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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

MISTÉRIOS DA BÍBLIA - 3) O QUE É O LEVIATÃ: UM DEMÔNIO, UM DINOSSAURO OU NENHUM DOS DOIS?

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Muitas são as vezes que já lemos o livro de Jó no capítulo 41 a respeito das indagações que Deus fizera a ele com relação ao monstro denominado Leviatã, porém, em muitas, senão todas as vezes, somos tomados pela incompreensão da nossa mente.

Afinal, o que é o tal leviatã


Diante de tão rica e complexa poesia, ficamos sem saber do que ao certo a Bíblia está falando, e também nem nos arriscamos a questionar, pois na maioria das vezes, quando resolvemos pesquisar ou indagar alguém acerca deste relato bíblico, ouvimos respostas vagas ou na maioria das vezes, respostas pobres que banalizam a Palavra de Deus. Assim, o que nos apresentam é uma bizarra colcha de retalhos mal costurados por frágeis fios de especulações, besteirol e invencionices. 

Por isto quero convidá-los neste artigo, a meditar nesta tão rica e reveladora passagem bíblica. Importante ressaltar: 
  • Não esperem encontrar aqui minúcias sobre fatos científicos, arqueológicos, mitológicos ou coisas do tipo. O que desejo compartilhar é o texto bíblico no sentido que importa, ou seja, o espiritual. 

As interpretações sobre o leviatã 


O leviatã é uma figura que aparece na Bíblia no livro de Jó, no Salmo 104:26 e em Isaías 27:1. Ele aparece em outras mitologias, como a mitologia fenícia onde é revelado como um monstro que se representa sob a forma de crocodilo, na egípcia há um deus crocodilo, ligado ao culto do Rio Nilo. Mas é caracterizado sob diferentes formas, uma vez que se mistura a formas de outros animais, formas como a de dragão marinho, serpente e polvo (semelhante ao Krakken da mitologia grega). 

A igreja católica considerou na idade média o Leviatã como um demônio que representa o quinto pecado, a Inveja e também é tratado com um dos sete príncipes infernais. Mas é realmente no livro de Jó onde encontramos a descrição mais detalhada e assustadora do leviatã, descrevendo-o como o maior (ou o mais poderoso) dos monstros aquáticos e o Salmo 104 atribui a Deus a criação do terrível monstro. 

O Leviatã segundo a filosofia econômica 


A obra "Leviatã", publicada em 1651 na Inglaterra é, talvez, a mais conhecida de Thomas Hobbes e, para muitos, considerada sua obra-prima e uma das grandes referências nos estudos acadêmicos de economia e administração. O nome da obra, Leviatã, faz referência ao mesmo monstro marinho de que fala o livro de Jó na Bíblia: 
"Quem confia, se faz ilusões, pois já seu aspecto o derruba. Ninguém se atreve a provocá-lo. Quem lhe resistirá? Quem ousou desafiá-lo e ficou ileso? Ninguém debaixo do céu" (Jó 41:1-3). 
Sob o contexto do livro de Hobbes, o Leviatã seria uma das criaturas mais temíveis e poderosas do mundo, que inspira medo e temor, e que seria uma metáfora do poder absoluto dos reis do início da Idade Moderna e da Monarquia como regime de governo que tudo controla e em todos os campos atua ou de um Estado que coloca-se acima dos indivíduos, embora represente-o e tenha sido criado pelo próprio homem. Ele se constitui como uma unidade formada por várias pessoas e sua vontade passa a ser a vontade de todos. 

Hobbes chama esse Leviatã, ou República, ou Estado, de 
"homem artificial, embora de maior estatura e força do que o homem natural, para cuja proteção e defesa foi projetado" (página 11). 
Segundo o escritor, esse homem artificial tem uma alma artificial que 
"dá vida e movimento ao corpo inteiro" 
e corresponde à soberania. 

Hobbes emprega a imagem do monstro bíblico Leviatã para simbolizar um Estado poderoso capaz de promover a preservação da vida. A intenção de Hobbes é apropriar-se do temor que inspira o monstro bíblico para impor a obediência dos indivíduos ao Estado soberano. 

O leviatã, segundo a Bíblia 


Após esse resumo de algumas das várias interpretações sobre o que seria o leviatã, vamos, então, fazer a análise sob o viés bíblico. 

A primeira coisa a se esclarecer é que leviatã não é nenhum demônio. A Bíblia cita esse nome quando se refere a um tipo de animal. Vejamos: 
"Podes tu, com anzol, apanhar o crocodilo [leviatã] ou lhe travar a língua com uma corda?" (Jó 41:1 – acréscimo meu entre colchetes). 
Algumas traduções para o português traduzem a palavra hebraica "livyathan" como leviatã. Outras traduções traduzem por crocodilo, como visto ali em Jó 41:1; ou em outros textos é traduzido também por monstro marinho: 
"Amaldiçoem-na aqueles que sabem amaldiçoar o dia e sabem excitar o monstro marinho" (3:8). 
Isso já nos deixa bem claro que leviatã é um animal. Mas qual seria esse animal? 

Um "dinossauro" marinho?


Apesar dos tradutores usarem por vezes a palavra crocodilo e por vezes monstro marinho onde aparece a palavra hebraica para leviatã, as descrições que temos desse animal nos leva a crer que não se tratava de um crocodilo, mas de um animal aquático, talvez extinto, com características únicas, e que se parece muito com o que conhecemos hoje como algumas espécies de dinossauro (plesiosaurus, por exemplo): 
  • a) Veja esta descrição que parece indicar que saia até fogo ou algo parecido da boca deste animal: "Cada um dos seus espirros faz resplandecer luz, e os seus olhos são como as pestanas da alva. Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela" (Jó 41:18). 
  • b) Note como ele tinha uma pele altamente resistente: "Se o golpe de espada o alcança, de nada vale, nem de lança, de dardo ou de flecha..." (41:26). 
  • c) Era um animal extremamente forte, capaz de destruir coisas muito resistentes: "Para ele, o ferro é palha, e o cobre, pau podre..." (41:27). 
  • d) Em sua barriga existiam escamas com formas pontiagudas: "Debaixo do ventre, há escamas pontiagudas; arrasta-se sobre a lama, como um instrumento de debulhar..." (41:30). 
  • e) Era um animal muito grande e que sobrepujava aos outros animais e, evidentemente, que chamava muito a atenção quando era visto: "Ele olha com desprezo tudo o que é alto; é rei sobre todos os animais orgulhosos... "(41:34). 


Leviatã era usado também em sentido figurado?
 


Leviatã também é usado por vezes de uma forma simbólica na Bíblia. Devido ao seu aspecto assustador mencionado e conhecido à época em que foram escritas as menções sobre ele, ele se torna uma figura usada em alguns textos para representar o maligno: 
"Naquele dia, o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o dragão [Leviatã], serpente veloz, e o dragão [Leviatã], serpente sinuosa, e matará o monstro que está no mar" (Isaías 27:1 – acréscimos meus entre colchetes).
É daqui que muitos tiram a ideia de que leviatã seria um demônio ou o próprio diabo. Porém, o texto faz uso da palavra de uma forma figurada e não representando de forma pessoal o diabo ou algum demônio como se eles fossem esse ser. Mas, o que temos é apenas uma analogia, ou uma figura de linguagem, assim como o rei de Tiro, que também é uma figura de linguagem para o diabo, só que se tratava mesmo de um rei humano, de maldade, orgulho e ganância insaciável (Isaías 23:1-18; Jeremias 25:22; 27:1-11, Ezequiel 26, 28; Joel 3:4-8; Amós 1:9,10).

Temos ainda outro uso figurado da palavra leviatã para mostrar o poder de Deus sobre tudo e todos, demonstrando o grande poder do Senhor até mesmo sobre as criaturas mais temidas pelos homens naquela época:
"Tu espedaçaste as cabeças do crocodilo [leviatã] e o deste por alimento às alimárias do deserto" (Salmos 74:14 – ênfase em negrito e acréscimo entre colchetes meus). 
Observe no texto o plural "as cabeças". Teria esse animal mais de uma cabeça? Se sim, realmente se tratava de um animal único que provavelmente não tenhamos mais hoje.

Conclusão 


Teologia não se faz com revelação, e o que estamos estudando aqui é simplesmente revelação da Palavra. Para muitos, o leviatã em Jó é apenas uma hipérbole: um animal muito maior que um crocodilo, mais feroz e muito mais assustador. Assim como a aboboreira de Jonas (4:6,7), que cresce em pouco tempo, o leviatã, para muitos teólogos também é apenas uma figura de linguagem porque é uma figura impossível. Mas se tudo que é impossível é figura de linguagem, a ressurreição também é impossível, e se não cremos na ressurreição, faço minhas as palavras de Paulo: 
"E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé" (1 Coríntios 15:14). 
Se o texto tem uma descrição literal, precisamos de revelação de Deus para saber se é literal ou não, e não do martelo de um teólogo que não entende os limites da própria vocação nem a ausência de limites do Criador. Portanto, creio que o leviatã também personifica um espírito, daí a descrição de uma serpente dos mares, ou crocodilos, ou outro monstro aquático. 

Nos interessa hoje saber como lidar com um espírito tão forte que em Jó o próprio Deus fala que quem lembrar de uma batalha com tal monstro nunca mais tentará, mas que por outro lado, no Salmo 74 diz que Deus fez em pedaços as suas cabeças. 

Como vimos, o Leviatã nos dá margem para várias interpretações, mas nada, absolutamente nada me impede de crer que ele era uma espécie de grande criatura aquática, impossível de ser apanhada, pois o Senhor relacionou vários instrumentos de pesca que seriam incapazes de apanhar esta criatura terrível: um anzol, uma corda para amarrar a sua língua ou para enfiar através do seu nariz, ou um gancho para furar a sua queixada. O que me leva a crer que foi, portanto, um dos grandes monstros marinhos criados no quinto dia (Gênesis 1:21), assim como o grande peixe dentro do estômago do qual foi parar o mesmo profeta Jonas (1:17). 

Sua descrição indica um monstro desconhecido hoje: sem medo, indomável, impossível de ser comercializado, incólume aos ataques humanos e terrível quando se defendia ou era despertado. Tendo Deus criado uma criatura assim, quem pode erguer-se diante d'Ele, que nada recebeu de ninguém e é dono de tudo quanto existe debaixo de todo o céu? As descrições de todos os animais feitas a Jó, começando por criaturas inofensivas e terminando com esse monstro enigmático refletem a glória, poder e majestade do próprio Senhor, a nenhum dos quais o pobre Jó podia mesmo imaginar corresponder. 

[Fonte: HOBBES, Thomas. Leviatã: ou matéria, forma e poder de uma república eclesiástica civil. São Paulo: Martins Fontes, 2003] 

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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