Há entre nós aqueles que se gabam por "não ter medo de nada". São os "super homens" e "mulheres maravilhas". Pois eu tenho os meus medos e não me constranjo nem um pouco em assumi-los, pois eu me beneficio deles para usá-los conforme circunstâncias específicas em minha vida. Mas, afinal, o que de fato é o medo? Vejamos à luz da psiquiatria e à luz das Escrituras.
A Psiquiatria diz
O medo é uma sensação que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente. Pavor é a ênfase do medo. O medo é provocado pelas reações físicas sendo iniciado com descarga de adrenalina no nosso corpo causando aceleração cardíaca e tremores. Pode provocar atenção exagerada a tudo que ocorre ao redor, depressão, pânico, etc.
Medo é uma reação obtida a partir do contato com algum estímulo físico ou mental (interpretação, imaginação, crença) que gera uma resposta de alerta no organismo. Esta reação inicial dispara uma resposta fisiológica no organismo que libera hormônios do estresse (adrenalina, cortisol) preparando o indivíduo para lutar ou fugir.
A resposta anterior ao medo é conhecida por ansiedade. Na ansiedade o indivíduo teme antecipadamente o encontro com a situação ou objeto que lhe causa medo. Sendo assim, é possível se traçar uma escala de graus de medo, no qual, o máximo seria o pavor e, o mínimo, uma leve ansiedade. O medo pode se transformar em uma doença (a fobia) quando passa a comprometer as relações sociais e a causar sofrimento psíquico. O processo do medo no nosso cérebro funciona assim:
1. O TÁLAMO - recebe informações do olhos, ouvidos, boca e pele;
2. CÓRTEX SENSORIAL - interpreta as informações obtidas;
3. HIPOCAMPO - armazena e recupera as memórias, processa os estímulos;
4. AMÍGDALA - descodifica a emoções, determina possíveis ameaças, armazena memórias do medo;
5. HIPOTÁLAMO - decide o que fazer, lutar ou fugir.
A Bíblia diz
A Bíblia tem muito a dizer sobre o medo. Na verdade, ela menciona dois tipos de medo. O primeiro tipo é benéfico e deve ser encorajado. O segundo tipo é um detrimento e não só deve ser desencorajado, como também superado. O primeiro tipo de medo é o temor de Deus. Esse tipo de medo não é necessariamente um medo que significa ter medo de algo. Ao invés disso, é um temor respeitoso de Deus; uma reverência pelo Seu poder e glória. Esse tipo de medo também é um respeito adequado à Sua ira. Em outras palavras, é um reconhecimento total de tudo que Deus é através de um conhecimento mais profundo dEle e dos Seus atributos.
Temor de Deus traz consigo muitas bençãos e benefícios. Salmo 111:10 diz: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; têm bom entendimento todos os que cumprem os seus preceitos; o seu louvor subsiste para sempre”. Provérbios 1:7 diz: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; mas os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução”. Portanto, podemos ver como tanto a sabedoria quanto o conhecimento começam com o temor a Deus.
Além disso, Provérbios 19:23 diz: “O temor do Senhor encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e mal nenhum o visitará”. Novamente em Provérbios 14:27: “O temor do Senhor é uma fonte de vida, para o homem se desviar dos laços da morte”. Provérbios 14:26 afirma: “No temor do Senhor há firme confiança; e os seus filhos terão um lugar de refúgio”. Nesses versículos podemos ver que o temor de Deus fornece vida, segurança aos filhos, proteção do maligno, confiança e satisfação.
Desses versículos podemos ver como o temor de Deus deve ser encorajado. No entanto, o segundo tipo de medo mencionado na Bíblia não é bom e deve ser desencorajado e superado. Esse é o “espírito de medo” mencionado em 2 Timóteo 1:7, onde diz: “Porque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação”. Podemos ver desde o início que esse tipo de medo não vem de Deus.
No entanto, às vezes estamos com medo, às vezes esse “espírito de medo” vem sobre nós, e para ter vitória sobre esse sentimento, precisamos confiar e amar a Deus completamente. Primeiro João 4:18 nos diz: “No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor”. Entretanto, ninguém é perfeito, e Deus sabe disso. Por isso Ele espalhou encorajamento contra o medo por toda a Bíblia. Começando com o livro de Gênesis e continuando até o livro de Apocalipse, Deus nos diz para não temer.
Por exemplo, Isaías 41:10 nos encoraja: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça”. Novamente em Daniel 10:12, o anjo do Senhor encoraja a Daniel: “Então me disse: Não temas, Daniel; porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim”.
Jesus disse no Novo Testamento: “Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos” (Mateus 10:31). Esses versículos se referem a muitos tipos diferentes de medo. Deus nos diz para não ter medo de ficarmos sozinhos, de sermos muito fracos, de ninguém nos escutar, e para não temer por nossas necessidades físicas. Essas admoestações estão presentes por toda a Bíblia e se referem aos vários aspectos do “espírito de medo”.
Contudo, esses “não temais” dependem da nossa habilidade de colocar nossa confiança e fé no Senhor. Em Salmo 56:11, o salmista escreve: “em Deus ponho a minha confiança, e não terei medo; que me pode fazer o homem?” Esse é um testemunho maravilhoso do poder da confiança em Deus. O que o salmista está dizendo é que independentemente do que acontecer, ele vai continuar confiando em Deus. O segredo para superar o medo, então, é confiança total e completa em Deus.
Confiar em Deus é uma recusa de se entregar ao medo. É voltar-se a Deus mesmo nos tempos de escuridão e confiar que Ele vai consertar as coisas. Essa confiança vem de conhecer a Deus e saber que Ele é um Deus bom que quer apenas dar aos Seus filhos coisas boas. Assim como Jó disse quando estava passando por alguns dos testes mais difíceis registrados na Bíblia: “Eis que ele me matará; não tenho esperança; contudo defenderei os meus caminhos diante dele” (Jó 13:15).
Quando tivermos aprendido a confiar em Deus, não mais teremos medo das coisas que temos que enfrentar. Seremos como o salmista: “Mas alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem eternamente, porquanto tu os defendes; sim, gloriem-se em ti os que amam o teu nome” (Salmo 5:11).
Conclusão
1. Pontos importantes sobre o medo:
1º É inútil afirmar que podemos eliminar o medo por completo de nossas vidas. Não podemos. Sempre haverá coisas que nos farão querer sair correndo. E isto por mais crentes que sejamos.
2º Ao lidar com o medo você está enfrentado um dilema: o medo o faz se sentir vulnerável, fraco. Mas para vencer esse medo você precisa ser forte.
3º O motivo que te faz sentir dificuldade em superar o medo é que inconscientemente você tem interesse em se manter assustado, preocupado, ansioso e inseguro. Há uma razão inconsciente pela qual você não quer mudar. É aí que entra a atuação do Espírito Santo. Somente com o agir dEle conseguiremos vencer os medos.
O que se ganha com o medo
Podemos nos beneficiar com os medos, no mínimo nos sentiremos protegidos (pois o medo existe como um mecanismo natural de proteção), mas muitas pessoas usam toda sua energia preocupando-se com alguns de seus medos e não sobra energia para ver o mundo como realmente ele é. Talvez isso seja recompensador, talvez outras pessoas estejam nos protegendo, e não queremos desperdiçar essa proteção. Mas ao final veremos que podemos olhar o medo diretamente e dizer: Não, não vou mais deixar você assumir o controle. Quem manda aqui agora sou eu, pois tenho em mim o verdadeiro Amor que lança fora todo o medo! Isso é submissão ao Senhor é a expressão de nossa dependência à proteção dEle, é descansar à sombra do Onipotente. Ter medo não é sinal de fraqueza, é uma manifestação natural e uma das formas de entendermos o quão dependentes somos do Deus Todo Poderoso.
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