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segunda-feira, 13 de outubro de 2025

EU NÃO ME ESQUECI — CRIMES ENVOLVENDO PASTORES — 1] O CASO LUCAS TERRA

Dando continuidade na nossa série especial Eu Não Me Esqueci, vamos abordar uma sequência específica de casos criminais que tiveram o envolvimento de pastores.
  • 🚨Válido salientar que as respectivas denominações e/ou instituições das quais faziam parte os criminosos citados, absolutamente nada têm a ver com os desvios de conduta e moral deles, uma vez que, desvios de conduta e de moral são inerentes a todos os segmentos da sociedade.
  • 🚨Os casos que serão aqui relatados são oficiais e estão todos em linha com as denúncias oferecidas ao Ministério Público e em conformidade com publicações já anteriormente amplamente veiculadas pelos órgãos de imprensa, estando todos disponíveis para consultas na internet. 
  • 🚨Todos os links de pesquisas e citações estão disponíveis ao final de cada um dos artigos, dando os devidos créditos autorais.
O primeiro caso que iremos narrar aqui já se tornou emblemático e ainda ficou conhecido como um exemplo de impunidade.

O caso Lucas Terra


No final de 2000, a família Terra planejava se mudar para Parma, na Itália, onde trabalhariam em um restaurante.

Marion, a mãe de Lucas, foi a primeira a partir, viajando de avião do Rio de Janeiro para a Europa nos últimos dias de dezembro.

Enquanto isso, Carlos Terra, o marido, e seus filhos, incluindo Lucas, passaram o verão em Salvador, BA, onde um dos irmãos de Lucas residia.

O envolvimento com a Igreja Universal do Reino de Deus


Foi em janeiro de 2001 que Lucas Terra, um jovem religioso, começou a frequentar a Igreja Universal do bairro de Santa Cruz, em Salvador.

Ele se identificou tanto com o evangelho que dedicava seu tempo integralmente para a obra de Deus, conforme relatado por Marion.

Lucas e um grupo de jovens visitavam favelas, distribuíam roupas e tentavam evangelizar crianças.

Em conversas por telefone, Lucas confessava a sua mãe que estava desiludido com a Europa e tinha o desejo de permanecer no Brasil.

Ele aspirava ser obreiro da Universal, um papel de destaque que ficava um nível acima da posição de assistente de obreiro que ele ocupava. Na prática, um obreiro auxilia o pastor na organização das atividades do templo.

Lucas também estava apaixonado por sua namorada, que frequentava a mesma igreja.

Seu mentor era o pastor Silvio Roberto Galiza, que liderava a unidade.

Testemunhas relataram que o pastor Galiza tinha um comportamento dominador em relação ao jovem.

Há registros de testemunhas que essa possessão de Galiza era tanta em relação ao garoto Lucas, que ele chegou a proibi-lo de dar continuidade ao namoro com a garotinha, que também era frequentadora na mesma igreja.

O crime


Na noite de 21 de março de 2001, o adolescente estava prestes a realizar seu sonho.

Galiza convidou somente Lucas, que fazia parte de um grupo, para ir de ônibus até a sede da Universal na Pituba, a quatro quilômetros de distância da igreja em Santa Cruz, a fim de receber a gravata de obreiro.

Foi aí que tudo aconteceu. O adolescente Lucas Terra, de 14 anos, foi estuprado e morto em um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no Rio Vermelho, em março de 2001.

A vítima foi queimada viva e o corpo foi localizado em um terreno baldio na avenida Vasco da Gama. À época, José Carlos Terra, o pai de Lucas, alegou que o filho havia flagrado os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva mantendo relações sexuais, o que teria motivado o crime.

De acordo com a investigação, os pastores, que temiam ser expostos pelo adolescente, decidiram cometer o crime, estuprando-o e depois queimando-o vivo.

O corpo foi abandonado dentro de um caixote em um terreno baldio.

A luta da família por justiça

Marion Terra, a mãe
Após o assassinato de Lucas, José Carlos iniciou uma luta para prender os responsáveis pelo crime.

Conforme denúncia do MP-BA, o bispo Fernando Aparecido da Silva e o pastor Joel Miranda, da Igreja Universal do Reino de Deus, além do pastor Sílvio Roberto Santos Galiza, tiveram participação na morte do adolescente.

Apenas Galiza (que em 2006 delatou os outros dois acusados) foi julgado e condenado pelo crime.

Carlos Terra, o pai

Detalhes do crime:

  • Lucas Terra desapareceu em 21 de março de 2001.

  • Seu corpo foi encontrado carbonizado em um terreno baldio, dentro de um caixote de madeira, na Avenida Vasco da Gama.

  • A investigação e os depoimentos revelaram que a motivação do crime teria sido que Lucas flagrou dois pastores da IURD, Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, em um ato sexual dentro de um templo da igreja.

  • Para silenciá-lo, os pastores, com a ajuda de um assistente, o amordaçaram, abusaram sexualmente dele e o mataram, ateando fogo ao seu corpo.
    Depoimento do pr. Sílvio Galiza

  • Condenações e desdobramentos judiciais — Sílvio Roberto Galiza: Assistente dos pastores, foi o primeiro a ser condenado.

    Após depor e confessar sua participação, ele recebeu uma pena de 18 anos de prisão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

    Posteriormente, sua pena foi reduzida, e ele passou a cumprir em regime aberto.

  • Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva — Os dois pastores acusados de liderar o crime enfrentaram um longo processo judicial, marcado por recursos e reviravoltas.
  • Em 2018, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a anular o processo contra eles por falta de provas, mas a decisão foi revertida em 2019.
  • Em abril de 2023, mais de duas décadas após o crime, os dois foram a júri popular e acabaram condenados a 21 anos de prisão em regime fechado.

    Apesar da condenação, eles responderam em liberdade enquanto recorriam da decisão.

Desdobramentos


A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou no dia 11 de fevereiro de 2025, mais um recurso relacionado ao homicídio do jovem Lucas Terra, ocorrido em 2001, em Salvador (BA).

O desfecho da sessão, transmitida ao vivo pelo canal do STJ no YouTube, resultou em um empate entre os ministros, o que, pelo regimento, favoreceu os réus e concedeu-lhes habeas corpus.

A decisão gerou forte reação de Marion Terra, mãe da vítima, que se declarou indignada com a condução do processo.

Durante o julgamento, um dos ministros estava impedido de votar, deixando apenas quatro magistrados na bancada.

A Ministra Daniela Dantas e o Ministro Messod Azulay pronunciaram-se favoravelmente aos réus, enquanto os Ministros Reynaldo Fonseca e Ribeiro Dantas votaram contrariamente ao pedido de liberdade.

Em razão do empate (2 a 2), formou-se maioria em benefício dos dois pastores acusados do crime, Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda.

Os ex-pastores foram autorizados a responder em liberdade aos recursos da sentença, pois já haviam passado por todo o processo sem prisão preventiva. O STJ também alterou o relator do caso, o que adicionou uma nova camada de complexidade ao processo.

Conclusão

O que esperar agora


José Carlos Terra protestando em Brasília e em Salvador
O corpo de José Carlos Terra, pai do adolescente Lucas Vargas Terra, estuprado e assassinado em 2001, foi sepultado no cemitério Bosque da Paz, no bairro de Nova Brasília, em Salvador, no dia 22 de fevereiro de 2019, aos 64 anos.

Ele morreu no dia anterior quinta, 21, 18 anos após a morte do filho, cujo caso não foi encerrado. Carlos Terra, que estava internado no Hospital Ernesto Simões, situado no Pau Miúdo, com quadro de insuficiência renal, foi enterrado ao lado de Lucas Terra.

A esposa de José e mãe de Lucas, Marion Terra, disse "ter sido tudo de repente" e que o companheiro estava fragilizado depois de tanto tempo clamando por justiça.
"Conseguiram calar a voz do Carlos, mas eles se esquecem que eu ainda estou aqui. Minha voz ninguém vai calar",
concluiu.

Antes de seu falecimento, o senhor José Carlos Terra deixou uma carta aberta, onde narra sua saga de dor e clamor por justiça pelo assassinato brutal do seu filho. Ela pode ser lida na íntegra ➫ aqui (basta clicar no link).

O caso ainda não tem uma resolução definitiva. A decisão de conceder o habeas corpus e a alteração do relator indicam que o processo ainda passará por novas análises e recursos.

A família de Lucas Terra e a acusação deverão recorrer e se mobilizar novamente para garantir que a condenação seja mantida.
Caso Lucas Terra, eu não me esqueci... não podemos nos esquecer.

[Fonte: A Tarde, com informações de Pollyana Moraes; G1; Correio Brasiliense, por Vanilson Oliveira; Com Causa — Cultura de Direitos; Ministério Público do Estado da Bahia. Aventura na História. Parte da composição desse texto contou com recursos da Inteligência Artificial.]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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