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sábado, 28 de janeiro de 2017

ACONTECIMENTOS - O CASO CLÁUDIA



A morte de Cláudia Lessin Rodrigues deixou o país inteiro estarrecido. Em julho de 1977, o corpo da moça foi encontrado próximo à praia do Leblon, no Rio de Janeiro. Ela havia sido atirada dos penhascos da Avenida Niemeyer, dentro de um saco plástico cheio de pedras. Apontado como suspeito, o milionário Michel Frank negava ter ligação com o crime. 

A questionável revista Veja revelou que, na noite em que morreu, Claudia participara de uma orgia animada com cocaína na casa de Frank. O rapaz confessara a um médico – entrevistado por Veja – que vira a moça morrer de overdose e, descontrolado, tentara sumir com o corpo, jogando-o ao mar. Frank acabaria fugindo para a Suíça, onde foi morto em 1989.

O caso


Chapéu dos Pescadores, Av. Niemeyer,
local onde o corpo de Cláudia foi encontrado
A história da avenida Niemeyer começou em 1891, quando a Cia. Viação Férrea Sapucaí esboçou na encosta do Morro Dois Irmãos, 35 metros acima do nível do mar, o traçado da futura avenida. 

Por volta de 1930 ela se tornou o primeiro circuito automobilístico do Rio, conhecido também como Circuito do Diabo.

E desde o início – até os dias de hoje – a avenida nunca teve um crime mais hediondo do que o envolvendo a jovem Cláudia Lessin Rodrigues, jogada por dois suspeitos homens que frequentavam o high-society carioca: Michel Frank, filho do empresário milionário Egon Frank – leia-se relógios Mondaine, entre outros negócios – e o cabeleireiro Georges Kour, que tinha salão no hotel Le Méridien, onde escovava muitas madeixas de socialites cariocas.

Cartaz do filme "O Caso Cláudia", 1979
O crime chocou o Brasil por mais de uma década, pelo horror e crueldade, sem limites. Acabou virando enredo de livro e filme.

O corpo de Cláudia foi encontrado nu na manhã do dia 26 de julho de 1977, no rochedo do Chapéu dos Pescadores, na Niemeyer. O rosto completamente desfigurado e o corpo amarrado por arame, preso a uma mala cheia de pedras. Cláudia tinha apenas 21 anos. Não houve mistério mais discutido pela imprensa e pelo Brasil do que a morte de Cláudia Lessin Rodrigues, que, numa noite de sábado, se despediu dos pais e foi a uma festa.


Quem era a vítima?


Filha de um casal classe média alta, o comandante Hilton e a dona de casa Maria, Cláudia sempre teve tudo: bons princípios e educação esmerada, mas não andava nas melhores fases da vida. Enfrentava uma depressão – não conseguia esquecer um namorado que teve nos Estados Unidos – mas estava sob controle: fazia terapia e tudo mais. 

Já tinha usado drogas, sim, como a maioria da sua geração, mas não era viciada e, se tinha algum vício, era cultura: adorava música clássica, ler e as sessões de filmes de arte do antigo Cine Veneza. Ela morava com a família, desde criança, na rua Fernando Mendes, esquina com a avenida Atlântica, com uma bela vista para o mar. Criados com amor e em bons colégios.

A ida de Cláudia ao apartamento de Michel Frank até hoje é um mistério, porém, o mais provável é que ela teria sido convidada para uma festa, na qual encontraria Rovai. Ele não foi, e quando Cláudia chegou, a festa era de "função" ou, melhor dizendo, de "cheiração".

O enredo macabro


Segundo o livro de Valério Meinel (foto), Cláudia teria passado o fim de semana com os dois homens, que jogavam cartas, cheiravam cocaína, vendida por Michel aos amigos que chegavam, sem parar. Muito entra-e-sai entre uma cartada e outra. Cláudia teria ficado lá "de bobeira", como dizem os cariocas quando não estão fazendo nada. Em compensação, Michel "comia como farinha", como dizem no meio os que cheiram muito. Cheirava desde os 16 anos.

Foi o detetive Jamil Warwar que, 48 horas depois do crime, já havia descoberto tudo, e, em uma declaração publicada em 1986, afirma: 
"Houve um embalo de tóxico na casa de Frank. No dia seguinte, Frank e Kour, cheios de cocaína, caminhavam em cima da mureta da avenida Niemeyer e resolveram então estuprá-la ali mesmo. Ela resistiu, ameaçou denunciar o que vira no apartamento no dia anterior (Michel vendendo bastante pó)". 
O ex-gordinho, que na adolescência não pegava nem gripe por causa da aparência, agora se firmara como um "grande" homem aspirando pó.

Segundo o que foi presumido pelo detetive Warwar, os dois, após violentá-la na própria Niemeyer, a mataram. Quando tentaram dar sumiço ao corpo, amarrado com uma mala cheia de pedras, foram vistos por um operário chamado Índio, que esclareceu o caso, como consta na revista Manchete, em reportagem publicada em 20 de dezembro de 1986.

Os laudos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, de acordo com a mesma revista, são taxativos: afirmam que Cláudia foi morta no local, pois havia sangue sobre as pedras. Declaram também que ela morreu por asfixia mecânica – viam-se claramente as marcas dos dedos, a olho nu, em seu pescoço. O exame toxicológico mostrava que não havia usado cocaína nem qualquer outra droga.

Os criminosos


O poder e as relações do pai de Frank falaram mais alto a ponto de Warwar ser afastado das investigações por meio de uma decisão publicada no boletim de Segurança Pública. O detetive ligou para o pai de Cláudia, dizendo: 
"O negócio envolve gente da alta, com muito dinheiro. O delegado Hélber Murtinho já deu a entender que vou ser substituído, mas não tem problema não. Já sei de tudo, quem matou sua filha e onde ela foi morta". 
"Quero viver além dos 90 anos para ver os assassinos da minha filha condenados",
 declarou o pai.

Frank, que tinha nacionalidade suíço-brasileira, foi para Zurique e lá viveu por 12 anos. Porém, levou junto o vício. Cheirava sem parar, chegando ao extremo de alguns familiares cortarem relações com ele.

"Foi justamente a falta de relações do meu pai com o poder – ele era apenas um piloto da aviação civil – que impediu que a Justiça fosse feita. Fosse meu pai um militar naquela época de ditadura, teríamos visto certamente a condenação dos assassinos. O que vimos, ao contrário, foi o poder do dinheiro e o regime de exceção facilitando a fuga anunciada de Michel Frank e a posterior absolvição dele num julgamento fraudulento, de fachada", 
afirma Márcia Rodrigues.

A imprensa não sossegou com o fato e os pais de Cláudia Lessin sempre abriram as portas a ela, pois Cláudia caiu numa grande roubada, que acabou servindo de exemplo para muitos pais desavisados.

Na Suíça, Frank acabou inocentado do assassinato de Cláudia por falta de provas consistentes da Justiça brasileira. Em 1989, ele foi encontrado morto, com seis tiros na cabeça, na garagem de seu prédio em Zurique. Seu corpo estava entre uma máquina de lavar e outra de secar. Estava envolvido com drogas até o último fio de cabelo. E por falar em cabelo, a última notícia que se teve de Georges Kour é que ele abriu um salão em Niterói.

Ele, que em 1977 era cheio de estilo, envelheceu mais de 30 anos em três atrás das grades. Foi considerado culpado pela tentativa de ocultação de cadáver. Até os descolados da bucólica Niterói desconhecem o seu salão.

Conclusão


Atualmente, os pais de Cláudia moram próximos à filha Márcia, que abandonou a carreira e hoje é uma das mais respeitadas designers de interiores do Rio. Ambos estão com mais de 90 anos. Já o detetive Jamil Warwar, um dos melhores do Rio, se desiludiu com a profissão e a largou.

O Caso Cláudia serviu como tema que alertava os jovens daquela época sobre os caminhos mortais do envolvimento com as drogas. Ao que parece, não de nada adiantou, pois todos os dias morrem mais "Cláudias" em circunstâncias semelhantes por todo o Brasil.

3 comentários:

  1. Se morreu com seis tiros na cabeça, justiça dos homens foi feita.
    Tardou, mas não falhou.

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  2. Me arrepio todo quando leio sobre esse caso. Quanta maldade e impunidade

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  3. NA MINHA OPINIÃO, MICHEL FRANK GEORGES KOUR DEVERIAM TER SIDO TORTURADOS ATÉ A MORTE. O QUE ESSES DOIS MALDITOS FIZERAM FOI DE UMA EXTREMA CRUELDADE E COVARDIA. MORRER COM SEIS TIROS NA CARA FOI POUCO PRA MICHEL FRANK. E ESSE OUTRO, O KOUR, DEVERIA TER SIDO PENDURADO DE CABEÇA PARA BAIXO E CORTADO VIVO AOS PEDAÇOS, TANTO ELE QUANTO O SATÂNICO MICHEL.

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