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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

HISTÓRIA - OS 15 ANOS DO II MILÊNIO

Estou estudando a matéria História da Igreja no curso teológico. Estudar história, apesar de não ser muito agradável para muitos - eu gosto, mas admito que é muito maçante -, nos leva a entender os "porquês" das coisas. Quando conhecemos nossa história nos tornamos mais capazes de defender nossos conceitos. Não falo em decorar datas, mas sim em descobrir os marcos da história. Pois bem, o estudo dessa matéria despertou em mim uma espécie de saudosismo e me levou a divagar sobre esses 15 anos desse II Milênio e do Século XXI. Veja só, ambos estão em plena adolescência e debutando.

É interessante e meio estranho constatar que chegamos entramos neste tão esperado e alardeado Milênio, onde as expectativas de encontrarmos fantasias futurísticas utópicas de máquinas inteligentes ao nosso redor como no desenho "Os Jetsons". Nossa criatividade futurísticas era de causar inveja em qualquer Stanley Kubrick. Na minha mente infantil em pleno século XX imaginava robôs para todos os lados, carros flutuantes e temia o controle total das máquinas e a extinção dos seres humanos, que em roteiro kubriano se tornariam escravos das máquinas até serem dizimados por elas: eu queria morrer antes de tudo isso acontecer ao mesmo tempo em que ansiava que acontecesse! Havia também a teoria do "Homem Bicentenário" (virou até filme!). Enfim, não tão inteligentes quanto imaginava, surgiu a televisão, o avião, o celular, o fax, o portão-eletrônico... a internet.

No século XX, sob alguns aspectos, vimos tragédias que marcaram o fim do primeiro Milênio. Em decorrência da disputa ideológica e armamentista, competiram pelo domínio do mundo os dois totalitarismos, o comunismo e o nazi-fascista, que aplicaram projetos monstruosos de engenharia social, em milhões de seres humanos, crimes contra a humanidade cometidos contra uma multidão de indefesos. O mundo presenciou um cogumelo atômico capaz de destruir a semelhança do Criador. O século XX será lembrado ainda por mudanças espirituais, com o surgimento de avivalistas sedentos por vidas transformadas com fogo, paixão e lágrimas pelos pelos perdidos, mas também com a manifestação inquestionável da glória do Deus Todo Poderoso. E isto sem a cobrança de cachês milionários para ministrar, andavam por milhas a pé ou percorriam quilômetros montados em mulas, levando sobre si as marcas de Cristo, gritando a todos: "arrependei-vos!", declarando uma verdade que tem dominado há dois mil anos. A primeira vinda de Cristo, os sinais e prodígios realizados por Ele e que Ele voltará! Estes avivalistas foram precursores de grandes concentrações evangelísticas realizadas desde o final do século XIX, até os nossos dias, sob a liderança de homens como John Wesley, Charles G. Finney, Dwight L. Moody, Daniel Berg, Gunnar Vingreen, Billy Graham, Kenneth E. Haggin, Aimée Semple Macpherson; e os anônimos que proclamaram, sem o estouro de uma rolha de champanhe ou sem barulhos dos fogos do misticismo sincrético, a vinda do Messias. 

A expectativa que tenho neste milênio é ver homens e mulheres que receberam louvores da galeria da fé (Hebreus 11). Estes farão parte da gloriosa multidão (Apocalipse 15:2-4). São os cantores no mar de vidro, mostram-nos como é a glória do Céu, que eles agora refletem, a luz do eterno. Brilhavam com tanto fulgor em suas vidas, que dissipavam as trevas do mundo, da carne, da religião da era Cristã. Estes são os mártires que não amaram as suas próprias vidas (Ap 12:11), mas a Jesus Cristo profundamente a ponto de morrerem por Ele. Estes tinham suas vestes salpicadas com o Sangue do Cordeiro. Estes, Satanás não poderia reclamá-los como presas suas. Estes obtiveram triunfo sobre o pecado e passaram pelo fogo das provocações como vencedores; anunciando a volta de Cristo neste milênio. 

Infelizmente, sabemos que alguns conceitos pagãos acabaram se adequando nas igrejas com o passar do tempo, influenciando as atitudes e comportamentos, gerando na igreja uma mentalidade passiva ao engano disfarçando em verdade, onde muitos gritam uma contagem regressiva apontando para a segunda vinda de Jesus (quiçá neste século debutante?!). 

O povo judeu e o Milênio 


O povo judeu é o seu destino são provas vivas da existência de Deus na História. Este povo tem guardado o tempo bíblico (Romanos 13:11). Os judeus se mantêm fiéis ao tempo estabelecido por Deus em seu calendário bíblico. Segundo o povo judeu, a data da criação do mundo, a partir da qual tem início a cronologia judaica, corresponde ano 5.761 a.C., somando o nosso calendário gregoriano corresponde ao ano 2001, mais a aliança patriarcal que é de 3.1761 a.C., refere-se ao total de dias estabelecido acima (aqui, considerando quando se deu a virada do Milênio). 

A idade da Terra é de aproximadamente 6000 anos, o povo de Israel tem mais de 4000 de existência. Jerusalém já completou 3000 anos. Israel tem idade bíblica como povo, mas isso não a faz como um museu, pois é uma das nações mais modernas do mundo. Tendo dois calendários: Luach (calendário judaico) e Gregoriano (calendário civil). Enquanto o calendário gregoriano é solar, o judaico é lunar, e consiste em doze meses calculados de acordo com a lua: Nisan, Iyyar, Sivan, Tamuz, Ab, Elul, Tishri, Cheshvan, Kislev, Tevet, Shevat e Adar.

O ano judaico compreende doze meses; sendo 354 dias e meio. Aparecerá uma diferença de onze dias entre a extensão do ano solar e do ano lunar. Para obtermos o equilíbrio entre ambos, recorre-se ao ano de treze meses (ibur-yór, ano de ibur; ibur = passagem, mudança), entremeados nos anos comuns. A proporção é de sete anos de ibur para um ciclo de dezenove anos em comum, nivelando esta diferença. O mês judaico é lunar: sua duração é determinada pelo tempo que leva a lua em fazer sua rotação ao redor da Terra, isto é, vinte e nove dias e meio. Sendo preciso dar ao mês uma duração por motivos práticos e mais definidos, facilitando assim o entendimento atribui-se vinte e nove dias a alguns meses e trinta dias, onde a duração varia de ano a ano.

Na divisão judaica do tempo, os dias se contam a partir do anoitecer da véspera ao anoitecer do dia em que estão, conforme a expressão (Gn 1:5) que descreve a criação. Quando lemos em Levíticos 23 a 25 aprendemos a conhecer o calendário bíblico judaico. Apesar de começar o ano civil em Nissán, o calendário hebraico se inicia em Tishnê, mês que marca o fim da colheira e o reinício dos trabalhos campestres.

O ano novo começa na lua nova de setembro-outubro do calendário gregoriano, mas seu início pode ser alterado em um dia para evitar que outras datas festivas do ano caiam em dias impróprios. Após o exílio babilônico este dia do soar da trombeta tornou-se conhecido como ano novo judaico (Rosh Hashanah).

Conclusão


E eis que, de repente, tudo se fez novo, e tudo continua como antes. Novo ano. Nova década. Novo século. Novo milênio. Novo tempo, nova conjuntura, novos problemas, velhos homens. A história — da humanidade, da igreja e de cada um de nós — nos lega a força de um passado, cujos malefícios devem ser esquecidos para não se repetirem e cujos benefícios devem ser lembrados para ser reeditados. Globalização. Pós-modernidade. Neoliberalismo contestado. Otimismo para alguns, desesperança para tantos. Imago Dei e pecado original. Providência. Graça comum. Redenção. Carismas e vocações. História e escatologia. Alienação e utopia. Ceticismo e misticismo. Relativismo e fundamentalismo. Consumismo e fanatismo.

O velho pode se fazer novo, pois tudo o que se julgou sólido já se desmanchou no ar. As coisas velhas já passaram e teimam em não passar — na humanidade, na igreja e em nossas vidas. O que se requer agora é encarar o novo milênio (que não é a “Nova Era”), firmados no sagrado depósito apostólico e na vontade e capacidade de tornar o evangelho relevante para cada geração; encarar os desafios do novo e os novos desafios, firmados no eterno e não no antigo (que pode e deve ser ultrapassado).

Os paradigmas — O teólogo Hans Küng, em sua obra O Cristianismo - Essência, História e Futuro (Continuum Publicadora, Nova York, 1998), aponta os paradigmas adotados pela igreja ao longo desses dois mil anos:

1) o paradigma apocalíptico dos primeiros cristãos; 2) o paradigma helenístico; 3) o paradigma medieval católico romano; 4) o paradigma da Reforma, com seus desdobramentos: a) o paradigma da Contra-Reforma; b) o paradigma protestante ortodoxo; e c) o paradigma anglicano; 5) o paradigma moderno iluminista.

Chegamos ao ocaso do último século e milênio com quatro paradigmas e uma interrogação: 1) o paradigma ortodoxo oriental tradicionalista; 2) o paradigma católico romano autoritário; 3) o paradigma protestante fundamentalista; 4) o paradigma liberal modernista; e um provável, ainda não claramente elaborado, 5) o paradigma contemporâneo ecumênico ou pós-moderno.

Nós, defensores do paradigma evangélico progressista, não cremos que haja paradigma perfeito, acabado, final ou único, porque imperfeitos são os seus atores e imperfeita é a história. Há paradigmas possíveis, necessários ou desejáveis, por melhor responderem às necessidades da época, e estes devem ser dinâmicos, ajustáveis, ampliáveis.

Não se deve olhar para o passado como a mulher de Ló (petrificação/morte), nem olhar para cima como os discípulos na ascensão (imobilismo/alienação) e nem, ainda, olhar para uma parousia iminente, como os cristãos primitivos (misticismo, distorção missionária).

A nossa âncora — Nossa âncora é o único absoluto ontológico (Deus Pai), o único absoluto histórico (Deus Filho) e a única fonte absoluta de orientação e possibilidades (Deus Espírito Santo). Temos também duas âncoras imprescindíveis, porem ambíguas: a igreja, divinamente instituída, mas humanamente constituída, e a Bíblia, divinamente revelada e humanamente lida.

Somos desafiados a construir o novo tempo com a Palavra eterna, compreendida à luz da tradição (a fé viva dos que nos precederam), pela razão (mente iluminada) e pela experiência (pessoal e, ou coletiva) dos cristãos. Com uma piedade que discerne o tempo, discernindo as ferramentas teológicas, filosóficas e cientificas disponíveis. Com uma espiritualidade centrada na manjedoura, na cruz e no túmulo vazio e que se santifica por sua inserção cobeligerante no mundo onde vivemos e para onde somos enviados.

Neste tempo, e em todos os tempos, Jesus Cristo é a única base sólida, a pedra angular, o fundamento, o sentido, a fonte de paz diante do temor do desconhecido.

A imitação de Cristo — Como autênticos Thomas de Kempis deste novo milênio, busquemos, pois, imitar:

  • 1. A mente de Cristo: o seu pensamento, a sua perspectiva, a sua maneira de ver as coisas, nos seus sermões, nos seus diálogos, nas suas parábolas. A mente de Cristo é desafiada, cada dia, pela mente do século (ideologias), pela mente natural “assessorada” pela mente de Satanás, no sincretismo nosso, das nossas vidas e das nossas igrejas;
  • 2. O caráter de Cristo: o seu “sim sim, não não” retilíneo, decidido, obediente, honesto, transparente, dependente do Pai, independente do resto. O caráter de Cristo é desafiado, cada dia, pelo “mau-caratismo” dos membros do seu corpo místico: mentira, maledicência, trambique, interesses escusos;
  • 3. O temperamento de Cristo: a sua maturidade emocional, a sua bondade, a sua humildade, a sua mansidão, o seu domínio próprio, enfim, o seu amor. O temperamento de Cristo é desafiado, cada dia, pela obra da carne nos membros do seu corpo místico: pelas “jararacas piedosas” e pelos “cavalos batizados” (por aspersão ou imersão), pelos agressivos, pelos desequilibrados, pelos orgulhosos e vaidosos, pelos promotores de dissensões, impiedosos, sectários, cultivadores da falsa moral e da falsa superioridade espiritual;
  • 4. A atitude de Cristo: enviado pelo Pai (que assim também nos envia), encarnado, humano, temporal, espacial, social, aculturado, solidário, para vivenciar os valores do reino de Deus (a justiça e a paz) na história, tomando partido ao lado da verdade e dos “pequeninos” (o órfão, a viúva, o estrangeiro, o enfermo, o encarcerado, o pobre), critério para o nosso julgamento no dia final. A atitude de Cristo é desafiada, cada dia, pela incoerência, pela tibieza, pela contradição, pelo herodianismo, pelo constantinismo, pelo egoísmo, pelo silêncio omisso diante das injustiças, pela busca dos interesses egoístas no seu corpo místico;
  • 5. A missão de Cristo: o anunciar das boas novas, o ensinar todo o conselho de Deus, o promover a comunhão, o curar os enfermos do corpo, da mente e da alma, o expulsar os demônios. Missão ampla, abrangente, integral, que é desafiada, cada dia, pela parcialização, pelo unilateralismo, pelo esquecimento, pelos exageros, pelos desvios e desobediências em seu corpo místico.

O viver a fé — “Novo tempo” versus “velha história”. Os cristãos maduros não temem o novo, mas nele percebem as oportunidades de Deus para o anúncio, para a denúncia e para a vivência da fé. Para isso foram chamados e enviados: para serem instrumentos a qualquer preço, inclusive o martírio. Fé que se vive e promove a vida, com alegria e esperança.

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