Uma coisa é fato: o divórcio não é um princípio divino. O casamento cristão sob os moldes bíblicos é, essencialmente, para ser eterno.
Não serei leviano de tocar em um assunto espinhoso desses sem pesquisar. Li os posicionamentos de alguns líderes sérios, como Craig Hill – livro “Casamento: Contrato ou Aliança?”, Tony Evans – livro “Divórcio e Novo Casamento”, Gary Fischer – livro “O Que Está Escrito” e formalizei meu posicionamento, buscando, obviamente, meu embasamento nas Escrituras e não especificamente no posicionamento de outrem.
Assim, sem querer tomar atalhos ou evitar "ofender" pessoas que têm interesse pessoal nessa questão, vamos direto ao assunto e vejamos o ensino cristalino do Novo Testamento sobre o assunto de Divórcio e Novo Casamento. Quando alguém quer se evadir de conclusões contundentes e dogmáticas, geralmente se diz que determinado assunto é "polêmico" (do Grego polemeo = guerra).
Meu apelo aqui é o seguinte: Vamos ficar em paz com a Palavra de Deus sobre esse assunto? Não há guerra alguma aqui, quando temos um espírito submisso à Palavra de Deus. Não tentemos forçar situações particulares sobre ela, mas analisemos o ensino Bíblico.
Em primeiro lugar, independentemente do ponto de vista que se tem a respeito do divórcio, é importante lembrar as palavras da Bíblia em Malaquias 2:16a: “Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel. (aqui, uma alusão ao relacionamento entre Deus [Contextualizando, Jesus, o Noivo] e a nação de Israel [Contextualizando, Igreja, a noiva].”
De acordo com a Bíblia, o plano de Deus é que o casamento seja um compromisso para toda a vida. “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:6). Entretanto, Deus bem sabe que o casamento envolve dois seres humanos pecadores, e por isto o divórcio vai ocorrer.
No Antigo Testamento, Ele estabeleceu algumas leis com o objetivo de proteger os direitos dos “divorciados”, em particular das mulheres (Deuteronômio 24:1-4). Jesus mostrou que estas leis foram dadas por causa da dureza do coração das pessoas, não por desejo de Deus (Mateus 19:8).
A dita polêmica a respeito do divórcio e do segundo casamento, se são ou não permitidos de acordo com a Bíblia, gira basicamente em torno das palavras de Jesus em Mateus 5:32 e 19:9. A frase “a não ser por causa de infidelidade” é a única coisa nas Escrituras que possivelmente dá a permissão de Deus para o divórcio e segundo casamento.
Muitos intérpretes compreendem esta “cláusula de exceção” como se referindo à “infidelidade matrimonial” durante o período de “compromisso pré-nupcial”.
Segundo o costume judeu, um homem e uma mulher eram considerados casados mesmo durante o período em que estavam ainda “prometidos” um ao outro. A imoralidade durante este período em que estavam “prometidos” seria a única razão válida para um divórcio.
Ao entendimento desses, tanto o divórcio quanto o novo casamento são pecado, sendo, inclusive, um novo casamento a configuração de adultério, já que a Bíblia não fala sobre ex marido ou ex esposa.
Entretanto, a palavra grega traduzida “infidelidade conjugal” é uma palavra que pode significar qualquer forma de imoralidade sexual. Pode significar fornicação, prostituição, adultério, etc. Jesus está possivelmente dizendo que o divórcio é permitido se é cometida imoralidade sexual.
As relações sexuais são uma parte muito importante do laço matrimonial: “e serão dois uma só carne” (Gênesis 2:24; Mateus 19:5; Efésios 5:31). Por este motivo, uma quebra neste laço por relações sexuais fora do casamento pode ser razão para que seja permitido o divórcio. Se assim for, Jesus também tem em mente o segundo casamento nesta passagem.
A expressão “e casar com outra” (Mateus 19:9) indica que o divórcio e o segundo casamento são permitidos se ocorrer a cláusula de exceção, qualquer que seja sua interpretação. É importante notar que somente a parte inocente tem a permissão de se casar uma segunda vez.
Apesar disto não estar claramente colocado no texto, a permissão para o segundo casamento após um divórcio é demonstração da misericórdia de Deus para com aquele que sofreu com o pecado do outro, não para com aquele que cometeu a imoralidade sexual. Pode haver casos onde a “parte culpada” tem a permissão de se casar mais uma vez, mas tal conceito não é ensinado neste texto.
Alguns compreendem 1 Coríntios 7:15 como uma outra “exceção”, permitindo o segundo casamento se um cônjuge não crente se divorciar do crente. Entretanto, o contexto não menciona o segundo casamento, mas apenas diz que um crente não está amarrado a um casamento se um cônjuge não crente quiser partir.
Outros afirmam que o abuso matrimonial e infantil são razões válidas para o divórcio, mesmo que não estejam listadas como tal na Bíblia. Mesmo sendo este o caso, não é sábio fazer suposições com a Palavra de Deus.
Às vezes, perdido no meio deste debate a respeito da cláusula de exceção, está o fato de que qualquer que seja o significado da “infidelidade conjugal” , esta é uma permissão para o divórcio, não um requisito para ele.
Mesmo quando se comete adultério, um casal pode, através da graça de Deus, aprender a perdoar e começar a reconstruir o casamento. Deus nos perdoou de tão mais. Certamente podemos seguir Seu exemplo e perdoar até mesmo o pecado do adultério (Efésios 4:32).
Entretanto, em muitos casos, o cônjuge não se arrepende e nem se corrige, e continua na imoralidade sexual. É aí que Mateus 19:9 pode possivelmente ser aplicado. Muitos também se apressam a fazer um segundo casamento depois de um divórcio, quando Deus pode estar querendo que continuem solteiros.
Deus às vezes chama alguém para ser solteiro a fim de que sua atenção não seja dividida (1 Coríntios 7:32-35). O segundo casamento após um divórcio pode ser uma opção em alguns casos, mas não significa que seja a única opção.
Causa perturbação que o índice de divórcio entre os que se declaram cristãos seja quase tão alto quanto no mundo não crente. A Bíblia deixa muitíssimo claro que Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16) e que a reconciliação e perdão deveriam ser atributos presentes na vida de um crente (Lucas 11:4; Efésios 4:32).
Entretanto, Deus reconhece que divórcios poderão ocorrer, mesmo entre Seus filhos e ainda que não seja esse o Seu propósito. Mas o que fazer com os crentes divorciados e com os que se casaram ou querem se casar de novo?
Um crente divorciado e/ou que tenha se casado novamente não deve se sentir menos amado por Deus, mesmo que seu divórcio e/ou segundo casamento não esteja sob a possível cláusula de exceção de Mateus 19:9.
Uma coisa é fato, o divórcio faz um mal enorme e é uma das oportunidades que satanás encontra para levar adiante o seu plano de destruir as famílias. Logo, fica a pergunta, quem mais se beneficia do divórcio, Deus ou o diabo?
Frequentemente Deus usa até a desobediência pecaminosa dos cristãos para executar um bem maior. Contudo, isso não pode ser usado como respaldo para que incorramos e permaneçamos em erros, pois Deus não nos terá por inocentes. O que Ele espera de nós é que sejamos íntegros e obedeçamos a sua Palavra.
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