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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

📚ESTANTE DO LÉO📚 — "CRIME E CASTIGO", FIEDÓR DOSTOIÉVSKI

A leitura é uma das ferramentas mais poderosas para transformar mentes, derrubar preconceitos e construir pontes entre pessoas e ideias.

Ela oferece um amplo espaço de reflexão, amplia horizontes e enriquece tanto as habilidades cognitivas quanto emocionais.

A leitura nos transporta para realidades distintas, expõe-nos a perspectivas únicas e nos ajuda a compreender e, muitas vezes, administrar, aquilo que é diferente.

Confesso a todos vocês que o livro de que falaremos hoje, neste capítulo da nossa série especial de artigos, Estante do Léo, mais que um grande clássico da literatura mundial, foi um dos livros que mexeram comigo em todos os aspectos, instigando todos os meus sentidos cognitivos.

Viagem sensorial


A leitura de "Crime e Castigoo" me proporcionou uma marcante viagem sensorial, que é quando vivenciamos uma experiência que enfatiza e aprofunda a conexão com um lugar ou produto através da ativação dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) para criar memórias duradouras e conexões mais profundas com o destino, a comida ou a cultura.

Ou seja, através da viagem sensorial, em vez de especificamente apenas visitar um local, o objetivo é senti-lo, saboreá-lo e tocá-lo de forma intensa e imersiva, transformando experiências comuns em extraordinárias. E foi exatamente o que aconteceu comigo.

Não houve um dia em que meus pensamentos e meus sonhos, durante a leitura, que durou uma semana, não estivessem relacionados com os personagens em questão.

Vi o semblante de Raskolnikov, pálido, vestido com seu indefectível sobretudo descolorido pelo excesso de uso. Vi Sônia, uma das personagens, nos meus sonhos quando acabei de ler a última página.

Vou contar a todos vocês que em determinado momento da leitura, quando fantasmas eram mencionados pelos personagens do livro, senti a presença deles perto da minha mesa de cabeceira durante a madrugada, a ponto de acordar e perguntar por eles.

Não senti medo. Só queria saber o que eles queriam e o que faziam do lado da minha cama. Mas nenhuma resposta me foi dita. Apenas a presença registrada. 

Muitos de vocês duvidarão desse meu relato. É um direito de cada um. E não os culpo por isso. Afinal, a viagem fui eu quem fiz, portanto, só eu sei onde a leitura desse livro me levou.

Um pouco da história


Bom, como nessa série, um dos nossos objetivos é o de dar dicas de leituras, não há como fugirmos dos spoilers, entretanto, acredito que o pouco contado aqui, aguçará ainda mais o interesse daqueles que cultivam um bom hábito de leitura.

Escrito entre 1865 e 1866, "Crime e Castigo" conta a história de Raskólnikov, um jovem que vai morar em São Petersburgo para estudar Direito.

Por causa de dificuldades financeiras, ele é forçado a desistir dos estudos e passa seus dias em um quartinho apertado, que aluga de uma locatária idosa, sobrevivendo apenas com o pouco dinheiro que recebe de sua mãe.

Sua realidade muda quando ele planeja a morte de uma usurária. Descrente de Deus e de qualquer tipo de justiça divina, Raskólnikov se vê à mercê da própria consciência, de seu livre arbítrio e das consequências que dele decorrem. Pouco a pouco, o sentimento de culpa o consome cada vez mais.

Cruel e pessimista, o romance russo retrata o niilismo, a indiferença, a fé (e a falta dela), o desespero e a frieza humana.

Considerada uma das obras mais importantes de Dostoiévski, a narrativa de "Crime e Castigo" é extremamente detalhista e trabalha com perfeição o desenvolvimento psicológico e filosófico de seus personagens.

Sinopse


A história de “Crime e Castigo” é sobre o protagonista Raskonlnikov, um ex-aluno brilhante, que por razões econômicas não pode mais estudar e por razões de penúria luta para se manter na cidade de São Petersburgo.

À medida que o seu desespero vai aumentando, surge uma ideia: matar a velha Alyona Ivanovna, que lhe aluga um quarto fétido e era uma agiota. E o ameaça colocá-lo para fora se ele não lhe pagar o que deve.

Seus pertences mais valiosos foram colocados como pagamentos de suas dívidas. E agora não sobra mais nada. O que fazer? Raskonlnikov, quando ainda era estudante, havia publicado um artigo interessante em que expunha a sua teoria do “homem extraordinário”.

E o que está por trás desse artigo, qual o pensamento que guia seu raciocínio? Simples. “O homem extraordinário” é aquele que, pelo imenso valor que possui para a humanidade, tem o direito de passar por cima das leis morais para realizar aquilo que pretende.

Esse “homem extraordinário” não está submetido a leis que governam os outros mortais, pois está acima delas. Em outras palavras, Napoleão derramou rios de sangue para consolidar a civilização burguesa, e a história o absolveu.

Raskolnikov sente-se pertencer à raça dos Napoleões e racionaliza para tirar um obstáculo de seu caminho. Vou parar por aqui. Esse livro é essencial para aqueles que gostam de uma literatura policial com um roteiro bem mais complexo.

Sobre o autor


No século XIX, os escritores estavam cada vez mais distantes do romantismo, tinham uma abordagem mais realista.

A Rússia e a França lideravam essa nova abordagem mais realista na literatura. Dostoiévski e Gustave Flaubert (✰1821/✞1880) foram os precursores desse movimento.

Dostoiévski, além de ser um grande escritor, era um leitor prodigioso, sempre atento aos conceitos filosóficos do seu tempo.

Considerado um dos maiores escritores da literatura mundial, Fiódor Dostoiévski nasceu em 11 de novembro de 1821, na Rússia. Um dos escritores mais lidos no mundo até os dias atuais, é autor de romances como "O Duplo" (1846), "Os Irmãos Karamázov" (1880) e "Crime e Castigo", sendo este último o responsável pela sua posição de grande destaque nos meios literários.

Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski (✰1821/✞1881), considerado um dos maiores escritores não só da literatura russa como mundial, é ainda hoje um dos mais lidos em todo o mundo.

Conhecido principalmente por seus romances "Crime e Castigo" e "Os Irmãos Karamázov", sua obra, no entanto, consiste de doze romances, quatro novelas, dezesseis contos, várias crônicas e muitos ensaios jornalísticos.

Ao publicar a sua obra de estreia, o romance Gente Pobre (1846), aos 25 anos, da noite para o dia, literalmente, ele se tornou uma celebridade nos meios literários.

Vissarión Grigórievitch Belínski (✰1811/✞1848), o principal crítico da época, ao perceber de imediato a sua “capacidade infinita” de reprodução do mundo psíquico alheio — o que continua sendo uma questão essencial para os estudos de sua obra —, prenuncia para ele um futuro brilhante.

No entanto, seu método de criação impunha grandes dificuldades para a compreensão de seu sentido.

Os temas e técnicas empregadas por Dostoiévski em seus romances permanecem atuais, e repercutem na obra de outros autores, diretores teatrais e cineastas ao redor do mundo.

Dostoiévski é uma referência de grande impacto na literatura, inclusive seu romance Memórias do Subsolo é considerado a primeira obra da literatura existencialista.

Preocupado em retratar o seu tempo, o escritor russo retrata, em sua obra, aspectos do momento histórico e do espaço geográfico em que nasceu. No entanto, também atingiu uma dimensão universal, uma vez que coloca o leitor diante de situações e comportamentos que fazem parte de sua existência.

Nietzsche (✰1844/✞1900), por exemplo, era um leitor de Dostoiévski. Não foi à toa que foi considerado um escritor e filósofo por excelência.

Seus personagens sempre foram movidos por emoções internas poderosas, sendo investigados no final de sua vida.

As publicações de Freud (✰1856/✞1939) sobre alguns estados psicológicos ganharam repercussão após a morte de Dostoiévski.

Existem alguns intelectuais que dizem que Dostoiévski estava bem à frente de Freud como psicanalista. As descrições realistas das emoções internas são realistas e verdadeiras, ao revelar o desespero humano com tantas minúcias.

Conclusão


Vocês estão diante de um livro extraordinário. Um livro feito para aqueles que gostam de uma literatura de ponta. Sei que muitos de vocês já devem ter lido “Crime e Castigo”, de Fiódor Dostoiévski.

Para aqueles que não leram, posso dizer que é uma dessas obras que deixam marcas profundas no leitor.

Para iniciar esta leitura, você deve adquirir certa concentração para sentir essa história penetrar nos recônditos mais longínquos de sua imaginação.

Para aqueles que querem viajar na insondável alma humana, é um livro perfeito. Tudo isso faz com que este livro mereça um lugar de honra na sua estante.

Ficha Técnica:

  • Autor: Fiódor Dostoiévski
  • Ano de publicação: 1866
  • Gênero: Romance, Ficção Policial

  • Editora 34, 590 Páginas
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