"Mas, se eu demorar, você saberá como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade" (1 Timóteo 3:15).
A igreja evangélica no Brasil está passando por um período de mudanças significativas, com um crescimento notável nas últimas décadas, mas também enfrentando desafios como a perda de fiéis e debates sobre o envolvimento político.
Fico imaginando, o que aconteceu, com nossas igrejas, é muito triste o que vemos no cenário nacional, já parou para observar o comportamento das igrejas evangélicas no Brasil?
É o que veremos em mais um capítulo da minha série especial de artigos Pronto, Falei! Mas, antes de entrar no tema propriamente dito, vamos fazer uma análise exegética e hermenêutica do versículo escolhido como base para este texto.
Coluna — não fundamento — da verdade
1 Timóteo 3:15 é o fim da descrição de Paulo sobre a conduta adequada para os membros da igreja — ou seja, a congressão dos crentes em Jesus Cristo, também biblicamente chamada de "assembleia dos santos" e "corpo de Cristo" —, incluindo líderes.
Ele não menciona em lugar nenhum um poder único desses líderes para tomarem decisões doutrinárias ou interpretativas. Também ele não declara membros do corpo incapazes de fazer essas interpretações por si mesmos.
Na verdade, no versículo 14, Paulo especificamente diz que suas palavras escritas são o que definem a conduta adequada.
Isso realmente sugere o conceito de sola scriptura; Paulo está atribuindo autoridade à Palavra escrita. Ele não diz: "A igreja lhe dirá o que significa esta carta".
No início da epístola, Paulo explicitamente diz a Timóteo para se opor àqueles que ensinam doutrina incorreta (1:3-7, 18,19). Ele não diz a Timóteo para se opor àqueles que discordam da "igreja" ou dos líderes da igreja.
Isso ecoa outras afirmações de Paulo que indicam que o conteúdo de uma crença é o que importa, não a pessoa que a proclama (2 Coríntios 11:14; Gálatas 1:6-8).
Paulo se refere àqueles que proclamam o evangelho como ministros da verdade, não a fonte dela (1 Co 4:1; 9:17). Em outros lugares, Paulo diz explicitamente que há apenas um "verdadeiro" alicerce para nossa fé, que é Cristo (3:11), então o que ele diz em 1 Timóteo 3:15 deve ser entendido nesse contexto.
Como, então, 1 Timóteo 3:15 deve ser interpretado? Julgando pelo contexto de 1 Timóteo, bem como pelo restante das Escrituras, certamente não que "a igreja" tem uma compreensão infalível da verdade.
Neste caso — numa compreesão exegética do contexto — Paulo parece estar dizendo que a ekklesia — o corpo de crentes, "a igreja" — é a estrutura que sustenta e proclama o evangelho ao mundo.
Por essa razão, a conduta do corpo e sua seleção de líderes são de grande importância.
Essa interpretação é fortemente apoiada pelo uso de Paulo de duas palavras gregas, stulos e hedraioma, traduzidas como "coluna" e "fundamento".
- Stulos — significa "coluna, pilar, suporte" e é encontrado no Novo Testamento apenas aqui, em Apocalipse 3:12 e 10:1.
- Hedraioma — significa "suporte" e é encontrado apenas neste versículo.
Ambas as palavras vêm de raízes gregas que implicam algo que endurece, estabiliza, firma ou sustenta.
Estas são palavras completamente diferentes das que são usadas em outras ocorrências de "fundamento" nas Bíblias em inglês.
Por exemplo, a referência de Paulo a Cristo como nosso "fundamento" em 1 Coríntios 3:11 usa a palavra themelios, que significa "fundamento de um edifício" ou "princípios iniciais e fundadores de uma ideia".
Portanto, em 1 Timóteo 3:15, Paulo não está se referindo a "a igreja" como a fonte da verdade ou a criadora da verdade.
Ele está dizendo que "a igreja" é o que sustenta e mantém firmemente a verdade no mundo.
Novamente, esta interpretação se encaixa com as advertências de Paulo para não se deixar levar por filosofias carnais (Colossenses 2:8), falsos mestres (2 Tm 4:3) ou qualquer pessoa que mude o evangelho (Gl 1:8).
Em vez de cair em doutrina falsa, devemos comparar os mestres com a Palavra de Deus (Atos 17:11; 1 Co 4:6; 2 Tm 3:16; Romanos 15:4).
"A igreja", ou seja, toda a população de crentes cristãos, tem a responsabilidade terrena de sustentar a verdade do evangelho. A base final dessa verdade é Cristo, não as proclamações ou infalibilidade dos membros desse corpo.
Paulo está convocando os crentes a cuidarem da estrutura que "sustenta" ou "apoia" nossa mensagem ao mundo. 1 Timóteo 3:15 não pode ser entendido como significando que a igreja em si é a fonte ou padrão para a verdade.
Entendido isto, vamos ao cerne do artigo.
A controversa realidade da igreja evangélica
Dizem que somos o povo do avivamento, que o Brasil é um celeiro de cristãos, com um potencial enorme para evangelizar o mundo! Será?
Realmente, o Brasil, segundo dados do último censo demográfico é uma das nações onde as igrejas evangélicas mais crescem (detalhes em artigo anterior, clique no link), mas crescem em qualidade ou em quantidade?
Síndrome de Laodiceia
São números impressionantes, como dizem alguns, "números Evangelásticos", e realmente impressiona, a forma como cresceu e cresce a igreja evangélica em nosso País, mais infelizmente, o que muito me entristece, é constatar que quanto mais cresce em números, menor é a qualidade de nossas igrejas e consequentemente dos nossos irmãos que seguem cada vez mais, igrejas pobres e desnutridas espiritualmente, templos muitas vezes riquíssimos belos e imponentes, mais espiritualmente doentes, consequentemente, geram crentes doentes também.
Não quero ser pessimista, mas é o que enxergo quando olho para o quadro em que se encontram nossas igrejas. De um lado vemos, igrejas neopentecostais e algumas pentecostais pregando uma prosperidade louca, que gera um monte de cristãos egoístas, correndo em busca de uma riqueza material, que se não alcançam, logo abandonam a fé, frustrados por não conseguir o que buscavam.
Muitas das vezes taxados por culpados por seus lideres, que afirmam; se não conseguiu é porque não têm fé. Outros em busca de um milagre urgente em igrejas que vivem de explorar o desespero das pessoas que sofrem a dor de uma doença, muitas das vezes desenganadas pela medicina.
E DEUS realmente cura, não se questiona isso aqui, Ele é misericordioso e cura a pessoa independentemente de quem está orando por ela, o nosso Deus realmente cura, o problema é que certos pastores que tentam levar a fama de curandeiros, esquecem que DEUS não divide a glória dEle com ninguém.
E que o evangelho que deve ser pregado é o evangelho da salvação, e não o da cura, pois se por algum motivo DEUS não curar o indivíduo Ele nunca mais volta na igreja, e DEUS tem os seus propósitos em tudo, há pessoas que decepcionadas por não ter tido a cura imediata, nunca mais volta a igreja.
De outro lado vemos as igrejas pentecostais enfatizando demais a busca do inacreditável, emocionante e sobrenatural.
E óbvio que o sobrenatural acontecerá sempre em nosso meio, mas não pode ser o principal motivo de nosso culto, não da maneira que estamos querendo que seja.
Nossos cultos são pura emoção e pouca salvação, não dá para viver um evangelho assim, no culto pentecostal geralmente, os crentes se preocupam demais, em ver o sobrenatural, ser arrebatado, entregar ou buscar uma profecia, falar em línguas, sapatear, pular, fazer aviãozinho, e outras coisas mais, ou seja, queremos um culto extraordinário, que nos satisfaça e nos encha de paz e alegria momentâneas, para sairmos renovados, nada contra, mas estamos fazendo culto pra crente. E os perdidos, como ficam?
Além do mais, o nosso maior desafio não é apenas o que acontece em um ambiente de culto, mas, principalmente, o que acontece quando saímos dele.
E as igrejas históricas e tradicionais, que em busca de um "avivamento" que muitas das vezes não tem nada de espiritual, estão se perdendo também nesse cenário evangélico da atualidade.
Isto porque, as igrejas tradicionais, sem dúvida crescem bem menos que as pentecostais e neo-pentecostais, e muita das vezes, em busca de um uma "renovação," acaba se perdendo em meio a shows, eventos, louvorzão e outras coisas mais.
O problema é que a igreja, seja ela Reformada, Histórica, Tradicional, Pentecostal, Neopentecostal ou o que for, ela precisa saber, que o seu papel, é "ganhar almas" para CRISTO.
O problema é que em todos os exemplos que citei acima, em nenhum deles, se prega o verdadeiro evangelho de JESUS CRISTO, se enfatiza muito o financeiro, o emocional ou a cura, ou as bênçãos, ou o entretenimento.
Estão esquecendo-se de dizer que só JESUS CRISTO SALVA, não estão pregando o evangelho da salvação, porque pensam eles: não da ibope, likes, não gera visualizações, compartilhamentos e não atrai seguidores em redes sociais.
Crescimento e Expansão
O número de igrejas evangélicas no Brasil cresceu exponencialmente, com estimativas de mais de 100.000 templos em 2019, em comparação com cerca de 20.000 em 2015.
Esse crescimento é impulsionado principalmente pelas igrejas de bairro, localizadas nas periferias e no interior, que funcionam como centros de fé, solidariedade e apoio comunitário.
A proliferação de templos é atribuída a diversos fatores, incluindo o crescimento da população evangélica e a busca por locais de culto que atendam às necessidades espirituais e sociais das pessoas.
Resumo do atual panorama da igreja evangélica no Brasil
Desafios e Mudanças
Apesar do crescimento, há relatos de insatisfação entre jovens evangélicos e desencanto com o forte envolvimento político de algumas igrejas, o que tem levado à perda de fiéis.
O fenômeno dos "desigrejados", pessoas que abandonam a igreja formal, mas mantêm sua fé, também tem ganhado destaque.
Questões como a decepção com promessas não cumpridas, desapontamentos relacionais e práticas e ensinos questionáveis em algumas igrejas também são apontadas como razões para o abandono.
As igrejas evangélicas também estão enfrentando disputas de poder e investigações por suspeitas de desvio de dinheiro, o que pode afetar a confiança dos fiéis.
Influência e impacto
As igrejas evangélicas têm se mostrado um importante ator social, com grande influência na vida de seus membros e na sociedade como um todo.
O envolvimento político das igrejas tem sido alvo de debates, com alguns defendendo a importância da atuação política para a defesa de valores cristãos, enquanto outros criticam o excesso de politização.
Apesar dos desafios, as igrejas evangélicas continuam a desempenhar um papel relevante na vida de milhões de brasileiros, oferecendo apoio espiritual, social e comunitário.
Progressismo ideológico
Esse tópico merece um capítulo específico e mais detalhado.
O fenômeno das igrejas inclusivas refere-se ao surgimento e crescimento de comunidades religiosas que buscam acolher e integrar pessoas LGBTQIAPN+ em suas práticas e lideranças, muitas vezes desafiando interpretações tradicionais de textos religiosos que condenam a homossexualidade.
Essas igrejas representam uma alternativa para aqueles que se sentem excluídos ou não se identificam com denominações religiosas mais conservadoras.
A principal marca dessas igrejas é a aceitação e inclusão de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, não-binárias, queer e demais identidades de gênero e orientações sexuais, oferecendo um espaço seguro e livre de julgamentos.
As igrejas inclusivas oferecem um espaço de pertencimento e espiritualidade para pessoas que podem ter sido marginalizadas por outras denominações religiosas, permitindo que vivam sua fé de forma autêntica.
Principais caracteríticas
- Acolhimento LGBTQIAPN+ — A principal marca dessas igrejas é a aceitação e inclusão de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, não-binárias, queer e demais identidades de gênero e orientações sexuais, oferecendo um espaço seguro e livre de julgamentos.
- Interpretação não literal da Bíblia — Igrejas inclusivas frequentemente reinterpretam passagens bíblicas que tradicionalmente são usadas para condenar a homossexualidade, considerando-as em um contexto cultural e histórico diferente, ou atribuindo-lhes significados mais amplos de amor e aceitação.
- Liderança diversa — Em muitas igrejas inclusivas, pessoas LGBTQIAPN+ ocupam posições de liderança pastoral e ministerial, o que contribui para a representatividade e identificação dentro da comunidade.
- Enfrentamento da discriminação — Essas igrejas se posicionam ativamente contra a homofobia e a transfobia, promovendo a igualdade e o respeito dentro e fora de suas congregações.
- Diversidade de expressões religiosas — As igrejas inclusivas podem variar em suas práticas e liturgias, mas compartilham o objetivo de criar um ambiente onde todos se sintam acolhidos e livres para expressar sua fé.
- Desafios às igrejas tradicionais — O crescimento das igrejas inclusivas tem gerado debates e tensões dentro do cenário religioso, especialmente com igrejas mais conservadoras que defendem interpretações tradicionais dos textos religiosos.
- Contradições e complexidades — O fenômeno das igrejas inclusivas também enfrenta desafios internos, como a necessidade de equilibrar a inclusão com a preservação de certas tradições e práticas religiosas, além de lidar com as tensões entre diferentes identidades e perspectivas dentro da comunidade LGBTQIAPN+.
Conclusão
Em resumo, a igreja evangélica no Brasil vive um momento de transformação, com crescimento, expansão e desafios simultâneos.
O futuro da igreja evangélica no Brasil dependerá da capacidade de suas lideranças em lidar com as mudanças e demandas da sociedade, mantendo-se relevante e fiel aos seus princípios.
[Fonte: Ultimato, por Adriano Montes; Got Questions, por redação]
Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

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E nem 1% religioso

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