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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

PASTORES TÊM PROBLEMAS? ELES PRECISAM DE AJUDA?


"Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver (...). Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil" (Hebreus 13:7,17, grifos meus).
Você já se fez essas perguntas que dão título a este artigo? Se sim ou se não, te peço a gentileza de investir um pouco do seu precioso tempo na leitura desse texto.
  • Embora, por norma linguística, o texto esteja no masculino, seu conteúdo é essencialmente extensivo às mulheres que também exercem o ministério pastoral. 

Desmistificando a doutrina do "super-crente"


Pastores também sofrem. Passam por situações de angústia ou medo como qualquer outro ser humano. Essa verdade pode surpreender muitos membros de igreja e pessoas da sociedade. A proposta neste artigo é mostrar que pastores não são super-heróis, mas "super-humanos" como qualquer pessoa. A Bíblia também ensina essa verdade. Quando os pastores assumem sua humanidade, e a igreja aceita isso, há uma esperança para tratar do sofrimento dos líderes.

O sofrimento dos pastores. Este é um tema pouco mencionado nas comunidades evangélicas, muito devido ao fato de que há líderes que insistem em alimentar diante das comunidades o equívoco de que são pessoas especiais, dotadas e/ou privilegiadas com poderes superiores. 

Provavelmente, uma parcela dos membros das igrejas nem imagina que um pastor também passa por angústias. Para esses, o pastor é o "ungido de Deus", o que lhe confere imunidade a sofrimentos.

Muitas igrejas evangélicas, em especial as pentecostais e as neopentecostais, tratam hoje a sua liderança como eram tratados os profetas do passado, com reverência intocável. As ovelhas estão acostumadas a ver seu líder em momentos bons como cultos, festas, congressos, reuniões e outros eventos públicos, e o pastor parece sempre estar bem. 

Mesmo que o encontro não tenha motivos para comemorações, como visitas em hospitais ou funerais, lá está o pastor, aparentando muita serenidade e calma, tranquilizando e expressando palavras de conforto aos que sofrem. Poucos imaginam o que se passa nos "bastidores", na vida privada e familiar dos líderes. 

Parece que o pastor não enfrenta as mesmas dificuldades que afetam os membros. Ou se passa por problemas, eles não o abalam, afinal de contas o pastor "está muito mais próximo de Deus" e treinado para superar qualquer obstáculo que apareça em sua caminhada. 

Todavia, a realidade não é tão bonita como parece. Assim como médicos precisam de médicos, pastores também precisam de pastores que cuidem deles, que os escutem e entendam. Pastores estão sofrendo, muitos deles calados, enquanto tentam ajudar as pessoas necessitadas à sua volta. Talvez essa afirmação choque algumas pessoas. 

Nunca se imagina que um médico cardiologista tenha um problema sério no coração, por exemplo. Quando isso acontece, as pessoas ficam surpresas e abaladas. Porém, o médico também é um ser humano sujeito a diversas enfermidades, necessitado de cuidados. O mesmo vale para pastores, que também são pessoas criadas por Deus, sujeitos aos mesmos problemas e angústias enfrentados pelos membros e pessoas da comunidade.

Sabe quem é o pastor do seu pastor? VOCÊ!


Todavia, a tarefa de "pastorear pastores" pertence a toda denominação e não apenas àquele que recebeu o cargo de secretário para essa função. Estudiosos têm demonstrado que os pastores são, dentre as ovelhas de Cristo, os menos pastoreados no rebanho. 

O problema é que as pressões pragmáticas em prol do crescimento da igreja, do aumento da arrecadação, da exigência por uma comunidade vibrante e as demandas por visitas e aconselhamentos constantes acabam resultando em desgastes físicos, emocionais, relacionais e até espirituais desses líderes. 

Além do mais, as famílias dos pastores geralmente sofrem os "efeitos colaterais" do ministério, pois o desgaste do pastor acaba sendo sentido primeiramente por seus familiares e a família do ministro ainda é alvo de expectativas e demandas que intensificam algumas situações de estresse. Infelizmente, ademais, os pastores e suas famílias nem sempre recebem o cuidado devido por parte da igreja.

Conquanto extremamente necessário, o apoio a pastores geralmente encontra dificuldades, sendo uma das principais a própria conscientização sobre a necessidade em si, algo comum na forma de pensar tanto da denominação quanto de obreiros que carecem de ajuda. 

Por um lado, a denominação tem a tendência de sacralizar seus líderes, como se eles estivessem acima de quaisquer problemas, aflições ou vulnerabilidades. Por outro lado, a cultura pastoral facilmente ignora e sublima as evidências de problemas no ministério, evitando buscar ajuda com medo de expor suas fraquezas. Em meio a tudo isso, talvez a primeira coisa a fazer seja esclarecer porque pastores necessitam de apoio pastoral.

Sem a intenção de ser exaustivo, esse artigo submete algumas considerações que podem ser esclarecedoras quanto à questão levantada acima. Certamente alguns casos precisam ser considerados particularmente, pois eles possuem nuances próprias de sua natureza. Dessa forma, os cinco tópicos relacionados abaixo têm o propósito de descrever a condição real e comum da cultura pastoral em relação à sua necessidade de pastoreio. Isto porque:
  • 1) Porque homens de Deus continuam sendo homens – A expressão "homem de Deus" é, geralmente, usada na cultura evangélica para designar o pastor e obreiro cristão. Ela comunica o privilégio e a responsabilidade do ministro em relação à sua consagração ao serviço do Senhor. Biblicamente falando, ela se refere ao ministério daqueles que eram mensageiros da Palavra de Deus ao povo, tanto anjos como profetas (cf. Juízes 13:6,8; 1 Reis 13:1-21, 17:18,24; 2 Re 1:6-13). Nos dias atuais, os pastores são denominados homens de Deus pelo fato de serem oficialmente consagrados para o ministério da Palava na igreja do Senhor. No entanto, a ordenação ou consagração do pastor ao ministério da Palavra não altera sua natureza humana. Tanto o seu corpo quanto sua alma continuam mantendo as características comuns de ser humano que vive em um mundo sob a maldição do pecado, fazendo com que ele continue tendo carências emocionais e espirituais. 
  • 2) Porque pastores também são ovelhas – As Escrituras afirmam que todos nós somos "ovelhas do Supremo Pastor" (cf. 1 Pedro 5:4). Na linguagem bíblica, "ovelha" diz respeito àquele que segue o Cordeiro de Deus e faz parte do rebanho que Ele mesmo comprou com o seu próprio sangue (cf. Atos 20:28). A ovelha reconhece sua completa dependência do Pastor para provisão, proteção e propósito. Todavia, se a ovelha se desvia e se afasta do pastor, ela corre riscos de acidentes e se torna presa fácil de lobos vorazes. Semelhantemente, se pastores esquecem que eles também são ovelhas do Supremo Pastor, poderão cair em abismos teológicos, ter comportamentos grosseiros e se tornar presas dos propósitos do maligno. Um bom exemplo dessa dinâmica pastor-ovelha-pastor pode ser visto no relacionamento entre Paulo e Timóteo. Em outras palavras, Timóteo era um pastor que também era ovelha e, como tal, estava sob a supervisão de outro pastor. O apóstolo Paulo era igualmente um pastor e uma ovelha que se submetia ao pastoreio do colegiado apostólico e, em última instância, ao Supremo Pastor.
  • 3) Porque homens santos vivem num mundo caído e maculado – Embora servos do Deus Santo e chamados para viver vida santa, os crentes em Cristo exercem fé e obediência em um mundo caído e corrompido pelo pecado. Nessa condição, o mundo é um sistema de princípio e práticas contrários a Deus e aos seus propósitos. Por isso os apóstolos exortam os crentes a não amarem o mundo e nem a buscarem amizade com ele (cf. 1 João 2:15 e Tiago 4:4). As dificuldades da vida nesse mundo caído são acentuadas por João, que afirma: "o mundo jaz no maligno" (1 Jo 5:19), ou seja, satanás usa os recursos desse mundo como instrumentos contra os servos de Deus. O mundo caído se tornou um campo de aflições e distrações. Jesus lembrou os apóstolos que o mundo é um habitat onde se experimenta aflições (cf. Jo 16:33). Como cidadão do céu e também do mundo terreno, pastores são sujeitos às aflições e distrações comuns ao mesmo. Dessa maneira, eles necessitam de pastoreio tanto para serem confortados, quando aflitos, como para serem confrontados, quando se portarem como amigos do mundo. O processo de santificação do pastor não será completo nesse mundo e os efeitos da queda afetam o contexto em que o ministro vive e a maneira como ele responde a esse habitat.
  • 4) Porque servos de Deus são, muitas vezes, tratados como empregados de homens – Pastores são servos. Aliás, o significado da palavra grega traduzida para o português como "ministro" é servo ou assistente. Ademais, o termo "servo" é um dos mais importantes e proeminentes nas Escrituras em referência àqueles que desempenham a liderança sobre o povo de Deus (cf. 1 Coríntios 3:5). O próprio Senhor Jesus se apresentou como Aquele que veio para servir e não para ser servido (cf. Marcos 10:45). Portanto, a liderança servidora de Jesus se torna o padrão para todos aqueles que servem como ministros sobre o rebanho de Cristo. Todavia, um dos grandes problemas da missão do pastor como servo é o fato de que ele serve a Deus servindo a igreja. É importante lembrar que a igreja não consiste de pessoas plenamente santificadas, mas de pecadores redimidos em processo de transformação. Devido a alguns tratamentos injustos da igreja aos seus pastores, bem como de conflitos de liderança envolvendo os mesmos, os ministros precisam de ajuda. Conforme o sábio bíblico, "o coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos" (Provérbios 17:22). O ânimo de alguns pastores se encontra quase totalmente seco e por isso eles necessitam de conselhos e orientações (cf. Pv 15:22). Ademais, eles também necessitam ser exortados quando falham à fim de que caiam em arrependimento.
  • 5) Porque aqueles que pregam o Evangelho também precisam ouvi-lo – Pastores são pregadores do Evangelho e isso é uma enorme bênção. O apóstolo Paulo considerou esse ministério uma graça divinamente concedida a ele (cf. Efésios 3:8). Esse privilégio era considerado pelo apóstolo também como uma responsabilidade, pois ele dizia: "...ai de mim se não pregar o evangelho..." (cf. 1 Co 9:16). A alegria e a seriedade de Paulo com respeito à pregação do Evangelho são explicadas pelo fato de que o "...evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê..." (cf. Rm 1:16). Dessa maneira, é apropriado afirmar que o pregador do Evangelho trabalha para a eternidade! Todavia, no ministério pastoral é comum encontrar aqueles que pregam o Evangelho, mas, por diversas razões, não o escutam regularmente sendo pregado. Contudo, pregar o Evangelho para si mesmo é mais do que um jargão. Isso implica em encarar diariamente seus próprios pecados e, concomitantemente, correr para Jesus em fé, buscando purificação no seu precioso sangue e viver em dependência dAquele sem o qual nada se pode fazer. Alguns pastores, por se esquecerem da mensagem do Evangelho e deixar de aplicá-las a si mesmos, acabam desenvolvendo estilos arrogantes e soberbos de vida ministerial.
Até o momento foram analisados cinco tópicos que explicam a razão pela qual pastores necessitam de ajuda. Nenhum ministro pode se dizer acima dessas condições ou imune a essa carência. Portanto, a melhor pergunta talvez não seja em relação à importância de pastores serem ajudados, mas qual o melhor modus operandi para se prestar essa ajuda. Como já foi mencionado acima, nesse processo, toda a igreja e especialmente os secretários de apoio pastoral devem estar envolvidos.

Conclusão


Concluindo, entendemos que um processo de ajuda a pessoas que sofrem, como é o aconselhamento que os pastores fazem, só é eficiente quando os dois lados são beneficiados, tanto conselheiros como aconselhados. 

Ou que pelo menos ambos mantenham sua vida em equilíbrio e em paz. Tanto para o aconselhando quanto para o conselheiro, a verdadeira paz vem de Deus. Ela vem para aqueles que lançam todas as suas ansiedades sobre o Senhor, que apresentam seus pedidos a Deus com súplicas e ações de graça, que ocupam a mente com pensamentos puros que glorificam a Cristo, que resistem às investidas do diabo, e vivem de um modo que agrada a Cristo. 

A paz duradoura vem do Espírito Santo, o Consolador. Como todos os traços da santidade, a paz se consegue através do exercício espiritual e disciplina – meditando na Palavra e aplicando seus ensinamentos, sob a direção de nosso Mestre, o Espírito Santo.

O objetivo a ser alcançado é que tanto aconselhando como conselheiros encontrem e mantenham a verdadeira paz que só Deus pode oferecer. Quando isso for alcançado, pode-se dizer que o processo anda por um caminho saudável. 

Enquanto uns são beneficiados, mas outros, como os pastores, estão sofrendo, o equilíbrio ainda não foi atingido. Que Deus possa dirigir essa busca para se encontrar um ambiente de ajuda mútua saudável. Um contexto onde tanto membros como pastores encontrem alívio para suas angústias e sofrimentos. 
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A Deus, toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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