Conforme eu disse em outro artigo especial postado anteriormente ("LIVRO: REMÉDIO PARA ESPÍRITO, ALMA E CORPO”), é fato que toda lista é pessoal, e esta não é uma exceção, mas busquei seguir aqui critérios objetivos: livros que foram campeões de vendagem, citados e debatidos, que influenciaram e continuam influenciando os evangélicos brasileiros, livros muito lidos com alto índice de rejeição, e também os que hoje estão operando uma mudança paradigmática na cultura evangélica contemporânea. Escolhi no máximo um livro por autor e procurei incluir alguma diversidade cultural e de gênero literário, bem como denominacional e teológica, sem que isso nos tirasse do projeto original: listar os quarenta livros que, nos últimos quarenta anos, fizeram a cabeça do povo evangélico brasileiro. Ordenei a lista por ordem de importância: dos livros mais influentes aos menos influentes dentre os quarenta selecionados, independentemente da data. Divirta-se concordando ou discordando, corrigindo meus equívocos e fazendo sua própria lista. Os títulos grifados foram os que eu li e acompanham minhas considerações.
1. “Mananciais no Deserto” – Lettie Cowman [Ed. Betânia]
Não há outro livro mais amado pelos evangélicos brasileiros. Este campeão de vendagem é um livro de leituras devocionais diárias que conquistou nosso país. O livro é, de fato, bom, mas desconfio que a tradução deu uma mãozinha.
2. “Uma Igreja com Propósitos” – Rick Warren [Ed. Vida]
O maior “best-seller” evangélico de todos os tempos é uma catástrofe literária. É ainda difícil calcular o dano que esta obra equivocada causou e ainda irá causar, com sua filosofia de ministério inteiramente vendida ao “Zeitgeist”, propondo a homogeneização das igrejas e um pragmatismo de dar medo. O autor virou uma espécie de “guru do triunfalismo”. Simplesmente horroroso e essencialmente dispensável.
3. “A Quarta Dimensão” – David Paul Yonggi Cho [Ed. Vida]
Este livro fez mais pelo movimento pentecostal no Brasil do que qualquer televangelista. O testemunho bem escrito do pastor coreano que vive cercado de milagres causou “frisson” até mesmo nos grupos mais conservadores. Seu modo de ver a vida com Deus e o ministério marcaram as últimas décadas. O senhor Cho vive envolto em uma densa nuvem de verdadeiras heresias exegéticas e teológicas.
4. “A Agonia do Grande Planeta Terra” – Hall Lindsay [Ed. Mundo Cristão]
5. “O Ato Conjugal” – Tim e Beverly La Haye [Ed. Betânia]
Sexo é um assunto importante, e o povo ansiava por uma orientação em face da revolução sexual dos anos 60. Daí o sucesso de um livro bem escrito como este, didático e conservador, ao gosto da moral evangélica, mas sem ser inteiramente obtuso. Mesmo assim, muitos o chamaram de pornográfico. Nada mais injusto. Indispensável a todos os casais cristãos (ou não), pastores e/ou liderança de casais.
6. “Este Mundo Tenebroso” – Frank Peretti [Ed. Vida]
A ficção convence mais rápido. Revoluções acontecem inspiradas por romances, e não por tratados filosóficos. Peretti, com seu horror cristão, nos ensinou o significado da batalha espiritual nos anos 80, reencantou o submundo evangélico, inspirou pregadores e, o que não é nada ruim, motivou muitos adolescentes a ler obras de ficção bem melhores. Excelente!
7. “A Morte da Razão” – Francis Schaeffer [Ed. ABU]
A intelectualidade evangélica adotou este livro como alicerce nos anos 70, para enfrentar o existencialismo, o movimento “hippie”, o marxismo e a contracultura em geral. O livro convencia que o cristianismo não era incompatível com o estudo e a reflexão. É um pena que Schaeffer estivesse tão equivocado em suas ideias centrais. Não aconselhável para quem curte uma viagem na maionese.
8. “Celebração da Disciplina” – Richard J. Foster [Ed. Vida]
9. “De Dentro para Fora” – Larry Crabb [Ed. Betânia]
10. “Louvor que Liberta” – Merlin R. Carothers Ed. [Betânia]
Este pequeno e poderoso manifesto em forma de testemunho revolucionou, nos anos 70, o louvor e a adoração no Brasil. O bom capelão ensinou a todos nós a espiritualidade da adoração, o poder do louvor, impulsionando as guerras litúrgicas que marcariam a vida de nossas comunidades a partir de então. Recomendado a quem atua com música na igreja.
11. “Vivendo sem Máscaras” – Charles Swindoll [Ed. Betânia]
Outro “best-seller” devocional dos anos 90, de viés psicológico e de autoajuda, com o vigor característico das obras de Swindoll, escritas a partir de suas pregações. Muitos se sentiram não apenas edificados, mas tocados e transformados.
12. “A Cruz e o Punhal” – David Wilkerson [Ed. Betânia]
Outro opúsculo dos anos 70 que, na forma de um testemunho pessoal, inspirou os jovens evangélicos a uma fé mais comprometida. Curiosamente, não levou as igrejas a um investimento em missões urbanas, ideia que permeia todo o livro. Talvez o Brasil evangélico dos anos 70 não estivesse pronto para missões urbanas. Li a obra em 1998, recomendado pelo meu pastor na época.
13. “Crer é Também Pensar” – John Stott [Ed. ABU]
14. “O Senhor do Impossível” – Lloyd John Ogilvie [Ed. Vida]
15. “A Família do Cristão” – Larry Christenson [Ed. Betânia]
16. “O Jesus que Eu Nunca Conheci” – Philip Yancey [Ed. Vida]
17. “O Discípulo” – Juan Carlos Ortiz [Ed. Betânia]
Poucos livros foram tão impactantes nos anos 70 quanto esta obra que, excepcionalmente, não vinha do mundo anglo-saxão, mas da Argentina. Por isso mesmo, Ortiz tinha outra linguagem, um discurso que convencia os jovens brasileiros da seriedade e do valor de se tornar mais do que um mero frequentador de igrejas, um genuíno discípulo de Cristo. Livro de cabeceira.
18. “Bom Dia, Espírito Santo” – Benny Hinn [Ed. Bompastor]
O neopentecostalismo brasileiro é, em grande parte, de inspiração norte-americana. Talvez o nome mais importante nesse processo seja o do “showman” evangélico Benny Hinn, que desde os anos 90 assombra os norte-americanos pela televisão com seus feitos espetaculares. Mesmo quem não o leu conhece sua influência no Brasil. Horroroso sob todos os aspectos. Vai para categoria “LIXO”. Se ainda não leu, corra dele!
19. “O Refúgio Secreto” – Corrie Ten Boom [Ed. Betânia]
20. “A Autoridade do Crente” – Kenneth Hagin [Ed. Infinita]
21. “Entendes o que Lês?” – Fee e Stuart [Ed. Vida Nova]
22. “Culpa e Graça” – Paul Tournier [Ed. ABU]
23. “Novos Líderes para Uma Nova Realidade” – Caio Fábio D’Araújo Filho [Ed. Vinde]
Este opúsculo foi, se não o mais lido, certamente o mais importante dos numerosos livrinhos do pastor Caio Fábio, fenômeno de popularidade no Brasil nos anos 80 e 90, pastor midiático, influente, contundente, imitado, adorado e odiado. Caio nos ensinou a ver as coisas de outro jeito, e seu legado não vai desaparecer, quanto a ele... Bom, deixa pra lá.
24. “Vida Cristã Normal” (ou “Equilibrada”, na reedição) – Watchman Nee [Ed. Clássicos]
O controverso evangelista e autor chinês Nee teve muita influência nos anos 70 e 80, com sua visão mística do que significa ser um cristão evangélico conservador. Este livro foi seu maior sucesso, um comentário de Romanos, ainda que seu livro mais objetivo e claro seja “A Liberação do Espírito”. É outro oriental cheio de esquisitices. Ele e o tal Young Cho podem formar a dupla Débi & Lóide.
25. “É Proibido” – Ricardo Gondim [Ed. Mundo Cristão]
Gondim é um dos melhores e mais polêmicos autores evangélicos contemporâneos. Seus livros, como Eu Creio, Mas Tenho Dúvidas, O que os Evangélicos (Não) Falam, Orgulho de Ser Evangélico, são sempre interessantes. Nenhum, porém, foi tão influente e marcante como “É Proibido”, um verdadeiro libelo anti legalista. Gondim é o típico autor cujas obras são indispensáveis.
26. “Conselheiro Capaz” – Jay Adams [Ed. Fiel]
27. “Quebrando Paradigmas” – Ed René Kivitz [Ed. Abba Press]
Este livro foi decisivo para que os evangélicos brasileiros começassem a enxergar a outra margem do rio, a margem pós-evangélica do paradigma emergente. Kivitz é um autor surpreendente e notável, de mente dinâmica e arejada, que propõe importantes rupturas e renovações, como em seu outro livro “Outra Espiritualidade”. Kivitz e Gondim podem formar a dupla Bom & Demais.
28. “O Amor Tem Que Ser Firme” – James Dobson [Ed. Mundo Cristão]
29. “Supercrentes” – Paulo Romeiro [Ed. Mundo Cristão]
O autor de “A Crise Evangélica” tem talento e tem algo a dizer. Seus textos, especialmente o famosos “Supercrentes”, têm apontado para os exageros e enganos de muitas posturas comuns no meio evangélico contemporâneo. Indispensável!
30. “Cristianismo e Política” – Robinson Cavalcanti [Ed. Ultimato]
Trata-se de um clássico. Este livro está nas origens de toda reflexão política evangélica. Robinson é importante por outras questões, como seus livros sobre sexualidade (“Uma Bênção Chamada Sexo”, “Sexualidade e Libertação”), mas sua contribuição permanente é o estímulo que deu à reflexão política evangélica. Indispensável para o crente que não quer virar um alienígena político.
31. “O Evangelho Maltrapilho” – Brennan Manning [Ed. Mundo Cristão]
Não há outro autor mais importante no meio evangélico nos últimos dez anos do que Brennan Manning. Seus livros devocionais, como “O Impostor que Vive em Mim”, “A Assinatura de Jesus”, “O Obstinado Amor de Deus”, estão transformando radicalmente a maneira como os evangélicos entendem a vida cristã. Eu fico muito grato.
32. “O Pastor Desnecessário” – Eugene Peterson [Ed. Mundo Cristão]
Peterson é muito estimado no meio evangélico brasileiro e um dos autores mais bem avaliados dos últimos tempos. Responsável por projetos como “The Message” (excelente paráfrase bíblica), tem nos galardoado com obras como “Corra com os Cavalos”, “A Oração que Deus Ouve”, “A Vocação Espiritual do Pastor”, “Transpondo Muralhas”, entre outros. Selecionei o que talvez seja o mais importante e já recomendo a todos os pastores.
33. “Poder Através da Oração” – E. M. Bounds [Ed. Batista Regular]
Nos anos 70, quando não havia ainda bons livros sobre oração, como o de Richard Foster ou o de Eugene Peterson, os livros de Bounds sobre oração circulavam de mão em mão, trazendo avivamento às igrejas. Hoje Bounds está quase esquecido. Quase. Recomendado a todo intercessor, ou, simplesmente para quem gosta de orar.
34. “Cristo é o Senhor” – Dionísio Pape [Ed. ABU]
35. “O Caminho do Coração” – Ricardo Barbosa [Ed. Encontro]
36. “O Novo Testamento Interpretado” – R. N. Champlin [Ed. Hagnos]
37. “Icabode” – Rubem Martins Amorese [Ed. Ultimato]
38. “A Bíblia e o Futuro” – Anthony Hoekema [Ed. Cultura Cristã]
39. “Cristianismo Puro e Simples” – C. S. Lewis [Martins Fontes]
Também conhecido como “Mero Cristianismo”, a busca de Lewis pelo denominador comum da fé cristã impacta brasileiros desde os anos 70. Seleciono o livro simbolicamente, já que Lewis não poderia ficar de fora, seja por causa de “Os Quatro Amores”, “Milagres”, “Cartas do Inferno” ou “As Crônicas de Nárnia”.
40. “A Mensagem Secreta de Jesus” – Brian D. McLaren [Thomas Nelson]
Aguarde minha próxima lista.
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