Para esta geração, formada por pessoas que, em geral, são filhas de pais que tiveram maior envolvimento com o mundo rural, pesava a máxima:
"quando o jeito é se virar, irmão desconhece irmão".Era a lei do dinheiro que se impunha com seus pecados, subvertendo os ensinamentos cristãos da fraternidade. Artimanhas de um mundo capitalista que ditaram um tipo de comportamento, não só na economia, através de seu modo de produção, mas também, no âmbito cultural e psicológico. A letra desse conhecido samba, um clássico da MPB, descreve de maneira singular essa realidade do mundo capitalista.
Conhecendo o autor
Antes de partir para análise da música, composta e gravada especialmente para ser o tema de abertura da novela homônima, de autoria da saudosa dramaturga Janete Clair (☆1925/✞1983), que foi exibida pela Rede Globo, no então horário nobre das 20h:00, entre 24 de novembro de 1975 e 4 de junho de 1976. "Pecado Capital" foi a única música encomendada para a novela, por conta de uma mudança no mecanismo de produção das trilhas sonoras da TV Globo, composta e gravada por Paulinho da Viola em cerca de 24 horas.
Paulo César Batista de Faria, mais conhecido como Paulinho da Viola, é compositor, cantor e violonista. É considerado um dos mais importantes sambistas brasileiros. Paulinho nasceu no dia 12 de novembro de 1942, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Seu pai, o violonista César de Faria, era integrante de um grupo de chorinho de sucesso, chamado Época de Ouro. Por isso, Paulinho cresceu ao lado de músicos talentosos como Pixinguinha (☆1897/✞1973) e Jacob do Bandolim (☆1918/✞1969), entre outros. Estudava contabilidade e trabalhava numa agência bancária, quando começou a se dedicar à música.
Antes de gravar seu primeiro disco solo, Paulinho participou do grupo A Voz do Morro e gravou com ele três discos na década de 1960: "Roda de Samba Vol. 1", Roda de Samba Vol. 2" e "Os Sambistas". Faziam parte desse conjunto os respeitados sambistas Zé Ketti (☆1921/✞1999), Élton Medeiros (☆1930/✞2019) e Nélson Sargento.
G.R.E.S. Portela
Foi por essa época que Paulinho começou a frequentar a Escola de Samba Portela. Ele mostrou algumas músicas que tinha composto e logo passou a fazer parte do time de compositores da escola. Seu samba "Memórias de Um Sargento de Milícias" tornou-se o samba-enredo da escola no Carnaval de 1966 e recebeu a nota máxima do júri, ajudando a Portela a ser campeã.
Em 1968 gravou seu primeiro disco solo, chamado "Paulinho da Viola". No ano seguinte, venceu o Festival da Canção da TV Record, com a música "Sinal Fechado", que é cantada como se fosse a conversa entre duas pessoas que esperam o sinal de trânsito abrir.
A música chamou a atenção por sua beleza melódica e por retratar de maneira crítica a urgência dos encontros na sociedade contemporânea — ao mesmo tempo que fazia referência velada à falta de liberdade diante da ditadura que governava o Brasil na época.
A música chamou a atenção por sua beleza melódica e por retratar de maneira crítica a urgência dos encontros na sociedade contemporânea — ao mesmo tempo que fazia referência velada à falta de liberdade diante da ditadura que governava o Brasil na época.
Mas foi em 1970 que Paulinho chegou às paradas de sucesso. A música "Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida", em homenagem à Portela, tocou durante um ano com muita frequência nas rádios, emocionando as pessoas e firmando Paulinho da Viola na lista dos grandes talentos da música popular brasileira. Ele fez essa música para compensar a reação do pessoal da Portela por ter realizado outra composição, com Hermínio Belo de Carvalho, em homenagem à Mangueira: "Sei lá, Mangueira".
No final da década de 1990, Paulinho da Viola voltou a receber muitos elogios da crítica, pelo disco "Bebadosamba" e pelo espetáculo de mesmo nome. Em 2003, gravou "Meu Tempo é Hoje", que é também o nome de um documentário feito sobre ele no mesmo ano.
Ao longo da carreira, o cantor e compositor gravou mais de vinte discos, realizou dezenas de espetáculos, popularizou-se, e nunca abriu mão da qualidade musical. Seu samba é sofisticado e contagiante. Também não abriu mão da Portela, que ele aprendeu a amar, sendo atualmente um dos músicos que exaltam a Velha Guarda da escola, divulgando o chamado samba de raiz, que é produzido nos morros cariocas.
Pecado Capital
(Composição: Paulinho da Viola/1975)
Intérprete: Paulinho da Viola
Dinheiro na mão é vendaval
É vendaval!
Na vida de um sonhador
De um sonhador!
Quanta gente aí se engana
E cai da cama
Com toda a ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou…
Mas é preciso viver
E viver
Não é brincadeira não
Quando o jeito é se virar
Cada um trata de si
Irmão desconhece irmão
E aí!
Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão!
Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão!
E solidão! E solidão!
E solidão! E solidão!
E solidão! E solidão
Análise da letra
O combate à corrupção, corruptos e corruptores continua na pauta brasileira enquanto as medidas propostas para o enfrentamento do problema tramitam no Congresso Nacional com a velocidade que lhe é peculiar. A Operação Lava Jato da Polícia Federal é, sem dúvida, a mais midiática e emblemática. Ela está mostrando a tecnologia sistemicamente usada por pessoas em organizações públicas e privadas. Até o momento já se enxerga perdas de mais de R$10 bilhões que só tendem a aumentar com o avanço das investigações.
Recentemente a Polícia Federal trouxe para a mídia outra operação, a Zelotes, que investigou o Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF) da Receita Federal, sempre tão zelosa em sua função de arrecadar impostos. De acordo com a Zelotes, estimava-se fraude em torno de R$19 bilhões, dos quais R$5,7 bilhões foram considerados como comprovados.
E de bilhão em bilhão de reais, dólares e euros vão pululando as diversas transações que percolam, além da União, os estados, municípios, empresas estatais, empreiteiras de todos os portes e demais tipos de fornecedores. O sistema é assim e funciona assim no grande teatro de operações, onde tudo se passa como normal e dentro da previsibilidade do padrão.
E de bilhão em bilhão de reais, dólares e euros vão pululando as diversas transações que percolam, além da União, os estados, municípios, empresas estatais, empreiteiras de todos os portes e demais tipos de fornecedores. O sistema é assim e funciona assim no grande teatro de operações, onde tudo se passa como normal e dentro da previsibilidade do padrão.
Quem pensa que honestidade é obrigação deve estar se perguntando por que tanta gula na aplicação da Lei de Murici, aquela que diz que "cada um cuida de si"? Mas como catitu fora da manada é papá de onça todo mundo vai se enturmando nos "clubes" do sistema. Podemos também perceber que a gula se associa umbilicalmente com outros pecados capitais, como a avareza, a luxúria e a soberba.
Dá até para achar um lugar para a inveja, que também está sempre presente por toda a parte. Ainda assim, tem sido muito discutida uma frase bem popular com a afirmação de que "dinheiro não traz felicidade". O que você acha desse dito?
Dá até para achar um lugar para a inveja, que também está sempre presente por toda a parte. Ainda assim, tem sido muito discutida uma frase bem popular com a afirmação de que "dinheiro não traz felicidade". O que você acha desse dito?
Conclusão
A música "Pecado Capital", apesar de composta há mais de quatro décadas, está mais atual do que nunca e com sua letra tão emblemática, nos traz a oportunidade de cantar, refletir e agir.
A Deus, toda glória.
A Deus, toda glória.
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E nem 1% religioso.
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