Vivemos numa sociedade que acredita e prega que uma mentirinha não causa problemas e pode até ajudar em certas ocasiões. Estamos acostumados a ver e ouvir mentiras na televisão, nas revistas, no cinema, na política e, até mesmo, dentro de nossas casas. Quem nunca mentiu? A verdade é que a mentira, infelizmente, faz parte da maioria das relações humanas. Nos casamentos, nas amizades, no trabalho, a mentira está por todos os lados. E até onde não deveria haver mentiras, elas acontecem.
O que a igreja e a fé cristã dizem sobre isso? Como a mentira é encarada e interpretada na ótica cristã? É isso que vamos tentar explicar nesse texto. O mandamento do falso testemunho.
Entre os mandamentos que um cristão deve seguir está o de “não levantar falso testemunho contra o próximo”. Esse mandamento deixa claro que a igreja é contra a mentira e as falsas acusações. Para o cristão, o pecado entrou na vida do homem por meio de uma mentira. Isso aconteceu no paraíso, nos tempos de Adão e Eva. Satanás mentiu para Eva, a enganou e a induziu a comer o fruto proibido. Por isso, Deus é contra a mentira, e abomina os esquemas e trapaças que as pessoas usam para enganar seu próximo em troca de algum benefício.
Definindo o conceito de mentira
O que é a mentira? O Dicionário Aurélio diz que é o ato de mentir, impostura, fraude. Nisso implica tudo aquilo que engana os sentidos ou o espírito. Pela Bíblia, sabemos que a palavra enganosa é apenas uma forma de mentira, porque ela é um reflexo do que já está instalado dentro da pessoa: “Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem”, Mt 15:18. É incrível como certos indivíduos não têm a menor dificuldade de conversar, falar, pregar ou testemunhar sobre aquilo que não existe ou nunca existiu.
Ou seja, em termos gerais, mentir é falar ou dizer algo contrário à verdade; é a expressão e manifestação contrária ao que alguém sabe, crê ou pensa. Pode-se crer na mentira, falar mentira e praticar a mentira. É o engano em seus diferentes aspectos; nocivo ao ser humano e ofensa grave diante de Deus. O diabo é o pai da mentira (João 8:44) e, portanto, a mentira é um instrumento diabólico que o homem usa para sua própria perdição.
O mais triste é que o homem ama a mentira, não ama a verdade pois ele é mau por natureza (Romanos 1:25; Apocalipse 22:15). A juventude, em termos gerais, está sendo arrastada à perdição eterna pelo prazer transitório da inclinação à droga, sexo, etc. Tudo não passa de uma grande mentira; é enganoso, anormal, trazendo prejuízos físicos, morais e espirituais. Tais coisas podem ser definidas como praticar a mentira. Esta prática abrange os mais variados aspectos da mentira como idolatria, homicídio, adultério, fornicação, cobiça, etc.
Onde "está" a mentira
Falar mentira é um mal muito comum em todos os ambientes e esferas da vida. Algumas pessoas dizem que certas mentiras são benignas, mas isto não é correto. Toda mentira, pequena ou grande, é um instrumento do diabo, portanto é recomendável que o crente não se comprometa com coisa alguma que possa levá-lo a mentir. Todo verdadeiro crente deve tratar tudo de uma forma positiva; na verdade o seu falar deve ser “Sim, sim, Não, não, porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mt. 5:37).
Existe também a mentira doutrinária e a mentira teórica. O espírito do erro nega que Jesus Cristo veio em carne, nega que Cristo é Deus (1 João 4:6).
Esta é uma mentira doutrinária. A teoria da evolução é uma mentira teórica pois nega a criação, negando assim o Criador que é Deus. Há pessoas que creem nessas mentiras, e haverá muitíssimos que irão crer na mentira por não terem dado crédito à verdade (2 Tessalonicenses 2:10-12). Quando Adão e Eva pecaram no Éden, o pecado entrou no ser humano; entrou a mentira, o mal e, consequentemente, a morte. “Porque o salário do pecado é a morte mas [graças a Deus que] o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm. 6:23). Portanto, ao homem agrada, por natureza, crer na mentira; agrada-lhe praticar a mentira e ele até mesmo ama a mentira. Repito, a mentira é prejuízo ao homem e, com todos os seus horrorosos aspectos, o degenera e o leva à perdição. O diabo com seu instrumental de mentira rouba, mata e destrói o homem. Está escrito: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir” (Jo. 10:10). O diabo lançou a sua mentira no mundo: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1 Jo 2:16).
Devemos aborrecer a mentira, em qualquer forma que se apresente, e não nos esquecermos que o primeiro pecado grave, pecado de morte, registrado na igreja, foi uma mentira (Atos 5:1-11). Temos que amar a verdade, a qual está em nós, e estará para sempre (2 Jo 1,2). Procuremos praticar a verdade em nossas vidas, crer na verdade, falar a verdade e amar a verdade. Cristo disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14:6). “Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros.” (Ef 4:25).
As mentiras na propaganda e na publicidade
A mentira e a falsidade caminham juntas e, infelizmente, nosso mundo é baseado em propagandas mentirosas, relacionamentos mentirosos e numa grande inversão de valores. O verdadeiro cristão não acredita que existem mentiras pequenas e mentiras grandes, mentiras inocentes e mentiras que podem ferir e prejudicar. Para o cristão, a mentira é uma só, prejudicial em todos os sentidos, pois exclui a honestidade e a confiança já em sua essência.
Antes mesmo de falarmos uma mentira, a intenção do ato já nos torna pessoas fracas e desonestas. A mentira nunca pode ser boa, ela nunca será construtiva e nunca ajudará alguém a alcançar seus objetivos. O conceito de mentira é dizer algo contrário à verdade. Na ótica cristã, mentir é pecado, envolve malícia e tem finalidades destrutivas. Quem mente esconde, oculta a verdade e prejudica o próximo.
Para a igreja, os cristãos não precisam da mentira para alcançarem seus objetivos. Quem prega mentiras e falsidades, o faz para realizar desejos e cobiças. Apenas a verdade liberta, apenas a verdade é justa e repleta de amor. Como bem prega a palavra de Deus, conforme já dito anteriormente: “Jesus é o caminho, a verdade e a vida” (grifo meu). Sendo assim, os cristãos devem viver longe da mentira e perto da verdade, que é o próprio Jesus Cristo.
As publicidades enganam os sentidos. Elas tentam passar a ideia de que precisamos de algo, mas na verdade estão divulgando o supérfluo. Fazem isso para forçar-nos a gastar nosso dinheiro, adquirindo aquele produto. Há conhecidos ou colegas que tentam levar o cristão a participar de certos eventos que irão direcioná-los para uma vida de pecado. Até parece que o mundo traz mais felicidade eterna do que a vida cristã.
Há pregadores que sabem colocar uma mentira teológica na mente dos ouvintes, como se fosse uma verdade bíblica. Por isso, o estudo e a leitura da Bíblia são diretrizes seguras para nos permitir prosseguirmos firmes nos caminhos celestiais, sem nos desviarmos nem para esquerda, nem para a direita.
Segundo a fé cristã, quem mente para o próximo, mente também para si mesmo. A grande verdade incontestável é que, um dia, os mentirosos terão que prestar contas a Deus por seus atos na Terra. Por isso, é melhor controlar o desejo de mentir e viver na honestidade e na verdade com o próximo, com sua família e com seus amigos. Em todas as relações, devemos buscar a verdade, pois só assim conseguiremos ser felizes!
A verdade liberta da mentira
O tempo faz a pessoa adquirir muitos costumes que acabam por denunciá-lo. O mentiroso é falso, desleal e traiçoeiro. Um bom observador não cairá nas artimanhas produzidas por esse cidadão, quer seja no comércio, na vida social, política ou religiosa: “Sou mais prudente que os idosos, porque guardo os teus preceitos”, Sl 119: 100.
O cristão não pode usar a prática da mentira porque já foi liberto do reino das trevas: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, João 8:32. Sem o conhecimento de quem verdadeiramente é Jesus é impossível haver libertação porque a verdade bíblico-teológica é o próprio Jesus. Ele afirmou (vejamos novamente): “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”, Jo 14:6. Os anos de vida cristã devem direcionar o cristão para a maturidade, ao ponto de não se envolver com mentiras e, sim, com a santidade diária no falar, no pensar e no agir.
Deus fez as suas leis
Vivemos tempos de crises no comércio, na indústria, na política administrativa do país, envolvendo o Congresso Nacional, com seus escândalos de corrupção (a corrupção, aliás, é um dos tentáculos peçonhentos da mentira) suas CPIs. Indivíduos que governam o país são contrários à realidade, opostos à verdade e, o que é pior, são eles que fazem as leis do Brasil. O ser humano herdou o pecado de Adão. Por isso, o egoísmo está sempre presente nos momentos de tomar decisões. Cientistas políticos falam constantemente que, em Brasília, certas medidas sempre são tomadas para beneficiar políticos e a uma classe especifica da sociedade.
A vivência eclesiástica mostra que, mesmo no meio do Cristianismo, há muito descaso e mentiras. Dá para deixar qualquer crente pasmo da vida: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”, Pv 6:16-19. Uma tomada de posição diante de Deus levaria o cristão a ser mais honesto e verdadeiro diante da vida.
As leis e os princípios bíblicos foram feitos por Deus e passados para a humanidade através de seus santos escritores. A obediência a esses preceitos tem de ser levada muito a sério por quem aceitou a Jesus e persevera no caminho proposto pela Bíblia. Essa questão não é brincadeira.
Conclusão
O tribunal de Deus julgará cada um
Para o dia-a-dia, o Senhor sempre aponta qual o melhor caminho a seguir para uma vida integra, sem falsidades, sem mentiras e honesta diante dos homens e diante de Deus. O ser humano tem o direito de fazer sua escolha e a responsabilidade de assumir as consequências. Mas há o outro lado dessa questão, o da desobediência aos preceitos, que é algo muito sério, pois se dirige àqueles que não terão direito à vida eterna.
Estamos falando sobre a mentira, mas é claro que há certas situações da vida que exigem bom senso. Por exemplo: se uma mãe, mesmo sendo crente, ao abrir a porta de sua casa, e vier a encontrar alguém com arma em punho para matar seu filho, ela jamais o entregará. Pelo contrário, vai logo dizendo que seu filho está muito longe. Bom senso implica na aplicação correta da razão para julgar ou raciocinar em cada caso particular da vida. Há certos momentos que a falta de bom senso pode provocar grande destruição.
Esse princípio não vale para aqueles que são chamados de “homens de Deus” ou “mulheres de Deus” e mentem por qualquer coisa, prejudicando os outros. Há corações que traçam projetos iníquos: “porque o seu coração maquina violência, e os seus lábios falam para o mal”, Pv 24: 2. Por isso, todo cuidado é pouco.
Por exemplo, uma obra social exige cautela. Há tanta gente que precisa disso. A mentira e a falsidade podem levar uma pessoa a colher resultados indesejados. Não se esqueça de que as duas bases do trono de Deus são justiça e juízo, Sl 97: 2.
Todos prestarão contas de suas atitudes e palavras enganosas diante de Deus, seja você um membro, obreiro(a), presbítero ou pastor. As pessoas que foram enganadas por você trarão dificuldades para sua vida. A lei da semeadura e da colheita é real e será aplicada a todos. Aqueles que foram honestos e perseveraram no caminho reto terão muito que se alegrar na presença do Senhor: “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras”, Ap 22:11-12.
O debate honesto sobre algum assunto pode levar a descobertas não feitas antes. A boa reflexão edifica e, muitas vezes, nos leva a pensar em muitas questões da vida. A mentira é uma delas. Quantos pensam que uma ‘mentirinha’ (as que chamam de 'santa' e/ou 'branca') não faz mal a ninguém, mas na Bíblia aquilo que é contrário à verdade é sempre mentira. Pensemos em quantas pessoas podem ser prejudicadas com uma inverdade e quantas podem ser beneficiadas com a verdade.
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