Reprodução: Arquivo pessoal |
Ele era inocente
Jornal britânico da época, repercutindo o caso — Arquivo reprodução |
No dia 21 de julho, uma nova tentativa de atentado, desta vez fracassada, ocorrera no metrô da cidade.
Em 2006, o então primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair pediria desculpas formais ao presidente Lula e à família de Jean Charles.
Em 2015, a família de Jean Charles entraria com representação na Corte Europeia de Direitos Humanos contra o governo inglês.
A morte de Jean Charles se tornara um símbolo.
Cronologia dos fatos
Duas semanas após os atentados de 7/7 em Londres (que matam 52 pessoas e deixaram mais de 700 feridos), o transporte público é alvo de novos ataques, mas as bombas não explodem.
• Uma caçada humana é iniciada para capturar os quatro homens suspeitos de tentar realizar o atentado.• A polícia encontra um endereço na Scotia Road, Tulse Hill, escrito em um cartão de membro de uma academia de ginástica em uma das malas não explodidas usadas pelos suspeitos.• Jean Charles, que morava em um dos apartamentos da Scotia Road, é erroneamente identificado pela polícia como Hussain Osman.• Ele é morto a tiros em 22 de julho pela polícia na estação de metrô de Stockwell.• Quatro homens, incluindo Osman, mais tarde são condenados por tentativa de atentado a bomba. Osman recebeu a sentença de prisão perpétua com pena mínima de 40 anos.
Tragédia inspirou minissérie, filme e música
Reprodução Instagram |
A produção tem quatro episódios e estreia no dia 30 de abril de 2025, exclusivamente na plataforma.
Conclusão
O que aconteceu depois?
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Imagem do memorial de Jean Charles na estação de Stockwell / Crédito: Disney+ |
No Reino Unido, manifestações públicas e reportagens da mídia britânica e internacional cobraram justiça.
Impacto emocional
O senhor Matozinhos Otoni de Menezes e a senhora Maria Otônio de Menezes, os pais de Jean Charles, nunca superaram a perda trágica do filho, um jovem sonhador, que como muitos, foi tentar uma vida melhor na Europa.
Para a família, o trauma permanece. Dona Maria lembrou com dor das cenas que mais a marcaram, ao assistir a série da Disney+.
"A parte em que o policial deu o mata-leão e atiraram nele… ali machucou muito.
Essa parte eu não consigo assistir. Mesmo depois de 20 anos, parece que aconteceu ontem.
É muito dolorido. Muito terrível",desabafa.
"Sim, ajudou. Mas é muito difícil. Você não tem ideia do que é perder alguém assim. Ele só veio trabalhar. Morreu inocente, como uma criança."Sobre o legado de Jean, Alex Pereira de Menezes, o irmão de Jean reforça:
"Queremos que as pessoas lembrem dele como um rapaz decente, trabalhador, honesto. Que entendam que qualquer um pode correr esse risco só por estar tentando viver a própria vida com dignidade.
Todos que estão na luta, como foi o caso do Jean — um jovem que morreu batalhando, buscando uma vida melhor, saindo do seu país para tentar algo em outro lugar —, que não percam a fé. Que continuem firmes, que sejam fortes. Porque, mesmo com um incidente como esse, a gente não pode desistir. Enquanto estivermos vivos, temos que trabalhar, temos que lutar, temos que correr atrás dos nossos objetivos",
acrescenta.
A polícia reconheceu a tragédia e pediu desculpas à família, explicando que a morte de Jean ocorreu "em um momento de ameaça terrorista sem precedentes em Londres".
O episódio foi alvo de múltiplas investigações, incluindo duas realizadas pela antiga Comissão Independente de Reclamações contra a Polícia (IPCC), que identificaram falhas graves na conduta da polícia e manipulação de informações.
Porém, o fato é que o assassinato de Jean Charles de Menezes ficará para história como um emblemático e controverso caso de assassinato com forte tom de impunidade, que eu não me esqueci.

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