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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

ELEIÇÕES 2016: VAMOS FALAR SOBRE POLÍTICA?

Falta pouco mais de um mês para as eleições 2016. Muitos acham que política é um assunto chato. Há os que afirmam que "política não se discute" - o que, aliás, é um ledo engano. Tem também aqueles que se recusam mesmo a falar sobre política. Dessa turma fazem parte aqueles que generalizam afirmando que, "todo político é ladrão", afirmação essa que, obviamente, não é verdade, pois há muitos políticos sérios e comprometidos com seus deveres parlamentares perante a sociedade que os elegeram.

O fato é que muitos se alienam e se transformam em ignorantes políticos. Assim, quando vão às urnas, agem de maneira irresponsável em momento tão importante para toda a nação.

Desinteresse político


As mais recentes ondas de protestos, ou até mesmo os emblemáticos protestos de junho de 2013, representam, em sua maioria, a insatisfação dos cidadãos com a política nacional. Por outro lado, são um sinônimo de incoerência, uma vez que estes movimentos não possuem uma causa ou, como dizem, levantam uma bandeira indefinida e muitos de seus participantes nem sabem ao certo o que estão reivindicando. Exemplo disso é que logo depois a maré abaixa a população fica apaziguada, voltando cada indivíduo para as suas atividades pessoais. Reivindicar e ao mesmo tempo desacreditar o que a política pode fazer, não faz sentido.

Podemos considerar nosso país como um exemplo do desinteresse das pessoas pela vida pública, visto que, segundo a pesquisa "Os Jovens e o Consumo Sustentável", o nosso país ficou em primeiro lugar quando o assunto foi desinteresse do jovem pela política, revelando que os adolescentes, com idade entre 16 e 18 anos, representam 3% da população apta a votar no Brasil. O estudo, que foi realizado pelo Instituto Akatu e a empresa Indicador Opinião Pública, também mediu os índices da Argentina, Austrália, EUA, França, Índia, Itália, Japão e México.

Na ditadura militar era proibido discutir política. Apesar disso, foi um período em que a população buscou revindicações indo às ruas, um exemplo é as "Diretas já". Hoje temos a chamada democracia representativa, do regime moderno. Mas o desinteresse da população é um risco para essa democracia. Será que nos acomodamos? Será que não há equívoco por achar que estamos bem representados pelos nossos políticos, a ponto de não se preocupar com que está acontecendo?

Para os cientistas políticos, esse desinteresse é devido a falta de informação e formação política. Onde, entre outras consequências, faz com que alguns acontecimentos caiam em esquecimento. Um bom exemplo pode ser dado com o caso de Fernando Collor de Mello, que mesmo depois de sofrer impeachment em 1992, de ter respondido 14 inquéritos ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ter participação em oito petições criminais e quatro ações penais, saiu ileso de todos os casos (e muito outros) e ainda foi eleito senador, cargo que ocupa atualmente.

A falta de informação prevalece e, por vezes, acabamos sendo cúmplices de muitos escândalos de corrupção. Alguns professores dizem que é necessário mais intervenção do governo, palestras nas escolas, campanhas de mobilização e incentivo.

A reforma política que tanto se almeja, talvez seja um meio para recuperar a credibilidade da nossa política. O Brasil sendo o segundo país do mundo que mais acessa a internet, e o quinto com mais internautas, poderia usar esse mérito para gerar conhecimento político através da rede e guiar sua situação político social para um novo caminho.

Quem vota em quem?


Multiplicam-se as críticas à citação de Deus na política. A primeira crítica é que por ser o Estado laico, não deve haver referência à religião. Tese errada. Estado laico é aquele que não opta por uma linha religiosa em detrimento das outras. Logo, excluir Deus do cenário não é ser laico, é ser estado confessional ateu. Os ateus são bem-vindos, mas os cristãos idem (assim como os seguidores de qualquer outra religião). É errado querer tirar Deus da conversa. Sendo laico, o Estado aceita e quer que todos convivam bem: ateus, católicos, protestantes, judeus, umbandistas, budistas, muçulmanos etc.

Depreciar um candidato por ele ser ateu ou outro por ele ser cristão, deve nos causar igual repulsa pelo viés de preconceito religioso. O caminho correto está em não discriminar, mas também em não querer eliminar este item da avaliação global a ser feita. Cada candidato(a) deve ser avaliado(a) pelo "conjunto da obra". A orientação religiosa não é o suficiente para escolher ou rejeitar um candidato, mas também não é correto ignorar que tal orientação indica valores. É legítimo procurar candidatos de valor para os cargos públicos, logo, é lícito que uma pessoa escolha um candidato cujos valores coincidam com os seus.

O fato é que movimentos querendo impedir que haja bancadas ou voto com base no viés religioso é querer calar quem fala em Deus, é mordaça, e querer colocar tais assuntos restritos ao interior dos templos é criar guetos. Isto não é admissível em uma democracia nem no Estado laico. Mordaça é autoritarismo e gueto é coisa de nazistas. Não aceito mordaça nem gueto, nem para mim nem para ninguém, nem para o crente nem para o ateu, nem para o heterossexual nem para o homossexual. Afinal, Deus é amor e o amor não faz mal ao próximo, não folga com a injustiça, não é egoísta, não se alegra (nem concorda) quando alguém faz alguma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo (vide 1 Coríntios 13).

As pessoas escolhem seus candidatos como querem: por serem do Atlético ou do Cruzeiro, por serem ruralistas, ou gays, ou artistas, até palhaços admitem sem nenhuma grita (E Tiririca me fez sorrir, pois até aqui não se soube de ter recebido nada ilícito na sua gestão; parabéns para ele!). O que se insinua é que as pessoas podem escolher votar por qualquer motivo, menos pela fé. Isso, se ocorrer, tem nome: preconceito, perseguição religiosa, violação dos direitos humanos previstos na Constituição Federal e nas declarações de direitos universalmente aceitas.

A política de Deus


Outra crítica é feita à enorme quantidade de candidatos padres e pastores. Na internet, em período de pleito, é comum encontrar charges "com Deus dizendo" que Ele não autorizou o uso de Seu nome. Aí, me perdoem, mas parece haver um equívoco: o problema não é citar Deus, o problema é citá-lO sem seguir Suas orientações. O problema não é pastor ou padre candidato, mas sim se tal sacerdote se comporta, ou não, de acordo com a fé que diz professar. A Bíblia diz "aparte-se da iniquidade todo aquele que professa o nome do Senhor" (2 Timóteo 2:19).

Eu quero candidatos que se apartem da iniquidade. Se for para seguir esse único versículo da Bíblia, já terá o meu voto. Ele não receberá propina nem dará contratos para amigos e parentes, não deixará superfaturarem obras e não escolherá para os cargos apenas os apadrinhados (que, por não precisarem estudar nem trabalhar, em geral são incompetentes).

A Bíblia diz para os cristãos não se corromperem, não furtarem, para ajudarem os pobres e necessitados. A Bíblia proíbe o lucro exagerado dos bancos, o trabalho escravo das empresas de roupas finas, a defraudação em negócios estatais, o preço desonesto nas obras públicas e nas licitações, o racismo nos estádios. Ela indica a ajuda aos órfãos e viúvas, os valores do trabalho e da dedicação, o pagamento em dia dos trabalhadores etc. A Bíblia é contra a sonegação fiscal e a favor do trabalho e da distribuição de riqueza. Jesus também falou que aquele que trabalha mais deve receber mais. Está tudo lá. Espera-se que um candidato seguidor da Bíblia siga tudo isso e duvido que alguém possa dizer que votar nesses valores é votar errado.

Voto consciente e inteligente


O desafio de cada cristão eleitor é evitar aquele que APENAS DIZ que é cristão, é achar e votar naquele que se COMPORTA como cristão. Martinho Lutero (1483–✟1546) chegou a dizer que preferia votar em um muçulmano sábio (ou seja, que se comportasse de acordo com os princípios que a Bíblia fornece) do que em um "cristão tolo", ou seja, aquele que não age como tal. Voltamos ao ponto inicial: é legítimo que um cristão vote em quem tem valores cristãos. Valores de que o país desesperadamente necessita.

Como diz Jesus: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores" (Mateus 7:15). Evitemos os tais. Mas também devemos ter cuidado com os lobos que se vestem de lobo mesmo.

É comum que indivíduos de moral escusa, mau caráter, de nome mais sujo do que pau de galinheiro, que se escondem atrás de uma Bíblia, comecem a rondar as portas das igrejas em busca de votos e, pior, até mesmo nos púlpitos, prometendo coisas e se autodenominando "homem (ou mulher) de Deus". Busquemos o imprescindível discernimento e nos mantenhamos atentos a esses facínoras. Aliás, que os pastores e líderes de igrejas saibam que púlpito de igreja não é palanque.

Política bíblica


As Escrituras trazem exemplos de governantes que foram sábios pela ajuda de Deus: José do Egito, Salomão, Daniel, Neemias. São ótimos exemplos para o Brasil de hoje e quem melhor para seguir tais exemplos do que aqueles que acreditam na Bíblia e na sua inspiração divina? Deus nos envia como "Embaixadores de Cristo" (2 Coríntios 5:20) e nos comissiona como "a carta de Cristo" enviada para apregoar justiça (2 Coríntios 3:2 e Provérbios 31:8,9). Então, Deus quer mesmo que cristãos se candidatem, mas para que lutem por justiça e pelos valores bíblicos.

A Bíblia é uma clara procuração de Deus para quem desejar segui-lO na vida ou na política. Mas é uma procuração com determinações claras. Não apenas para a fachada. Li que um pedido de pastores era o veto de uma lei que impedia som alto depois das 22 horas. Não sei se é verdade, mas se for, alerto: não é para isso que precisamos de cristãos na política. Não é para cuidar de interesses menores, ou pessoais, ou para ter o direito de incomodar terceiros. Não é para discriminar nem para praticar "desamor". Precisamos de cristãos na política, sim, mas para agir no e pelo interesse da sociedade (ou seja, um interesse coletivo), da solidariedade, da justiça, do trabalho, do direito de semear e de colher; cristãos que lutem por um país mais justo, sem tanto furto, impunidade, corrupção e defraudação.


Conclusão


O cristão, como qualquer cidadão, vota pelos motivos que bem quiser. Se quiser votar em cristão, isso é um direito. Porém, alerto: se for por aí, deve buscar não o rótulo, mas o comportamento. O testemunho. O cristão pode (e acho mesmo que deva) votar em quem segue os valores bíblicos, desde que não tenha sua intenção de voto manipulada. Jesus diz que aquele que o obedece é que de fato o ama: "Se me amardes, guardareis meus mandamentos" (João 14:15). Jesus disse que o bom filho é aquele que obedece (Mateus 21:28,32).

Não tenhamos dúvidas: o que mais falta hoje na política e no governo são valores que a Bíblia recomenda: honestidade, justiça, serviço ao próximo, repúdio à defraudação. E, convenhamos, esses  são valores que diversos não cristãos também acalentam, defendem. Logo, que todos escolham quem demonstra seguir tais valores, que todos votem em quem se comporta com ordem e decência.

Não cristãos não podem querer impedir que cristão vote em cristão, assim como seria errado um cristão querer impedir que ateu vote em ateu, ou ruralista em ruralista, ou ativista em ativista. E cristãos e não cristãos irão bem melhor se seguirem os valores que tantos ateus e teístas de todas as sortes defendem: governantes honestos, que sirvam ao público ao invés de se servirem do público.

Eu sou cidadão e voto como quiser. Usando este direito constitucional, escolho votar em quem se comporta como cristão (independente de ser um cristão).

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