é uma doença chinesa; não é uma doença "estrangeira". Não é "culpa" de ninguém. 

Da mesma forma, as pessoas que são infectadas não têm culpa. Lembre-se de que Jesus foi perguntado sobre um homem cego: 
"Quem pecou, para que este homem nascesse cego?". 
A resposta de Jesus: 
"Ninguém" (João 9:1-4)!
A doença não é necessariamente uma punição. Então não demonize e não odeie. Muitas coisas foram canceladas por causa do coronavírus. O amor não é uma delas. 

Cuide dos doentes 


Esta pandemia pode ser um longo fardo; alguns dos nossos amigos e familiares podem ficar doentes e talvez morrer. Faça o que puder para ajudar os outros, especialmente os idosos, os deficientes, os pobres e os isolados. Tome as precauções necessárias; não seja imprudente e não se arrisque a espalhar a doença, mas também não esqueça o dever cristão fundamental de ajudar aos outros. 

Quem nos ensina sobre o amor ao próximo é o Mestre Jesus e lembre-se de que Jesus viveu durante um tempo em que as pessoas não tinham acesso nem aos cuidados médicos mais rudimentares; portanto, visitar os doentes era tão perigoso, senão até mais, do que hoje. Parte da tradição cristã é cuidar dos doentes, mesmo com algum custo pessoal. Por isso, Ele disse: 
"...Estive enfermo, e vos me cuidastes..." (Mateus 25:36b). 
E não feche seu coração aos pobres e àqueles que não têm nenhum serviço de saúde, ou o têm de modo limitado. Os refugiados, os sem-teto e os migrantes, por exemplo, sofrerão ainda mais do que a população em geral. Mantenha seu coração aberto para todos os necessitados. Não deixe sua consciência ser infectada também. 

Ore, ore, ore...! 


Muitas igrejas cristãs, tanto protestantes quanto católicas, em todo o mundo estão fechando; cultos, missas e outros serviços ministeriais e paroquiais estão sendo suspensos cancelado por muitos líderes. Essas são medidas prudentes e necessárias, voltadas a manter as pessoas saudáveis. 

E seja criativo. Você pode meditar na Palavra por conta própria, em sua própria casa, consultar um comentário bíblico sobre as leituras, reunir sua família para conversar sobre o Evangelho, para o a realização de um culto doméstico ou se conectar com os amigos através das redes sociais e compartilhar suas experiências de como Deus está presente em você, mesmo em meio a uma crise. 

Os cristãos perseguidos na Igreja primitiva, sem os benefícios da tecnologia, oravam e compartilhavam sua fé nas catacumbas, e nós podemos fazer o mesmo.  Lembre-se de que Jesus disse: 
"...Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles..." (Mt 18:20). 
É um tempo oportuno para entender que Deus não está apenas nos limites dos quadriláteros edificados por mãos humanas e denominados templos. Lembre-se também de que a Igreja não é um edifício, uma instituição. É um organismo vivo. 

Confie que Deus está com você 


Muitas pessoas, especialmente as doentes, podem sentir uma sensação de isolamento que agrava seu medo. E muitos de nós, mesmo não estando infectados, conhecerão pessoas que estão doentes e até podem morrer. Então a maioria perguntará naturalmente: por que isso está acontecendo? 

Não existe uma resposta satisfatória para essa pergunta, que, em sua essência, é a questão de por que o sofrimento existe, algo que santos e teólogos ponderaram ao longo dos séculos. No fim das contas, é o maior dos mistérios. E a pergunta é: você pode acreditar em um Deus que você não entende? 

Ao mesmo tempo, sabemos que Jesus entende o nosso sofrimento e nos acompanha do modo mais íntimo. Lembre-se de que, durante seu ministério público, Jesus passou muito tempo com os doentes. E, antes da medicina moderna, quase qualquer infecção poderia matá-lO. Assim, a expectativa de vida era curta: apenas 30 ou 40 anos. Em outras palavras, Jesus conhecia o mundo da doença. 

Jesus, então, entende todos os medos e preocupações que você tem. Jesus entende você, não apenas porque Ele é divino e entende todas as coisas, mas porque Ele, enquanto humano, experimentou todas as coisas. Vá ao encontro d'Ele em oração. E confie que Ele ouve você e está com você. 

Conclusão 

"Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé" (1 Jo 5:4). 
Enfim, a cultura do medo é um conjunto de valores cultivados pela classe dominante e aceitos pelos demais grupos sociais. Advém do sentimento coletivo de insegurança que acomete a população, devido à dramatização da violência, principalmente, pelos meios de comunicação de massa. Isto é o que legitima o abalo das garantias e direitos constitucionais em prol de uma suposta segurança. Sabe como podemos vencer isso: empunhando o escudo da fé.
 
[Fonte: Estilo Adoração] 

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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