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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

ESPELHO, ESPELHO MEU: A SÍNDROME DE NARCISO

A história de Narciso (do grego narkhé = torpor, como em narcótico para nós) faz parte da mitologia grega e seu nome já parece indicar o que sua existência significaria: sua beleza entorpece, atordoa, embaraça a todos aqueles por quem ela é vista. Mas também, por sua ascendência, Narciso tem estreita relação com a ideia de água, escoamento e fertilidade, por parte de pai, bem como mansidão, voz macia e leveza (por parte de mãe). Tudo isso influenciaria sua vida. 

Conta-se que após ser assediado e confundido  pela ninfa Eco,  Narciso entristeceu-se e foi à beira de um lago, onde, de modo surpreendente, deparou-se com sua imagem nos reflexos da água. Como nunca antes havia se olhado (pois sua mãe foi recomendada a não permitir que isso ocorresse), enamorou-se perdidamente, acreditando ser a pessoa com quem estava “dialogando” (daí o termo "narcisista", usado na psicologia, para definir o indivíduo que busca  o alter ego, isto é, o outro que o complete, fora de si, mas sempre como um retorno a si mesmo). 

Por isso, tentou buscar incessantemente o seu reflexo, imergindo nas águas nesse intento, mas acabou morrendo afogado. A ninfa Eco sentiu-se culpada e transformou-se em um rochedo, vivendo a emitir os últimos sons que ouve (por isso, na física, chamamos de eco a reverberação do som). Do fundo da lagoa, surgiu a flor que recebeu o nome de Narciso e tem as suas características.

Vaidade das vaidades, tudo é vaidade

Vamos tratar nesse artigo sobre os problemas decorrentes da vaidade no contexto físico e estético. Apesar de a palavra vaidade ser muito usada em nosso vocabulário, poucas pessoas conhecem o seu verdadeiro significado.

Poderíamos defini-la como o excesso de preocupação com a própria imagem. Existe um aspecto bom da preocupação com a imagem: preocupação em estar bem-apresentado, ou com a impressão que os outros têm de nós, para que percebam que trabalhamos bem, que somos responsáveis, que temos certa maturidade etc. Pois bem: nada disso é vaidade! São preocupações legítimas! No entanto, se essas preocupações passam a ser excessivas, aí, sim, aparece a vaidade.

Para perceber se somos vaidosos ou não, vejamos alguns sinais característicos de quem tem esse defeito:

a) preocupar-se excessivamente com o modo de se vestir: gastar muito tempo no arranjo pessoal, dispender muito dinheiro com roupas, só usar roupas de grife, causar a impressão de que se está desfilando, comprar roupas, sapatos, relógios, colares, etc., sem ter necessidade;

b) ter preocupação exagerada em ficar bem diante dos outros: do chefe, do marido ou da esposa, dos amigos na rodinha, dos colegas de trabalho etc.

c) ser “vaidosão”, “vaidosona”: tornar-se uma pessoa “inchada”, exibida, dona da verdade, julgar-se “poderoso”, “poderosa” só porque tem posses ou um cargo importante. E, se há outras pessoas “vaidosonas” do seu lado, surgem as famosas disputas de ego, as fogueiras das vaidades.

Caso Andressa Urach 


Andressa Urach foi um dos assuntos mais comentados de dezembro por conta de sua internação. A ex-vice-miss Bumbum vive um drama causado pela aplicação de hidrogel e metacril nas pernas. A modelo e apresentadora foi internada às pressas na UTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, Andressa deu entrada na emergência na noite do dia 29 de novembro, com pressão baixa, febre e taquicardia. 

Após avaliação, foi submetida a uma drenagem cirúrgica na tentativa de retirar o líquido e reduzir a infecção, que não cedeu. A intervenção foi repetida na segunda-feira (1°) e terça-feira (2), e Andressa permaneceu em estado grave. Esta não foi a primeira vez que Andressa teve a saúde ameaçada por conta de procedimentos com fins estéticos. Em julho deste ano, Andressa já havia sido submetida a uma cirurgia para retirar parte do líquido injetado nas pernas, entretanto, o problema voltou a aparecer. 

A internação da ex-peoa (a celebridade participou de umas das temporadas do reality "A Fazenda" - Record) virou caso de polícia. Isso porque o 14ª DP da capital quer identificar as razões para o quadro infeccioso que levou a jovem para a UTI do Hospital Conceição. O caso dessa ilustre não foi o único. São com considerável frequência o caso de complicações, inclusive com o registro de óbitos, tanto em meio às celebridades quanto dos anônimos Brasil afora.

Anabolizantes e asteróides


Muitos jovens e adultos, na ânsia de definirem a musculatura, tendem a “pular etapas” ao perceberem que modelar o corpo através de exercícios é algo demorado e sofrido, e por isso, acabam recorrendo aos anabolizantes. Afinal, para se conseguir os objetivos físicos é preciso disciplina e perseverança, ou seja, há que "se pagar um preço".

Casos recentes como o do cantor Netinho, internado com forte dor abdominal em função de uma hemorragia no fígado, colocou mais uma vez o assunto em pauta quando os médicos responsáveis pelo caso informaram que o quadro do cantor poderia ter sido causado pelo uso de anabolizantes.

Especialistas afirmam que os padrões de beleza impostos pela sociedade é o que leva a tal comportamento. Segundo eles, a sociedade moderna criou um ideal de beleza, tanto masculina como feminina, no qual as mulheres precisam ser magras, altas e ter um corpo definido, enquanto os homens precisam ser musculosos, ter um bíceps grande e um peitoral bem trabalhado. 

Mas para se conseguir isso de modo natural é fundamental que se tenha genética, alimentação e treinamento adequado. Como a maioria não pode contar com a questão da genética e quer de qualquer forma um resultado rápido, busca essas características através do uso do anabolizante, porque fica muito fácil conseguir atingir esse ideal de beleza.

Mas apesar do efeito quase imediato que o produto proporciona, os médicos alertam que ele oferece também uma série de efeitos danosos à saúde e que acabam não compensando o benefício de ter uma imagem corporal que a pessoa tanto almeja.

Em três ou quatro meses de uso a pessoa já tem grande diferença em relação ao que era antes de começar o uso do anabolizante. O resultado rápido equivale a mais de um ano de treino intensivo e dieta adequada para uma pessoa que não usa o produto. O problema é que esse resultado vem muito mais rápido do que o surgimento de qualquer efeito colateral.

Os problemas dos asteróides e anabolizantes nos homens e mulheres


Quando se faz o diagnóstico do problema já se decorreu um prazo muito grande e a doença já está instalada há muito tempo, o que torna o tratamento mais complicado. Ainda de acordo com o especialista o fígado é um dos órgãos acometidos e são frequentes os casos de hepatomas, de câncer de fígado. Além disso, o uso de anabolizantes provoca também atrofia testicular.

No caso dos homens, eles apresentam azoospermia (ausência de espermatozóides), diminuição da libido e impotência porque a droga mexe com o equilíbrio hormonal. Quem toma esteroides anabolizantes, além de problemas de pele, como a acne, e perda de cabelo, pode ter complicações cardíacas muito graves. Isso porque essas drogas aumentam o nível do mau colesterol e diminuem o do bom colesterol no sangue e deixa a pessoa mais sujeita a infartos e anginas. 

Nas mulheres o efeito masculinizante provoca diversas alterações no corpo. “O hormônio, com características sexuais masculinizantes, é responsável pela distribuição de pêlos, pelo timbre de voz grave, o pescoço também fica mais grosso e elas podem desenvolver até mesmo o gogó (pomo de adão), visto apenas em homens. Os especialistas afirmam ainda que o anabolizante se torna algo viciante, já que muitas pessoas até tentam parar de usá-lo, mas grande parte volta a recorrer ao produto.

É muito comum que a pessoa use novamente o anabolizante depois de passar um tempo sem consumir o produto. Com a interrupção do uso, a pessoa perde todos aqueles efeitos e por isso, a grande maioria volta a usar para conquistar mais uma vez a massa muscular desejada. Uma vez usado, é muito difícil parar, por isso é necessário um suporte psicológico e um trabalho de incentivo à atividade física.

Suplementos alimentares, os grandes "heróis" da história


Em contraponto, também surgiram os suplementos alimentares, que auxiliam os atletas a terem melhores rendimentos. Os especialista explicam a diferença entre anabolizantes e suplementos. 

Segundo eles, os suplementos são produtos preparados com os mesmos ingredientes dos alimentos, ou até sintéticos que se aproximam muito dos naturais, utilizados para potencializar as dietas saudáveis dos atletas ou para pessoas que não têm uma alimentação saudável e necessita suprir as necessidades de algum nutriente.

Já os anabolizantes são compostos de esteróides artificiais, como testosterona e outros medicamentos. Ao caírem na corrente sanguínea, alteram o funcionamento dos sistemas hormonal e nervoso, podendo causar sérios danos à saúde.

Por isso, a sugestão para quem quer malhar e ter um corpo bem definido, mas com saúde, é procurar um médico de confiança, e jamais seguir a onda dos anabolizantes. As pessoas devem treinar, alimentar-se adequadamente e procurar um especialista em medicina esportiva para melhorar sua performance e o corpo.

Conclusão


Você já viu pessoas que estão sempre tensas, ansiosas e não dormem direito muitas vezes? Você já viu pessoas que são sérias candidatas a tomar calmantes e ansiolíticos? Pois bem: detrás deste comportamento se esconde, muitas vezes, uma enorme vaidade! Pois são pessoas que se preocupam demais com sua imagem, não admitem erros nem imperfeições, não podem ser menos do que… “perfeitas”! É o excesso de preocupação com a própria imagem que cria as pessoas “certinhas” e perfeccionistas.

É o excesso de preocupação com a própria imagem que cria também as pessoas tímidas. O tímido nada mais é do que um vaidoso que tem medo do que os outros pensam dele. Também a depressão é, muitas vezes, uma filha da vaidade: é gerada por olhar demais para si mesmo e sentir-se inferior aos outros em algum campo ou em vários campos da vida.
Será que eu me encaixo em alguns desses traços da vaidade? Não será esta uma ocasião para lutarmos mais decididamente contra esse defeito sabendo os males que ele acarreta para nós ou para os demais: estarmos muito pendentes de nós mesmos, autoidolatria, tensões, gastos excessivos, disputas de ego, etc.?

Enfim, qual é o grande remédio para a vaidade? O amor ao próximo! Pois toda vaidade tem uma característica comum: estarmos muito voltados para nós mesmos. Saibamos ter uma saudável preocupação por nós mesmos, aliada a uma grande preocupação pelos outros, e assim desfrutaremos uma grande paz interior. Vale a pena!

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