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sábado, 24 de dezembro de 2016

A SÃ DOUTRINA - SOBRE ANJOS

Anjos sempre foi um assunto polêmico (Atos 23:6-9), e sempre será. Digo que ainda mais nos dias atuais uma vez que o misticismo em torno do assunto cria doutrinas bizarras e toma vulto no segmento cristão em todas as suas vertentes. A palavra anjo (no hebraico: malak e no grego angelos) significa mensageiro. Os anjos foram criados por Deus, antes que a Terra e tudo o que há existisse (Jó 38:3-7). Na Bíblia nós vamos ver anjos bons e anjos maus. Porém todos foram criados por Deus, todos foram criados bons e santos Gênesis 1:31. 

Identificando as categorias de anjos 


Os anjos bons aparecem divididos em categorias a seguir: 

  • Arcanjos – Guerreiros cujo líder mencionado na Bíblia é Miguel, ou seja, anjo principal do exército de Deus (Apocalipse 12:7-10). 
Os arcanjos a meu ver é uma categoria de anjos que fazem parte do exército de Deus e são preparados para batalhar, guerrear contra os demônios e a favor do povo de Deus aqui na Terra (Isaías 37:1-36; Daniel 10:1-14). 
  • Serafins – A Categoria de anjos criado única e exclusivamente para adorar a Deus continuamente (Is 6:1-4), aparecem uma única vez na Bíblia. 
  • Querubins – Guardiões, anjos criados por Deus para proteger os lugares escolhidos por Deus (Gênesis 3:24). Os querubins mantém uma posição elevada na corte celestial de Deus, estão diretamente ligados ao Trono de Deus (2 Samuel 22:1-11; Salmos 80:1; 99:1; Is 37:16). 
Ao que podemos ver Satanás era um anjo de categoria querubim, e estava próximo de Deus, ele não era um simples querubim, mas o líder dos querubins (Ezequiel 28:11-19). 

Em atuação e para maior compreensão, podemos biblicamente definir os anjos nas subclasses: 
  • Protetores – Anjos que dão proteção especial a cada crente, individual (Sl 91:10,11; 34:7; Daniel 1:13,14; Hebreus 1:13;14). 
Se cada crente que teme a Deus tem um anjo a seu redor, é natural que haja uma categoria de anjos designados só para proteger cada crente que teme ao Senhor, pois os anjos não são onipresentes (Hb 1:13,14; 1 Timóteo 5:21). 
  • Mensageiros – (Anjos que dão origem ao nome) São de uma categoria especial, designados para levar a mensagem de Deus a seu povo, do qual a meu ver o líder é Gabriel (Gabriel tinha uma mensagem para Daniel 8:16,17; 9:20-23).  
Gabriel também foi o mensageiro no anuncio da vinda de Cristo (Lucas 1:26 -35). Mas Gabriel a meu ver é o líder dos mensageiros, mas há muitos anjos mensageiros mencionados na Bíblia (Gn 18:1-16; 19:1-15; Mateus 2:13-23). É válido salientar que hoje Deus sua Palavra como autoridade máxima e profética, não precisando, portanto, usar anjo algum para trazer mensagem a sua Igreja e/ou aos homens. Contudo, Deus reservou aos anjos a última mensagem antes do juízo (Ap 14:6-13). 
  • Anjos "missionários" – são anjos encarregados de missões (Números 22:22-23; Atos 5:17-20 12:1-11; Ap 16:1-21; 21:1-15; Mt 13:36-41; Atos 5: 17-20). 
Os anjos encarregados de missões são também os mencionados na Bíblia que desejavam pregar o evangelho (1 Pedro 1:10-12), mas Deus designou aos homens (At 5:17-20; 8:26 -31). 

Identificando o relacionamento dos anjos com a Igreja


Precisamos aprender a identificar através da Palavra de Deus os Ministérios dos Anjos, para não sermos enganados (2 Co 11:14). Há anjos bons e os anjos maus (demônios), só a Palavra de Deus traz a luz para que possamos separar as trevas (2 Co 6:14). 

Os anjos são espíritos, mas ao serem criados ganharam vida e junto com a vida veio o livre arbítrio, na rebelião de Satanás, uma terça parte dos anjos optou por segui-lo (Ezequiel 28:11-19; 2 Pd 2:4; Jd. 6; Ap 12:3-8). 

Por não crerem na Palavra de Deus e dar créditos a visões carnais e demoníacas, muitos se perderam criando seitas heréticas como: Testemunhas de Jeová; Adventistas do Sétimo Dias, Mórmons, e outras - todas com visões e/ou mensagens trazidas por anjos (Colossenses 2:16-23; Gálatas 1:8; 1 Tm 4:1). 

Até as igrejas evangélicas estão entrando por estes caminhos de visões carnais: eu vejo um anjo aqui, eu vejo um anjo ali, eu vejo outro anjo acolá... muitas vezes frutos das emoções nas mentes carnais (Cl 2:18,19). O grande problema é que em muitas dessas igrejas, os anjos "fazem mais sucesso" que o próprio Jesus, o Senhor da Igreja.

Anuncia-se a presença de Jesus no meio da igreja e as pessoas são insensíveis, irreverentes. Anuncia a presença de um anjo "com uma espada desembainhada na mão", ou "com uma bandeja (cheia de instrumentos de cura e/ou do que mais a imaginação quiser) na mão" e a igreja vai ao delírio. É um êxtase só. Começa o pula-pula, as línguas estranhas e está feito o reteté.

Anjo acompanha o crente, portanto as igrejas estão cheias de anjos, eu não preciso ver (não que eu não possa, o fato é que eu não preciso), pois a Palavra de Deus me garante Sl 34:7; 91:10,11. O problema das visões de anjos está na moda de cultuar anjos (Cl 2:18,19), pois os anjos não devem ser objeto de culto e de adoração (Mt 4:10). Anjos não foram criados para serem cultuados ou adorados e nem foram para serem servidos e sim para servir (Hb 1:3-14). 

Quando o crente presta culto aos anjos, ou os adoram, é como se alguém fosse visitar um rei no seu castelo, e ao invés de se prostrar e prestar reverência ao rei, ele se prostra e presta reverência ao guarda do re (Romanos 1:25, Ap 5:1-14). 

Atribuir aos anjos curas, libertações e prosperidades são negligência e rejeição à autoridade da Pessoa e do nome de Jesus e o poder do Espírito Santo, portanto é uma tremenda heresia (Marcos 16:14-18; Lc 10:18-20; 1 Co 12:1-11). 

Anjos são reais, são seres espirituais, e quando necessária uma intervenção ou uma atuação de Deus na Terra, Deus usa seus anjos, dando a eles um corpo semelhante aos humanos, mas um corpo glorificado (1 Co 15:38-44). 

A Bíblia não fala de nenhum anjo que se apresentou na igreja com mensagem, mas se isto viesse a acontecer a mensagem teria que testificar com a Palavra, isto é a própria Bíblia, com o Evangelho de Jesus (1 Pd 1:10-12; Gl 1:8). 

Caso alguém chegar à igreja dizendo que recebeu uma mensagem de um anjo, e esta mensagem for contrária ao Evangelho de Jesus, não creia 1 Reis 13:1-18; 1 Co 14:33; 1 Jo 4:1). E mesmo se for semelhante ao Evangelho, também não creia (2 Co 11:14). Porque Deus não usará os anjos para trazer algo que os Apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo já trouxeram (2 Pd 1:16-21; At 5:17-20; 8:26-31). Quem decodifica a Bíblia e interpreta as revelações bíblicas para nós é o Espírito Santo e não os anjos (Jo 16:5-14; 14: 25,26; 15:26). 

Alguém pode perguntar: "Quer dizer que os anjos não se relacionam mais com o povo de Deus, como se relacionava nos tempos dos patriarcas, reis, profetas e apóstolos"? Claro que sim, só que como antigamente é um relacionamento real, por visões e por presença e não frutos da nossa imaginação ou emoções (At 12:6-11).

E o anjo que libertou Pedro da prisão?


Essa passagem merece uma atenção especial, pois as pessoas desviam o foco do que é principal nessa narrativa: a oração de intercessão coletiva da igreja. 

  • Atos 12:1-25 

As crises são inevitáveis na vida. Há momentos em que os problemas são tantos, ou tão difíceis, que achamos que não vale a pena continuar lutando. Perdemos a esperança, ficamos desanimados. Tudo parece perdido. Neste texto vemos um quadro de crise. Tiago é morto ao fio da espada e Pedro é preso por Herodes (12:1-4). Mas o que a igreja está fazendo? Está orando (v.5). Vamos pontuar isso para melhor entendimento e para que não haja fuga do contexto:

I. O Plano de Herodes (1-4)

Herodes Agripa I, neto de Herodes o Grande, tinha planos de ganhar o prestígio ás custas da prisão e morte de Pedro. O apóstolo foi guardado no cárcere e, após a páscoa, seria apresentado à multidão (v.4).

II. A intercessão da igreja (v.5)

Lemos no v. 5: "Pedro, então, ficou detido na prisão, mas a igreja orava intensamente a Deus por ele" (grifo meu).

Pedro estava preso. A situação era muito crítica. O julgamento de Pedro seria, sem qualquer sombra de dúvidas, seguido de sua execução sumária. E o que a igreja faz diante daquela situação tão difícil? Protestar? Lamentar? Entrar em desespero? Não. A igreja ora incessantemente. Lucas usa o termo hebraico ektenos (fervorosamente, intensamente). Trata-se do mesmo termo que é usado quando Jesus orava no Getsêmani: "Estando angustiado, ele orou ainda mais intensamente..." (Lucas 22:44, grifo meu). 

Alguém poderia perguntar: Mas será que eles não tinham outra coisa para fazer? Não. Na verdade, não havia outra solução. Mas muito mais do que isso: eles tinham uma certeza absoluta de que o poder de Deus era algo real e presente.

Note bem o detalhe que Lucas registra. "Pedro estava preso, mas..." Quando chegamos a este mas... já antevemos o final da história. Pedro está para ser julgado e sentenciado à morte; todavia há um mas que se interpõe. Diante desse mas já se sabe que a história vai terminar diferentemente do que Herodes imaginava. Há um prenúncio de vitória nessa pequena conjunção adversativa.

Já sabemos que Lucas apenas oferece um resumo dos acontecimentos. E de acordo com o teólogo Ian Howard Marshall (✩1934-✟2015), no grego os tempos do verbo imperfeito no v. 5, a prisão de Pedro e a oração da igreja duraram vários dias.

III. A libertação de Pedro (6-11)

A fim de valorizar o milagre da libertação, Lucas descreve em detalhes em que situação Pedro estava preso. Ele estava sendo guardado na máxima segurança. Acorrentado tendo um soldado à sua direita, outro à sua esquerda. Além disso, a porta era guardada por outros dois guardas. Com tudo isso, a possibilidade de fuga era mínima ou, até mesmo, descartada.

Mas toda esta precaução não puderam evitar ou impedir a mão de Deus de agir. Durante a noite, diz-nos o texto:
"Repentinamente apareceu um anjo do Senhor, e uma luz brilhou na cela. Ele tocou no lado de Pedro e o acordou. 'Depressa, levante-se!', disse ele. Então as algemas caíram dos punhos de Pedro" (v.7).
Ainda meio adormecido, ele ouviu o anjo ordenando-o a vestir suas roupas comuns, e sair da prisão (v.8). As portas da prisão foram se abrindo e Pedro saiu andando até chegar na rua (v.10).

Que maravilha! De um lado temos um Herodes e do outro temos um Deus grande e poderoso. Um Deus que intervém quando a situação é crítica. Deus ouve as orações de seu povo.

Há momentos na vida em que as situações nos parecem irreversíveis. Há situações aparentemente sem volta. Há corações perversos que não mudam; há impasses que não conseguimos desfazer; há uma crise instalada e não vemos qualquer esperança de solução. A experiência de Pedro e a intercessão por parte da igreja nos convida a contar com o poder de Deus. Orar e esperar que Deus em algum momento pode intervir e restaurar casamentos, aproximar pessoas, instaurar o amor, trazer esperança e fé, etc.

III. Pedro procura os irmãos. (vv.12-19)


Após sua libertação Pedro se dirige à casa de Maria, onde a igreja estava reunida em oração. Ao chegar à casa, uma criada de nome Rode veio abrir a porta, e ao ouvir 
"a voz de Pedro, tomada de alegria, ela correu de volta, sem abrir a porta, e exclamou: 'Pedro está à porta!' Eles porém lhe disseram: 'Você está fora de si!' Insistindo ela em afirmar que era Pedro, disseram-lhe: 'Deve ser o anjo dele'". (v.15,16).
Enquanto Pedro continuava batendo, a congregação não queria acreditar no atendimento de suas orações. Impressionante! Era maravilhoso demais. Acham mais razoável que a empregada tenha perdido o juízo – Você está maluca! - do que crer que Deus havia atendido suas orações. Como disse o teólogo John Stott (✩1921-✟2011), "É irônico que o povo que estava orando com fervor e persistência pela libertação de Pedro pudesse considerar louca a pessoa que lhes informava que suas orações haviam sido respondidas!”.

Enfim, Lucas encerra esta passagem noticiando a morte de Herodes. É em admirável contraste com a morte desse tirano, que Lucas acrescenta um dos seus sumários: Entretanto a palavra do Senhor crescia e se multiplicava (v.24, cf. 6:7; 9:31). De fato, é impossível deixar de admirar o talento artístico com que Lucas descreve a mudança completa na situação da igreja. No início do capítulo, Herodes está agindo violentamente - prendendo e perseguindo líderes da igreja; no fim, ele é derrotado e morre. 

O capítulo começa com a morte de Tiago, a prisão de Pedro e Herodes triunfante; ele encerra com a morte de Herodes, a libertação de Pedro e a palavra de Deus triunfante. Este é o poder de Deus para acabar com planos humanos hostis e estabelecer os seus próprios planos em seu lugar. Deus pode permitir que os tiranos se orgulhem e se assanhem por um tempo, oprimindo a igreja e impedindo a expansão do evangelho, mas eles não vencem. No final, o império deles será derrotado e seu orgulho quebrado. 

Enfim, neste texto aprendemos 4 marcas de uma oração em tempos de crise: 1ª) É uma oração intensa; 2ª.) É uma oração que persevera; 3ª) É uma oração feita apesar das grandes dificuldades e 4ª) Deus só enviou o anjo em resposta a oração da igreja.

Conclusão


É fato que a Bíblia mostra desde o Velho Testamento até o Novo Testamento um relacionamento intenso dos anjos com os crentes (Gn 28:10-12, Jo 1:51). Contudo, temos que tomar cuidado, a Palavra de Deus não pode ser violada e os anjos bons, anjos de Deus jamais irão violá-la, negligenciá-la. Quem tem o objetivo de mudar a Palavra de Deus é satanás e seus demônios (Jo 8:44; Lc 4:1-12; Efésios 6:10,11; 1 Pd 5:8). Fiquemos, pois atentos a isso e não nos privemos de viver as experiências espirituais com o Deus que é Espírito.

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