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sábado, 19 de julho de 2025

🧠PAPO DE PSICANALISTA🧠— PORQUE SOMOS ATRAÍDOS PELO QUE É PROBIDO?

Você já reparou que quando alguma coisa é proibida, perigosa, inacessível ou difícil, ela se torna mais atrativa? No entanto, quando as coisas são fáceis demais ou estamos muito seguros de que as temos, acabamos por ficar entediados ou por perder o interesse. Isto se denomina, na psicanálise, "efeito fruto proibido". Vamos a mais um capítulo da nossa série especial de artigos "Papo de Psicanalista".

Efeito Fruto Proibido


Em tempo: a imagem ao lado é meramente ilustrativa para contextualização. O "fruto proibido" na narrativa bíblica, em Gênesis 2:16,17 NÃO É A MAÇÃ, como se convencionou acreditar o inconsciente coletivo.
A aura que reveste o proibido é irresistível.

As pessoas que são seduzidas por ele não se contentam enquanto não realizam os desejos que as situações não permitidas despertam.

E, se não conseguem realizá-los, caem no eterno questionamento: 
"e se eu tivesse feito?", 
vivendo para sempre nessas ilusões.

O comportamento transgressor sempre exerceu fascínio sobre o homem — do mais libertino ao mais puritano —, de modo que, na literatura universal, por exemplo, muitos foram os autores que criaram personagens femininos adúlteros. 

Imortalizadas por Liev Tolstoi (✰1828/✞1910), Gustav Flaubert (✰1821/✞1880), Eça de Queiroz (✰1845/✞1900) e Machado de Assis (✰1839/✞1908), entre tantos outros gênios literários, expressivas protagonistas infiéis personificaram a urgência de descumprir as leis sociais em que somos condicionados.

Anna Karenina, Emma Bovary, Luiza e Capitu pagaram caro por desafiar os cânones da sociedade do século XIX. As heroínas transviadas tiveram, na morte, seu destino. 

Sufocadas por seus criadores, censurados ou temerosos da reação da sociedade, essas mulheres foram silenciadas pelo conservadorismo.

Suas passagens pela literatura, porém, sinalizaram os sentimentos de desejo e aventura que desafiaram o sistema social da época, não sendo, obviamente e portanto, uma característica restrita apenas às mulheres.

Identificando o efeito fruto proibido

O efeito fruto proibido acontece em todos os seres humanos e é o resultado do desejo do homem de saber mais sobre o desconhecido, de conhecer as consequências daquilo que, supostamente (e/ou efetivamente), é perigoso.
Os seres humanos não gostam de proibições nem de imposições pois veem sua liberdade ameaçada, algo extremamente valioso para nós.

Nos dias de hoje, existem muitas outras proibições frequentemente burladas, a maioria delas por jovens, mas seria impossível dar uma medida estatística da incidência dos atos ilícitos. 

Mesmo obedecendo à lei, o ser humano vive transgredindo normas sociais e até as próprias regras a que ele se submete.
Independentemente de idade ou sexo, contudo, atire a primeira pedra quem nunca fez algo proibido (já atirei minhas pedras... no chão!)
Segundo a psicologia, é natural que as pessoas queiram cessar a curiosidade e, principalmente, experimentar coisas novas, pois o sentimento de liberdade, segurança e independência são os mais saborosos. 

Assim como a história bíblica que diz que Eva não resistiu à tentação e provou do fruto proibido, nós também temos sempre muitos frutos proibidos que despertam vontades e constantemente imaginamos o prazer que eles podem nos proporcionar.

Quando nasce o efeito fruto proibido?


Isso acontece desde o nascimento em que, a cada momento, o ser humano está em constante aprendizado acerca dos limites morais, éticos e sociais, cada qual com seus valores e regras.

Assim, a criança desde sempre já aprende o que é certo ou errado e as primeiras pessoas que ditarão esse caminho são os pais e, logo em seguida, a sociedade, que continua injetando limites e pontos que não podem ser ultrapassados.

Consequentemente, a nossa própria condição e proibição nos leva a experimentos e a nos atrair pelo que é negado, afinal, conforme a maioria de nós acredita, "o proibido é mais gostoso".

Isso porque precisamos sempre conhecer mais e testar até que ponto podemos chegar, conhecer novos ares, se aventurar, mesmo que depois nos deparemos com a avaliação das consequências — às quais, embora inerentes, quase nunca são lembradas e/ou consideradas.

É a partir da análise de transgressões e tabus que podemos questionar e repensar os valores simbólicos da sociedade.

Desafiar o código, infringir normas e desobedecer a convenções morais são um aspecto fundamental do desenvolvimento da cultura e do aprimoramento da arte. 

É ela que leva à reflexão e se choca contra a ordem estabelecida, viabilizando a reciclagem de ideias e a renovação da estrutura social.

Segundo a psicanálise, o psiquismo é tão forte que esses pensamentos insistem em retornar, numa tentativa de serem realizados, burlando a barreira que nos impusemos e nossa vontade de esconder aquilo que nos proibimos. 

Para a psicanálise, portanto, nossa consciência freia nossos atos, mas eles aparecem sob a forma de atos falhos, sonhos e sintomas.

Quem nos disse o que é ou não proibido?

Portanto, desde pequenos, a família, a escola e a sociedade nos dizem o que é certo e o que é errado, e vão nos impondo certos limites que não devemos ultrapassar, pois se isso acontecer, teremos que enfrentar consequências negativas.
Mas o ser humano gosta de experimentar na própria pele essas consequências sobre as quais nos advertem, já que o fato de alguém nos dizer que há um lado obscuro desperta a nossa atenção para experimentar e saber onde estão os limites.

Ultrapassar essas barreiras que o mundo e os outros nos ditam nos dá um certo prazer, devido ao que se conhece como "medo consciente", isto é, temos medo por essas consequências que poderiam ocorrer, mas somos conscientes de que controlamos a situação e que, se quisermos, podemos parar a nossa aventura e nos afastar.

Isso é o que acreditamos, porque em pouco tempo percebemos que a coisa não é tão simples como imaginamos, mas essa sensação de controle é responsável por gostarmos de transgredir certas normas ou regras…
  • A infância e o instinto do novo
Tudo se inicia na infância — o mundo é feito de novidades e tudo que queremos é conhecê-lo.

Por isso, estamos interessados no que nos rodeia: as experiências nas relações, as descoberta do corpo, palavras, sensações, etc.

Consequentemente, vamos levar esses momentos para toda a nossa vida, pelo sentimento de adrenalina e curiosidade que tudo isso nos causou.
Por isso, a psicologia também sugere que não se deve proibir uma criança, mas criar alternativas que sejam atraentes o suficientes para direcionar a curiosidade e intenção.
  • Adolescência e o instinto de independência
Com essa fase, a autoafirmação acompanha todas as atitudes — É o momento de se afirmar e descobrir a si mesmo e, por isso, normalmente os adolescentes procuram ser diferentes do padrão dos pais e definem a sua própria maneira de agir e de pensar.

É nessa fase também que toda a atenção do mundo ainda será pouco, porque o processo de amadurecimento estará acontecendo e o jovem precisa ter o próprio espaço para conseguir tomar todas as decisões.

Nesta etapa, a proibição será ainda mais tentadora, será motivo para questionar e imaginar milhões de situações. 

O proibido, assim, se torna extremamente perigoso, mas ao mesmo tempo é um modo único, diferente e corajoso de se reafirmar, sem contar os sentimentos de satisfação e adrenalina. 

Ao realizar o proibido, o adolescente testa sua lei interna e o quanto ele consegue se submeter a ela.
  • A vida adulta — uma questão de escolha
E assim, se inicia a maturidade, responsabilidade e compromissos.

É o momento em que a pessoa poderá decidir sua vida livremente, desde que tenha ciência de todas as consequências e mudanças.

É por isso que nesta fase, toda proibição causa uma certa rejeição, com o objetivo de cumprir os valores e a aparência, mas se torna algo cada vez mais atraente, e, principalmente da premissa de que somos donos das nossas próprias vidas e ninguém deve decidir por nós.

Como podemos lidar com o efeito fruto proibido para que ele nos beneficie?

Lidar com o efeito fruto proibido pode ser benéfico se nos conscientizarmos de sua existência e se aprendermos a dirigi-lo de forma adequada.
A seguir indicamos algumas diretrizes para fazer isso:
  • Nas relações sociais  
Nunca exija nada de ninguém, muito menos proíba ou censure — Para começar, quem somos nós para criticar, censurar ou proibir algo a alguém?

Lembre-se de que as pessoas não gostam de nada que lhes tire a liberdade. No entanto, você pode sempre dar conselhos ou sugestões com carinho e amor, o que aumenta muito as possibilidades de que as pessoas ao seu redor comecem a modificar aquilo que você não gosta.
  • Na hora de paquerar
Aprenda a ser interessante — Se você quer conquistar alguém, tem que jogar um pouco e flertar antes de se oferecer por inteiro(a).

Mesmo se estiver querendo enviar uma mensagem fofa no WhatsApp para essa pessoa ou chamá-la para sair, faça com que ela sinta a sua falta, mas com moderação.

É importante que a outra pessoa não pense que já está tudo feito e que te tem seguro, pois isso diminui o interesse.

O imediatismo nos relacionantos atualmente, os tem tornado cada vez mais fluídos e descartáveis. Portanto, faça com que a pessoa pense que você é um pouco "difícil".
"Não há maior tentação do que não ser tentado" (Antonio de Guevara — ✰1480/✞1545).
  • Se você está fazendo um regime
Não se imponha dietas muito rigorosas — Isso só vai fazer com que você passe fome e no final acabe comendo demais. 

Também não se proíba de comer nenhum alimento, em vez disso, permita-se uma exceção de vez em quando. 

Comer um doce, um sanduíche... uma vez por semana, um refrigerante ou batatas fritas não faz tão mal assim, e faz com que a tentação diminua. 

Pesquisas comprovam que as dietas proibitivas são as que menos dão resultado, isso porque que se propõe a fazê-las, não conseguem obedecer suas retrições. 

Por isso, hoje, entre os especialistas em nutrição, não se fala tanto em proibir, mas sim em moderar.
  • Educando 
As crianças e os adolescentes precisam ter limites — Mas devemos sempre dar-lhes explicações de por que algo se deve ou não se deve fazer. 

As pessoas precisam que lhes expliquem as coisas e que as entendam, senão as crianças e os adolecentes vão acabar violando essas normas por mera curiosidade.

Também é importante oferecer alternativas em vez de proibir em absoluto.

Conclusão


A proibição gera diversos sentimentos e atitudes e,consequentemente, comportamentos contrários aos pretendidos.

Isso porque sentimos a necessidade do novo, de nos encantar e de, principalmente, achar outras maneiras para se expressar e sentir.

O proibido não é necessariamente mais gostoso, e sim mais culpável. Na vida social, a neurose é a melhor forma de funcionamento do sujeito e também a mais comum. 

Somos todos neuróticos, e só um neurótico é marcado pela culpa, resultado da realização de um ato ilícito. 

É importante conhecer o efeito fruto proibido para lidarmos melhor com as pessoas ao nosso redor ou em certas circunstâncias. 

Devemos ser muito conscientes de que o mais importante tanto para nós quanto para os outros é conquistar a liberdade, mas todos temos capacidade de escolha e de autocontrole.


Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso

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