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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A BÍBLIA COMO ELA É - ENTENDENDO PROVÉRBIOS 22:28

"Não removas os marcos antigos que puseram teus pais" (Provérbios 22:28).
No meio pentecostal existe uma turma que sempre tenta justificar as suas tradições humanas nas Sagradas Escrituras, mas a Bíblia insiste em correr para o lado oposto. Os defensores do legalismo institucionalizado constantemente citam Provérbios 22:28 como embasamento para seus dogmas doutrinários. Ora, será que esse texto nos ensina que as tradições de uma instituição nunca devem ser alteradas?

Interpretação exegética


Uma boa exegese nos previne de violentar o texto bíblico com os nossos pensamentos imperfeitos. Nesse provérbio quando Salomão escreve "marcos antigos", o autor se refere a 
"pequenas pedras semelhantes a pilares com elaboradas inscrições de palavras e desenhos" [1]
ou seja, era um demarcador de terras que mostrava um limite onde não se poderia ultrapassar, pois assim o infrator estaria tomando posse de uma terra alheia. Na Nova Tradução Linguagem de Hoje (NTLH) o texto fica mais claro: 
"Não mude de lugar os marcos de divisa de terras que os seus antepassados colocaram".

Esse texto nos ensina a prática da integridade, respeito e justiça. Ou seja, uma advertência a não assumir por meios escusos o que não nos pertença por direito e/ou herança. O versículo não está ensinando que todas as tradições dos antepassados devem ser mantidas intactas, apesar de sabermos o valor de nossa herança histórica, isto porque, muitas delas tinham contextos especificamente culturais.

O teólogo Erwin Lutzer lembra: 
"Todos somos propensos a universalizar nossas próprias convicções pessoais; queremos tornar absoluto o que deveria ser relativo" [2]

Não podemos valorizar a forma em lugar da essência; não podemos transformar preceitos em princípios; não podemos tornar absoluto aquilo que é relativo  e vice-versa; não podemos transformar tradições em doutrinas  e vice-versa; não podemos desprezar a interpretação bíblica em nome de justificativas injustificáveis. Quando fazemos isso, prejudicamos a nós mesmos e a comunidade cristã.

Aplicação espiritual


"Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos" (Malaquias 3:6).
Como vimos acima, desde o início da civilização até o advento da agrimensura e dos registros cartoriais, as pessoas reivindicavam para si pedaços de terra demarcando os limites da propriedade com amontoados de pedra, pilares, etc. 

Logicamente, os indivíduos inescrupulosos sempre tentavam enganar, removendo os limites dos vizinhos para se apropriar da terra. Essa é a ênfase secular subjacente ao provérbio — exortando o povo de Deus a ser honesto e a respeitar os marcos definidos. Entretanto, a aplicação espiritual da recomendação é o que quero abordar agora no segundo parágrafo do artigo.

Deus é onisciente, onipotente e onipresente (o pináculo de sabedoria e de poder, e está presente em toda a parte) o que significa que Ele sempre acerta na primeira vez! Por essa razão, sempre estremeço quando ouço uma expressão comum em nosso meio 
"A oração muda as coisas" 
— pois na realidade não muda nada. 

Se pudéssemos mudar a mente de Deus por meio da oração intercessória, Ele deixaria de ser Deus e não valeria o princípio de que a Sua — e apenas a Sua — vontade é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2b)

Martinho Lutero captou bem a essência dessa verdade quando definiu a oração não como a superação da relutância de Deus, mas, ao invés disso, a apropriação da Sua disposição. 

Sim, somos instruídos a orar sem cessar e a ser inoportunos, mas se Deus atende às nossas petições é simplesmente porque era Sua vontade fazer aquilo desde o início. Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas Deus responde todas as orações que Seus filhos eleitos elevam aos céus. Algumas vezes, Ele responde com "sim", muito frequentemente diz "não" e, ocasionalmente, Sua resposta é "espere" — mas em todos os casos e sem falhar, há uma resposta definitiva, nunca um "talvez".

Reafirmo que Deus não muda e quando Ele nos diz para fazermos ou não alguma coisa, isso fica talhado na rocha! Sabemos, a partir da Palavra de Deus, quais são Suas posições e isso deve ser uma grande fonte de conforto para aqueles de nós que O conhecemos no livre perdão dos pecados. 

Infelizmente, porém, os homens mudam. Novamente, observe que no nosso texto em Provérbios, somos aconselhados a não remover os marcos antigos que nossos pais fixaram. Olhando para isso de um ponto de vista espiritual, vejo que nossos pais na fé fixaram alguns marcos antigos que devemos reconhecer e honrar, deixando-os onde estão e como estão. 

As doutrinas fundamentais da fé foram bem estabelecidas durante o tempo dos primeiros pais da igreja e precisamos reconhecer que qualquer tentativa de alterá-las é errada e não deve ser apoiada.

É fascinante e algumas vezes frustrante estudar e considerar as calorosas batalhas que ocorreram entre as diversas facções de irmãos professos sobre essas mesmas doutrinas. Em vez de reconhecer os marcos que foram definidos e fixados, sempre houve, e continua a existir aqueles que estão determinados a formular um "caminho mais excelente". 

Paulo advertiu os cristãos em 2 Tessalonicenses 2:7 que "o mistério da iniquidade já opera". Esse princípio da iniquidade estava em operação durante o tempo do ministério de Paulo e só tem piorado nos quase dois mil anos que se passaram desde aquela época. 

Acho seguro dizer que o mistério da iniquidade refere-se ao plano e ao programa de satanás e é um fato muitíssimo visível atualmente. Como consequência, os marcos, os marcos antigos — as doutrinas que foram exaustivamente debatidas e aceitas como baseadas nas Escrituras pelos pais da igreja primitiva, e que foram fielmente seguidas durante muitos anos (depois restabelecidas e validadas durante a Reforma), estão sendo agora postas de lado por grande parte dos que se identificam como "crentes" e/ou evangélicos e consideradas nulas e sem valor.

Amados, o marco doutrinário da Graça Soberana de Deus foi obscurecido (ou recebeu uma nova demão, por assim dizer) e substituído por aquilo que caracterizo como "última tentativa do homem de salvar a si mesmo". 

Se a Palavra de Deus ensina alguma coisa, ensina que a salvação é pela graça de Deus e não pelas obras do homem. Esse fato doutrinário é tão básico e fundamental, porém milhões estão cegos ao fato que todo o conceito de livre arbítrio coloca a salvação nas mãos do indivíduo — ele pode aceitá-la ou rejeitá-la. Preciso lembrá-lo que "aceitar" e "rejeitar" são verbos e que os verbos indicam ação? Obras — percebe? 

Conclusão


Entre o parágrafo inicial e o ponto final existe uma frase, existe uma história. Os pontos, e as virgulas separam os tempos, a vida e a morte, o inicio e o fim.

Os limites das páginas contam os anos de um tempo que se foi, e não quer mais voltar, pois como tudo na vida, a página foi virada.

Tudo que lemos parece-nos que fora esquecido, que foi consumado nas entrelinhas do passado. Estamos perdendo a memória; estamos ficando vazios, sem amor, e sem história.

Na plenitude dos tempos, e ou nas cercanias dele, a profecia registra que a iniquidade aumentaria, e que com o produto disto tudo o amor esfriaria.

O "eu sou" — no sentido do egoísmo, do culto ao ego  engoliria o nós somos, e a humildade sucumbiria aos arroubos da vaidade, colocando um ponto final nas amizades, na comunhão, no coletivismo e na fraternidade.

Neste contexto, estamos "removendo os limites da Palavra", e as fronteiras do abismo voam como penas de um vento que sopra nos corredores da mídia, dos falsos ensinos, e da hipocrisia.

O meio termo, o caminho do meio é aquele que agrada a gregos e troianos. O que é tributado ao Senhor do Reino, para acomodar as coisas mistura-se às coisas que são do outro. Os limites são ultrapassados, os princípios são negociados, o absoluto é relativizado e o santo é corrompido através de jogos de palavras, eloquência contaminada pelo venenoso fermento filosófico e recheado com o fatal enxerto ideológico, culminando em ensinos que destoam o enunciado Bíblico.

Tudo é uma questão de obediência


Só vão entender e obedecer todas estas coisas aqueles que estão dentre os muitos chamados, mas que estarão no rol dos poucos escolhidos pela sua aplicação. Você, em que categoria se enquadra?

[Fonte - Referências Bibliográficas: [1] PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe. 4 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. p 1226; [2] LUTZER, Erwin. Quem é Você Para Julgar? 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p 222]

A Deus, toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

5 comentários:

  1. Benção! Obrigada por tão esclarecedora explicação (:

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  2. Gostaria muito que o verdadeiro amor permanecesse,mas já foi dito que o amor de muitos esfriaram,muitos estão no conforto e na epocresia usando o nos somos,e se esquecendo do eu sou,não sou perfeito e não ninguém perfeito na terra mas gostaria muito de ter uma grande mudança em meu espírito uma grande transformação,mas infelizmente estamos removendo os março então fica muito dificil

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  3. "A oração muda as coisas"
    — pois na realidade não muda nada.

    Tá explicado porque muitos já não oram mas.
    Por acreditar em mensagem como essa.
    Pra que orar se a "vontade" de Deus prevalece? Seria desnecessário orar.
    Até o Espírito Santo está perdendo tempo Rm 8. 28. ... intercede com gemido inexprimível...
    João 14:13 E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
    Jesus se equivocou aqui. Pra que orar se tudo é "vontade" de Deus?
    Tudo é permissão. Nós nem sempre fazemos a Vontade, mas sempre fazemos a permissão.
    A oração não é pra mudar a mente de Deus, isso é verdade.

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    1. Verdade ,a oração muda situação e muitas das vezes Ele aguarda apenas uma oração para mudar algo em sua vida e não Nele.

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  4. Sabemos que tudo está se cumprindo… e temos visto no meio evangélico o mal se alastrando como uma doença o amor se esfriando … mas compreendo assim.. Deus não prova além daquilo que podemos suportar… precisamos aprender a orar com ousadia , precisamos olhar pra vida de Paulo , nas horas de lutas Adorar ao Pai nas horas de desespero conversar com Ele nos momentos de dor e de muita tristeza Adora Lo em Espirito.. isso faz toda diferença .. é assim que faremos a diferença . Como diz o Salmista - porque Dele por Ele e para Ele são todas as coisas.

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