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domingo, 16 de outubro de 2016

DISCOS QUE EU OUVI - 22: CARLINHOS FELIX - "AO VIVO"

Carlinhos Felix é um dos grandes nomes da música cristã. Com um ministério de sucesso, o cantor é um dos veteranos nesse segmento. Carlinhos, que também é pastor e engenheiro civil (foi funcionário da Petrobras), atuou como um dos integrante da antológica banda Rebanhão (tocava guitarra e também foi um dos vocalistas), uma das primeiras bandas de rock nacional da música evangélica, que iniciou suas atividades lá no final dos longínquos anos 70. 

A Rebanhão, fundada pelo saudoso Janires (✰1953/✞1988), dentre as sonoridades exploradas, destacam-se o rock progressivo e o pop rock, com forte influência da tropicália e do Clube da Esquina (famoso e respeitado movimento musical mineiro, de Flávio Venturini, Vermelho, Tavinho Moura, Toninho Horta, Beto Guedes e do letrista Fernando Brant [✰1946/✞2015]), além de bandas e cantores cristãos americanos como Keith Green (✰1953/✞1982) e Petra. - que, após um hiato de longos 16 anos, agora em 2016, voltou com um novo projeto (falo sobre isso em outra oportunidade).

Aos 54 anos, Carlinhos Felix, é referência para a maioria dos cantores dessa nova geração da música cristã, tem uma voz forte, marcante e inconfundível. Suas canções, além de uma qualidade composicional impecável, trás mensagens com essência cristã, temáticas evangelísticas e genuína adoração, sem cair nos modismos e sem uso do famigerado evangeliquês. Após formar-se no Instituto Villa-Lobos, passou a atuar como músico profissional. O primeiro grupo em que integrou-se foi o Sinal Verde, uma banda de rock progressivo formada por membros da Igreja Presbiteriana de Copacabana. Dentre os integrantes, o principal compositor deste conjunto era Lucas Ribeiro, e foi com o músico que Carlinhos escreveu algumas de suas primeiras composições antes de ingressar na Rebanhão.

Compôs diversas faixas de grande notoriedade do grupo, como 'Selo do Perdão', 'Luz do Mundo', 'Novo Dia', 'Grito de Silêncio', dentre outras. Em 1991, iniciou sua carreira solo com o álbum "Coisas da Vida" e gravou o álbum "Pé na Estrada", o último da Rebanhão com sua participação (até o retorno agora em 2016). Deixou o grupo em 1991 para dedicar-se exclusivamente à carreira solo. 

O cantor é também um dos músicos cristãos mais conhecidos, respeitados e conceituados de sua época. Sua carreira solo destacou-se, com maior alcance durante a década de 1990. Na primeira metade dos anos 90, o músico gravou discos de alta notoriedade, como "Basta Querer" (1993) e "Ao Vivo" (1996), gravado ao vivo, na casa de shows Canecão, em pleno inverno carioca. Na década seguinte, o cantor morou fora do país e chegou a gravar o disco "Ao Vivo na Flórida". De volta ao Brasil, fundou uma escola de música em Vila Velha, Espírito Santo.

E é o sobre o álbum "Ao Vivo", distribuído pela MK Music (que na época chamava-se MK Publicitá), que foi sem dúvidas um dos maiores sucessos de Carlinhos, que irei falar abaixo.

Sobre o disco


Dotado de uma qualidade musical e espontaneidade que provavelmente nenhum lançamento, na década, teve, a obra é um dos mais eficazes discos ao vivo gravados na música cristã nacional. 

Na produção de Zé Canuto, o álbum revisita canções notórias da Rebanhão, faixas solo de Carlinhos e músicas que não faziam parte, ainda, de seu portfólio. O resultado foi um disco que consegue fazer um recorte amplo, interessante e que, mais do que tudo, traz uma performance impecável do cantor e de sua banda. 

O êxito do trabalho era óbvio. Naquela época, Carlinhos era o intérprete masculino mais forte, tanto em termos de direção artística, quanto notoriedade. Em hits, o disco é bem sucedido. A presença de 'Basta Querer' e 'Senhor do Universo', cuja execução clássica se assemelha à estrutura da versão original, eram obrigatórias. Em canções mais experimentais como 'Pescador' e 'Ponto a Ponto', o trabalho é ainda mais bem-sucedido. A cozinha esbanja dinâmica. Em arranjos que perpassam por tantos gêneros, "Ao Vivo" não perde sua coerência. 

É óbvio que nem tudo são flores. Em algumas canções mais lentas, como 'Espírito do Senhor' (do Kleber Lucas), a obra fica um pouco truncada. Em outras, como o sucesso 'Palácios', antes gravada pelo Rebanhão na voz de Pedro Braconnot, a comparação com o registro original é inevitável. Carlinhos acaba ganhando mais força quando dá voz à músicas que cantara antes. 

Nos momentos adversos, sua interatividade com o público acaba trazendo percepções mais positivas. Tanto em registros posteriores como "Ao Vivo na Flórida" (2001) e "Lindo Senhor" (2012), Carlinhos mostrou que leva jeito para obras ao vivo. E seu disco de 1996 o traz em pleno voo.

Faixa a Faixa


[01] Você Precisa de Deus - A canção fala sobre o quanto é insignificante a existência da pessoa sem a presença de Deus. Trás uma mensagem especificamente evangelística, sem, contudo, ser piegas. O refrão "Que pena, se você não reconhecer que precisa de Deus..." é direto e tocante.

[02] Pescador - Com um ritmo bem gostoso, a música fala sobre o chamado de Deus que nos transforma em "pescadores de homens". Foi gravada primeiro no cd "Coisas da Vida" (2001), mas a gravação ao vivo ficou incomparavelmente melhor.

[03] Basta Querer - Este foi um dos grandes sucessos na carreira de Carlinhos Felix. A letra subjetiva, apesar de ser uma declaração de amor ao Senhor, pode perfeitamente ser cantada em uma cerimônia de casamento. O refrão
"...Há um clima todo diferente, que aquece e mexe com o coração da gente; É como sonho, é como sonho; Eu me dou por inteiro, teu é o meu coração; E ao teu lado, eu sempre sigo; Já não há mais talvez, basta querer pra te ter outra vez..."  
é inesquecível e simplesmente maravilhoso!

[04] Ponto a Ponto - Também com temática evangelística e, apesar de experimental, a canção não perde em nada no seu propósito. Na letra, Carlinhos fala em primeira pessoa, como num testemunho, das "viagens" feitas em várias religiões tentando em vão encontrar a Deus. Ele termina a canção trazendo a mensagem de que Deus não está longe, está pertinho, dentro de cada um de nós.

[05] Palácios - Uma excepcional releitura de um sucesso da época da Rebanhão, essa canção que já era um clássico, ficou ainda mais forte com a interpretação de Carlinhos. A parte em que se canta "...Aonde está a honra, dos orgulhosos; A sabedoria mora com gente humilde; Liberdade, liberdade..." é inesquecível e define o tema de louvor a Deus da canção.

[06] Senhor do Universo - Continuando o clima de louvor da faixa anterior, continua nessa música simplesmente maravilhosa. Uma canção de adoração congregacional, com mensagem atemporal, que deveria constar no hinário de todas as igrejas. Maravilhosa!

[07] Grande é o Senhor - E o clima de louvor continua com essa canção que é um clássico da música evangélica cantada até hoje em muitas igrejas (graças a Deus, inclusive onde eu congrego). Em uma interpretação bem pessoal, Carlinhos foi fiel à versão original cantada pelo veterano pastor Adhemar de Campos (da Comunidade da Graça):
"...Queremos o Teu nome engrandecer; E agradecer-Te por Tua obra em nossas vidas; Confiamos em Teu infinito amor; Pois só Tu és o Deus eterno, sobre toda terra e céu!"
Adoração genuína em espírito e verdade.

[08] Santo - Outra de música de adoração, esta canção foi regravada pelo PG, no seu primeiro álbum solo "Adoração". O refrão é simples, porém forte: "Santo! Santo! O nosso Deus é santo!".
Precisa dizer mais alguma coisa?

[09] Diga Lá - Outra canção experimental despretensiosa, contudo, perfeita em sua essência. Faixa do cd "Basta Querer" (1993), é outra que cantada ao vivo ficou bem melhor. A letra fala sobre uma pessoa que vive de aparência sem a presença de Deus.

[10]  Ele é o Meu Senhor - Outra canção de adoração. O solo de sax do Zé Canuto (que já tocou com grandes nomes da MPB, como Hebert Viana e Gal Costa, dentre outros) é de tirar o fôlego.

[11] O Espírito do Senhor - De autoria do Kleber Lucas - que a gravaria dois anos depois, no álbum "Deus Cuida de Mim" -, a canção ficou boa na interpretação do Carlinhos e, mesmo apesar de um tanto truncada (como eu já disse), a música é uma das minhas preferidas do álbum.

Conclusão


[12] Autor da Minha Fé - Mais uma regravação, dessas vez de uma das músicas mais regravadas do grupo Logos. É outra que eu também amo. A letra é uma adoração explícita , escancarada ao Autor e Consumador da minha fé: o Senhor Jesus Cristo. Nada melhor do que fechar esse álbum e concluir esse artigo cantando:
"Glória, glória ao autor da minha fé..."

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