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sábado, 13 de setembro de 2025

GRAMOFONE — "ACÚSTICO MTV: CAPITAL INICIAL"

O álbum desse show foi um dos maiores sucessos no projeto musical da extinta MTV Brasil e se tornou um marco para o ressurgimento e permanência da banda brasiliense Capital Inicial, a única da geração 80 que ainda mantem uma fiel legião de fãs, tanto de "tiozinhos" como este que vos escreve quanto de jovens que ainda nem haviam nascido quando a banda começou sua carreira lá nos idos da década de 1980. É mais capítulo da minha série especial de artigos Gramofone.

O "Acústico MTV" do Capital Inicial, lançado em 2000, foi sim um álbum divisor de águas na carreira da banda, que a reposicionou no cenário do rock brasileiro e ampliou seu público, se tornando um de seus trabalhos mais aclamados e um marco na sua história.

A produção, com arranjos que ressaltaram a essência das músicas, recebeu críticas positivas, embora também tenha havido críticas sobre a previsibilidade.
Kiko Zambianchi
A qualidade das composições, a participação de artistas como o magnífico e um tanto quanto injustiçado Kiko Zambianchi — que, inclusive, acompanhou a banda na turnê promocional do álbum — e a performance de Dinho Ouro Preto foram fatores chave para o sucesso do projeto.
O álbum impulsionou a banda a um novo patamar de popularidade, consolidando sua relevância ao longo de décadas.

Projeto Acústico MTV


Um dos projetos marcantes da MTV, sem dúvida, foram as apresentações acústicas, lançadas em CD e DVD pela emissora.

O programa, que começou mostrando versões desplugadas de medalhões do rock e da MPB, já teve também gravações do "rei" (Roberto Carlos, 2001), 
pagodeiros (Art Popular, 2000), sambistas (Zeca Pagodinho, 2003),  quatro bandas juntas (Bandas Gaúchas, 2005), nomes famosos do rock, do pop, da MPB (Rita Lee [1947/2023], 1998; Lulu Santos, 2000; Gal Costa [1945/2022], 1997; Jorge Ben Jor, 2002) e grupos que estavam em seu auge.

O Acústico MTV estreou no Brasil em 1990 e teve participações icônicas, que resultaram em grandes volumes de vendas de CDs, como Titãs (1,8 milhão, em 1997), Legião Urbana (900 mil cópias, gravado em 1992 e lançado em 1999), Lulu Santos (900 mil cópias, em 2000), Cássia Eller (900 mil cópias, em 2001) e o recordista Kid Abelha (2 milhões de cópias, em 2002).

Desde o estouro do Acústico MTV com os Titãs, a MTV Brasil fez do programa e seu CD/DVD correspondente um evento grandioso.

MTV Acústico - Capital Inicial

Um divisor de águas

Como já dito acima, nomes consagrados, acompanhamento de orquestra e milionárias turnês levaram Gal Costa, Rita Lee e os Paralamas do Sucesso a aumentar seu prestígio.

Mesmo um antigo e até então esquecido e modesto acústico do Legião Urbana saiu em vídeo e CD, aumentando o culto em torno de Renato Russo (✰1960/✞1996) 
e lançando um hit póstumo: a grudenta 'Hoje à Noite Não Tem Luar'versão da baladinha 'Hoy Me Voy Para Mexico', de 1986, da icônica boysband mexicana, Menudo.
Da direita para a esquerda: Loro Jones,
Fê Lemos,Dinho Ouro Preto e Flávio Lemos

E chegou então a vez dos conterrâneos dos Paralamas e Legião: o clássico Capital Inicial, que havia feito bonito com seu "Atrás Dos Olhos", álbum de 1999 que celebrou a volta dos camaradas Dinho (vocal), Loro Jones (guitarra/ violão) e os irmãos Flávio (baixo) e  Lemos (bateria).

Apostando numa fórmula mais simples e nem por isso menos grandiosa, o veterano grupo lançou, então, um dos álbuns mais inspirados da série Acústico MTV.

O show, também registrado em CD, teve convidados ilustres, como o vozeirão de Zélia Duncan, em um belo dueto na música 'Eu Vou Estar'.

Já Kiko Zambianchi participou com seu violão em todas as faixas e ainda fez backing vocal na nova versão de seu grande hit, a maravilhosa canção 'Primeiros Erros (Chove)'. Aliás, nesta música, Dinho, que está longe de ser um grande cantor, consegue uma de suas interpretações mais inspiradas.

O álbum coleciona músicas consagradas e algumas então inéditas, num arranjo onde a novidade foram os violões, mais o acréscimo de percussão e piano.

O único senão ficou com a canção de protesto, 'Veraneio Vascaína', que ao ter trocada sua parte de guitarra por violões, teve sensível perda de impacto.

Mas em todas as faixas, fica marcado o carisma do vocalista Dinho Ouro Preto, que já provou ser o mais relevante da sua geração, bem como a qualidade dos músicos envolvidos.

25 anos depois...


Saídos de Brasília no início dos anos 80 e sendo até hoje uma referência do rock brasileiro, o Capital Inicial toma fôlego e se prepara para o novo milênio com o que sabe fazer de melhor: uma vigorosa música urbana.

Há 25 anos, em 26 de maio de 2000, o Capital Inicial lançava o icônico e memorável álbum "Acústico MTV".

Gravado no dia 21 de março de 2000 no Teatro Mars, em São Paulo, sob direção de Rodrigo Carelli e produção de Marcelo Sussekind, o trabalho traz alguns dos maiores hits do Capital Inicial, como 'Veraneio Vascaína'
'Fátima', além de duas músicas "inéditas", 'Tudo Que Vai' e 'Natasha', e da bem sucedida regravação 'Primeiros Erros (Chove)', de Kiko Zambianchi, que também participa como músico convidado. O álbum também ficou marcado por ser o último com a presença do guitarrista Loro Jones.

Opinião


Você não precisa entender o Capital Inicial — e, mesmo que queira, é bem provável que não consiga.

O mais pop entre os grupos que surgiram na Brasília dos anos 1980, ele chegou aos 2025 encarnando a adolescência do rock melhor que a sua própria versão mais jovem.

E depois de naufragar na crise que acabou com as carreiras de colegas de estrada com obras bem mais consistentes, ressurgiu espetacularmente com um "Acústico MTV", em 2000.

Desde então, vários foram os hits que o Capital teve com as canções que lançou — enquanto muitos de seus contemporâneos voltaram apenas para requentar glórias passadas.

Durante o início dos anos 2000, os "Acústicos MTV" estavam no auge. Formato consagrado por bandas como Titãs e Legião Urbana, o projeto era visto por artistas e gravadoras como uma espécie de prêmio: poucos eram selecionados, e o resultado costumava impulsionar a carreira dos participantes.

Foi nesse contexto que o Capital Inicial, então desacreditado até pelos próprios integrantes, protagonizou um dos discos mais populares da série — e tudo começou com uma reaproximação estratégica da banda com o público.

'Primeiros Erros' e muitos acertos


Um dos momentos mais emblemáticos do disco é a interpretação de 'Primeiros Erros (Chove)', originalmente composta e gravada por Kiko Zambianchi.

Segundo o produtor musical Alexandre Ktenas, a inclusão da música no repertório foi natural e nasceu dentro do ônibus da banda, durante as viagens entre os shows.
"Eles ficavam cantando as músicas do Kiko no ônibus viajando, e essa música era sempre uma das que eles cantavam. Quando foi fazer o repertório, já sabiam: ‘"Primeiros Erros" tem que estar’",
contou.

A produção musical de Marcelo Sussekind e o repertório selecionado por João Augusto foram destacados como pilares do sucesso. 
"João Augusto é gênio. Marcelo também. O repertório é [expletivo] e tudo foi muito acertado"
elogiou.

Além da escolha certeira das faixas, a performance de Dinho Ouro Preto como "crooner" foi fundamental para a nova fase da banda. 
"O Dinho tava diferente ali. Era tudo pensado, cada detalhe",
explicou Ktenas.

A parceria com Alvin L, iniciada em discos anteriores, também ganhou força e se mantém até hoje, rendendo frutos mesmo duas décadas depois.

O impacto do lançamento foi avassalador. Ktenas ironizou, em tom bem-humorado:
"Em qualquer lugar que você ia — na estrada, restaurante, festa de criança — era aquela merda daquele DVD passando na televisão".
O projeto acabou projetando o Capital Inicial como uma das maiores bandas de rock do país, status que, de certo modo, permanece até os dias de hoje.

Ao longo da década de 1990 e na primeira metade dos anos 2000, lançar álbum ao vivo e DVD com a gravação de show acústico chancelado pela então poderosa MTV era jogada de marketing a que muitos cantores e grupos recorriam para revitalizar discografias em queda livre no mercado.

Nem sempre funcionava. Mas geralmente dava certo e, sob tal prisma, verdade seja dita, ninguém se deu melhor do que o Capital Inicial.

Os fatos

O álbum é considerado por Dinho Ouro Preto um ponto de virada na história do Capital Inicial, reabrindo portas para novas possibilidades e lançamentos. Isso porque:
  • Sucesso comercial — O trabalho foi um sucesso estrondoso, vendendo mais de um milhão de cópias e impulsionando a banda para o patamar de um dos grandes nomes da música brasileira.

  • Consolidação da carreira — O álbum reposicionou o Capital Inicial na cena do pop-rock, ampliando seu público e solidificando seu lugar de destaque.

  • Produção e Sonora — A Produção foi impecável: Marcelo Sussekind, produtor do disco, foi elogiado por criar um som perfeito dentro dos parâmetros clássicos do pop-rock, com arranjos que realçaram a essência das canções.

  • Arranjos intimistas — Gravado em um teatro pequeno, o álbum teve uma sonoridade mais intimista e relaxada, com ênfase em violões e produção suave, o que contrastava com o som mais barulhento da banda.

  • Performance vocal — Dinho Ouro Preto adotou um canto mais comedido e "sussurrado", suavizando sua performance e contribuindo para o tom do álbum.

  • Participações e Faixas de Destaque — As participações especiais foram acertadas: contou com a colaboração de convidados como Kiko Zambianchi, Zélia Duncan e Marcelo Sussekind (violão e produção), que participaram da gravação e da posterior turnê.
  • Reviver clássicos e novos sucessos — O repertório incluiu hits dos anos 80 como 'Fátima' e 'Veraneio Vascaína',
Música Urbana', além de baladas consolidadas como 'Cai a Noite', 'Fogo' 'Primeiros Erros'.

  • Parcerias e "lost tapes" — A edição "Deluxe" de 2025 incluiu faixas inéditas como '1999' e 'Belos e Malditos', esta última com versos do líder da Legião Urbana, Renato Russo, reforçando a colaboração rara entre as bandas.

  • Recepção da Crítica — Avaliações positivas: Críticos como Alexandre Nagado, Régis Tadeu e Jamari França elogiaram a produção sonora e a "revisão leve e desbloqueada" da banda, que soube fazer sua música urbana de um modo único. Pontos de vista divergentes: Paulo Vieira, da Folha de S. Paulo, expressou uma visão mais crítica, considerando o som da banda "datado" e os refrões cantados para o constrangimento das gerações futuras.

Conclusão


Lançado pela Abril Music em maio de 2000, o "Acústico MTV: Capital Inicial" foi um grande sucesso comercial e emplacou seis músicas nas paradas musicais do Brasil: 'Tudo Que Vai', 'Primeiros Erros (Chove)', 'Natasha', 'Cai A Noite', 'Independência' e 'Fogo'.

Com aclamação popular e de crítica, o álbum consagrou o estrondoso ressurgimento da banda, que teve início no álbum "Atrás Dos Olhos", lançado em 1998.

Por isso, faz sentido que a banda esteja apegada aos 25 anos desse lançamento que simbolizou ponto de virada na trajetória do grupo.

Além de show comemorativo da efeméride, em rotação pelo Brasil, o Capital Inicial lança edição deluxe do "Acústico MTV" com duas faixas inéditas, retiradas das fitas da gravação feita em teatro de São Paulo (SP).

As músicas adicionadas às 14 faixas originais são 'Belos e Malditos' e '1999'. 'Belos e Malditos' foi originalmente apresentada pelo grupo no álbum "Todos os Lados" (1990), quando a carreira do Capital Inicial já perdia o impulso inicial do biênio 1986/1987.

'Belos e Malditos' tem letra escrita por Renato Russo. A música também é assinada por Alvin L, Bozzo Barretti, Dinho Ouro Preto e Loro Jones.

'1999' é parceria de Dinho com Alvin L apresentada, originalmente pelo Capital Inicial no álbum "Atrás dos Olhos" (1998), lançado dois anos antes do Acústico, quando a banda amargava período de baixa visibilidade.

Enfim, embora ambas as faixas adicionais não alterem o status e o peso final do "Acústico MTV: Capital Inicial", as duas gravações, então perdidas, têm certo valor documental.

Independente de qualquer coisa, o álbum "Acústico MTV; Capital Inicial", é daqueles discos que você ouviu ontem, ouve hoje e, por certo, ouvirá amanhã, depois, depois e depois de amanhã... Tá carimbado:

[Fonte: Omelete, original por Alexandre Nagado; Whiplash, original por Gustavo Maiato; G1, original por Mauro Ferreira]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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